sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Bohemian Rapsody é uma carta de amor aos fãs, já ao cinema...


                 O Queen foi, indiscutivelmente, uma das maiores e melhores bandas da história e era óbvio que a expectativa em relação ao filme estaria alta, ainda mais porque, de início, teríamos Bryan Singer na direção (que dirigiu os dois primeiros filmes de X-Men) e Rami Malek interpretando o icônico Freddie Mercury.
            O filme foi cercado de polêmicas antes de sua estreia, sobretudo na troca de diretores, mas, no final, foi Singer que foi creditado como diretor.
            Bohemian Rapsody conta parte da história do Queen e do Freddie, onde o foco está na criação da canção que dá título ao filme, Bohemian Rapsody e do show Live Aid, com o intuito de arrecadar fundos para a África e que foi um marco na carreira da banda, já que eles estavam há um tempo sem tocar.


            E a criação de Bohemian também ficou na história, pois a canção é diferente do convencional e ficou marcada porque o então empresário da banda (vivido por um Mike Myers sob uma pesada maquiagem) os rejeitou.
            Outro ponto relevante aqui é a relação entre Freddie e Mary Austin. Ele claramente a amava e a respeitava, mas também era homossexual assumido e é aí que nasce um dos problemas do filme, que mostra essa parte importante da vida de Mercury muito “de leve”, claramente almejando (e conseguindo) uma censura menor para o filme.
            Sem contar a homofobia pelas entrelinhas: é só ele se assumir que sua vida começa a virar de cabeça para baixo.

            Não há problema nenhum de o filme ser censura PG-13 e um produto para a família, mas não quando se trata de uma banda marcada pelas histórias intensas de bastidores e que muitos dados foram deixados de lado.
            O filme pode ser vibrante por ser embalado pelas canções clássicas da banda (não tinha como errar nisso), mas que não vai além disso: não há nada aqui de que os fãs já não saibam e, por ser um filme de estúdio e de alto orçamento, faltou o algo a mais para chamar a atenção.
            É um filme, portanto, formulaico e panfletário.

            Não que seja ruim, há muitas qualidades como a própria relação entre Freddie e Mary, a química do grupo é perfeita e a forma como as músicas são compostas são um bom atrativo, embora a montagem do filme seja problemática ao mostrar isso, onde parecem mais esquetes e não há fluidez na transição de cenas.
            Rami Malek se esforça e entrega um bom Freddie. Muitos estão cogitando Oscar, embora ele e o filme tenham mais cara de Globo de Ouro, além do mais, o fato de as músicas serem dubladas, pode pesar na escolha dos votantes, mas nada que desmereça o esforço e entrega do ator, que promete ir longe na carreira.

            Mesmo um momento que poderia ser épico e histórico ao longa, como o show do Live Aid, tem problemas: enquanto o filme foca nos trejeitos de Malek, da banda e na câmera fechada da plateia, a cena acerta. O problema são as tomadas aéreas com o público feito em CGI tão artificial que o espectador dificilmente vai sentir a emoção que deveria em um momento histórico.
            A decepção fica evidente.
            Bohemian Rapsody está longe de ser um filme ruim. Aliás, se fosse um filme para o home vídeo ou streaming, até poderia ser mais bem aceito, o problema é estrear na tela grande do cinema e com status de blockbuster.
            Segue fazendo sucesso e não há o que reclamar disso. Também pode fazer com que Hollywood produza mais filmes – ou até séries – sobre bandas ou artistas famosos e com as críticas a este filme aqui, pode aprender com os erros e entregar um produto digno.
            Ficaremos otimistas.

Nota: 4,0

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