domingo, 21 de julho de 2013

Homem de Aço

Homem de Aço (Man of Stell)

Direção: Zack Snyder

Ano de produção: 2013

Com: Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Russell Crowe, Diane Lane, Antje Traue, Kevin Costner, Laurence Fishburne, Ayelet Zurer, Christopher Meloni, Michael Kelly.

Gênero: Aventura

Classificação Etária: 12 Anos


Homem de Aço mostra mais maturidade ao herói da DC.

            Teve muito mistério em torno do Homem de Aço. E há anos. Começando pela escolha do diretor e protagonista. Só o que era certo era o roteiro e produção do grande Christopher Nolan (da trilogia Batman). A escolha do ator Henry Cavill (da série The Tudors) foi mais do que certeira. Ele sempre recebeu vários nãos na vida, sempre esperando o lugar ao sol e o momento não poderia ser melhor. Estou torcendo de verdade para que a carreira dele decole de vez. E a escolha do diretor, Zack Snyder também foi certeira. Filmar adaptações de quadrinhos ele sabe. Ele é o diretor dos bem-sucedidos “300” e “Watchmen”. E as apostas, expectativas e demora deram certo: Homem de Aço é o filme que realmente um herói como o Super-Homem precisava, feito com competência que há tempos não se via.

Desde o primeiro Superman, de um distante 1978, o nosso herói não tinha um filme digno de nota. Esse filme de 1978 mudou de verdade como a indústria enxergava o mundo dos super-heróis, não como um gênero de moleque, como muita gente ainda infelizmente acha, mas como puramente cinema maduro. O filme tinha o Christopher Reeve eternizando a imagem do homem de aço, também tinha um vilão realmente assustador com Gene Hackman como o Lex Luthor e um Marlon Brando que dispensa apresentações como o pai do protagonista, além do roteiro muito bem amarrado de Mario Puzo (de O Poderoso Chefão). A continuação de 1980, Superman 2 é muito simpático, com boas cenas de ação mas não se comparava com o primeiro, talvez devido à desnecessária intriga entre Marlon Brando e o diretor Richard Donner. O terceiro filme, lançado em 1983 pecou por priorizar mais Richard Pryor em detrimento ao herói, além de ser tão engraçado de ridículo. E o que dizer de Superman IV – Em busca da paz de 1987? Um grande fracasso de público e crítica, que serviu para enterrar de vez a história do homem de aço nos cinemas. Ou não. O super-homem é importante demais para ficar esquecido assim. Mas os quadrinhos viveram um período ruim nos anos 1990 com o cinema e parecia que ali estava entarrada a saga do Super-Homem nos cinemas. Mas aí veio o século 21 e com ele as ótimas, algumas excelentes adaptações dos quadrinhos para o cinema, como X-Men e Homem-Aranha. E a DC Comics viu que não podia ficar de fora enquanto a Marvel produzia franquias bem-sucedidas de público e crítica. Daí veio o ótimo diretor Bryan Singer (diretor dos 2 primeiros X-Men) para realizar seu sonho de criança: dirigir um filme do Super-Homem. E a Warner Bros, a distribuidora detentora dos direitos do herói deu sinal verde para Synger fazer um reboot do Super-Homem. Seria o retorno finalmente do homem de aço, em 2006 com “Superman – o Retorno”, muito aguardado, cheio de expectivas e com um trailer animal. Mas o resultado foi um lixo. Um fracasso de público e crítica que enterrou qualquer possibilidade de franquia.

Pois bem, agora, passados alguns anos do mal-estar que “Superman – O Retorno” causou nos fãs, o diretor Christopher Nolan, que hoje ninguém mais duvida de seu talento, escreve e produz este aqui, “Homem de Aço”, com a “bagatela” de 200 milhões de dólares e com um ótimo elenco, que são características de Nolan, em seus filmes, basta ver na trilogia Batman e no surpreendente “A Origem”.

Na história, baseada no livro “Os Últimos dias de Krypton”, vemos o planeta em questão Krypton sendo devastado e praticamente sem chance de vida de novo. Há séculos o planeta está sem um nascimento natural, todos que nascem são de forma artificial, exceto Kal-El, o primeiro nascimento em séculos. Para garantir a segurança e futuro da criança, seus pais (Russell Crowe e Ayelet Zurer) o enviam aqui ao Planeta Terra. Por aqui, ele é criado por Jonathan e Martha Kent (vividos por Kevin Costner e Diane Lane) e é chamado de Clark Kent. Porém, o General Zod (Michael Shannon) e seu exército, que querem a conquista de Krypton e também do planeta Terra e a população terrestre terá que recorrer àquele que sempre foi visto como aberração, que é o Super-Homem.

A produção está caprichada, os efeitos especiais estão maravilhosos e o roteiro está muito bem escrito e inteligente. Muita gente criticou o estilo Nolan de filmar, de explicar tudo nos detalhes. Não vejo isso como defeito. A mistura de passado com presente, os flashbacks para explicar a infância e adolescência do herói são fundamentais para o contexto do filme e as possíveis continuações (sim, o final é redondo para uma continuação). Outra característica de Nolan é o clima sombrio, pesado e até político que, por exemplo, a trilogia Batman teve e aqui deu muito certo. Era um risco, afinal o homem de aço não é um herói genuinamente terrestre e o Cavaleiro das Trevas era muito mais fácil de se lidar pois é tão humano quanto nós.

Mas é o fato de valorizar os atores que torna esse filme tão especial, além de Henry Cavill, também temos a Amy Adams como a Lois Lane, ela está perfeita no papel, aqui ela não é a mocinha indefesa e sim, participa de verdade na história. Ela é, sem dúvida, das melhores atrizes desta geração (basta ver “O Mestre” e “Dúvida”), além de sempre linda. Russell Crowe, que estava sumido dos holofotes, depois de estourar em “Gladiador” e “Uma Mente Brilhante” está ótimo como o pai biológico do herói. E o que dizer de seus pais aqui da Terra: Kevin Costner, até ele, que sempre teve fama de antipático está bem por aqui e Diane Lane, depois de seu papel provocante em “Infidelidade” aqui faz a modesta mãe do protagonista, também é sempre bem (mas não ótima) nos seus papéis. E o vilão? Parecer assustador ao lado do Super-Homem é uma tarefa para poucos. E Michael Shannon (da série Boardwalk Empire) faz muito bem ,está perfeito no papel como o general Zod.

Infelizmente nem tudo é perfeito em Homem de Aço: o filme é barulhento demais, é impossível assistir ao filme e não se incomodar com a acústica de tudo, mas a pior coisa é o mau uso da tecnologia 3D. Praticamente não há profundidade no filme. Nem gaste a mais para ver a coisa em 3 dimensões, pois quase não há. Houve uma pressão para que o filme fosse lançado em 3D para um faturamento maior.

Apesar dessas ressalvas, não há dúvida de que Homem de Aço nos deixou mais otimistas pelo futuro do homem de aço nos cinemas. E que venha o filme da “Liga da Justica”.


Nota: 8,5


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Truque de Mestre

Truque de Mestre (Now You See Me)

Direção: Louis Leterrier

Ano de produção: 2013

Com: Jesse Eisenberg, Mark Ruffalo, Woody Harrelson, Mélanie Laurent, Isla Fisher, Morgan Freeman, Michael Caine, Dave Franco, Michael Kelly.

Gênero: Suspense

Classificação Etária: 12 Anos


Nada é o que parece ser em Truque de Mestre.

            É difícil olhar para a carreira do diretor Louis Leterrier e imaginar um filme tão poderoso quanto Truque de Mestre. Ele dirigiu o irregular Cão de Briga em 2005, a continuação de Carga Explosiva em 2006, o superestimado O Incrível Hulk, em 2008 e em 2010 ele fez aquele que é seu pior filme e o pior uso da tecnologia 3D da história em Fúria de Titãs. Mas, nada como dar a volta por cima e com um bom elenco (e que elenco!!!!) e um roteiro muito bem amarrado para conquistar um sucesso de público e crítica com Truque de Mestre, um filme absolutamente delicioso de se assistir, uma grande prova que efeitos especiais são sim, uma ferramenta que deve acompanhar a história e que superou às expectativas depois de um trailer devastador que dominou o 1º semestre de 2013 nos cinemas do país. Nas explosivas férias do mês de julho, foi difícil imaginar que esse filme fizesse o sucesso que anda fazendo. Até o dia que escrevi esse comentário, o filme já havia ultrapassado a marca de 1 milhão de espectadores. Em tempos dos filmes mais blockbusters do ano, é muito bom ver que um filme que não é franquia atrair multidões. E é feito com muita inteligência.

            Na história, quatro mágicos, que se intitulam “Os Quatro Cavaleiros”, Daniel Atlas (Eisenberg), Mc Kinney (Harrelson), Henley Reeves (Fisher) e Jack Wilder (Franco) têm seus destinos cruzados por cartas enigmáticas enviadas por um total desconhecido, apenas se sabe que tem a ver com a lenda egípcia de “O Olho”. Em um mega espetáculo do grupo, eles realizam um assalto em um banco de Paris. Isso sem nunca ter ido para lá e usando apenas truques de magia. Isso chama atenção da polícia, em especial do agente do FBI, Dylan Rhodes (Ruffalo) e da agente francesa da Interpol, Alma Dray (Laurent) que quer descobrir como o dinheiro some em questão de segundos. Porém, os Cavaleiros sempre parecem estar a um passo a mais da polícia. Entra em cena, também, uma espécie de empresário do grupo, o magnata Arthur Tresslere (Caine) e Thaddeus Bradley (Freeman), uma espécie de Mister M, que revela os truques de mágica do grupo de Cavaleiros. Segundo o próprio grupo, nada é o que parece ser e, quanto mais perto você olhar, menos vai enxergar.

            São inúmeras razões que as pessoas vão ao cinema. Seja apenas entretenimento, por aquele ator ou atriz em que se é fã ou até à aquela franquia amada de sucesso. Mas teve uma coisa que ficou de certa forma perdida nos últimos anos: a magia. Sim, cinema é magia, é, muitas vezes, transpor àquilo que é real para deixar a plateia mágica e com a capacidade de sonhar muitas vezes. Martin Scorsese fez isso com o seu “A Invenção de Hugo Cabret”, que é, no meu conceito, o melhor uso da tecnologia 3D até o momento. E nessa questão da magia, Truque de Mestre faz muito bem, em transpor àquilo que é real e àquilo que é capaz de atiçar a plateia muitas vezes só com o olhar dos personagens. Mesmo alguns efeitos que podem passar despercebidos, como a câmera giratória (eternizado por Alfred Hitchcock), que aqui é muito bem usado e de certa forma faz parte da história, exatamente para dar um clima maior às reviravoltas da trama que, veja, são muitas.

            A montagem e edição do filme também estão perfeitos. A introdução, de aproximadamente 10 minutos são uma verdadeira aula de cinema de como fazer um personagem (ou 4 personagens) até então desconhecido ficar para sempre na memória da plateia e mostrar sem muitas explicações e ainda ser claro em seu propósito. Depois temos o grande assalto em Paris, (mostrado à exaustão no trailer) e a a sequência absolutamente irresistível da penitenciária. Até mesmo alguns clichês que parecem repetições nas super produções funcionam muito bem aqui, como a eletrizante perseguição de carro entre Jack Wilder e Dylan Rhodes e o possível romance entre Rhodes e Alma.

            Mas com todas essas qualidades o maior trunfo de Truque de Mestre é o seu elenco. É um ator melhor que o outro, no estilo do Christopher Nolan e não me lembro de um filme com tanto ator legal: Jesse Eisenberg, o Mark Zuckerberg de “A Rede Social”; Mark Ruffalo, o Hulk de “Os Vingadores”; Woody Harrelson, o Haymitch da trilogia “Jogos Vorazes”; Mélanie Laurent, aquela menina judia irresistível de “Bastardos Inglórios”; Isla Fisher, de “Delírios de Consumo de Becky Bloom”, Dave Franco, irmão de James Franco e Michael Kelly (da série da Netflix “House Of Cards”), além de, claro, dois grandes do cinema que dispensam comentários: Michael Caine e Morgan Freeman.

            Eu li algumas resenhas e teve crítico até falando mal do filme dizendo que ele era apologia ao crime e que mostra os bandidos como heróis. Discordo. Primeiro que os mágicos em questão realizam ilusões de ótica, é revelado ao longo do filme que tudo não passa de truque. Segundo que os Cavaleiros não são bandidos. São quase uma espécie de Robin Hood, que iludem as corporações e devolvem o dinheiro da crise (em questão, a crise de 2008) à plateia. Sim, nós torcemos pelo grupo, sim, eles estão sempre à frente da polícia. Mas não dá para negar que personagens assim, que desafiam o sistema e conquistam as multidões assim deveriam ser reais (alguém se lembrou de “V de Vingança”?).

            E o final, que é uma obra-prima, é tão cheio de mistérios que dá vontade de voltar o filme e se todas as pistas estavam lá (alguém se lembrou do final surpreendente de “O Sexto Sentido”?).

            Ao lado de “O Grande Truque” e “O Ilusionista”, “Truque de Mestre” entra na galeria dos filmes de magia e desde já está entre os melhores filmes de 2013. Quem sabe pode estar entre os 10 indicados de Melhor Filme do Oscar de 2014?


Nota: 10


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terça-feira, 9 de julho de 2013

Fargo - Uma Comédia de Erros

Fargo - Uma Comédia de Erros (Fargo)

Direção: Joel Coen

Ano de Produção: 1996

Com: Frances McDormand, William W. Macy, Steve Buscemi, Peter Stormare, Kristin Rudrud.

Gênero: Policial / Comédia

Classificação Etária: 16 Anos


"Fargo" é um divisor de águas na carreira dos irmãos Coen

Qual é a sensação de se rever uma obra-prima do cinema? No caso de Fargo, de 1996, dos irmãos Coen, é a melhor sensação possível. Mesmo depois da fama que esses irmãos tiveram, do prestígio comercial e crítico, dos vários prêmios que conquistaram, inclusive Oscar  de Melhor Filme e Direção em 2008 por "Onde os fracos não têm vez", assistir Fargo é puro deleite, é ver o quanto os Coen sabem de cinema, sabem atiçar e encantar a platéia com roteiros incisivos, inteligentes e colocando os personagens acima de tudo. O bacana dos irmãos Coen é que eles não se preocupam em colocar muita coisa em cena, algo comum nos dias de hoje, mas eles fazem questão da imagem límpida, praticamente vazia, para o espectador prestar atenção nos atores de fato e no roteiro. Em Fargo isso fica muito mais claro com as sequências límpidas na neve. A violência bastante estilizada, praticamente sem pudor misturada com cenas muito cômicas e bizarras e um personagem mais atrapalhado do que o outro só são comparados aos filmes do Quentin Tarantino, porém, um pouco mais "normais" e menos violentos.

Fargo foi uma espécie de divisor de águas na carreira dos irmãos Coen: antes eles eram conhecidos apenas do cenário independente, em filmes muito interessantes e engenhosos como "Gosto de Sangue" e "Arizona Nunca Mais", mas depois de Fargo, principalmente com os prêmios que recebeu, Joel e Ethan Coen finalmente tiveram o reconhecimento merecido, sem perder a qualidade e humor sagaz como em "Onde os fracos não têm vez", mas se meteram em um lado mais comercial e mais estranho em "O Amor Custa Caro" em 2003 e "Matadores de Velhinha"(!) em 2004.

Fargo venceu 2 Oscars em 1997: Melhor Atriz para Frances McDormand e Melhor Roteiro Original, além de ter recebido mais 5 indicações: Filme, Direção, Ator Coadjuvante para William W. Macy, Fotografia e Montagem. Recebeu, também, 4 indicações ao Globo de Ouro no mesmo ano: Filme (comédia/musical), Direção, Atriz (comédia/musical) para Frances McDormand e Roteiro. 

No roteiro, ótimo roteiro, aliás, na cidade de Fargo, na Dakota do Norte, Jerry (William W. Macy, em seu melhor papel na carreira) é um vendedor de carros bastante endividado que combina com 2 bandidos, Carl (Steve Buscemi) e Gaear (Stormare) para sequestrarem sua esposa, Jean (Rudrud) e ficar com a grana de seu sogro. Depois que a mulher é sequestrada (em uma cena espetacular) algo dá errado na estrada em que Gaear mata 3 pessoas, entre elas um policial que fazia uma parada policial. Para investigar essas três mortes, é chamada a policial Marge (Mc Dormand, ótima!!!!), que está grávida de 7 meses. Tudo, absolutamente tudo dá errado: Jerry se atrapalha cada vez mais, seu sogro intervem no caso, a dupla de criminosos pede mais e mais dinheiro e Marge está, claro, mais preocupada com sua gravidez.

Apesar de todas as situações darem errado em Fargo, tudo dá certo no quesito roteiro e atuações: roteiro esse muito bem amarrado, esperto, os atores ligados um no outro e aqui os Coen trabalham só com os melhores: a esposa de Joel, Frances entrega seu melhor papel, embora seu Oscar tenha sido um pouco de exagero, considerando a concorrência na época; William W. Macy, faz um vilão irresistível, irônico e manipulador e Steve Buscemi, sempre ótimo, aqui como um trambiqueiro ao mesmo tempo atrapalhado e frio como a neve presente no filme.

Outra coisa curiosa foi a ideia vendida na época do filme em que era Baseado em Fatos Reais. No início do filme, há uma mensagem que a história é real e os fatos ocorreram em 1987. Com as grandes reviravoltas do roteiro, ficou claro que era tudo ideia dos Coen. Os próprios atores foram enganados. Até mesmo Frances Mc Dormand, esposa do diretor também não sabia de nada. Tudo foi uma brincadeirinha dos Coen. Mas, tudo bem, são coisas assim e pessoas assim que tornam o cinema mais legal. Vida longa aos Coen.

Nota: 10



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domingo, 7 de julho de 2013

Guerra Mundial Z

Guerra Mundial Z (World War Z)


Direção: Marc Forster

Ano de Produção: 2013

Com: Brad Pitt, Mireille Enos, Elyes Gabel.

Gênero: Suspense / Ação

Classificação Etária: 14 Anos



Mesmo com um final desastroso, Guerra Mundial Z é um ótimo filme

Não sei todo mundo percebeu, mas Brad Pitt anda fugindo dos chamados Blockbusters e fazendo filmes mais alternativos e sem grande acolhida popular. Tudo bem que ele foi um dos protagonistas da trilogia "Onze Homens e Um Segredo", mas ele dividiu a cena com George Clooney e todas aquelas artimanhas de Steven Soderberg. Mas desde "Tróia", de um distante 2004, ele não encabeçava uma super produção. Mesmo "Sr. e Sra. Smith", em 2005, seu maior sucesso comercial, ele divide as atenções com sua esposa, Angelina Jolie. Mas era pouco para um astro com fama de galã mundial. 

Mas daí que veio o convite do bom diretor Marc Forster (de "007 - Quantum Of Solace") para Pitt protagonizar a adaptação cinematográfica do livro homônimo de Max Brooks, filho de Mel Brooks e tem tudo (e mais um pouco) para mudar tudo isso: "Guerra Mundial Z", desde já dos grandes sucessos de 2013 e deve ser um início de uma trilogia. 

Para quem está de fora, Guerra Mundial Z pode parecer mais um arrasa-quarteirão para faturar milhões, confesso que eu mesmo achei isso antes de vê-lo, mas, assistir Guerra Mundial Z em formato 3D foi daquelas experiências memoráveis no cinema.

Guerra Mundial Z conta a história de Gerry Lane (Pitt), ex-investigador da ONU, que, após presenciar a epidemia e infestação zumbi é convocado pelo governo americano para investigar pelo mundo afora o que está acontecendo e, assim, salvar a humanidade do apocalipse zumbi. De início, Lane fica relutante quanto à missão. mas ele a aceita principalmente para proteger sua família, que está alojada em um navio do governo americano. A trajetória, a luta e as situações tensas e até bizarras passam por Moscou, Jerusalém e Coréia do Sul. 

É engraçado ver a evolução dos zumbis no cinema com o passar dos anos, principalmente no que diz à velocidade. Para quem viu a obra-prima de George Romero, "A Noite dos Mortos-Vivos", de 1968, filme que, aliás, deu essa imagem que temos hoje de zumbis, vai estranhar bastante aqueles serem incrivelmente lentos assistindo agora a incrível rapidez dos mortos-vivos em Guerra Mundial Z.

O filme não perde em nada no que diz ao visual, personagens e roteiro para a ótima e célebre série "The Walking Dead" e consegue ter o mesmo clima sombrio de, por exemplo, "Madrugada dos Mortos", de Zack Snyder (diretor de "Homem de Aço"), o uso do 3D tá muito caprichado, principalmente porque a profundidade exigida desta tecnologia em 3 dimensões é um ponto participativo da história e faz todo o sentido quando vemos as sequências espetaculares, corridas e tensas com os mortos-vivos (quem não se assustar com a primeira visão de Lane de um zumbi, no terraço de um prédio, pode procurar um hospital) e que valeram (e muito) o ingresso. As sequências em Jerusalém e aquela dentro do avião (no melhor momento do filme) são de arrepiar o braço na poltrona e é impossível não sentir uma pontada de angústia (no bom sentido) na cena, perto do desfecho, do laboratório na busca pela cura. 

Como nada nessa vida é perfeito, o final (que não contarei aqui) é tudo aquilo que o filme não é: sentimental, politicamente correto e manipulador. Uma pena. E pensar que a Paramount, estúdio responsável pela produção e distribuição do filme, refez o final e deu 3 mudanças no roteiro. 

Decididamente, os engravatados de Hollywood não sabem nada de cinema.


Nota: 8,5




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