segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Scandal - 5ª Temporada


            Shonda Rhimes está muito em alta na TV, parece que tudo o que ela toca vira ouro e mesmo quando todos pensam que ela está em baixa, ela consegue dar a volta por cima com suas criações/produções que são um grande sucesso. Um exemplo é Grey’s Anatomy, que tem seus altos e baixos, mas se reergueu na 12ª (!) temporada e, ao contrário do que muitos pensavam, não deu sinais de cansaço. E mesmo uma série que não é criação sua, como How to Get Away With Murder, onde ela é produtora executiva, a coisa dá certo e a série protagonizada por Viola Davis é um grande sucesso de público e crítica.

            Mas, de suas criações, a menos citada é justamente um de seus melhores trabalhos: Scandal não é exatamente um sucesso aqui no Brasil (mas também não é um fracasso, sobretudo porque ela está disponível na Netflix e tem o seu público) e no “resto do mundo”, mas nos EUA já virou fenômeno cultural, sobretudo porque a série é sobre os bastidores da política americana e muitos não se importam, mas deveriam, já que o que acontece na Casa Branca afeta o mundo inteiro e há muitos valores em Scandal que são universais como a corrupção, violência e o mundo de aparências.


            E para o público brasileiro, ver tudo isso é fundamental: tudo o que sabemos sobre política é o que nos chega através das mídias, mas jamais saberemos o que ocorre nos bastidores e nas reuniões a portas fechadas.

            Ok, Shonda Rhimes coloca um pouco de dramaticidade na trama justamente para deixá-la mais atraente para o grande público. Ela é muito criticada por isso – e com razão – mas aqui na 5ª temporada de Scandal, isso funciona e torna a série mais tensa fazendo com que o espectador queira logo o próximo episódio – ou temporada – e o que foi um grande problema na 4ª temporada, aqui se torna um atrativo a mais.

            Após os acontecimentos do ano anterior, Olivia Pope ainda está traumatizada e o presidente Fitz consegue expulsar os corruptos ao seu redor, os dois estão juntos, mas não demora muito para que o relacionamento dos dois se torne público – e um escândalo nacional. Paralelamente a isso, Fitz está no final do seu mandato, a eleição presidencial está chegando e acompanhamos aqui os bastidores das campanhas dos dois partidos: Democrata e Republicano.


            Kerry Washington continua arrebentando em seu papel como Olivia Pope e para muitas mulheres (sobretudo as norte-americanas) ela é uma grande heroína e símbolo de empoderamento feminino e racial também: “Eu ousei nascer mulher e negra” – foi o que ela disse em um dos episódios.

            Ela ainda tem a imponência que sempre teve (mas isso foi muito discutível na temporada passada) e a Annalise Keating (personagem da Viola Davis em How to Get Away With Murder) possivelmente não existiria sem Olivia Pope e tudo o que ocorre na série converge para ela.


            Mas esta 5ª temporada não foi apenas de Olivia, pelo contrário, os 21 episódios foram muito bem distribuídos e deu uma presença maior a outros personagens, como Abby, que não é mais a sombra de Olivia ou do presidente e está tomando as rédeas e responsabilidades de sua nova carreira, Mellie, que foi ganhando a simpatia do público com o passar das temporadas e sua personagem leva a trama por vários episódios. E Susan Ross, a vice-presidente, que funcionava mais como um alívio cômico, mostrou o seu valor perante a Casa Branca.

            Olivia Pope é realmente um símbolo e inspiração para muitos, mas não é exatamente uma heroína e não mede esforços para alcançar seus objetivos: “Eu não perco!”, foi o que ela disse em um dos episódios e em parte isso se deve ao seu perfil, mas também às limitações que a vida lhe obrigou e ela sempre se orgulha em dizer que lutou por tudo o que conquistou, exatamente como o seu pai havia lhe ensinado em um dos flahsbacks em temporadas passadas: “Você deve fazer o dobro do que eles fazem para ter metade do que eles têm”.


            Metade desta temporada é focada na eleição e tanto Shonda quanto toda a equipe técnica de Scandal estavam inspiradíssimos para a construção das tramas e sub-tramas nos 42 minutos de cada episódio e de forma acessível e dinâmica, sobretudo pela montagem frenética onde praticamente não há alívios ou respiros. E em uma campanha eleitoral vale tudo para chegar aos objetivos (alguém se lembrou de Maquiavel?) e muitos personagens se matam (às vezes, literalmente!) para alcançar a tão sonhada Casa Branca e mesmo aqueles que o público considerava como “heróis” ou “bonzinhos”, tem o seu caráter colocado à prova perante a sensação de poder. E o resultado disso é uma temporada inesquecível e que deixou os fãs ansiosos pela 6ª temporada (que chega em outubro nos EUA).


            Scandal é uma série sobre a política americana, mas com pessoas e situações que poderiam estar em qualquer lugar do mundo e em um momento turbulento da política brasileira, merece ser descoberta por aqui, nem que seja apenas como produto de entretenimento.


Nota: 10,0

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