quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Sociedade dos poetas mortos

Sociedade dos Poetas Mortos (Dead Poets Society)


Direção: Peter Weir

Ano de produção: 1989

Com: Robin Williams, Robert Sean Leonard, Ethan Hawke.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 12 Anos



Realizado em 1989, “Sociedade” ainda permanece atual

            Quem nunca teve, em alguma fase da vida, um professor tão bom para ter um status de ídolo? Quem de fato nunca teve, só posso lamentar. Infelizmente, o nosso sistema defasado de educação restringe não só nossos estudantes ao pensamento crítico e a alimentar conhecimentos, como um professor, que deveria ser considerada a melhor ou das melhores profissões não tem ânimo nem cacife para uma vontade de trabalhar e transmitir conhecimento. Deixo registrado aqui minha vergonha e repúdio ao sistema educacional brasileiro. Não há investimento em educação. Infelizmente, tudo que nos cerca, principalmente a TV, nos manipula a não termos empatia com os professores ou a não ter o gosto pela cultura. Principalmente as novelas, que só ensinam coisas erradas. Infelizmente, nunca damos a importância que esses profissionais merecem.

            Mais do que considerar o professor como ídolo, ainda saber que esse profissional mudou sua vida e a forma de enxergar o mundo para sempre. Ou ainda, enxergar o aluno não como mais um, mas como com ser humano que tem a capacidade de sonhar mais alto.

            O conjunto desses – e outros fatores – traduzem, ou tentam traduzir o espírito e alma de “Sociedade dos Poetas Mortos”. Esse filme lindo, comovente, e ao mesmo tempo inteligente, poético e original. Na época em que os grandes conglomerados já ocupavam os estúdios de Hollywood, ainda tinha espaço de cinema de autor, no final da década de 1980. Tudo isso, graças à uma direção eficiente, roteiro afiado e atores muito, mas muito inspirados. Peter Weir, em seu melhor momento da carreira, faz aqui uma ode à educação mundial e nos deixa com uma vontade de ler mais, estudar mais e fazer algo novo. O diretor só teria um filme bem-sucedido novamente após 9 anos, em 1998, com “O Show de Truman – O Show da Vida”, com Jim Carrey. Sociedade dos Poetas Mortos foi um enorme sucesso de público e crítica, custou a bagatela de 16 Milhões de Dólares e faturou, no mundo inteiro, cerca de 240 Milhões de Dólares. Até hoje o filme é lembrado, cultuado e ainda ocupa espaço nas escolas mundiais como exemplo aos alunos.

            “Sociedade” se passa em uma escola masculina ultraconservadora dos anos 1950. Seus alunos são tratados com rigidez e tudo é regrado, desde à roupa e horários. É contratado um professor de Inglês, que por sinal é ex-aluno, John Keating (Robin Williams, em seu melhor papel na carreira!!!) que logo propõe atividades diferentes e à frente do seu tempo para a época: levar os alunos para atividades fora da sala, fazê-los apresentar seus trabalhos a pensar mais e a aproveitar mais as coisas, principalmente pelo conceito do “Carpe Diem” – expressão latina que significa “aproveite o dia”.. Ao pesquisar o passado do professor, seus alunos descobrem um grupo secreto de alunos que dá o título do filme: “Sociedade dos Poetas Mortos”, que foi um grupo fechado de alunos que se reuniam de madrugada que, a princípio, contavam poesias. Os estudantes aderem à idéia e fazem mais do que contar poesias: falam de seus problemas, política e de tudo em geral.

            Há dois exemplos que valem a pena citar sobre o professor inspirar os alunos: primeiro com o personagem do Ethan Hawke, Todd Anderson, que sempre foi um garoto tímido e acomodado, mas o professor o inspira a mudar seus valores. Outro exemplo, e também mais visível no filme é com Neil Perry (Robert Sean Leonard – o Dr. Wilson da série “House”), que sonha em ser ator e tem um pai autoritário e pragmático, que recusa e proíbe o filho de atuar. Seu personagem aparece até mais em cena do que o do professor Keating, é uma belíssima metáfora para os dias de hoje sobre “correr atrás dos sonhos” e o desfecho de Neil na trama é absolutamente inesquecível e perturbador e está para sempre na história do cinema.

            “Sociedade” levou o Oscar em 1990 de Melhor Roteiro Original e ainda foi indicado de Filme, Direção e Ator. O prêmio principal, de Melhor Filme foi dado, de forma absurda para Conduzindo Miss Daisy(!). Suas palavras, frases e momentos ecoam até hoje em nossos corações e o filme se torna ainda mais especial sabendo que ele foi uma idéia 100% original. Não é baseado em livro, série, nem algo do tipo. Outra curiosidade é o fato de o diretor Peter Weir colocar atores considerados cômicos em papéis mais experimentais, como fez aqui com o Robin Williams e fez com Jim Carrey em “O Show de Truman”, que é seu melhor papel da carreira e não lembra nem de longe o comediante que sempre o consagrou.

            Foi uma pena que, em 2003, houve uma “versão” feminina deste filme aqui, tão raquítica, anêmica e completamente fora dos eixos: “O Sorriso de Monalisa”, com Julia Roberts e Kristen Dunst.

            Mas “Sociedade” permanece único e íntegro em nossos corações. Sempre dá vontade de revê-lo em qualquer reprise na TV ou se tiver o DVD em casa. Aproveite o filme. Aproveite o dia. Carpe Diem.
          

Nota: 10


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domingo, 25 de agosto de 2013

TED

Ted (Ted)


Direção: Seth MacFarlane

Ano de produção: 2012

Com: Mark Wahlberg, Mila Kunis, Seth MacFarlane, Patrick Stewart, Giovanni Ribisi .
Gênero: Comédia

Classificação Etária: 16 Anos



“Ted”, que ironia, erra por ser correto.

            Quando a comédia TED estreou nos cinemas brasileiros em Setembro de 2012, houve muito burburinho e comentários sobre o ursinho diferente representado nas telonas. O filme foi um sucesso absoluto, tanto aqui como no resto do mundo. Na verdade, foi a comédia de classificação restrita mais vista da história, ultrapassando, inclusive o fenômeno “Se Beber, Não Case”. O filme, claro, gerou muita polêmica. No Brasil, um caso de repercussão nacional foi quando o deputado Protógnes Queiróz, do PCdoB de São Paulo levou o filho de 11 anos e exigiu a proibição do filme no Brasil. Depois ele voltou atrás e solicitou apenas que o filme fosse reclassificado para 18 Anos, ao invés de 16. Ele alegava que o filme mostrava uma visão negativa de um símbolo infantil e visão positiva para o consumo de drogas. Felizmente, ele não conseguiu nem reclassificar, nem proibir o filme. Deixo registrada aqui a imbelicidade desse deputado porque tanto o trailer quanto alguns portais da internet deixavam claro que não se trata de um filme para crianças. Na época, alguns sites de cinema destacaram alguns excessos de palavrões e consumo de drogas.

            Todas essas discussões na internet e fundamentalmente nas redes sociais eram tudo o que o diretor e roteirista Seth MacFarlane queria. Mesmo ele sendo genial  e sem pudor nas suas paródias, ele deixa claro que o intuito é provocar brincar com tudo e todos.

            Mas por aqui todas essas polêmicas e discussões foram um pouco exageradas e fugiram do foco do propósito do filme. TED não faz, em momento algum, juízo de valores, nem qualquer tipo de apologia. Muito menos trata o urso como um “deus”. Muito pelo contrário, o animal é atrapalhado e em alguns casos só se dá mal. Infelizmente, algumas pessoas não estão preparadas para algo mais, digamos, ousado.

            TED é o filme de estreia de Seth MacFarlane, responsável para animação mais adulta, ousada e cultuada da última década: “Uma Família da Pesada”, ou simplesmente, “Family Guy”. Farlane, que também é responsável pelo desenho “American Dad”, injetou muita grana, tecnologia de ponta (chega até a ser uma superprodução de considerarmos que é uma comédia.), principalmente pelo sistema de captura de movimentos, eternizada pela Weta, do Peter Jackson, responsável por grandes personagens digitais, como o Gollum de “Senhor dos Anéis” e o primata Caesar de “Planeta dos Macacos – A Origem”. Farlane também recrutou sua amiga de muitos anos, Mila Kunis (de “Cisne Negro”), que, aliás, dubla a personagem da Meg Griffin do “Family Guy” na versão norte-americana.

            Outra característica importante e quase imperceptível entre seus desenhos e o filme TED são as hilariantes quebradas na história quando se cita alguma referência dos personagens. Explico melhor: na sequência que os personagens da Mila Kunis e o Mark Wahlberg estão discutindo seus 4 anos de relacionamento e eles relembram o primeiro encontro. E logo é mostrado o encontro em si. Ou seja, houve uma quebra na história principal para citar outra.

            Mas polêmicas e citações a parte, “TED” faturou mais de 500 milhões de dólares pelo mundo e a continuação, “TED 2” já foi anunciada, será com o mesmo elenco e irá estrear em 2015.

            No roteiro, TED conta a história de John, um garoto de 8 anos, que é solitário, sem amigos e sem perspectiva. No Natal de 1985, ele recebe de presente um ursinho de pelúcia que logo vira seu melhor amigo e o garoto adota o nome de Teddy, que logo viraria Ted. John faz um pedido para Ted falar e ficar vivo e o pedido é realizado. O urso fala normal e logo vira uma atração à parte. Diferente de outras obras de seres, digamos, estranhos em residências, principalmente de crianças, o garoto não esconde urso do mundo externo, pelo contrário, o urso vira uma celebridade, e aparece em todas as revistas, jornais e programas de TV e é querido de muita gente. Mas, como o mundo da fama é injusto, o sucesso acaba e o ursinho passa décadas esquecido. O urso cresce. O garoto também. Depois somos transportados para o ano de 2012 e John é um homem de 35 anos, agora já um profissional (trabalha em uma locadora de carros) e com uma linda namorada, a doce Lori, (vivida pela irresistível Mila Kunis). Mas John não quer se desfazer do urso, afinal, ele foi seu melhor amigo quando ele não tinha amigos. Mas o ursinho, TED, já não é mais aquela fofura. Agora ele também já é um adulto, fala palavrão, fuma maconha, só pensa em sexo, apesar de ele não ter, digamos, o instrumento necessário para tal ato. Mas John ainda ama seu urso. E também ama Lori. Ele até tenta equilibrar a vida com os dois, mas Lori lhe dá um ultimato, to tipo “ou ele ou eu”.

            Farlane é um nerd assumido. Adora filmes, games, séries de TV e a cultura pop em geral. Unindo a história do ursinho mais esse gosto do diretor pelo mundo “nérdico” é um prato cheio para referências, que, aliás, é o que não falta ao filme. Desde Star Wars, Senhor dos Anéis a até Brinquedo Assassino. A principal referência fica por conta da série Flash Gordon, com muitas homenagens, inclusive do protagonista da série de TV. Há algumas participações especiais, como Taylor Lautner, a cantora Norah Jones (que também faz um show durante o filme, e sua canção foi indicada ao Oscar de 2013 de Melhor Canção, perdeu para Skyfall da Adele), Brandon Routh (de Superman – O Retorno, que aliás, tem uma piada inusitada sobre o filme de 2006), entre outras. Esse conjunto de fatores torna “TED”, uma comédia especial.

            Mas, TED tem problemas. E gravíssimos. Primeiro, toda a sagacidade da primeira hora de filme (o filme tem 2 horas) é quebrada por uma trama, quem diria, sentimental, certinha, melosa e com todo e qualquer clichê hollywoodiano. Outro problema, que também tem a ver com esse: a figura dos sequestradores do ursinho. Cara bom versus cara mau e o inocente e indefeso ursinho está em perigo. Outro problema também é que o desfecho, principalmente a meia hora final se leva a sério demais. Tudo o que foi construído no início do filme é quebrado para satisfazer aos padrões americanos de fazer filme e, talvez aos mais conservadores, que se irritaram com o filme durante a primeira hora.

            É uma pena, que até mesmo um cara legal e genial como Farlane é forçado a alguns caprichos e ordens da indústria poderosa de Hollywood. Bastou ver a sua transmissão correta do Oscar e seu desfecho infeliz e certinho em TED.

            Realmente, estamos carentes de um filme de autor nos dias de hoje.


Nota: 8,0



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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Para Sempre

Para Sempre (The Vow)

Direção: Michael Sucsy

Ano de produção: 2012

Com: Rachel McAdams, Channing Tatum, Sam Neill, Jessica Lange.

Gênero: Romance

Classificação Etária: 12 Anos


“Para Sempre” derrapa em trama correta demais.

            É difícil não olhar o romance “Para Sempre” e não imaginar que se trata de uma adaptação de livro de Nicholas Sparks, pois o filme tem todos os ingredientes de todas as outras adaptações, como “Diário de uma paixão”, com a própria Rachel McAdams e Querido John, com o próprio Channing Tatum. O filme ganhou o carinho da platéia com uma trama fácil apenas correta e que depende muito da beleza da dupla principal.

            Logo no início, temos o acidente que deixa a nossa protagonista, Paige, vivida pela sempre simpática Rachel McAdams que a deixa sem a memória dos últimos 5 anos de sua vida, justamente o período em que ela esteve casada com Leo, um músico vivido pelo Channing Tatum. Ele, portanto, tem que conquistá-la novamente, e como se não bastasse o trabalho de convencer seu amor que é o homem da sua vida, ele ainda tem que confrontar com os pais da moça (Sam Neill e Jessica Lange), que sempre foram contra o casamento com o músico Leo principalmente porque o pai não via futuro e que ele sempre almejava uma faculdade de Direito para Paige, mas ela sempre deixava claro que seu sonho era ser Artista Plástica. Para piorar ainda mais a vida de Leo, Paige se lembra apenas de seu antigo noivo da faculdade de Direto, Jeremy, que sempre foi o preferido do pai de Paige. A luta para Leo conquistar seu amor será o ponto chave do filme

            É uma grande pena que um livro tão simpático tenha resultado em um filme tão chocho. Mesmo com o esforço visível de Rachel McAdams para manter sua personagem cativante, ficou o clima de novela mexicana, com a mocinha indefesa que luta por seu príncipe encantado, e Channing Tatum, o novo queridinho de Hollywood, que passa metade do filme fazendo pose de galã e com cara de “mocinho injustiçado”. Além do mais, os flashback´s tanto incomodam quanto apenas jogados na tela, infelizmente, sem ligação com o presente da história do acidente. Quase não dá para se envolver emocionalmente com os personagens nem entender ou tentar entender o passado e casamento feliz da dupla principal. Tudo aquilo que o livro tem de misterioso aqui é tratado de soluções fáceis, como “se eu me casei com ele deve ser por algum motivo.
            O diretor, pelo menos, tem um bom gosto nas locações, a Chicago aqui representada está maravilhosa e não dá para negar que Channing Tatum e Rachel McAdams tenham uma química boa, mesmo sendo visível a diferença de talento na frente das câmeras de ambos.
            Para quem, como eu, fui esperando um novo “Diário de uma paixão”, ficou com uma narrativa apenas certinha e feita somente para os casais muito apaixonados e em início de namoro. É para se ver e fazer como a personagem da Paige: esquecer tudo.


Nota: 4,0


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