domingo, 30 de março de 2014

Rio 2



Rio 2 (Idem)

Direção: Carlos Saldanha

Ano de produção: 2014

Com: Jesse Eisenberg, Anne Hathaway, Leslie Mann, Jamie Foxx, Rodrigo Santoro.

Gênero: Animação

Classificação Etária: LIVRE


Firulas escondem roteiro vazio em “Rio 2”

            Quando estreou “Rio”, em 2011, saí do cinema surpreso de forma positiva e muito extasiado. Afinal, o filme é uma graça, absolutamente delicioso de assistir e, fundamentalmente, mostra a cultura brasileira sem estereotipá-la e sem os preconceitos que muitos países têm com o nosso. O filme fez mais sucesso por aqui do que em qualquer outro lugar do mundo, muito merecido e justo.

            Mas, com o sucesso, a Fox, distribuidora do filme, logo viu que nossa cultura é muito grande e viu que nosso país poderia ser mais dissertado e sob a batuta de um cineasta brasileiro. Carlos Saldanha, que também dirigiu o primeiro filme e também “A Era do Gelo” 2 e 3, é um ótimo diretor e sabe que, em um filme, seja de animação ou com atores, a melhor coisa é o roteiro e os personagens.

            Infelizmente, não é o caso de Rio 2. Há um esforço claro de Saldanha em fazer uma boa história, porém, o filme não sabe para qual caminho vai e tudo é escondido com muito maneirismo e números musicais.

            Rio 2 conta a história de Blu e Jade, agora já com 3 filhos e vivendo do Rio de Janeiro. Eles assistem pela TV que os criadores de Blu, Tulio e Linda estão em expedição na Amazônia e descobrem que há mais espécies da arara azul. Os pássaros que estão no Rio decidem, então, voar para a Amazônia, conhecer seus seres da mesma espécie e salvar Linda e Túlio. Lá, eles encontram toda a família de Jade, e seu pai e ex-namorado viram espécie de desafetos de Blu. Junto com isso, temos um velho inimigo de Blu, Nigel, que quer vingança e, também, a luta pelo desmatamento na floresta.

            Rio 2 tem muitos problemas e as qualidades estão, basicamente, no grande visual, bom uso do 3D e as deliciosas coreografias nos números musicais. Fora isso, o filme só tem defeitos. Primeiro, tem o mesmo problema de “Homem-Aranha 3”: tramas demais, personagens demais e nada parece ser conclusivo. Explorar a história e sair do Rio de Janeiro foi uma boa ideia. E falar de um assunto tão atual, como é o desmatamento, é melhor ainda. Porém, com tantas tramas e sub-tramas, isso acaba ficando até em segundo plano.

            Se no primeiro filme, as trapalhadas de Blu eram um dos charmes do filme e era a nossa torcida pela volta por cima do protagonista, aqui, a rivalidade dele com seu sogro e sua não adaptação ao mundo fora da cidade tornam Blu até antipático. Ele depende das tecnologias, como seu inseparável GPS e sua pochete, tornando-o patético e sem graça. A desnecessária rivalidade das araras azuis contra as vermelhas não tem fundamento e têm mais destaque do que o desmatamento. Após uma trapalhada de Blu, em invadir o espaço vermelho eles decidem resolver isso como? Em uma partida de futebol, é claro. Uma péssima desculpa para colocar futebol no filme em um ano de Copa do Mundo.

            Túlio e Linda, protagonistas do primeiro filme, aqui são meros coadjuvantes de luxo, aparecendo basicamente no começo e no fim, mesmo a história, que deveria ser central, sobre também a biodiversidade, é ofuscada pelo resto da trama e também ofuscada pelas intrigas entre Blu, seu sogro e um antigo namorado de Jade, Roberto, que se apresenta como um ser arrogante e mais descolado e esperto do que Blu.

            E o que dizer de Nigel e sua vingança? Houve uma preparação para o grande momento, em que parecia ser de fato uma revanche, mas, o resultado, mostrado quase no final, foi rápido demais praticamente não deu para se envolver emocionalmente nem com Blu, nem com Nigel, e nem com a sapinha venenosa que é apaixonada por Nigel.

            As músicas de Sérgio Mendes e Carlinhos Brown animam o filme e os momentos musicais, desde a sequência de abertura estranha da virada do ano em Copacabana até o desfecho de encher os olhos.

            O filme promete agradar multidões, não só pela direção de arte mas até pelos graciosos 3 filhos de Blu e Jade, jovens nerds muito estereotipados, aliás, e que são quase enfeite na história. É quase certo que “Rio 2” deva arrecadar milhões, e pode virar franquia ou trilogia. Não é impossível.


Nota: 4,0

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S.O.S - Mulheres ao mar



S.O.S. – Mulheres ao mar

Direção: Cris D’Amato

Ano de produção: 2014

Com: Giovanna Antonelli, Fabiula Nascimento, Reynaldo Gianecchini, Thalita Carauta, Marcelo Airoldi, Emmanuelle Araújo.

Gênero: Comédia

Classificação Etária: 14 Anos


Diversão com compromisso marca “S.O.S. – Mulheres ao mar”.

            Quando alguma coisa dá certo aqui no Brasil, os executivos sempre exploram ao máximo até a coisa ficar insuportável. No cinema nacional, vivemos agora o auge das comédias televisivas. Há uns 4 anos, são lançadas várias comédias e quase todas são um sucesso de bilheteria. Infelizmente, nem todas, na verdade, a minoria, são sinônimos de qualidade. Até onde a memória alcança, somente o delicioso “Minha mãe é uma peça” é realmente um filme digno de nota. E essa onda está longe de terminar.

            Arrisco dizer que o grande causador de tudo isso foi “Se eu fosse você”, da diretora Cris D’Amato e um sucesso absoluto. Depois disso, à exceção do fenômeno “Tropa de Elite” quase todas as grandes estreias brasileiras foram comédias.

            E agora, em 2014, a mesma diretora, Cris D’Amato resolve fazer esse “S.O.S. – Mulheres ao mar”

            S.O.S. – Mulheres ao mar conta a história de Adriana (Giovanna Antonelli), que acabou de ser abandonada pelo marido, Eduardo (Marcelo Airoldi) após 10 anos de casamento. Adriana foi trocada pela modelo Beatriz (Emmanuelle Araújo) e o casal viaja para um cruzeiro. Adriana decide ir também ao cruzeiro, puxando sua irmã, Luiza (Fabiula Nascimento) e sua empregada, Dialinda (Thalita Carauta).

            S.O.S. – Mulheres ao mar poderia ser uma comédia grandiosa, mas preferiu uma temática machista e superficial. Com uma ideia dessas, o filme poderia dissertar mais sobre a atual mulher moderna e de como a mulher conquistou seu espaço. Ao invés disso, o roteiro diz, lá pelas entrelinhas, que a mulher precisa de um marido para ser feliz afinal, Adriana é uma tradutora infeliz de filmes pornôs e atribui seu fracasso ao seu ex-marido. E também o fato de ela passar por todas as situações do filme por causa de um homem que não a quer é um ultraje. As três atrizes fazem papel de verdadeiras palhaças à bordo, com situações constrangedoras para chegar ao antigo marido e destruir o relacionamento de Eduardo e Beatriz. Essa história da esposa vingativa e da amante inteligente não cola mais. Fizeram a mesma piada em “De pernas pro ar”.Além do mais, estamos falando de um ator que não tem beleza nem talento, então, duas lindas atrizes atrás de um sujeito desses soa até cômico. Ah, e claro, sempre tem o bonitão, no caso o Gianecchini, como luz no fim do túnel.

            E o mais triste de tudo isso, é que a direção do filme é de uma mulher, o que deveria haver o mínimo de sensibilidade e coerência.

            No mais, “S.O.S. – Mulheres ao mar” pode até ser um programa cômico. Não exatamente familiar, afinal, tem muitas piadas adultas, mas um bom programa até. As piadas funcionam, como a insinuação que Luzia e Dialinda sejam lésbicas ou a irresistível cena em que Adriana canta no palco (com uma música cômica muito bem escrita, aliás). As atrizes principais, Giovanna Antonelli e Fabiula Nascimento estão ótimas no papel. Giovanna sempre foi uma ótima atriz, mesmo em novelas, e Fabiula Nascimento já havia mostrado ótimo papel em “Estômago”.

            E, claro, como toda e qualquer comédia mal escrita, sempre há o momento dramático e sobe a música melancólica. Sempre tem aquele momento de reflexão e neste filme não foi diferente. Reflexões sobre amor e casamento estão direto nas entrelinhas.

            Mas, em se tratando de um filme que parece novela mal escrita e feito às pressas, o resultado é até satisfatório.
           


Nota: 6,0


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sexta-feira, 28 de março de 2014

Drive



Drive (Idem)

Direção: Nicholas Winding Refn

Ano de produção: 2011

Com: Ryan Gosling, Carey Mulligan, Bryan Craston, Albert Brooks, Oscar Isaac, Christina Hendricks.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 16 Anos



“Drive” foge da mesmice e ousa sem sutilezas.

            Durante o Festival de Cannes de 2011, duas coisas ficaram na história: uma foi o discurso polêmico do diretor Lars Von Trier na coletiva de imprensa do filme “Melancolia”, em que ele diz que entende Hitler e os motivos que o levaram ao nazismo. A declaração pegou mal e isso quase abafou as qualidades que “Melancolia” tem. Isso foi um fato negativo. Porém, na mesma festa, houve um fato positivo, na verdade, foi um filme que ninguém deu muita bola, surpreendeu à todos e no final da exibição foi ovacionado por 15 minutos. Esse filme é “Drive”, do diretor dinamarquês Nicholas Winding Refn (que venceu o prêmio de direção em Cannes) um filme absolutamente incrível, que não tem nada a ver com o padrão americano de entretenimento e que, infelizmente, passou quase batido pelo Oscar.

            Drive conta a história de um sujeito, cujo nome nunca é revelado, ele “apenas dirige”, como ele se auto-intitula, vivido por Ryan Gosling (sensacional no papel!) que trabalha em uma oficina de carros e também trabalha como dublê de filmes de ação. Ele praticamente não tem vida além disso, até que conhece Irene (vivida pela irresistível Carey Mulligan) e seu filho, que começa uma grande amizade?! O marido de Irene, Standard, está na prisão, mas logo é solto e deve 200 mil dólares para uma quadrilha, que espanca Standard e ameaça fazer o mesmo com a família. O protagonista toma as dores e rédeas da situação e planeja pagar os criminosos, desde que deixem a família em paz, mas algo dá errado...

            Os produtores bem que queriam, mas não conseguiram vender “Drive” como um filme de ação de carros no estilo “Velozes e Furiosos”, o que, veja bem, não há nada a ver uma coisa com a outra. Isso explica o fato de muita gente ter se frustrado com esse filme aqui. O diretor mesclou bem as cenas espetaculares e o drama intimista.

            A trilha sonora é impressionante, como na seqüência de abertura em que somos apresentados ao personagem e também na cena do assalto em si, na qual há uma ausência de som, deixando para a própria platéia tomar suas decisões.

            O protagonista jamais diz seu nome, quase que como uma metáfora para um ser marginalizado e sem vida, tendo de fato uma vida somente ao lado de Irene, que, aliás, as expressões do protagonista deixam claro o seu interesse na moça, mas em momento algum o filme cai no romance e no melodrama. Pelo contrário, o motorista é quase sem expressão ao lado de Irene, mas seu olhar diz tudo sobre seus interesses. Em uma cena, ela pergunta se não é perigoso ele trabalhar dirigindo, mas, para ele, nada é mais perigoso do que se apaixonar pela esposa de um presidiário. Há um único beijo, dentro do elevador, uma cena fantástica, em que até a iluminação é abaixada para um clima mais intimista, com um desfecho violento e de roer a unha.

            Na segunda metade, o filme fica ultra violento, mas nada é mais perturbador do que as expressões frias do protagonista e deve-se salientar que aqui a violência é mais psicológica do que física.

            E o que dizer do elenco? Por um absurdo inexplicável, Ryan Gosling passou despercebido pelas premiações, assim como Carey Mulligan como atriz coadjuvante. Há um forte elenco de peso, como Albert Brooks, como um mercenário e uma atenção total à dois atores de séries premiadas de TV por aqui: Bryan Craston, de Breaking Bad como o chefe do protagonista e Christina Hendricks, de Mad Men, como uma stripper.

            Drive não é exatamente ação, nem drama nem romance mas é uma mistura de tudo um pouco. Sem explorar nada e sem os costumes e maniqueísmos americanos. Vida longuíssima ao cinemão independente.


Nota: 10,0


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quarta-feira, 19 de março de 2014

Feitiço do Tempo



Feitiço do Tempo (Groundhog Day)

Direção: Harold Ramis

Ano de produção: 1993

Com: Bill Murray, Andie MacDowell, Chris Elliott, Michael Shannon, Harold Ramis.

Gênero: Comédia

Classificação Etária: 12 Anos


O já clássico “Feitiço do Tempo” é um filme que não se parece com nenhum outro.

            Quando se fala em viagem no tempo, qual é a primeira coisa que vem à cabeça? Ficção Científica? Máquinas poderosas? Cientistas malucos? E se eu dissesse que, há um filme em que, é considerado dos melhores da história sobre viagens no tempo, é ultra-engenhoso, é uma comédia e não há nenhum efeito especial, você acreditaria? Pois esse filme existe sim: “Feitiço do Tempo” não é só das melhores comédias da história, mas também é um belo retrato e metáfora de como aproveitar melhor o tempo e aproveitar de forma mais completa cada dia de nossas vidas. E o que é melhor, sem cair na pieguice e momento algum: é comédia e puramente comédia. E das mais engraçadas. Não há momento de reflexão, não há lições de vida e não desce a música sentimental.

Em suma, “Feitiço do Tempo” é um filme perfeito.

            “Feitiço do Tempo” conta a história de um repórter de TV, Phil (Bill Murray, ótimo como sempre!) que vai cobrir, ao lado de sua produtora, Rita (Andie MacDowell, de “Sexo, mentiras e videotape”) e seu cinegrafista, Larry (Chris Elliott) o chamado dia da marmota, que é 2 de fevereiro, em Punxsutawney, em que um meteorologista famoso prevê quando será o próximo inverno e quando voltará a chover, e a equipe de TV precisa logo cobrir o evento, pois a nevasca está próxima, mas eles não conseguem sair da cidade por causa da mesma e eles sentem que este é apenas mais um dia... Porém, esse dia, 2 de fevereiro, é vivido todos os dias por Phil. Sim, Phil vive o mesmo dia todos os dias. E o que ele fará neste dia para ser, digamos, diferente, é o ponto chave do filme.

            Não foi uma tarefa fácil fazer “Feitiço do Tempo”. Afinal, como ser cômico e fazer refletir sem cair na mesmice e pieguice? A resposta é: com uma boa direção e boa equipe – e muita inteligência – o filme consegue unir conteúdo e forma de maneira espetacular.

            O diretor, Harold Ramis, infelizmente morreu no início do ano, deixando, não só essa obra-prima, mas comédias deliciosas como “Endiabrado” e “Máfia no Divã”. Deixo registrada aqui a tristeza com sua morte e dizer que grandes seres humanos são assim: a vida vai, mas o legado fica.

            Ele também escreve este roteiro aqui (que inexplicavelmente, passou batido pelo Oscar), e ele aproveita o que tem de melhor com as metáforas que o filme propõe.

            Só para citar algumas, o que você faria se soubesse que não haveria amanhã? Até aonde iriam seus atos se soubesse que eles não te trariam conseqüências? E, fundamentalmente, como você aproveitaria seu dia como se fosse único?

            O personagem de Bill Murray se depara com esses dilemas e faz tudo o que ele não faria em um estado “normal” de sua vida, como fugir de seu ambiente de trabalho, sexo sem compromisso, fazer aquele curso que sempre sonhou e até conquistar a garota dos seus sonhos, no caso, sua colega de trabalho.

            Bill Murray nos entrega um papel perfeito. O filme não seria o mesmo sem seu aspecto carismático e cômico, entregando seu 2º melhor personagem de sua carreira (o primeiro é em “Encontros e Desencontros”, da Sofia Coppola).

            Muitos filmes abordaram a questão da viagem no tempo. Algumas super produções como “Planeta dos Macacos” e “De volta para o futuro” se tornaram clássicas da ficção científica e fazem isso de maneira espetacular, mas há aqueles que fazem isso de maneira sutil e clássica. Além desse “Feitiço do Tempo”, também temos “Meia-noite em Paris” de Woody Allen, que o protagonista viaja para a década de 1920 e para a Belle Epoque, no início do século XX.

            Há os exemplos ruins, como “Click” – com o insuportável “Adam Sandler” - que já não basta o ator ruim, mas o filme sempre parte para a pieguice, cheio de lições de vida e familiares e tudo tem que ser explicado nos mínimos detalhes.

            Muito, mas muito à frente de sua época, “Feitiço do Tempo” ainda permanece em nossa memória e na cultura pop. Passados 20 anos de seu lançamento, hoje é amado e cultuado como das grandes comédias da história. Queremos vivenciar filmes assim todos os dias!


Nota: 10,0


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sexta-feira, 14 de março de 2014

Need for Speed



Need for Speed (Idem)

Direção: Scott Waugh

Ano de produção: 2014

Com: Aaron Paul, Dominic Cooper, Imogen Poots, Scott Mescudi, Ramon Rodriguez, Michael Keaton

Gênero: Ação

Classificação Etária: 14 Anos



As espetaculares cenas de ação – e só elas – valem o ingresso de “Need For Speed”.

            Quem é gamer se sente isolado no mundo do cinema. Dificilmente alguma adaptação de algum jogo torna-se fiel ao produto original. Há muitos fracassos de público e crítica, como “Super Mario Bros”, de 1993 e “Hitman”, de 2007, mas há aqueles que se tornam sucesso de público, mas que receberam críticas pífias, como as franquias “Resident Evil” e “Tomb Raider”. Até onde a memória alcança, só “Detona Ralph” conseguiu unir qualidade e sucesso nos longas baseados em games.

            Há muitos games que têm o roteiro tão bom que, se não mãos certas, dariam filmaços, como “Grand Theft Auto”, ou simplesmente GTA ou “God of War”, que precisariam de um roteiro mais elaborado, é verdade, mas, quem, como eu, jogou muito “Need for Speed”, não havia sinal algum que aquela franquia de jogos seria adaptável. É um jogo de corrida de carros, fora isso, tem uma jogabilidade ótima e belos cenários, e só. Não há uma história definida. Mas, como Hollywood não brinca em serviço, logo associaram esse game à franquia cinematográfica “Velozes e Furiosos” para produzir esse filme aqui. O que não é de todo o mal. O estúdio enxergou em “Need for Speed” que algo a mais na história poderia ser mais aproveitada com personagens de verdade e investindo mais em emoções humanas. Só que não!

“Need for Speed” é um filme muito fraco, com todos os clichês de um filme de ação com testosterona e com um fiapo de roteiro.

Na história, Tobey Marshall (Aaron Paul, o Jesse da série “Breaking Bad”) tem um negócio próprio de mecânica e acabou de perder seu pai. Seu “hobby”, na verdade são as corridas de racha ilegais, que ele e seus amigos a usam para levantar algum dinheiro. Tobey tem um rival, o “playboy” Dino Brewster (papel de Dominic Cooper) e o mesmo oferece a Tobey que ele e seus amigos montem seu novo carro, um Ford Mustang e eles ficariam com 25% do valor do carro.

Mas, como em um filme de ação tudo tem que dar errado, um acaso do destino (que prefiro não contar aqui, pois seria um spoiler muito grande) faz com que Tobey conheça o valor da amizade ao lado de sua “amada”? Julia (Imogen Poots) correndo o país e passando por situações bizarras.

Há uma tentativa clara de transformar Aaron Paul em um astro de ação. Paul demonstrou muito bem seu talento dramático na série “Breaking Bad”, mas, aqui, com um papel totalmente desperdiçado. O elenco de apoio é fraquíssimo, desde um vilão que não tem carisma, até uma mocinha que não empolga e não tem química alguma com o protagonista.

O diretor, Scott Waugh, infelizmente, não sabe trabalhar com atores, mas sabe muito bem trabalhar com máquinas e com seqüências de ação. Antes de ele trabalhar como cineasta, Waugh era dublê – e dos bons – em filmes de ação como “Sr. e Sra. Smith” e “O Confronto”.

Com um bom currículo como dublê, Waugh usou toda a sua experiência em sequencias de tirar o fôlego, ou, mais do que isso: o filme faz das perseguições automobilísticas uma boa alegoria de como a tecnologia 3D pode fazer parte do espetáculo. Há duas cenas em destaque, como a do racha em cima da ponte, resultando em... Prefiro não comentar, mas principalmente, na cena da perseguição policial, em que há um ótimo trabalho de montagem com câmeras se posicionando para fora a para dentro do carro e com um desfecho totalmente inverossímil.

Quem quiser assistir à “Need for Speed” como um filme de ação não vai se decepcionar. Ah, veja em 3D, exatamente pelas cenas de corrida.

Mas, para quem, como eu, foi querendo ver uma adaptação fiel aos games, ficou na decepção.
           

Nota: 4,0


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terça-feira, 11 de março de 2014

A morte do demônio



A morte do demônio (Evil Dead)


Direção: Fede Alvarez

Ano de produção: 2013

Com: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Lou Taylor Pucci, Elizabeth Blackmore.

Gênero: Terror

Classificação Etária: 18 Anos



Medo tradicional e moderno assombra “A morte do demônio”.

            Antes, mas muito antes mesmo de Sam Raimi dirigir a franquia milionária do Homem-Aranha, mais precisamente em 1981, ele dirige seu primeiro longa-metragem “A morte do demônio”, que mudou muitos paradigmas do gênero na época principalmente no que diz a desfechos pessimistas. A mocinha, naquela ocasião, não era exemplar e não se lutava por um ideal claro. O filme não foi exatamente um sucesso, mas se tornou Cult e levou o nome de Raimi para a boca dos cinéfilos. Duas décadas depois, Raimi se torna um diretor mundialmente conhecido principalmente por dirigir a trilogia do Homem-Aranha e levar a história do aracnídeo ao grande público, sendo fã de quadrinhos ou não.

            Mas, nada como voltar às raízes: em 2009, dessa vez com um grande orçamento, Sam Raimi dirige o filme de terror “Arraste-me para o inferno”, com típico “terrir”, que lembra muito seus primeiros filmes, como o próprio “Evil Dead” e “Darkman”, traz uma história traumática, cenas que se dividem entre os costumes dos anos 80, um pouco de alívio cômico, muito rock n roll e, mais uma vez o desfecho pessimista.

            Sam Raimi depois dirige, em 2012, o irregular “Oz – Mágico e Poderoso”, filme que não colou e desonrava tudo aquilo que ele havia feito.

            E agora, apenas com Raimi como produtor, é realizado um remake de “A morte do demônio”, também com um diretor estreante, o uruguaio Fede Alvarez, com um elenco jovem desconhecido (mas muito bom) e com a mesma história.

            Mas como fazer uma refilmagem de um filme feito há mais de 30 anos, sem perder nada da história e ainda agradar à geração atual? Simples, com uma boa concepção e produção. E ainda provocar medo, muito medo e a violência é parte da história, sem abusar ou exagerar, como “Jogos Mortais” fez, e sem o terror adolescente que consagrou “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”, nos anos 1990.

            Na história, uma jovem, Mia, está viciada em drogas e seu irmão, mais uns amigos a levam a uma casa isolada para se tratar. O que eles não contavam, porém, era que a casa era habitada por um demônio que possuía a mente e corpo da vítima, e a única solução para o demônio sair da pessoa é a morte, mas como fazer isso com alguém tão próximo?

            É muito difícil fazer terror nos dias de hoje, e provocar medo é mais difícil ainda, mas “A morte do demônio” faz isso e muito bem, não só pelo terror explícito na tela, mas, principalmente pelo horror psicológico provocado. As vítimas são obrigadas a praticamente se auto-destruírem para se livrar da maldição, em seqüências de arrepiar (a cena em que a personagem Natalie, vivida por Elizabeth Blackmore, é obrigada a cortar seu próprio braço é angustiante).

            Embora a abertura seja espetacular, com o pai sendo obrigado a matar a própria filha, a conseqüentemente, seu demônio, o final deixa a desejar, senti falta do desfecho intimista que estávamos acostumados a ver, além do mais, faltaram pitadas de humor negro, que Raimi nos acostumou a ver, é o que dá ser um bom diretor: as comparações são inevitáveis.

            Mas, apesar dessas ressalvas, nada tira o impacto que “A morte do demônio” provoca na platéia.


Nota: 8,0


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