domingo, 11 de setembro de 2016

Star Trek - Sem Fronteiras é perfeito para fãs e não-fãs da saga


            Nunca se discutiu tanto sobre fan service como em 2016, sobretudo por causa das adaptações de quadrinhos e todas até o momento usaram e abusaram de elementos que atraia o fã das antigas. Alguns desses “serviços de fã” foram bem utilizados e outros, nem tanto, mas, não é exagero nenhum dizer que, em 2016, o melhor uso do fan service foi em Star Trek – Sem Fronteiras, sobretudo porque ele não é usado de forma gratuita, é em favor do roteiro e pode comover até mesmo que não sacou essa ou aquela referência.


            Star Trek – Sem Fronteiras é o terceiro filme da trilogia iniciada em 2009, por J. J. Abrams, tinha a responsabilidade de manter a qualidade dos dois primeiros, satisfazer os exigentes fãs de Star Trek e de ser o principal lançamento para as comemorações dos 50 anos da série clássica.


            J. J. não teve tempo de dirigir este terceiro filme porque estava ocupado dirigindo Star Wars – O Despertar da Força e aqui é apenas o produtor, deixando a cadeira de diretor para Justin Lin, que dirigiu 4 filmes de Velozes e Furiosos e, respeitando as devidas proporções, colocou alguns elementos da famosa franquia de carros, como a ação desenfreada e o conceito de família: há um determinado momento em que os integrantes da Enterprise se dividem em duplas e isso foi muito bom para manter o espírito da série clássica e explorar melhor as relações entre os personagens (e não exatamente as mais óbvias!). E quanto à ação, praticamente não há um respiro aqui, exceto por uma piada pontual ou outra de algum personagem.


            Há diversas homenagens à série clássica, e as referências estão em praticamente tudo, desde os diálogos, em algumas cenas e até na trilha sonora poderosa de Michael Giacchino.


            Engana-se quem pensa que Star Trek – Sem Fronteiras seja um filme sombrio e realista, como os dois primeiros tentaram ser: aqui é uma ação de ficção científica, feita tanto para os fãs da saga quanto para o público casual, ou seja, quem vai ver o filme apenas para se divertir e passar o tempo, encontrará um bom produto de entretenimento. E, principalmente, nota-se que Simon Pegg se divertiu muito escrevendo o roteiro ao lado de Doug Jung, tanto que seu Scotty tem um tempo maior de tela e maior importância no grupo, mas seu personagem só se torna completo quando ele se junta à ótima estreante Jaylah, vivida pela ótima Sofia Boutella (que atuou em Kingsman). Simon contou em uma entrevista que escreveu Jaylah pensando em Jennifer Lawrence em Inverno da Alma e aqui é a melhor personagem do filme: mulher forte, determinada e que logo o espectador se envolverá com as suas motivações. Queremos ver mais sobre ela.

            Quem também é novo na franquia e se destaca é o vilão Krall, vivido pelo sempre ótimo Idris Elba, que, aliás, anda em alta em Hollywood e pode ser o novo James Bond. Seu Krall é menos racional e frio do que o Khan de Benedict Cumberbatch, mas tem mais imponência e força, o que o torna igualmente ameaçador.


            Os demais personagens continuam excelentes, Kirk finalmente se assumiu como Capitão, sua amizade com Spock se tornou mais intensa e, aliás, o próprio Spock é um personagem mais cerebral como na série clássica e suas frases de efeito remetem muito ao personagem de Leonard Nimoy.

            Falando em Nimoy, tanto a homenagem a ele, quanto à homenagem ao Anton Yelchin (que faz o russo Checkov), foram honestas e verdadeiras, mas saber que ambos não estão mais entre nós – e que este foi o último filme de Yelchin, foi de deixar qualquer um triste.


            Dificilmente uma trilogia continua vigorosa em seu terceiro filme e Star Trek conseguiu e este novo filme está entre os melhores da saga e é uma pena que ele não esteja indo bem de bilheteria, não foi bem nos EUA e aqui no Brasil perdeu Para Pets, por exemplo, mas, quem disse que a saga está morta? Logo teremos a série nova da Netflix e um novo filme pode aparecer a qualquer momento, seja continuação ou reboot.

            Vida longa e próspera!

Nota: 10,0

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