quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Crônicas de Natal é um bom programa para o fim do ano



            Já faz alguns anos que os filmes de Natal deixaram de ser prioridade em Hollywood.
            Desde Um Duende em Nova York, de 2003 ou O Expresso Polar, de um distante 2004, os filmes deste gênero (sim, porque são um gênero) não são protagonistas dos blockbusters de fim de ano.
            Saudades de quando reuníamos com a família na noite de Natal para assistir a clássicos como Esqueceram de Mim 1 e 2, Férias Frustradas de Natal, O Grinch, entre muitos outros. Filmes assim estão para sempre na memória.
            Mas agora, em 2018, esta tradição parece estar voltando: O Grinch, animação com Benedict Cumberbatch, está indo muito bem obrigado nos cinemas e a Netflix segue investindo pesado em filmes natalinos.
            A Princesa e a Plebeia já foi um grande sucesso, com Vanessa Hudgens e agora a Netflix chega com Crônicas de Natal, uma grata surpresa e sim, resgata o espírito dos filmes clássicos de Natal.
            Crônicas de Natal se passa na véspera de Natal e conta a história de dois irmãos que vivem com a mãe, pois o pai morreu. A mãe vai passar a noite trabalhando neste dia e os irmãos têm a ideia de filmar o Papai Noel chagando na casa deles. E o inesperado acontece: eles encontram o Noel em pessoa (vivido por um Kurt Russell inspirado e à vontade), mas quase acabam com o Natal, mas embarcam junto com o Papel Noel para tentarem salvar a data.


            O filme acerta em ser um programa para toda a família e investe em duas fórmulas irresistíveis: fantasia e drama familiar.
            Conforme a viagem pelo, digamos, universo com o Papai Noel avança, conhecemos mais o mundo mágico e que permite ao público sonhar e sim, acreditar que o Noel exista.
            Tudo isso é muito fruto do roteiro e situações, mas também é mérito do Kurt Russell, que parecia um ator improvável para interpretar o bom velhinho nas telonas, mas que se encaixou como uma luva no papel.


            Além de se divertir, transmite o sentimento de um personagem icônico sim para a cultura pop.
            E o drama familiar também é um grande acerto do filme: o pai dos irmãos morreu e eles, sobretudo o irmão mais velho, ainda vivem o trauma e a perda de passarem o Natal sem a figura paterna. Fica a cargo da mãe fazer o papel de pai e mãe ao mesmo tempo, além da rivalidade em si do irmão mais novo com a irmã mais nova.
            Nada do que Chris Columbus (aqui como produtor) não esteja acostumado: diretor de Esqueceram de Mim, Uma Babá Quase Perfeita sabe como atiçar seu público e atinge em cheio a crianças de 8 a 80 anos.


            E o diretor Clay Kaytis (de Angry Birds) não é um mero coadjuvante ou diretor apenas contratado: faz uma boa direção de atores, que, se não são brilhantes, ao menos entregam um filme divertido, agradável e feel good para todos.
            A Netflix segue investindo pesado em produções próprias. Os filmes, alguns de gosto duvidoso, seguem buscando seu espaço, mas tudo indica que é uma questão de tempo para que eles se firmem, assim como estão consolidados no mundo das séries.
            E as novas tecnologias permitem reunir a família e assistir a algo bacana sem depender dos canais da TV.

Nota: 8,5

She-Ra e as Princesas do Poder é das melhores séries animadas do ano



            Quando foi anunciado que a Netflix faria uma nova versão do clássico desenho da She-Ra, muitos torceram o nariz, sobretudo quando foi falado que a heroína teria uma origem diferente, que não teria ligação com He-Man e tudo piorou quando saíram as primeiras fotos.
            Os fãs das antigas fizeram muito barulho nas redes sociais.
            Mas daí começaram a sair novas artes, trailers e o público começou a acreditar que sim, a nova série animada poderia ser bacana.
            Até que finalmente a série, parceria da Netflix com a Dreamworks estreou no serviço de streaming.
She-Ra e as Princesas do Poder é mais do que bacana. É das melhores coisas que você verá na Netflix em 2018.


A série conta a história de Adora, uma jovem aparentemente normal, mas que participa de um treinamento militar da Horda contra Etéria. Um belo dia, ela encontra uma espada iluminada, não sabe se é sonho ou realidade e decide sair do seu espaço.
Ela encontra a tal espada e também outros personagens como a princesa Cintilante e o ajudante Arqueiro, que, de inimigos por divergências ideológicas, viram os melhores amigos e são eles que irão mover a série até o final.
A série faz tudo certo, desde o tratamento dos personagens, visual, roteiro e ritmo.


A forma como os personagens aparecem na trama é de maneira fluida e envolvente. A química entre Adora, Cintilante e o Arqueiro é incrível e irresistível. Adora também tem uma ótima química com Felina, sua amiga de infância da Horda, mas que logo se torna rival (e a forma como a série mostra as motivações das personagens é excelente!)
Visualmente a série é de encher os olhos. Mesmo tendo apostado no 2D em detrimento ao 3D, os mais exigentes não vão reclamar, sobretudo pelo Design de Produção, com cenários e texturas maravilhosos.
E o roteiro é cheio de camadas: sem estereótipos e sendo imparcial, cada um tem suas motivações. Além do mais, há metáforas sobre ditadura, doutrinação e preconceito sobre o diferente (a Horda faz propaganda contra Etéria e vice-versa).


E o ritmo da série é alucinante e jamais cansa ao longo dos seus 13 episódios com 25 minutos cada. Embora o único problema desta temporada seja justamente o meio da série. Se o início e o fim são frenéticos, o mesmo não se pode dizer do meio ali pelo episódio 5 ou 6.
Uma pena para esta série quase que irretocável e que tem tudo para ter vida longa.
As próximas temporadas prometem explorar mais o psicológico e relação entre os personagens e com o sucesso desta temporada aqui, provavelmente com mais recursos.


She-Ra e as Princesas do Poder pode não ser perfeita, mas promete agradar os fãs das antigas e os novos. Tanto a série dos anos 80, quando a esta de agora, são grandes séries e se completam e nós, fãs, agradecemos.
Já até ficamos otimistas para os novos Thundercats...

Nota: 9,0


terça-feira, 27 de novembro de 2018

The Sinner volta com tudo em sua 2ª temporada


              A primeira temporada de The Sinner foi uma grata surpresa de 2017, sobretudo por apresentar um suspense aparentemente de fácil solução, mas que se mostra uma trama muito mais elaborada, com muitos mistérios, flashbacks e camadas.
            Também nos agraciou com atuações afiadas de Jessica Biel (indicada ao Emmy) e Bill Pullman.
            Porém, quando foi anunciado que a série teria uma segunda temporada, muitos (inclusive este que vos fala) já achou uma ideia oportunista e desnecessária.
            Mas, nada como queimar a língua e esta temporada de The Sinner se apresenta tão boa quanto a anterior, com um novo mistério, mas o mesmo tom instigante, os personagens excelentes e série tecnicamente perfeita.

            Esta segunda temporada é uma continuação/antologia, pois apresenta um mesmo personagem da temporada anterior, Harry Ambrose (Bill Pullman) e sua história continua. Porém, é uma outra história e outros personagens, a exceção de seu protagonista.
            Se continuar com essa estrutura de antologia, apresentando um mistério diferente a cada temporada, tomara que a série tenha vida longa.
            Este novo ano começa com um casal, Bess e Adam com seu suposto filho, Julian viajando para as Cataratas do Niágara, mas ocorre um problema com o carro na estrada e os três ficam hospedados em um hotel.
O que era para ser uma simples hospedagem termina em tragédia: Julian aparece com um chá, que mata o casal e o próprio garoto confessa o que fez.
A partir daí a série vai desvendando um mistério que aparentemente se torna simples: Julian confessou, ele é o assassino e fim de caso.

Mas a série vai apresentando outros personagens e outras subtramas que tornam essa história muito atraente, instigante e que atrai o público até o final, sobretudo por seu “gancho” a cada final de episódio e até em meio de episódio também.
Elisha Henig arrebenta como Julian e faz um personagem misterioso, onde não sabemos de início suas intenções, mas a série não é apenas focada nele, nem só no Bill Pullman como protagonista, muito pelo contrário. Todos têm o seu momento e a série merece, no mínimo, umas duas indicações a coadjuvantes nas premiações.
Carrie Coon (de The Leftovers) faz Vera, uma mulher misteriosa, determinada e também com intenções dúbias. O que ela quer e o que esconde? São algumas perguntas que a série vai levando até o final.

Heather como uma policial bem-intencionada, mas com um passado sombrio e misterioso também é uma grande personagem e quanto menos se sabe, mais interessante a personagem fica.
Também não deixem de prestar atenção em Marin, que vai crescendo a cada episódio, se torna mais relevante e importante, até descobrirmos sobre ela na segunda metade da série.
Assim como na primeira temporada, esta segunda de The Sinner termina de forma fechada. Pode vir uma terceira temporada como antologia ou encerrar por aqui. Nada apaga esta grande temporada e uma das melhores séries do ano.
Quem se sentiu instigado com o primeiro ano, via se agraciar por este aqui.

Nota: 10,0

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

O Grinch resgata o espírito dos filmes de Natal




            Faz tempo que Hollywood não investe nos filmes de Natal. Nos últimos anos, pouco foi feito. Nos últimos anos, tivemos Um Duende em Nova York e O Expresso Polar, de 2003 e 2004, respectivamente.

            Mas 2018 promete mudar isso: além dos filmes para o fim do ano que a Netflix está prometendo para a janela do fim do ano, chega aos cinemas a nova versão de O Grinch, baseada em um livro do Dr. Seuss e que ganhou uma célebre adaptação em 2000, estrelada por Jim Carrey.



            O Grinch é a aposta da Illumination deste ano, já que não teve nenhuma animação no período de férias e do verão americano, este é o único filme do estúdio do ano e não faz feio, embora seja claramente inferior ao filme de 2000.

            Na história, O Grinch é uma criatura verde, peluda e rabugenta que mora em Quemlândia e que, amargurado, quer destruir o Natal de todos, mas tudo muda quando conhece a irresistível menina Cindy-Lou, que começa a rever suas ações e conceitos.

            O visual é caprichadíssimo e o filme promete agradar a todos. Muitos podem achar que o roteiro não quis se arriscar ao contar uma história já conhecida, mas isso não é verdade: é como uma comédia romântica, onde não há exatamente grandes novidades, a diferença está na forma de como é contada e o carisma dos personagens.

            E carisma o Grinch tem de sobra.



            Quem assistir a versão original, vai encontrar a voz de um Benedict Cumberbatch (o nosso Doutor Estranho) muito cômica e inspirada. E a versão dublada, com Lázaro Ramos, também acerta.

            Aliás, a dublagem do filme acerta na adaptação e não faz feio com a versão original.
            Mas a melhor coisa de O Grinch está na menina Cindy e sua mãe, Donna, dublada pela Rashida Jones.



            O filme explora muito bem, de forma humana e natural, o fato de Donna ser mãe solteira e o filme não faz juízo de valores, pelo contrário, mostra uma mulher que precisa fazer jornada dupla, mas que se mostra feliz.

            Além do mais, sua filha, carente de atenção, é a pessoa que promete amolecer o duro coração do Grinch e que, ao contrário da maioria das crianças da idade dela, pensa na mãe – e não nela ou presentes – em primeiro lugar.

            Mas o que realmente faltou em O Grinch foi explorar melhor seu universo e outros personagens ao redor.



            Tinha tempo, roteiro e dinheiro, só faltou a vontade, mas, apesar dessa ressalva, não dá para negar que O Grinch resgata o espírito dos filmes de Natal e este é mais um acerto da Illumination, que trouxe Meu Malvado Favorito, Minions, Pets, entre outros.

            O estúdio tem uma proposta diferente da Pixar e quer a diversão do seu público acima de tudo.

            E não é isso que vamos buscar na tela grande?

Nota: 8,0

sábado, 17 de novembro de 2018

Quem precisa de Cloverfield quando se tem Overlord?


             De início, Operação Overlord seria um filme da franquia Cloverfield, mas, após o fracasso e a não-aceitação de Cloverfield Paradox, no início de 2018, os produtores tomaram a decisão certa e lançaram nos cinemas e como um filme isoladamente, sem ligação nenhuma com a franquia.

            Operação Overlord talvez seria um filme que passasse despercebido, se não fosse o nome de J.J. Abrams na produção, embora não devemos descartar o diretor Julius Avery, que faz um bom trabalho aqui, além de seu ótimo e quase desconhecido elenco.


            Mas o filme segue fazendo sucesso e visto até como uma alternativa aos arrasa-quarteirões nos cinemas.

            É difícil classificá-lo apenas em um gênero: filme de guerra, de ação, terror, suspense, ficção científica? Operação Overlord é tudo isso junto e misturado.

            O filme se passa em 1944 em uma história que realmente existiu: antes do dia D, da batalha de Normandia, onde uma equipe de paraquedistas invade a França para destruir uma torre de transmissão de rádio que servia de comunicação entre os nazistas, mas ocorre um acidente, onde a maioria morre, mas 4 sobrevivem, entre eles os protagonistas, Boyce e Ford.


            O grupo descobre um pequeno vilarejo onde mora uma jovem francesa, Chloe, que cuida do seu irmão e que precisam unir forças para penetrar nas muralhas e derrubar a torre.

            Quanto menos souber de Operação Overlord, melhor o filme fica e melhora a experiência em descobrir as surpresas do filme. O filme usa uma lenda urbana famosa sobre nazistas fazerem experimentos em judeus e, mesmo já tendo passado décadas do conflito, sobre Hitler e nazismo, Hollywood não se cansa se explorar o tema, seja pautado na realidade, como Spielberg fez em A Lista de Schindler e O Resgate do Soldado Ryan, em na fantasia, como Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino ou este filme aqui, ainda mais fantasioso.


            Mas é importante avisar que Operação Overlord não é um filme para todos: o espectador mais desavisado pode se incomodar com as mudanças do filme, além do mais, ele tem momentos de puro gore, sem sutilezas e que assusta muito.

            Tanto que chega uma hora que o filme abraça o absurdo (no bom sentido) e entrega um filme completamente “fora da caixa” e seu único problema é justamente ir para um lado mais “normal” no terceiro ato.

            Mas os dois primeiros atos são quase irretocáveis: as cenas de batalha do início são claramente inspiradas na Normandia de Spielberg de O Resgate do Soldado Ryan. Já o segundo ato, onde temos as principais revelações do filme, o espectador dificilmente consegue ficar indiferente, seja com o drama e conflito dos personagens, além do horror mostrado em tela.

            O elenco é competente e este filme pode servir para revelar estes atores, como Jovan Adepo sendo Boyce e Wyatt Russell como Ford.

            Os dois são parceiros, mas distintos entre si: Boyce é mais idealista, o que mais se aproxima de um herói e Ford é o soldado mais turrão e que não hesita em disparar uma arma.

            Quem se destaca também é a jovem atriz Mathilde Olliver como Chloe e engana-se quem acha que ela é apenas a mocinha indefesa.



            Operação Overlord é o filme mais “fora da caixa” do ano, engenhoso, tenso, bem realizado, mas muito divertido, embora seja compreensível quem não gostar. Há guerra, sangue e vários plot twists.

            Os fãs vão se deliciar. Aos demais, tudo o que podemos dizer aqui é boa sorte!

Nota: 9,0

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Bohemian Rapsody é uma carta de amor aos fãs, já ao cinema...


                 O Queen foi, indiscutivelmente, uma das maiores e melhores bandas da história e era óbvio que a expectativa em relação ao filme estaria alta, ainda mais porque, de início, teríamos Bryan Singer na direção (que dirigiu os dois primeiros filmes de X-Men) e Rami Malek interpretando o icônico Freddie Mercury.
            O filme foi cercado de polêmicas antes de sua estreia, sobretudo na troca de diretores, mas, no final, foi Singer que foi creditado como diretor.
            Bohemian Rapsody conta parte da história do Queen e do Freddie, onde o foco está na criação da canção que dá título ao filme, Bohemian Rapsody e do show Live Aid, com o intuito de arrecadar fundos para a África e que foi um marco na carreira da banda, já que eles estavam há um tempo sem tocar.


            E a criação de Bohemian também ficou na história, pois a canção é diferente do convencional e ficou marcada porque o então empresário da banda (vivido por um Mike Myers sob uma pesada maquiagem) os rejeitou.
            Outro ponto relevante aqui é a relação entre Freddie e Mary Austin. Ele claramente a amava e a respeitava, mas também era homossexual assumido e é aí que nasce um dos problemas do filme, que mostra essa parte importante da vida de Mercury muito “de leve”, claramente almejando (e conseguindo) uma censura menor para o filme.
            Sem contar a homofobia pelas entrelinhas: é só ele se assumir que sua vida começa a virar de cabeça para baixo.

            Não há problema nenhum de o filme ser censura PG-13 e um produto para a família, mas não quando se trata de uma banda marcada pelas histórias intensas de bastidores e que muitos dados foram deixados de lado.
            O filme pode ser vibrante por ser embalado pelas canções clássicas da banda (não tinha como errar nisso), mas que não vai além disso: não há nada aqui de que os fãs já não saibam e, por ser um filme de estúdio e de alto orçamento, faltou o algo a mais para chamar a atenção.
            É um filme, portanto, formulaico e panfletário.

            Não que seja ruim, há muitas qualidades como a própria relação entre Freddie e Mary, a química do grupo é perfeita e a forma como as músicas são compostas são um bom atrativo, embora a montagem do filme seja problemática ao mostrar isso, onde parecem mais esquetes e não há fluidez na transição de cenas.
            Rami Malek se esforça e entrega um bom Freddie. Muitos estão cogitando Oscar, embora ele e o filme tenham mais cara de Globo de Ouro, além do mais, o fato de as músicas serem dubladas, pode pesar na escolha dos votantes, mas nada que desmereça o esforço e entrega do ator, que promete ir longe na carreira.

            Mesmo um momento que poderia ser épico e histórico ao longa, como o show do Live Aid, tem problemas: enquanto o filme foca nos trejeitos de Malek, da banda e na câmera fechada da plateia, a cena acerta. O problema são as tomadas aéreas com o público feito em CGI tão artificial que o espectador dificilmente vai sentir a emoção que deveria em um momento histórico.
            A decepção fica evidente.
            Bohemian Rapsody está longe de ser um filme ruim. Aliás, se fosse um filme para o home vídeo ou streaming, até poderia ser mais bem aceito, o problema é estrear na tela grande do cinema e com status de blockbuster.
            Segue fazendo sucesso e não há o que reclamar disso. Também pode fazer com que Hollywood produza mais filmes – ou até séries – sobre bandas ou artistas famosos e com as críticas a este filme aqui, pode aprender com os erros e entregar um produto digno.
            Ficaremos otimistas.

Nota: 4,0

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Novo Animais Fantásticos é bom, mas J. K. Rowling quase detona sua criação


                 Animais Fantásticos – Os Crimes de Grindelwald já estava cercado de polêmicas mesmo antes da estreia, sobretudo por causa dos escândalos com o ator Johnny Deep e tudo piorou quando a própria J. K. Rowling o defendeu publicamente.

                Muitos reclamaram e até ameaçaram boicotar o filme, mas agora que ele já estreou e já é uma realidade, não há muito o que fazer.


                Não bastasse tudo isso, quando houve as primeiras sessões do filme para a imprensa, os críticos ficaram divididos: alguns gostaram, mas teve um número expressivo que se decepcionou.

                Mas, e a nossa opinião? Falando de forma resumida: é um bom filme, inferior ao primeiro e as polêmicas em volta do Johnny Deep não interferem na execução do longa, mas em volta da J. K. sim.

                O filme se passa em 1927, onde o vilão Grindelwald está preso na Macusa após o primeiro filme, mas consegue escapar e causa o temor da ameaça ao equilíbrio e sensação de paz ao mundo bruxo.


                Neste cenário, Newt Scamander é designado a combater este mal, considerando que é o único bruxo apto a tal coisa, mas que também precisa lidar com seus dilemas internos e conhece ninguém menos do que um jovem Dumbledore, vivido por um Jude Law muito inspirado.

                Este segundo filme expande o primeiro em todos os sentidos, seja em produção ou personagens. O visual está muito caprichado, há muito mais e maiores efeitos especiais e a Warner Bros não economizou no design de produção.

                O filme já surge como favorito a Oscar nestas categorias e recomenda-se que veja-o na maior tela possível, de preferência em IMAX, embora este filme também faça um bom uso do 3D, sobretudo na profundidade dos objetos em cena.

                E os personagens do primeiro filme apresentam um arco maior aqui e são mais bem explorados (exceto a Tina, que é um grande peso aqui). 
                Queenie (vivida pela irresistível Alison Sudol), Leta Lestrange (Zoe Kravitz, que só evolui como atriz) e Credence (Ezra Miller, que também evolui como ator) têm muito mais tempo de tela e este filme só deixou o público querer saber mais sobre esses personagens.


                James Newton Howard faz um bom trabalho na trilha sonora, pois apresenta novidades (afinal, se passa em uma época diferente!) mas que respeita e lembra a trilha clássica de John Williams.

                Mas, afinal, e a polêmica de Johnny Deep e J. K. Rowling?

                Ao contrário do que sugeriram as expectativas, Johnny Deep não é problema, aliás, ele está bem como o vilão Grindelwald, pois ele se apresenta como um vilão ameaçador (logo no excelente prólogo), mas, acima de tudo, manipulador, educado, elegante e estiloso. Claramente inspirado em Hitler na Alemanha e Mussolini na Itália.

                Já J. K., autora dos livros de Harry Potter e roteirista dos filmes de Animais Fantásticos, claramente apresenta boas ideias e personagens, mas aqui a estrutura mais se assemelha à de um livro do que a de um roteiro de cinema, sem contar o ritmo incrivelmente lento e que testa a paciência do espectador.


                J. K. está para Animais Fantásticos como George Lucas esteve para os 3 primeiros episódios de Star Wars: tem controle demais, não ouvia a equipe e ninguém conseguiu contrariar. Esperamos que isso melhore para o terceiro filme, que, aliás, foi o que aconteceu com o próprio Lucas.

                Longe de ser um filme ruim – aliás, é bom – Animais Fantásticos – Os Crimes de Grindelwald é uma amostra de que ser maior não necessariamente é ser bom, ouvir os amigos é melhor ainda e, no caso deste filme, que o mundo bruxo ainda tem muita lenha para queimar.

Nota: 8,0