segunda-feira, 23 de março de 2015

A Série Divergente: Insurgente


A Série Divergente: Insurgente (Insurgent)

Direção: Robert Schwentke

Ano de produção: 2015

Com: Shailene Woodley, Theo James, Miles Teller, Ansel Elgort, Kate Winslet, Jai Courtney, Naomi Watts, Maggie Q, Zoe Kravitz, Octavia Spencer.

Gênero: Aventura

Classificação Etária: 12 Anos

Superior ao primeiro filme, Insurgente finalmente acerta a franquia

            Em um passado não muito distante, adaptações de livros para o cinema eram sempre vistas de forma negativa. A regra era que nenhuma adaptação prestava. Havia as exceções, obviamente, como os filmes de Stanley Kubrick e Poderoso Chefão, mas a lei era que o livro era obrigatoriamente melhor do que o filme porque continha mais detalhes e alguns defendiam (e ainda defendem) que a imagem estraga a obra.

            Mas, nos últimos anos, isso felizmente mudou: a literatura cresceu de forma exponencial na cultura pop e as boas adaptações para o cinema são as principais responsáveis, sobretudo os livros de fantasia, os chamados young adult.

            Existem as tentativas que fracassaram, mas aquelas que estouram conseguem atrair multidões, geram moda e fãs, que é o caso também de Divergente, trilogia de livros escrita por Veronica Roth e foi adaptada para o cinema.

            Ano passado estreou o primeiro filme, claramente pegando carona com o sucesso de Jogos Vorazes e não foi exatamente um estouro de bilheteria: custou 85 milhões de dólares e faturou cerca de 235 milhões no mundo inteiro.

            Eu tive muitas ressalvas com o filme, principalmente com a correria para a edição final, mas não era exatamente um desastre total, pois havia indícios que era só uma questão de tempo até a franquia se acertar.

            E é exatamente isso que acontece na sua continuação, ‘Insurgente’.

            Mas, porque este filme é tão superior ao anterior? Bem, a equipe do filme foi drasticamente alterada: mudou o diretor, alguns produtores e colocou gente de peso como roteiristas, entre eles Akiva Goldsman, que escreveu o premiado ‘Uma Mente Brilhante’.

            O diretor do filme anterior, Neil Burger aqui trabalha como produtor executivo, dando a cadeira de diretor para Robert Schwentke (de ‘Red – Aposentados e Perigosos’ e o subestimado ‘Plano de Vôo’). Outra mudança importante foi que, no primeiro filme, a autora Veronica Roth não sabia o que fazer com a adaptação, não deu palpite na produção e não teve pulso firme para defender seu trabalho perante o estúdio. Sendo assim, ficou um filme de produtor e talvez por isso o resultado tenha sido tão negativo.

            Outra mudança significativa foi com os atores: o elenco jovem sem carisma do primeiro filme deu lugar a basicamente os mesmos atores, mas agora como grandes promissores, e todos, sem exceção, são a prova de que, se bem dirigidos, são capazes de se entregar a grandes papéis, são eles: a própria Shailene Woodley, a Tris, evoluiu muito como atriz, sobretudo após seu papel irretocável em ‘A Culpa é das Estrelas’ e seu nome é dos mais requisitados de Hollywood. E pensar que muitos torciam contra ela por causa da frustrada Mary Jane na franquia também frustrada do Espetacular Homem-Aranha, agora que o herói está na Marvel. Ansel Elgort, que interpreta seu irmão, Caleb, e também fez ‘A Culpa é das Estrelas’ (curiosamente como seu par romântico) está muito bem como “agente duplo” e uma espécie de “soldado” da Jeanine, consegue balancear os momentos com sua irmã e com sua “chefe”. Claramente ele fica corrompido pela Erudição e em uma conversa com a irmã  ele deixa transparecer que seus pais mereceram morrer. Miles Teller brilhou no início do ano com o premiado ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’ (vencedor de 3 Oscars, inclusive o merecidíssimo prêmio para J. K. Simmons) e será o Sr. Fantástico no reboot de ‘Quarteto Fantástico’. Aqui seu papel de Peter é muito maior e exigiu-se mais dele. De início ele é o soldado leal de Jeanine, mas que eu descobrir o caráter da vilã, ele muda de lado drasticamente. Jai Courtney, que também fará um filme grande este ano, ‘O Exterminador do Futuro: Gênesis’, faz seu Eric funcionar mais do que seu fraco desempenho no filme anterior, assumindo a postura de vilão. Zoe Kravitz, filha de Lenny (que curiosamente está em Jogos Vorazes), que faz Christina, a melhor amiga de Tris, pode ver sua carreira finalmente decolar. E dessas loucas coincidências do estúdio Summit, que também produziu Jogos Vorazes, o papel de Lenny Kravitz lá também é como o melhor amigo de Katniss. Até Theo James como Quatro, que tanto o critiquei no filme anterior, está bem aqui e menos caricato.

            E além do elenco jovem, temos o elenco mais conhecido do grande público, sobretudo Kate Winslet como vilã, que interpreta a fria e calculista Jeanine Matthews, a líder da Erudição e neste filme aqui tem um destaque muito maior do que no filme anterior (e do que nos livros também, pois seu personagem quase inexiste) e que em Insurgente precisa desvendar o que há na caixa encontrada na casa dos pais de Tris na Abnegação e apenas a própria Tris pode abrir a caixa, pois é a única com características 100% divergentes, ou seja, apresenta perfil para as 5 facções: Abnegação, Amizade, Audácia, Erudição e Franqueza.

            Mais do que isso, Tris precisa ser submetida a testes para todas as facções, preparados pela própria Jeanine.

            Os testes são o melhor momento do filme: Tris tem que salvar sua mãe (que morreu no 1° filme e agora só aparece em sonhos e em flashbacks) no treinamento da Audácia, fala a verdade sobre sua Divergência com sua mãe no teste da Franqueza, reconhece que seu amado Quatro é uma simulação no teste da Erudição, poupa a vida do traidor Peter no teste da Abnegação, mas o melhor ficou para o teste da Amizade: ela tem que lutar contra ela mesma (em uma luta espetacular) e provar que pode não ser violenta.

            Além de Kate, há mais duas grandes atrizes que surgiram em ‘Insurgente’: a oscarizada Octavia Spencer, que faz Johanna, líder da Amizade (que infelizmente, teve seu papel pequeno), mas quem se destaca é Naomi Watts como Evelyn, que é mãe do Quatro e é líder dos sem-facção. Aqui ela se despe da qualquer vaidade e sua Evelyn pode ter mais destaque ainda nas continuações.

            Em ‘Divergente’, a história não se decidia se focava no romance ou na distopia, mas aqui, ‘Insurgente’ se assume não só como um futuro sombrio e distópico, mas como filme de ação. Com um orçamento muito maior neste 2° filme, temos uma Chicago muito mais explorada, sobretudo com sua Direção de Arte pós-apocalíptica, finalmente entendemos sobre todas as facções e sobre as não-facções e seu submundo e, como distopia, ‘Insurgente’ está mais cruel e menos romantizado.

            Em relação ao livro, este filme é muito superior: o já citado destaque que Jeanine tem no filme que não tem nos livros. Na literatura, temos muito destaque para o romance entre Tris e Quatro, que é impossível não associar com Crepúsculo. Aqui, o romance é convenientemente contido com o foco nas facções e na luta contra o sistema. Mas Edith Prior, que apenas aparece em um holograma, não tem seu nome citado como no livro. E saber quem ela é, com o mesmo sangue de Tris será de fundamental importância para o próximo filme.

            Como na maioria das franquias de fantasia, o último livro, ‘Convergente’, foi dividido em dois filmes. Os produtores juram de pés juntos que a intenção é explorar mais os detalhes da literatura e fazer dois filmes completos, que, na verdade, é um só.
            Como ninguém aqui é ingênuo, nós sabemos que o intuito é financeiro. Dois filmes filmados de uma vez significam orçamento em dobro.

            Eu já tive a chance de ler Convergente e não enxerguei a necessidade de dois filmes, um filme de 130 minutos é mais do que suficiente, mas isso pode não significar nada: se os roteiristas e produtores continuarem a ignorar e não seguir a literatura ao pé da letra, poderemos ter dois grandes filmes, sendo que o livro não é necessariamente tão grandioso.         

Nota: 8,0

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quarta-feira, 18 de março de 2015

Os 12 Macacos


Os 12 Macacos (Twelve Monkeys)

Direção: Terry Gilliam

Ano de produção: 1995

Com: Bruce Willis, Madeleine Stowe, Brad Pitt, Christopher Plummer.

Gênero: Ficção Científica

Classificação Etária: 14 Anos


‘Os 12 Macacos’ vislumbra um futuro sombrio

            O diretor, roteirista, ator e produtor Terry Gilliam tem a fama de ser engenhoso e obsessivo e, considerando seus filmes, faz totalmente por merecer.

            Não há nenhum filme “normal” em sua filmografia e o cinema tem que agradecer por ainda existirem pessoas assim, basta se lembrar dos grandes diretores obsessivos pela arte que tivemos, como Kubrick e Hitchcock.

            Ele constituiu sua grande carreira com a série britânica Monty Python como ator, até dirigir os filmes baseados na série, como ‘Em Busca do Cálice Sagrado’, em 1975 e ‘O Sentido da Vida’, em 1983.

Em 1991 fez ‘O Pescador de Ilusões’, com Robin Williams, que foi um belo drama, mas seu projeto mais audacioso veio 4 anos depois: ‘Os 12 Macacos’, ficção científica baseada em um curta-metragem francês, tem a produção de Charles Roven (grande produtor de vários filmes da DC Comics, inclusive, para os próximos projetos anunciados) e com um elenco inacreditavelmente afiado: Bruce Willis tem aqui poucos momentos como herói de ação e sua atuação é mais focada no seu lado mais pessoal e psicológico. Ele vinha do sucesso de ‘Pulp Fiction’, que também mostrou a força do cinema independente e sua força como um grande ator além da ação. Madeleine Stowe, que hoje é mais conhecida como a Victoria Grayson da série Revenge, não teve uma carreira consolidada nos cinemas e faz seu filme mais “comercial”, mas, agora como vilã de Revenge, finalmente pôde sentir o cheiro do sucesso. E Brad Pitt, que de galã promissor passou a ser um ator de respeito, faz um dos melhores papéis da sua carreira, ganhou o Globo de Ouro e foi indicado ao Oscar por este papel, mas perdeu para Kevin Spacey por ‘Os Suspeitos’.

            A história se passa em 2035, em um mundo pós-apocalíptico em que um vírus dizimou 5 milhões de pessoas no ano de 1996. Quem espalhou este vírus foi um grupo terrorista chamado de Os Doze Macacos, liderado por Jeffrey Goines (Brad Pitt). Um grupo de cientistas envia um presidiário chamado James Cole (papel de Bruce Willis) para o passado e descobrir a origem do vírus.

            O problema é que eles o enviam para o ano de 1990 acidentalmente, em que James é tratado como um louco em um hospital psiquiátrico e ninguém acredita em sua história sobre o vírus, exceto a Dra. Kathryn (Madeleine Stowe), que passa ser a única pessoa em quem ele confia. James também conhece Jeffrey, que aqui é apenas um paciente no mesmo hospital psiquiátrico antes de virar um terrorista.

            Quando ele volta para o futuro, os cientistas corrigem o erro e o mandam para 1996, em que o sistema não o vê mais como um louco, mas sim como um criminoso e, novamente, a única que confia nele é Kathryn.

            Apesar do sucesso de público e crítica que este filme teve, jamais pode ser visto como um blockbuster. Muito pelo contrário, deve ser visto como um objeto de estudo, seja sobre viagens no tempo, sobre a questão da vida na Terra e também sobre conspirações.

            Tudo isso graças a esse grande roteiro bem amarrado, que não perde tempo com explicações desnecessárias, nem momentos de reflexões (e olha que lições de moral poderiam passar com toda pieguice). Aqui temos um trabalho com mais firmeza e até mais intimista, principalmente porque o próprio James fala que é impossível alterar a história, mas ele tentará descobrir o que culminou a presença do vírus. Além disso, o roteiro nos deixa a dúvida o tempo todo: será que estamos falando das lembranças de um viajante do tempo ou tudo são alucinações?

            Isso pode gerar vários debates e discussões até na questão religiosa: Será que somos nós, humanos, que mudamos a nossa história ou tudo está escrito, como defendem os espíritas?

            A fotografia escura e sombria faz todo o sentido considerando o contexto e os 3 atos da história, seja passado, futuro e “presente” (no caso, o ano de 1996) são construídos de maneira mais real e menos otimista.

            E não por isso, ‘Os 12 Macacos’ continua em qualquer lista sobre os melhores filmes de ficção científica. Terry Gilliam faz o filme mais denso e “sério” de sua grande carreira e ‘Os 12 Macacos’ poderia ser um filme mais popular, mas Gilliam ainda é um diretor autoral e permite fazer um filme com sua marca, mesmo em uma super produção. E não é a toa que, passados 20 anos de seu lançamento, ‘Os 12 Macacos’ está na galeria dos melhores e maiores filmes da história sobre viagens no tempo.

É o cinema nos levando a lugares onde menos se espera chegar.

Nota: 10,0

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quarta-feira, 11 de março de 2015

Unbreakable Kimmy Schmidt - 1ª Temporada


Unbreakable Kimmy Schmidt – 1ª Temporada

Criada por: Tina Fey e Robert Carlock

Ano de lançamento: 2015

Com: Ellie Kemper, Tituss Burgess, Jane Krakowski, Dylan Gelulla, Carol Kane.

Gênero: Comédia

Classificação Etária: 14 Anos


Nova série da Netflix é diferente e irresistível

            Já com o seu sistema consolidado, a Netflix agora tem mais liberdade em investir em mais séries e ousar mais. E para quem achava que Orange is the New Black era uma série diferente, ainda não viu nada.

            Unbreakable Kimmy Schmidt é a nova aposta desta mídia, tem como uma das criadoras ninguém menos do que Tina Fey (que criou ‘30 Rock’ e por 3 anos seguidos apresentou o Globo de Ouro junto com Amy Poehler), tem uma idéia originalíssima, elenco afiado e mesmo com um pé no drama, jamais deixa de ser comédia.

            Na história, temos um grupo de 4 mulheres, chamadas de “mulheres toupeiras”, que ficaram 15 anos presas em um alojamento subterrâneo em Dunsville porque um reverendo fanático as colocou lá, pois temia o apocalipse.

            A série começa com o resgate e o caso se tornando de domínio público e, após um evento em Nova York, uma delas, Kimmy Schmidt (da série ‘The Office’) decide ficar na Big Apple para viver tudo aquilo que perdeu em 15 anos.         

            A temporada acompanha nossa protagonista tentando se virar em uma grande metrópole, ao mesmo tempo em que precisa se atualizar com mundo em geral.

            Com pouco dinheiro, Kimmy consegue uma casa alugada no subúrbio e divide o lar com um sujeito chamado Titus (que, às vezes, é exagerado, mas funciona muito bem como alívio cômico, mesmo sendo uma série de comédia) e consegue um trabalho como empregada em uma casa luxuosa.

            A série pode não se tornar um fenômeno, como House of Cards ou Orange is the New Black, até porque apresenta uma temática muito diferente do convencional das sitcons americanas e pode soar estranha para o grande público. Temos uma protagonista ingênua e inocente e, como ela perdeu os últimos 15 anos de sua vida, algumas situações podem causar estranhamento em quem assiste (ela não reconhece um telefone celular, por exemplo) e algumas piadas mais ácidas (inclusive com as ditas, “minorias”) podem causar repulsa no espectador.

            O roteiro afiado de Tina Fey brinca com a bizarrice humana, não há personagens “normais” e, por mais que alguns tentem manter as aparências, escondem algo de sombrio, em especial na casa onde Kimmy trabalha: sua patroa, Jacqueline Voorhes (em uma clara referência ao Jason de Sexta-Feira 13) é uma socialite com excesso de preciosismos, mas que esconde seu passado como índia (mostrado com muita maestria em flashbacks). Sua filha, Xanthippe, é uma típica patricinha nova-iorquina, humilha Kimmy, sempre foi mimada e tem amigos “descolados”, mas esconde que é uma aluna aplicada, é virgem e nunca ingeriu drogas, independentemente de ser ilícita. E mesmo o Sr. Voorhes, que é um pai e marido ausente, claramente trai sua esposa.

            De início, Kimmy esconde que era uma “mulher toupeira”, mas, com algumas pressões, seja de Xanthippe, ou de suas ex-colegas, ela começa revelando aos poucos, mas, o que parecia ser algo abominável para ela, acaba sendo a maior vantagem: ela ganha a confiança de Jacqueline, de Titus e consegue dois pretendentes, um playboy nova-iorquino e um imigrante oriental. A menina toda perdida do começo da temporada começa a ficar mais esperta e, com o passar dos episódios, sua presença começa a se tornar fundamental e ninguém (mas ninguém mesmo!) consegue mais viver sem ela, inclusive resolvendo situações que ninguém jamais sonhou que aconteceria, como ela desmascarando Xanthippe na frente dos colegas e também desmascarando o professor de ginástica picareta.

            Na segunda metade da temporada, descobrimos que o reverendo está em processo de julgamento e muitos episódios estão focados nisso, mas, o que poderia ser um momento tenso, acaba sendo um deleite: o reverendo tem uma lábia capaz de convencer até o jurado mais cético, os promotores, bem como o juiz claramente não estão preocupados com o tribunal e o julgamento acaba virando um espetáculo de TV.

            Unbreakable Kimmy Schmidt se torna ainda mais um excelente programa quando temos algumas participações especiais de muitos atores bons conhecidos por outras grandes séries: a própria Tina Fey interpreta a promotora atrapalhada. Kieman Shipka, a Sally Draper de Mad Men, aparece no 9° episódio. Dean Norris, o Hank de Breaking Bad, revela uma veia cômica jamais vista: no 10° episódio, ele ensina Titus a “virar homem” em momentos hilários.

            Mas nenhuma aparição se compara a de Jon Hamm, o grande Don Draper de Mad Men. Ele faz ninguém menos do que o reverendo e são dele os momentos mais engraçados da temporada: ao mesmo tempo em que ele é réu, ele é advogado, tem uma lábia poderosa e convence a todos que fez o que fez “pelo bem das meninas”. Foi muito bom vê-lo em um papel fora de sua zona de conforto em Mad Men. E não devemos deixar de reparar na crítica ácida que o roteiro faz com o fanatismo religioso e de como a ignorância pela leitura da religião pode levar a atos hediondos.

            Esta série merece uma chance nas premiações (o Emmy será no 2° semestre), seja como série de comédia, alguns coadjuvantes ou essa atriz irresistível que é esta moça maravilhosa chamada Ellie Kemper. A escolha para viver Kimmy não poderia ter sido melhor. Ela transmite a leveza e inocência que sua personagem exigia, seja pelo olhar ou pelas ações.

            Unbreakable Kimmy Schmidt já foi renovada para uma 2ª temporada. É uma série rápida, com apenas 13 episódios com duração de 25 minutos, o que dá para ver em poucos dias.

            Com uma idéia dessas, a série poderia se tornar dramática. Poderia usar um coma ao invés de isolamento, mas o roteiro usa do bizarro para contar algo que parece óbvio, mas de óbvia Unbreakable Kimmy Schmidt não tem nada.

Nota: 9,0

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domingo, 8 de março de 2015

House of Cards - 3ª Temporada


House of Cards – 3ª Temporada

Criada por: Beau Willimon

Ano de lançamento: 2015

Com: Kevin Spacey, Robin Wright, Michael Kelly, Mahershala Ali, Molly Parker, Elizabeth Marvel.

Gênero: Drama Político

Classificação Etária: 16 Anos

Mais política e ousada, House of Cards é imperdível

            House of Cards foi uma grande aposta da Netflix no início de 2013. Foi o teste que a empresa fez para ver se seria possível produzir suas séries próprias. E seria difícil de fazer com que o público acompanhasse vários episódios em um serviço até então, novo. E ainda conseguir manter as coisas básicas, como os custos de produção, salários dos atores e equipe... Foi uma manobra arriscada que poderia ter dado errado, mas, deu mais do que certo.

            A série foi um sucesso de público e crítica e agora está nas premiações, no mesmo patamar de produções de canais milionários, como Game of Thrones e Downton Abbey.

            Foi renovada para uma segunda temporada e agora em 2015, chegou a 3ª temporada.

            Outra renovação da Netflix foi mudar a forma de como vemos episódios de séries: agora não precisamos esperar a semana seguinte para ver um episódio, agora o serviço disponibiliza todos os episódios de uma vez, deixando a cargo do cliente o horário e forma de assistir, seja pela TV, computador, tablet ou celular.

            Mas, como que esta série virou este fenômeno? É uma série política, até aí, nada de novo, nós tivemos ‘The West Wing’ e temos ‘Scandal’, que são excelentes, mas, a forma como é contada é diferente.

            Acompanhamos Frank Underwood (um Kevin Spacey no melhor papel da carreira), o ex-congressista da 1ª temporada e agora na terceira, subiu ao cargo de presidente da República, não necessariamente por méritos. O que a série mostrou foi a história de um tirano, mostrando todos os meios de golpes para atingir o objetivo. Todos os meios mesmo, até a morte.

            Apesar de a série ser um material original, todas as referências estão lá: como não se lembrar de O Príncipe, de Maquiavel, em que ele mostra como um líder pode ser um tirano, e sua frase mais famosa: “os fins justificam os meios”. Ou ainda a referência a Poderoso Chefão: “mantenha seus amigos perto, e os seus inimigos, mais perto ainda”.

            Outro detalhe importante, talvez o mais importante para o sucesso da série, foi a metalinguagem. Em diversos momentos, Frank conversa com o espectador, ou, mesmo sem falar uma só palavra, seu olhar já diz tudo, seja em uma reunião ou em uma discussão com sua esposa, Claire Underwood (Robin Wright, também no melhor papel de sua carreira).

            Claire não é muito diferente de Frank, na verdade, ela também é uma tirana e nesta 3ª temporada, ela está mais politizada e, com o marido na presidência, ela consegue o cargo de Embaixadora.

            A 2ª temporada terminou com um grande gancho e grande expectativa para como poderia ser a presidência de Frank e o que mais ele iria querer.

            Esta temporada começa 6 meses após o término da 2ª, com um Frank tendo a aprovação baixa e fazendo um projeto ousado e impopular: cortar verbas da aposentadoria para investir em empregos, adotando o nome do projeto de America Works, que será sua vitrine para as eleições que ainda virão.

            Paralelamente a isso, temos a história de Doug (Michael Kelly, ótimo no papel!), que, na temporada passada, levou um golpe de tijolo na cabeça, ficou em coma por muito tempo e agora sua amada Rachel está desaparecida. Sua história é quase uma sub-trama durante a temporada. Desde a 1ª temporada ele é fiel a Frank, mas, ao se ver jogado para escanteio, ele “vira a casaca” e apoia a campanha da rival, Heather Dunbar. Doug é um personagem tão intenso que não duvidem se ele ganhar prêmios pelo papel.

            Mas, quem é Heather Dunbar?

            Ela é relatora do Judiciário e, com as eleições por vir e a baixa aprovação de Frank, ela se candidata à presidência e toma a dianteira pela corrida presidencial.

            Heather também consegue o apoio de Jackie, que é assessora de Frank, que, em determinado momento, trabalha como agente dupla para Heather até anunciar que irá se candidatar à presidência também. Aliás, o episódio 11, que é todo focado no debate dos 3, bem como os bastidores, é espetacular.

            São vários elementos que estão nesta temporada: a recuperação de Doug, a luta de Frank para recuperar a popularidade, Claire como mais politizada e a ascensão de Heather. E não há história menor ou maior. A plateia se envolve com tudo, mesmo àqueles que não gostam de política, poder e economia, vai conseguir entender, graças ao roteiro mais do que inteligente desta série criada por Beau Willimon e produzida por muita gente boa do cinema, como os cineastas David Fincher e Andrew Davis. Até Robin Wright está atrás das câmeras, ela dirigiu os episódios 9 e 12. Ela estava sumida após Forrest Gump e seu casamento com Sean Penn, é verdade, mas agora é sua chance de voltar.

            Mesmo tendo dois protagonistas claramente, a série tem coadjuvantes maravilhosos, como os já listados e, mesmo sendo atores desconhecidos do grande público, o roteiro jamais os deixa de lado e os torna fascinantes.

            Como todo e bom season finale de série, termina com um gancho para uma possível quarta temporada, embora tenha um desfecho honesto.

            Seja você fã de séries, não-fã, goste ou não de política, mas, não deixe de conhecer House of Cards e outras grandes séries da Netflix, que só cresce, como ‘Orange is the New Black’ e a recente Unbreakable Kimmy Schmidt.

            E não por isso, que vivemos a chamada fase de ouro das séries de TV.


Nota: 10,0

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sexta-feira, 6 de março de 2015

Kingsman - Serviço Secreto


Kingsman – Serviço Secreto (Kingsman – The Secret Service)

Direção: Matthew Vaughn

Ano de produção: 2014

Com: Colin Firth, Taron Egerton, Samuel L. Jackson, Mark Strong, Sophie Cookson, Sofia Boutella, Michael Caine, Mark Hamill.

Gênero: Ação

Classificação Etária: 16 Anos


Kingsman é uma adaptação completamente “fora da caixa”

            O diretor, roteirista e produtor Matthew Vaughn começou a carreira em Hollywood como parceiro de Guy Ritchie, ajudando-o a produzir ‘Jogos, trapaças e dois canos fumegantes’ e ‘Snatch – Porcos e Diamantes’, mas, com o passar dos anos ele foi criando sua própria “assinatura”. Começou dirigindo ‘Nem tudo é o que parece’, em 2004, com Daniel Craig (que seria o novo James Bond) até ser chamado, em 2006, para dirigir ‘X-Men 3: O Confronto Final’, mas recusando e deixando o posto para Brett Ratner. No mesmo ano, após ele e Mark Millar verem o resultado positivo de ‘007 – Cassino Royale’, veio a idéia de criar uma HQ que homenageia os filmes antigos de espionagem, embora também funcione como paródia. Daí nasceu The Secret Service, que Mark Millar fez junto com o grande Dave Gibbons (de ‘Watchmen’).

            Neste meio tempo, Vaughn dirigiu o subestimado ‘Stardust’, mas logo se notou que sua paixão eram as adaptações de quadrinhos. Em 2010 ele dirige ‘Kick Ass – Quebrando Tudo’, que é um filme completamente diferente, ultra-violento e se tornou uma grande surpresa, mas seu melhor filme viria no ano seguinte e, no meu conceito, é o melhor filme dos mutantes até agora: ‘X-Men: Primeira Classe’, que consolidou não só a carreira de Matthew Vaughn, mas também a carreira de grandes atores que eram desconhecidos na época, como Jennifer Lawrence como Mística e Michael Fassbender como Magneto.

            Ele recusou a direção de ‘Dias de um futuro esquecido’, ficando apenas na produção, para realizar algum produto inédito e que não fosse uma continuação. Ele se dedicou a ‘Kigsman – Serviço Secreto’, baseado na HQ The Secret Service e que tem muitas características de Kick-Ass e Primeira Classe: unir um elenco veterano e desconhecido, a ultra-violência, a saga do herói inesperado e também da surpresa de apreciar seus filmes. Ninguém deu nada por seus filmes anteriores e agora não foi diferente.

            ‘Kingsman – Serviço Secreto’ conta a história de um jovem inteligente, porém, rebelde, chamado Eggsy, cujo pai foi morto no passado ao tentar salvar a vida de Harry Hart (Colin Firth), que logo se revela um espião e protetor de Eggsy.

            Eggsy é um adolescente com problemas em comum com muitos outros: sofre bullying e tem um padrasto que bate em sua mãe, mas que tem a chance de virar o jogo após o treinamento para virar Lancelot, que são os agentes secretos da Kingsman, uma alfaiataria de fachada, mas que na verdade funciona como o MI6 de 007 para combater criminosos.

            O vilão em si é Richmond Valentine, vivido por um Samuel L. Jackson muito inspirado e que se diverte em cena, que tem um plano global de destruição da espécie humana através de chips de celular: ele oferece aos cidadãos do mundo planos de internet e telefone grátis, mas que provocará o caos entre as pessoas e alterando o comportamento humano semelhante a algo mais selvagem.

            Além de Samuel L. Jackson, todo mundo aqui parece estar se divertindo, até Colin Firth, que ganhou o Oscar por ‘O Discurso do Rei’ e faz seu primeiro herói dos quadrinhos. O veterano Michael Caine também se destaca como o chefe de Harry, mas temos 3 atores desconhecidos que são verdadeiras revelações e ambos, cada um à sua maneira tem tudo, e mais um pouco, para brilhar em Hollywood, são eles: Taron Egerton, vivendo Eggsy, que tem muito carisma e não foi fácil segurar um filme deste tamanho nas costas. E temos também o grande elenco feminino: a mocinha Roxy é vivida por Sophie Cookson, que é uma graça e lembra muito a Chloe Grace Moretz como a Hit-Girl (embora sua personagem fique muito mal desenvolvida perto do final), mas quem se destaca é Sofia Boutella como Gazelle, que é assistente de Valentine. Ela tem lâminas no lugar das pernas (lembrando muito a Cherry, de ‘Planeta Terror’) e protagoniza uma das cenas de ação mais memoráveis logo no começo do filme.

            E por falar em cenas de ação, aqui elas são tão surreais quanto espetaculares: além desta cena perto da abertura, há também a cena em que Harry luta contra aqueles que hostilizam Eggsy no bar, além de todos os acontecimentos do terceiro ato, mas, nada se compara à brilhante cena da carnificina na igreja, em que os experimentos de Valentine são testados e os “fiéis” começam a se matar uns aos outros. A cena não tem sutileza nenhuma, muito estilizada e foi feita praticamente sem cortes e merece estar na lista das melhores da história.

            Praticamente todo o elenco veterano do filme tem alguma bagagem das adaptações de HQs e da cultura pop em geral: Samuel L. Jackson é o nosso Nick Fury e vê-lo como vilão que se diverte é glorioso. Michael Caine é o Albert da trilogia Batman, de Christopher Nolan, e não devemos deixar de reparar em Mark Hamill, o eterno Luke Skywalker em uma ponta (e pré-Star Wars VII).

            Pode ser que seja uma nova tendência, principalmente após ‘Guardiões da Galáxia’, mas o filme está recheado de nostalgia musical, ao som de Slave to Love e Give it Up de KC & The Sunshine Band, entre outras.

            Seja você fã ou não fã de HQs, vale muito a pena descobrir ‘Kingsman – Serviço Secreto’. Talvez seja a surpresa que o torne assim tão especial e, porque não, a iminência do nascimento de uma nova franquia?


Nota: 9,0

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