segunda-feira, 29 de agosto de 2016

XOXO - A Vida é Uma Festa mostra a força do cinema independente


            De forma geral, o povo aprendeu a confiar nas produções originais da Netflix e ela faz por onde, sobretudo em suas séries e documentários. Já em seus filmes, ela começou com tudo com o excelente drama Beasts of no Nation, mas que essa qualidade não foi continuada em alguns de seus filmes originais, sobretudo nas comédias do Adam Sandler.

            Mas eis que ela lança, sem fazer muito barulho, mais um filme original: XOXO – A Vida é Uma Festa, que teve apenas um trailer e quase zero de publicidade, mas é dos melhores filmes de 2016 até agora.

            Em um ano de várias decepções com alguns blockbusters, é algo primoroso ver que o cinema independente está com a sua força e isso só enriquece a sétima arte.

            A história de XOXO se passa, basicamente, em um dia apenas, quando pessoas diferentes vão a um festival de música: um aspirante a DJ que busca um lugar ao sol, seu empresário frustrado com a sua vida, uma moça que tenta se encontrar com o namorado no meio da multidão do festival, um casal que fica preso após um acidente com um ônibus, não consegue entrar no festival e o motorista deste ônibus.



            O filme vai intercalando a trajetória de cada um deles e o destaque aqui é a montagem primorosa de Sam Bauer (que também é o montador de Donnie Darko) que não para e mostra de forma vibrante a ação de cada personagem, que, apesar de serem pessoas completamente diferentes, são pessoas comuns e com um objetivo mútuo, que é estar no festival de música a qualquer custo.

            Tanto o ritmo do filme quanto algumas situações lembram dois ótimos filmes dos anos 90: Vamos Nessa, de Doug Liman e Trainspotting, de Danny Boyle. Neste último, a referência está na cara, inclusive reproduzindo a famosa cena da bacia sanitária. Já as semelhanças com o filme de Doug Liman, ficam, principalmente, na parte técnica (montagem, fotografia) e por estarmos acompanhando adolescentes diferentes, com ações diferentes, mas em um contexto idêntico.



            O aspirante a DJ, Ethan, é a típica personificação do sonho americano: um jovem praticamente sem perspectiva em um mundo dos gigantes no ramo. Seu empresário, Tariq, fica dividido entre a vida confortável com o seu pai ou em seguir os seus sonhos. Krystal, a patricinha que entrou no festival por meios menos nobres, é a típica “pobre menina rica”, que tem uma boa vida, um namorado cobiçado, mas que, no fundo, é infeliz consigo mesma. E o envolvimento com esses personagens tridimensionais é o que define o gosto ou não de cada um com o filme e mesmo sendo pessoas diferentes em situações diferentes, não é difícil que espectadores do mundo inteiro se identifiquem com pelo menos um dos personagens.

            Praticamente não há atores conhecidos do grande público, o que não é nenhum problema. Na verdade, seria difícil para os realizadores venderem este filme a algum distribuidor “tradicional” funcionou muito bem no serviço da Netflix, principalmente pelo elenco, diretor e roteiristas novatos. Quem mais se aproxima aqui de “famosa” é Sarah Hyland, a Haley de Modern Family (que também é produtora deste filme), mas quem nunca viu a série dificilmente vai reconhecê-la.



            O festival de XOXO realmente existe, em Portland, nos EUA, e é focado em criadores independentes de filmes, música, quadrinhos, arte e ilustração, games, design de hardware, entre outras áreas e os organizadores do festival também contribuíram para a realização deste filme. E como este filme mostra, vários empresários e olheiros têm neste festival uma chance de descobrir novos talentos. Vale a pena pesquisar sobre isso.

            XOXO – A Vida é Uma Festa é vibrante, intenso e considerando que ele está em um serviço popular como a Netflix, é de fácil acesso.



            É o cinema independente mostrando que tem espaço junto aos blockbusters.

Nota: 9,0

Águas Rasas


           As comparações do suspense Águas Rasas com filmes como Tubarão, 127 Horas, Gravidade e Náufrago são inevitáveis, não no que diz à qualidade ou roteiro, mas na importância que damos com um personagem que ocupa um filme sozinho em tela, com a empatia que a platéia tem com esse personagem, na ameaça que o cerca e com a esperança de que o desfecho seja feliz, mas que tanto o espectador quanto o roteiro sabem que isso é quase impossível.


            Para ver e apreciar Águas Rasas o espectador deve 1) saber que a protagonista ocupa mais de 80% sozinha em tela e 2) saber do clima de urgência da história que, embora seja este um produto de entretenimento, é um filme tenso e com vários momentos pontuais em que os menos desavisados não conseguirão ver.

            E o fato de Blake Lively ocupar 80% do filme também é um ponto a favor: desde sua Serena em Gossip Girl, ela só evolui como atriz. Há um drama pessoal na qual ela enfrenta que faz com que a platéia se envolva com sua história e derrote a sua ameaça, no caso, um tubarão, que a atacou durante um mergulho e agora ela está presa em um recife de corais, sem poder chegar à praia, sem contato com o mundo exterior e sem perspectiva de volta para casa.


            A cena em que ela é atacada é visceral e é o ponto alto do filme: tensa e com uma câmera que mostra não só o ataque em si como o dano e o desespero de Nancy (papel de Blake Lively). Aqui o CGI funciona, mas não é sempre: o tubarão digital é, por diversas vezes, artificial e sem vida e um confronto entre a protagonista e a ameaça corre o risco de ficar datado.

            Outro grande problema de Águas Rasas é que, embora seja curto e com um prólogo direto do que ele propõe, não é de primeira que o espectador começa a ter empatia com a Nancy: ela começa o filme pegando uma onda e a câmera passeia por seu corpo em closes em suas partes mais sensuais, lembrando muito Mergulho Radical, com Jessica Alba, mas logo o passeio de praia vira um drama de gente grande.



            Até chegou a ser uma surpresa que Blake tenha aceitado isso, já que tanto ela quanto sua família são ultraconservadores e ela mesma já declarou que acha “horrível” fazer cenas de nudez, mas aqui ela está muito à vontade e convence como atriz dramática.


            Águas Rasas foi uma grande surpresa no explosivo verão americano. Custou 17 milhões de dólares, um valor extremamente baixo para os padrões hollywoodianos, mas já ultrapassou 100 milhões nas bilheterias mundiais, ou seja, mais de 5 vezes mais (colocando na ponta do lápis, foi a mesma proporção de Guerra Civil, a maior bilheteria do ano até agora) e o sucesso é merecido: um filme modesto e bem-feito que, embora tenha essa ou outra falha, é um grande alívio em um período em que se discute a originalidade de Hollywood.

Nota: 8,0

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Samara reaparece em novo trailer

O terceiro filme de O Chamado, com o nome de Chamados, ganhou seu trailer. Após 11 anos de O Chamado 2, a franquia está de volta, aproveitando a boa safra do gênero terror da atualidade.

Chamados estreia em 1º de dezembro


terça-feira, 23 de agosto de 2016

2ª temporada de Narcos ganha novo trailer

A 2ª temporada de Narcos ganhou um novo trailer com a questão: Quem Matou Pablo?

A nova temporada estreia em 2 de setembro


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Netflix lança trailer de seu novo documentário

Saiu o trailer de Audrie & Daisy, documentário original da Netflix, que foi selecionado para o Festival de Sundance e conta a história de duas garotas norte-americanas, mas de cidades diferentes, que sofreram bullying.
O trailer está simplesmente fantástico e pode ser um bom retrato do bullying em um mundo conectado.

Audrie & Daisy estreia na Netflix em 23 de setembro


sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Quando as Luzes se Apagam


            James Wan é o novo queridinho de Hollywood, isso no bom sentido. Tudo começou lá em 2004 com o primeiro Jogos Mortais, quando ele reinventou o gênero terror e depois nos agraciou com Sobrenatural, mas foi a partir de Invocação do Mal, em 2013, que ele realmente se tornou um grande nome em Hollywood.

E para quem achava que ele estava relegado aos filmes de terror, ele surpreendeu com Velozes e Furiosos 7, na qual foi elogiado por público e crítica, se tornou uma das maiores bilheterias da história e é, de longe, o melhor filme da franquia (algo raro ao chegar no sétimo filme).

            O filme-solo do Aquaman, prometido para 2018, será dirigido por ele. James Wan não é apenas um grande diretor/produtor de terror, mas de gênero também, tanto que quando seu nome é colocado é garantia de sucesso, foi assim com Annabelle e agora com Quando as Luzes se Apagam.


            O filme é baseado em um curta-metragem homônimo dirigido por David F. Sandberg que viralizou tanto que o diretor/roteirista decidiu estender a sua história e transformá-la em um longa-metragem.

            Aqui há um mínimo de efeitos de computação gráfica e a fotografia utiliza de luz natural, assim como foi em O Regresso, respeitando as devidas proporções.


            Quando as Luzes se Apagam conta a história de uma família aterrorizada por uma garota chamada Diana. O grande mistério aqui é saber qual a ligação dessa menina com a família que leva a trama, sobretudo com Sophie (papel de Maria Bello).


            Se não fosse pelo nome de James Wan no pôster, Quando as Luzes se Apagam possivelmente passaria despercebido pelo grande público: é uma produção simples e assim como o recente O Boneco do Mal, não tem vergonha de parecer – e ser – um terror b.


            Mas Quando as Luzes se Apagam foi um enorme sucesso nos EUA e deve repetir o feito no mundo, tanto que a continuação já foi anunciada e James Wan gostou tanto do trabalho de Sandberg, que o chamou para a direção de Annabelle 2, que estréia ano que vem.

            Tamanho sucesso só reflete a boa fase dos filmes de terror da atualidade: Invocação do Mal 2 teve a ousadia de estrear no meio do verão americano e derrubou grandes promessas como Warcraft e Alice Através do Espelho e em setembro deve estrear a terceira parte de A Bruxa de Blair.


            Olhando por esse lado, Quando as Luzes se Apagam parece um filmaço de terror. De fato, há muitas qualidades nele, como algumas já citadas, mas há problemas graves aqui e isso independe de orçamento: há um arco familiar com uma trama envolvendo separação, rebeldia e loucura, mas que é muito vista por cima e mesmo algumas pontas soltas na qual o espectador tem a esperança de que isso seja mais bem desenvolvido, fica muita coisa no ar (estariam se guardando para a continuação?).


E nem todos os personagens são exatamente interessantes: Maria Bello interpreta bem a sua Sophie e seu desfecho é surpreendente em um roteiro que beirava à obviedade, o mesmo pode-se dizer de seu filho Martin, que está dividido entre ajudar a sua mãe e ao conforto de sua irmã, mas por falar na irmã, Rebecca tem uma grande química com seu irmão, mas essa química inexiste quando está em tela com sua mãe ou namorado, que também é um personagem desinteressante: se o tirasse da história, não faria nenhuma falta na narrativa.

E por fim, o filme não se decide entre o terror e a comédia: o “terrir” é um bom gênero e já produziu grandes pérolas do cinema, mas aqui há várias cenas na qual uma cena não assusta por causa de uma piada mal encaixada ou uma piada não tem graça porque a cena é tensa.

            Mas tudo isso pode ser perdoável: é o primeiro longa-metragem de um diretor que já podemos dizer que é discípulo de James Wan – e considerando o seu mestre, ele está no caminho certo.     

Nota: 6,0

Novo Ben-Hur é fraco e descartável


            Quando se fala em Ben-Hur, logo vem à cabeça o clássico de 1959, vencedor de 11 Oscar e que inspira os épicos até os dias de hoje, mas é uma história antiga: o livro Ben-Hur: A Tale of the Christ foi publicado no final do século XIX e antes da famosa versão estrelada por Charlton Heston, teve uma primeira adaptação em 1907 e outra em 1925.

            Portanto, a ideia de um remake de um clássico consolidado pode parecer caça-níqueis e, considerando a Hollywood atual, ela de fato é, mas considerar a versão de 1959 como única e intocável é injustiça, até porque é uma história que caminha junto com os eventos narrados na bíblia, é uma saga imortal e merece várias versões para todas as gerações.

            Mas o problema desta nova versão de 2016 não é o remake em si, mas está em apresentar uma história vazia, mal montada e sem carisma. E considerando a grandiosidade que a trama merecia, isso foi um erro gravíssimo.


            Toda a saga bíblica e que serve como base até hoje para entendermos o período do Império Romano e o contexto no qual Jesus Cristo viveu, nasceu e foi crucificado, foi transformada em uma história comum de briga entre irmãos. E conseguiu ser pior que Êxodo, de Ridley Scott, lançado em 2014, já que, na ocasião, ainda tínhamos um bom elenco, pelo menos entre os protagonistas, já aqui nem isso: Jack Huston não é exatamente um ator ruim, mas aqui em Ben-Hur não transmite a importância de seu personagem, como todos os atores o fizeram nas versões anteriores. Já seu antagonista, Toby Kebbell, faz um Messala totalmente caricato e um vilão que não transmite medo nenhum. O ator já havia se dado mal ano passado como o Doutor Destino em Quarteto Fantástico e com o fracasso do filme, ele disse em uma entrevista que por conta da não-aceitação do filme, seus projetos haviam se limitado.


            Mesmo bons atores, como Rodrigo Santoro interpretando Jesus Cristo e Morgan Freeman interpretando basicamente, ele mesmo, até têm um arco mais interessante, mas pouco podem fazer com o pouco tempo de tela e roteiro frágil, embora este filme pode ser uma nova alavanca para a carreira de Rodrigo Santoro em Hollywood, iniciada há uma década atrás em 300.

            O problema do personagem em si é que a aparição de Cristo aqui é rápida e que mais funciona como um filme dentro de outro. Até mesmo a famosa crucificação é renegada a um segundo plano em tela.


            O cineasta Russo Timur Bekmambetov é um bom diretor de ação e já provou isso em O Procurado e até no questionado Abraham Lincoln – Caçador de Vampiros e há duas grandes cenas de ação aqui: a cena do remo e a famosa seqüência da corrida de bigas.

            Obviamente, não apresentam nem de longe o impacto que o filme de 1959 apresentou, mas como cenas de ação, elas funcionam muito bem, ao menos os animais e cenários digitais convencem e até podem causar a platéia tensa em alguns momentos.


             O roteiro desse novo Ben-Hur é um grande paradoxo: ao passo que ele enxuga a história, ele se torna repetitivo conforme o filme vai passando e se havia alguma chance de conciliação, os minutos finais são inacreditavelmente ruins e descartáveis.


            Hollywood vive hoje uma crise de criatividade. Fato. Mas não há nada de errado em remakes, continuações ou reboots, desde que sejam bem-feitos. E a história não mente: a relação entre Hollywood e os remakes não vem de hoje em dia e fazem parte dos filmes desde sempre. E que venha o novo Sete Homens e um Destino.

Nota: 3,0

terça-feira, 16 de agosto de 2016

A Garota no Trem ganha segundo trailer

A Garota no Trem é baseado na obra de Paula Hawkins e ganhou seu segundo trailer. A direção é de Tate Taylor (de Histórias Cruzadas) e o elenco conta com Emily Blunt, Rebecca Ferguson, Haley Bennett, Justin Theroux, Luke Evans, Lisa Kudrow, Allison Janney e Laura Prepon.

A Garota no Trem estreia em 24 de novembro



A Chegada ganha trailer completo

Após o teaser da semana passada, a ficção científica A Chegada ganha trailer completo. A direção é de Denis Villeneuve (Os Suspeitos, Sicario) e o elenco conta com Amy Adams, Jeremy Renner e Forest Whitaker.

A Chegada tem estreia prevista para 9 de fevereiro de 2017


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Pets - A Vida Secreta dos Bichos - Making of da Dublagem

Saiu um vídeo com entrevistas com os dubladores brasileiros da animação Pets - A Vida Secreta dos Bichos.
A animação tem como dubladores Danton Mello, Tiago Abravanel, Tatá Werneck, Luís Miranda entre outros.
O filme já estreou nos EUA e com o sucesso, a animação já foi anunciada.

Aqui no Brasil o filme estreia dia 25 deste mês.




quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Esquadrão Suicida

            Não eram poucas as expectativas em cima de Esquadrão Suicida: era uma premissa diferente para os filmes baseados em quadrinhos em focar nos vilões combatendo vilões.

            Quentin Tarantino já fez isso muito bem na maioria de seus filmes, em colocar empatia em personagens que, normalmente, odiaríamos conhecer no mundo real.

            Sem contar que, todos os trailers e materiais promocionais deixaram o público empolgado e depois que Batman VS Superman dividiu o público e a crítica, parecia que o rumo que a DC Comics tomaria seria o do humor em detrimento ao sombrio do filme lançado em março.


            De fato, Esquadrão Suicida tem um pouco disso: logo no início, somos apresentados aos vilões, onde o filme gasta um bom tempo para isso, mas é apresentado de forma vibrante e elegante, e com uma trilha sonora que apresenta canções de Queen, The White Stripes, Eminem, entre outros.


            Não demora muito para que o público tenha empatia e torça pelos vilões, mas o problema é que o roteiro toma decisões de humanizá-los e tornando gradativamente o que entendemos como heróis, tornando-o menos interessantes.

            E tem mais: o filme prepara o terreno para que a ação vá do ponto A ao ponto B. Enquanto não chega a esse ponto B, a platéia ainda está na expectativa de como isso vá acontecer, mas ao chegar, o resultado é frustrante e preguiçoso.

            Há uma cena em um bar em que o grupo começa a desabafar as mágoas e a partir dela eles se uniriam, mas não há uma só tomada em Esquadrão Suicida antes e nem depois disso que dê a entender que de fato exista um grupo ali unido, como o próprio X-Men Apocalipse teve, apesar de suas falhas.


            Sem contar que as motivações que levam o governo a recrutar esse grupo de vilões é as mais genéricas possíveis: após o desfecho de Batman vs Superman, o mundo está preocupado com a segurança e recruta esse grupo de meta-humanos para combater uma ameaça maior do que eles podem imaginar. Quem os contrata é Amanda Waller, papel de Viola Davis que assim como sua personagem em How to Get Away With Murder, transmite a imponência que precisa e todos se curvam a ela, menos por culpa do roteiro e mais pela ótima atriz que Viola Davis é.

            Amanda Waller consegue ser desprezível mesmo sem poder algum e age de acordo com os seus próprios interesses. A frieza com que ela conduz a operação é instigante.

            Quem tem mais tempo de tela aqui é Will Smith, como o Pistoleiro e Margot Robbie como Arlequina, mas apesar de as expectativas estarem maiores nela, é ele quem tem um arco dramático mais eficiente, que até daria um filme próprio. Já a aguardada Arlequina de Margot Robbie teve mais sucesso nos trailers do que com o filme pronto, menos por culpa da atriz e mais por causa das situações do roteiro: ela solta uma piada em um momento tenso e a cena não consegue ser engraçada e nem séria por causa de uma frase fora de contexto. E tem mais: as melhores piadas estão nos trailers. O cinema lotado, que já havia visto os trailers na internet, ficou em silêncio em alguns momentos manjados.


            Há personagens que não interferem em nada na história como a Katana, o Crocodilo ou o Amarra, que têm sim, um arco interessante nas HQs, mas aqui foram mal aproveitados e, infelizmente, são um peso morto na trama.

            Cara Delevingne se sai muito melhor como humana do que como a Magia. De forma natural, ela mostra a fragilidade e os problemas que um poder como esse, que é, na verdade, uma maldição, pode trazer.

            Já a personagem em si não tem essa força que deveria perante o grupo, seja pelas motivações sem sentido dela ou pela computação gráfica mal feita. Há uma cena em que ela claramente está dublando e falando fora de contexto. Ficou totalmente superficial.

            A presença do Batman funciona, sobretudo nos flashbacks e para dar um novo tom para os próximos filmes da DC nos cinemas. O mesmo vale para a aparição rápida (sem trocadilhos!) do The Flash.


            Outro grande problema de Esquadrão Suicida é o Coringa. Criou-se uma grande expectativa em cima do personagem com imagens, vídeos e até de depoimentos dos atores sobre a loucura de Jared Leto para entrar no personagem. O ator se esforça, mas ele é subutilizado pelo roteiro, sua trama praticamente interrompe o arco principal e o que ele faz é, basicamente, servir de suporte para a Arlequina.


            A conclusão que podemos chegar é que o maior problema de Esquadrão Suicida é o seu roteiro: o elenco é bom, todos se esforçam e se divertem em seus papéis, o filme é vibrante e que prometia algo diferente, mas que esbarra em uma montagem confusa e história mal explorada.

            É uma pena com esses grandes atores, grande expectativa em cima do filme e com essa trama tão bacana vinda das HQs.

            Com este filme de grupo, a DC errou feio, apesar das boas intenções. Seu próximo filme, que é de origem, será a Mulher-Maravilha e esperamos que, assim ela se saia melhor. E sem revelar demais nos trailers, que também foi um problema de Batman vs Superman.

Nota: 6,0

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

O Bom Gigante Amigo

          Recentemente a Netflix lançou sua série Stranger Things, que foi um grande sucesso de público e crítica e uma das razões foram as várias referências aos clássicos do cinema nos anos 70 e 80. Uma das obras “homenageadas” pela série foi o filme ET – O Extraterrestre, que marcou uma geração, venceu 4 Oscar em 1983 e é considerado por muitos o melhor filme da carreira de Steven Spielberg.

Duas semanas depois, o mesmo Spielberg lança seu mais recente trabalho: O Bom Gigante Amigo, na qual todos os trailers e materiais promocionais indicavam que seria uma grande releitura e homenagem a um de seus filmes mais célebres, sobretudo porque a roteirista é a mesma de ET (Melissa Mathison, que faleceu em novembro do ano passado) e uma das produtoras também (Kathleen Kennedy, hoje a presidente da Lucasfilm).

Com este time: direção de Steven Spielberg, roteiro de Melissa Mathison, produção de Kathleen Kennedy e Frank Marshall, trilha do John Williams, o papel principal é de Mark Rylance (que venceu o Oscar por Ponte de Espiões) e ainda baseado em um livro de Roald Dahl (que também escreveu A Fantástica Fábrica de Chocolate), O Bom Gigante Amigo não tinha como dar errado, mas este é um filme totalmente equivocado, seja em sua produção artificial, roteiro preguiçoso, péssima edição e com a maior parte do elenco com a qualidade duvidosa.


O Bom Gigante Amigo conta a história de Sophie, que vive em um orfanato e é levada por um gigante para a Terra dos Gigantes. Ela descobre que ele tem um bom coração mas é renegado por seres maiores do que ele e começa uma amizade improvável.

O envolvimento emocional inexiste em O Bom Gigante Amigo, sobretudo pelo roteiro superficial. Nada do que envolve a protagonista funciona: o fato de ser órfã é um detalhe que praticamente passa despercebido, a estreante Ruby Barnhill ainda precisa se provar como atriz e a química entre ela e o gigante do título, interpretado por captura de movimento por Mark Rylance só funciona por conta dele. E até a trilha de John Williams, que até tenta funcionar em momentos pontuais, mas aí fica tarde demais.


Há um bom trabalho de expressão do ator e permite que a platéia tenha um mínimo de empatia com o personagem, tanto em sua amizade com Sophie quanto em sua subtrama em sua terra, na qual ele é hostilizado pelos gigantes e permite que o público, ao mínimo, torça por ele.

Mas, de forma geral, o trabalho técnico de O Bom Gigante Amigo é artificial, sobretudo na direção de arte, na qual nota-se que os cenários ali não são reais e que os atores interagem com o nada e o risco de o filme ficar datado e esquecível logo é alto.



            Não bastasse isso, a história não sabe para qual público quer falar: é enfadonho demais para as crianças e tolo para os adultos.


            São 120 intermináveis minutos mal editados e com vários momentos que não acrescentam em nada à trama.

            O filme é, portanto, extremamente mal editado.

            O Bom Gigante Amigo tinha muito potencial para ser épico e estar na galeria dos grandes filmes do Spielberg, mas a série de equívocos na condução do filme o torna esquecível. 


Parece mais produzido por do que dirigido por Spielberg.

            E que venha o Jogador nº 1.

Nota: 3,0

Jason Bourne

            Em 2002, A Identidade Bourne mudou completamente a forma de como o público via os filmes de ação: os cortes rápidos, a câmera que acompanha a ação de forma quase participativa e os efeitos práticos.

            De lá para cá, houve mais dois filmes da franquia, que foram evoluindo a trama e um spin-off, que foi bem de bilheteria, mas não foi tão bem recebido pela crítica, tanto que o ator Matt Damon e o diretor Paul Greengrass relutaram para voltar ao universo Bourne porque acharam que a história não poderia avançar mais e todos os arcos haviam sido fechados em O Ultimato Bourne.

            Mas, com uma boa ideia nas mãos, uma grande equipe e bom elenco é possível sim fazer com que uma franquia se reinvente aos novos tempos e embora não seja tão brilhante quanto a trilogia original, Jason Bourne é um grande filme. E se não tem a inovação técnica que consagrou a série, ao menos mostra que está atualizada com o mundo atual, que está mais conectado o avanço da tecnologia e das redes sociais, além de mostrar como está a paranoia americana com a questão da privacidade pós Edward Snowden.

            O personagem título agora é um lutador de rua e está fora dos holofotes, até que Nicky Parsons (personagem da Julia Stiles) o procura oferecendo novas informações sobre o seu passado, sobretudo sobre o seu pai. Mas Bourne é perseguido pela CIA, liderada agora por Robert Dewey (Tommy Lee Jones, ótimo no papel!) que teme um novo vazamento de dados, mas a novata Heather Lee (Alicia Vikander) acredita que recrutar Jason Bourne seja a melhor ideia.

            Jason Bourne promove uma boa discussão sobre privacidade na rede e como isso interfere na segurança de um país. Afinal, o que é mais importante, a segurança do Estado ou do indivíduo? A dualidade entre o personagem de Tommy Lee Jones e de Riz Ahmed (claramente inspirado em Mark Zuckerberg) é praticamente uma trama paralela aos acontecimentos principais. Quando juntos em cena, um representa o passado e o outro, o futuro.

         Há duas cenas espetaculares de ação em Jason Bourne: uma se passa paralelamente a um protesto no Grécia. A urgência do conflito misturada com a tensão da perseguição e trama do filme tiram o fôlego, assim como uma perseguição automobilística em Las Vegas.

             Todos os personagens são bem aproveitados e até o de Vincent Cassel, que faz um sniper que persegue Bourne e praticamente repete o personagem de Clive Owen no filme de 2002, mas quem apresenta mais camadas aqui é a personagem de Alicia Vikander, na qual suas intenções são ficam muito claras por aqui, sua Heather é mais tridimensional do que o próprio protagonista e é uma personagem a ser explorada.

            O diretor Paul Greengrass também produz o filme (junto com o próprio Matt Damon e Frank Marshall) e o escreve junto com Christopher Rouse, que também é o montador desse e dos outros filmes da franquia e levou o Oscar de 2008 na categoria. Ambos mostram aqui que sabem o que fazer ao passo que também não querem que a franquia que os deu notoriedade acabe.

            Jason Bourne não é nenhuma obra-prima, é inferior à trilogia original, mas supera o spin-off. Merece ser visto por fãs e não-fãs da franquia.

Com tantos filmes que não vão acrescentar nada ao mundo do cinema e ao mundo real, um produto que traz questões como paranoia com o terrorismo e privacidade na rede jamais deve ser ignorado.

Nota: 9,0