terça-feira, 30 de junho de 2015

O Exterminador do Futuro - A Franquia


          Antes do primeiro Exterminador do Futuro de 1984, tanto Arnold Schwarzenegger quanto o diretor James Cameron não tinham crédito nenhum em Hollywood. Arnold nasceu na Áustria, já foi premiado com o título de Mister Universo aos 20 anos, venceu o concurso Mr. Olympia por 7 vezes e foi adepto ao fisiculturismo. Quando chegou aos EUA nos anos 1960 chegou com a responsabilidade de driblar o nome de difícil pronúncia e a não-nacionalidade americana.

            Teve um início de carreira em grandes pérolas como ‘Hércules em Nova York’ em 1969 e durante os anos 70 se envolveu em papéis pequenos até seu primeiro papel de destaque em 1982 em Conan – O Bárbaro, que foi fundamental para a escolha de protagonista de O Exterminador do Futuro, que não era a primeira escolha do diretor James Cameron...

            Cameron é canadense e bacharel em física, mas, assim como Arnold teve um começo difícil em Hollywood e também com uma pérola chamada ‘Piranha 2 – Assassinas Voadoras’, em 1981.

            No ano seguinte o diretor Ridley Scott lança a ficção científica ‘Blade Runner – O Caçador de Andróides’, que mostrava um futuro sombrio. Foi um grande fracasso na época, mas se tornou cultuado com o passar dos anos. Mas James Cameron sempre se declarou fã do filme e o inspirou a realizar a ficção O Exterminador do Futuro.

            A produção teve um orçamento modesto. Custou míseros 6 milhões de dólares e nota-se esse baixo custo vendo o filme, tanto na fotografia escura quanto nos efeitos que hoje em dia parecem estar datados, mas nada que atrapalhe se visto atualmente, afinal, a produção pode passar com o tempo, mas a história não.

            E mal eles sabiam que nascia aí um dos maiores fenômenos pop da história: O Exterminador do Futuro foi um grande sucesso de público e crítica, faturou quase 50 milhões de dólares no mundo inteiro, gerou continuações, moda, produtos e estudos. E transformou Schwarzenegger em um grande astro de filmes de ação (e de algumas comédias também!) e também transformou o diretor James Cameron no grande Midas que é até hoje. Ele foi dos primeiros a arriscar a computação gráfica em ‘O Segredo do Abismo’, de 1989 (que venceu o Oscar de Efeitos Especiais) e simplesmente dirigiu as duas maiores bilheterias da história: Avatar e Titanic.

            Sem o sucesso de O Exterminador do Futuro, possivelmente não veríamos o cinema de ficção como o vemos hoje e os conceitos de viagem no tempo poderiam ter sido diferentes.

            Mas, afinal, o que este filme tem de tão especial?

            Ele tem uma das maiores sacadas de roteiro da história: as máquinas passaram a dominar o mundo e a empresa responsável por isso é a Skynet. Os humanos criam essas máquinas curiosamente para protegê-los, mas elas se voltam contra eles. Houve uma guerra entre humanos e máquinas e no ano de 2029 as máquinas enviam para o ano de 1984 um ciborgue para assassinar Sarah Connor, mãe de John Connor, que é o líder da resistência humana, antes de ela dar a luz a John. Esse ciborgue é um modelo T-800, que é vivido por Schwarzenegger. A resistência humana envia Kyle Reese para proteger Sarah do Exterminador, que é o único que pode bater de frente com ele.

            O roteiro não se preocupa em explicar demais (o que é o grande problema das produções hoje em dia) o porquê da guerra e por que as máquinas dominam o mundo. E por que justo John Connor para liderar a resistência humana?

            E James Cameron aprendeu em Tubarão, de Steven Spielberg, que mostrar o monstro aos poucos gera mais tensão na platéia. T-800 não é mostrado logo de cara que é um ser quase indestrutível, mas, quando vemos seu corpo de metal, ‘O Exterminador do Futuro’ se torna quase um filme de terror.

            O filme imortalizou a personagem de Sarah Connor para sempre na cultura pop como uma mulher icônica e forte, embora a atriz Linda Hamilton não tenha feito grandes papéis além de Sarah.

A frase “venha comigo se quiser viver”, dita por Kyle a Sarah é dita em todos os filmes da franquia e quando o Exterminador está na delegacia e diz “I’ll be back!” (eu voltarei!) se tornou uma das frases mais icônicas da cultura pop e também é dita nos demais filmes da série.

            Junto com ‘Um Tira da Pesada’, ‘Os Caça-Fantasmas’ e ‘Indiana Jones e o Templo da Perdição’, foi uma das grandes bilheterias de 1984.

            7 anos depois, em 1991, James Cameron, Arnold Schwarzenegger e Linda Hamilton se unem novamente para realizar ‘O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final’, mas alto lá, não se trata de um filminho qualquer, muito menos de uma continuação qualquer: James Cameron se tornou megalomaníaco com o passar dos anos e se no primeiro filme ele não tinha orçamento, aqui ele tinha de sobra: O Exterminador do Futuro 2 foi o primeiro filme da história a ter um orçamento maior do que 100 milhões de dólares, teve uma campanha de marketing absurda, foi a grande bilheteria daquele ano (faturou mais de 500 milhões no mundo inteiro), venceu 4 Oscars técnicos (incluindo o incontestável de Efeitos Especiais), foi dos primeiros usos práticos da computação gráfica (e ao contrário do primeiro filme, os efeitos estão bacanas até hoje) e imortalizou outra frase que entrou de vez na cultura pop: Hasta La Vista, Baby!

            A história se passa 13 anos após os acontecimentos do primeiro filme, mais precisamente no ano de 1997 – ano em que as máquinas dominam a humanidade - agora com John Connor já vivo e crescido, interpretado por Edward Furlong (outra promessa que não deu certo em Hollywood), que vive com pais adotivos, pois sua mãe, Sarah, está em um hospital psiquiátrico (ninguém acreditou na história dela com o Exterminador).

            As máquinas enviam novamente um ciborgue para o passado, desta vez, um modelo mais avançado do que no primeiro filme, um T-1000 para assassinar John Connor e a resistência humana manda um T-800 para protegê-lo.

            A melhor sacada do roteiro é em colocar Schwarzenegger, vilão do primeiro filme, desta vez como o herói, mas isso não ficava claro, nem no trailer, nem no prólogo do filme. Na verdade, nem o T-1000 é mostrado como ciborgue de início. Vemos 2 seres nus vindos do futuro, assim como no primeiro filme. Aqui, um é Schwarzenegger, outro é Robert Patrick., que se parece com um humano, assim como Kyle Reese, se veste de policial e é educado com as pessoas na busca de John Connor. Enquanto isso, o T-800 luta com uns motoqueiros querendo roupas e uma moto e até o encontro dos dois Exterminadores com John em um shopping, ainda não sabemos quem é o vilão, mas quando descobrimos, o impacto da cena é devastador.

            Dificilmente teríamos algo assim hoje em dia, na qual as informações de filmes e séries vazam na rede com uma rapidez absurda.

            Com cenas de ação espetaculares, o excelente uso do CGI, um vilão que se apresenta assustador ao lado de Schwarzenegger, uma explicação mais clara sobre o futuro e as guerras das máquinas e agora não um filme de ficção de nicho, mas uma ação para as grandes massas e mesmo quem não viu o primeiro vai apreciar, ‘O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final’ se figura como dos melhores filmes de ação e ficção da história, das melhores continuações da história e o melhor filme da franquia.

            O desfecho de ‘O Exterminador do Futuro 2’ era digno e se a história terminasse ali, não se perderia nada e James Cameron resolveu não fazer um 3° filme e se dedicou à realização de seu projeto mais ambicioso: Titanic, que custou 200 milhões de dólares e também virou um fenômeno pop, se tornou a maior bilheteria da história (até estrear Avatar, mas no Brasil ainda tem o 1° lugar) e venceu 11 Oscars em 1998, incluindo Melhor Filme e Diretor para James Cameron.

            Mas Hollywood não perde tempo e quer ganhar mais dinheiro e 12 anos após o 2° filme, em 2003, é lançado ‘O Exterminador do Futuro 3 – A Rebelião das Máquinas’, ainda com Schwarzenegger (que seria eleito o Governador do Estado da Califórnia no mesmo ano), mas sem a mão de Cameron, deixando a direção para Jonathan Mostow (de U571 – A Batalha no Atlântico).

            Schwarzenegger novamente tem a função de proteger John Connor (vivido por um insosso Nick Stahl) e sua “amiga” Kate Brewster (vivida por uma Claire Danes pouco inspirada) e desta vez as máquinas mandam para o passado T-X, um ciborgue em forma de mulher e é ainda mais poderoso do que o T-1000.

            O roteiro é cheio de furos e toda a seriedade construída nos filmes anteriores dá lugar a piadas de mau gosto, sem aquele algo a mais sobre viagens no tempo, que nos fazia pensar e ignoraram a presença de Sarah Connor, mas que diverte os leigos da franquia.

            O filme foi destruído pela crítica, custou astronômicos 200 milhões de dólares e faturou cerca de 450 milhões no mundo, mas é visto pelos fãs como o mais fraco da série.

            Em 2008 é lançada a série de TV ‘Terminator: The Sarah Connor Chronicles’, que mostra como ficaram Sarah e John após o segundo filme (ignorando o 3°), ainda com todos achando que Sarah é louca e tentando impedir a criação da Skynet. Sarah Connor era vivida por Lena Headey (a Cersei de Game of Thrones).

            A série não foi um sucesso de público (mas a crítica falou bem) e durou apenas duas temporadas.

            No mesmo ano, em 2008, é anunciado um novo filme da franquia, ‘O Exterminador do Futuro – A Salvação’, lançado em 2009.

Desta vez, a história se passa no futuro, em 2018, com o mundo já apocalíptico e mostrando e guerra em si entre humanos e máquinas.

            Mostra Kyle Reese antes de ele ser chamado ao passado e o T-800 antes de sua concepção.

            O filme também custou 200 milhões de dólares, mas sua recepção foi fria e o resultado é muito irregular, seja na direção amadora de McG, no roteiro confuso ou na péssima escolha de elenco: Christian Bale como John Connor não convence; Sam Worthington foi um ator que mais prometeu do que cumpriu e Bryce Dallas Howard como a esposa de John foi mero enfeite.


            Se contarmos somente os filmes até agora, a franquia teve dois acertos e dois erros, mas é inegável a influência da cultura pop. Agora a franquia terá um novo recomeço com ‘O Exterminador do Futuro: Gênesis’, que vai desempatar esta balança. Esperamos que seja um novo acerto...

O Exterminador do Futuro: 9,0
O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final: 10,0
O Exterminador do Futuro 3 – A Rebelião das Máquinas: 5,0
Terminator: The Sarah Connor Chronicles: 7,0
O Exterminador do Futuro – A Salvação: 4,0

Imagens:
O Exterminador do Futuro:



O Exterminador do Futuro 2 – O Julgamento Final:




O Exterminador do Futuro 3 – A Rebelião das Máquinas: 



Terminator: The Sarah Connor Chronicles:



O Exterminador do Futuro – A Salvação:




segunda-feira, 22 de junho de 2015

Divertida Mente


Divertida Mente (Inside Out)

Direção: Pete Docter

Ano de produção: 2015

Vozes de: Amy Poehler, Bill Hader, Mindy Kaling, Lewis Black, Phyllis Smith, Diane Lane, Kyle Maclachlan, Richard Kind.

Dubladores Brasileiros: Miá Mello, Otaviano Costa, Dani Calabresa, Léo Jaime, Katiuscia Canoro.

Gênero: Animação

Classificação Etária: LIVRE


Divertida Mente provoca todos os tipos de reações – literalmente!

            Há exatos 20 anos a Pixar mudou a forma de como vemos os longas de animação quando lançou Toy Story. Estávamos na chamada 2ª época de ouro da Disney, com obras-primas como ‘O Rei Leão’ e ‘Aladdin’, mas ainda assim muita gente mal intencionada ainda via as animações como “coisa de criança”. Mas foi com Toy Story, e com os filmes seguintes da Pixar e também da DreamWorks, que viram que fazer filmes que agradem crianças, jovens e adultos era a palavra de ordem dos estúdios.

            De lá para cá, a Pixar realizou mais 14 filmes e assistir a uma animação deste estúdio era sempre algo desafiador e mágico, pois eram ultrapassadas barreiras além da nossa imaginação com algo que estava diante dos nossos olhos, mas não enxergávamos, seja com uma viagem ao fundo do mar com Procurando Nemo ou o mundo dos brinquedos com a própria trilogia Toy Story.

            O problema é que nos últimos anos as animações da Pixar começaram a perder o encanto, sobretudo por causa das continuações. Se Toy Story 3 foi um grande acerto, o mesmo não se pode dizer de Carros 2, seu único desastre até agora e de Universidade Monstros, que não chega a ser ruim, mas foi desnecessário. O único caso que não foi continuação foi Valente, em 2012, um filme muito bacana e bem feito, mas ainda sem o espírito Pixar que estávamos acostumados a ver.

            Muita gente dizia que a Disney estava passando na frente na Pixar, e de fato estava mesmo, basta ver que os 3 últimos filmes da Pixar foram Carros 2, Valente e Universidade Monstros. Já da Disney foram Detona Ralph, Frozen – Uma Aventura Congelante e Operação Big Hero.

            Mas, nada como um pouco de carinho e competência de uma equipe que sabe o que faz para a Pixar voltar a ser o que era: em 2014 eles não estrearam filme nenhum, algo que não acontecia desde 2005, mas esse hiato fez todo o sentido: foi mais tempo para o estúdio trabalhar melhor, pois em 2015 eles pretendem lançar duas animações, coisa que nunca aconteceu: está previsto para novembro deste ano ‘O Bom Dinosauro’, mas o filme que abre esta nova fase do estúdio é a animação Divertida Mente, que um filme que resgata todo aquele espírito que nos encantou anos atrás com a Pixar e, mais uma vez, vai a lugares que jamais imaginávamos e, neste caso, estava bem diante de nós: a nossa própria mente.

            E se todas as nossas emoções fossem fruto de sentimentos que trabalham em conjunto bem na nossa cabeça? É basicamente com isso que Divertida Mente brinca.

            Na história, acompanhamos a menina Riley desde seu nascimento, quando, de início, seu único sentimento em sua cabeça é a Alegria, mas não demora muito para aparecer a Tristeza, seguida do Raiva, Nojinho e Medo.

            Todos esses sentimentos “trabalham” em uma espécie de escritório na mente de Riley, mas é a Alegria que é a “chefe” de todos.

            Dependendo do momento da vida de Riley, um sentimento age, por exemplo, quando ela é obrigada pelos pais a comer brócolis, surge a Nojinho, depois o Raiva, quando ela está com a família e amigos, a Alegria se sobressai, e por aí vai.

            Tudo vai bem, até que, aos 11 anos de idade, ela se muda de Minnesota para São Francisco. Não bastasse ela deixar para trás os amigos e sua grande paixão, que é hóquei no gelo (Minnesota é conhecida por ser excessivamente gelada), tudo começa a dar errado: o caminhão da mudança atrasa, o pai está com problemas no trabalho, ela não consegue se relacionar com ninguém na escola, e por aí vai. Para piorar, há um acidente (que não contarei qual aqui!) entre a Alegria e a Tristeza que pode deixar Riley sem emoções...

            Alguns críticos estão apontando que Divertida Mente irá agradar mais aos pais do que aos adultos, mas discordo: os pequenos talvez não entendam a psicologia, mas podem se divertir (e se identificar) com os personagens coloridos e com algumas piadas que o timing é tão bom que, mesmo algumas que parecem repetitivas (como uma propaganda hilária de um creme dental) é cômica em todas as partes que é apresentada. Mesmo todo o design, trabalho técnico e emoções dos 5 sentimentos é algo de fácil entendimento, porém, sem questionar a inteligência do espectador.

            Ou seja, se estávamos carentes de programas educativos para a criançada, não há o que reclamar com os efeitos de Divertida Mente.

            Não são apenas os sentimentos que vivem na mente de Riley, mas algumas de suas prioridades, como família e amizade são apresentadas em forma de ilhas. E seu funcionamento depende do que acontece com a garota. E algumas de suas memórias são apresentadas em esferas que os sentimentos guardam e aquelas principais são as chamadas de “memórias-chave”. É absolutamente mágico.

            Paralelamente a isso, somos apresentados em um mundo aberto onde há várias coisas a serem exploradas (em uma metáfora de como nossa mente é complexa), seja no subconsciente ou na ilha da imaginação (e que sacada genial do roteiro quando mostra como ocorrem os sonhos!), onde somos apresentados a um personagem irresistível que fará muita gente comprar brinquedos: Bing Bong, que é o amigo imaginário de Riley, com aparência de elefante (mas ele diz que parece um golfinho!) ele é um elo entre o mundo real e imaginário do que vemos em tela.

            E não podemos nos esquecer que, não só a psicologia como conhecemos foi muito bem explorada por aqui, como já citado, mas a psicologia das cores também na concepção dos personagens: a Alegria é a mais iluminada e tem a cor amarela; a Tristeza é da cor azul (em inglês, Blue também significa “triste”); a Nojinho tem a com verde, de brócolis; o Raiva é vermelho, que é uma cor forte; já o Medo é lilás, dando uma idéia de omissão.

            O diretor Pete Docter já havia feito o mundo inteiro se emocionar em 2009 com UP – Altas Aventuras e aqui consegue ir além: há um momento, perto do final, com Riley e seus pais que, quem não se comover, não tem coração.

            E tudo isso embalado com a trilha sonora arrepiante de Michael Giacchino, que recentemente estava na trilha de Jurassic World e, dentro da Pixar, já ganhou Oscar pela trilha de UP – Altas Aventuras.

E com John Lasseter (de Toy Story) e Andrew Stanton (de Procurando Nemo e Wall-E), como produtores de set, não tinha como dar errado.

Mas, o que seria um filme da Disney/Pixar sem os famosos easter eggs? Para quem não sabe, easter eggs são referências sobre outros filmes do mesmo estúdio, coisa que a Marvel faz com seu vasto universo, por exemplo.

 E alguém acredita na história que todos os filmes da Pixar estão em um mesmo universo e que tudo é, na verdade, um filme só?

O próximo filme da Pixar é ‘O Bom Dinossauro’ e há uma cena em que Riley tira foto com um dinossauro. E em uma das esferas das lembranças, há a cena do casamento entre Carl e Ellie de UP – Altas Aventuras.

De início a dublagem brasileira pode causar repulsa, afinal, na dublagem original temos a grande comediante Amy Poehler dublando a Alegria e quase todo o elenco de The Office na dublagem dos demais sentimentos, já aqui no Brasil temos Miá Mello dublando Alegria, Otaviano Costa dublando o Medo, Léo Jaime dublando o Raiva, Dani Calabresa dublando a Nojinho e Katiuscia Canoro (do Zorra Total!) dublando a Tristeza. Mas, surpreendentemente, a dublagem brasileira está muito bacana e não compromete em nada na diversão (e deu um medo após o trauma de Luciano Hulk em ‘Enrolados’). Miá Mello, por exemplo, fez o melhor papel de sua carreira até agora. Embora ela seja muito simpática e carismática, ela ainda precisava se provar como atriz. ‘Meu passado me condena’ que o diga.

            Divertida Mente surge como possível barbada para o Oscar 2016 de Filme de Animação e, sonhando um pouco alto, uma possível indicação para Melhor Filme? Já passou da hora de as animações serem reconhecidas pela arte e não só escondidas em sua categoria, principalmente por estarmos falando de um filme que nos ensina que a vida não é só feita de alegria, mas temos que lidar com a emoção de cada momento e o que vale é o carinho de como vamos registrar o que é importante para a nossa vida.

            Divertida Mente se figura entre os melhores (se não, o melhor!) filme da Pixar e candidato a melhor filme de 2015.

Nota: 10,0

Imagens:












Trailer:

domingo, 21 de junho de 2015

Orange is the new black - 3ª Temporada


Orange is the new black – 3ª temporada

Criada por: Jenji Kohan

Ano de lançamento: 2015

Com: Taylor Schilling, Laura Prepon, Kate Mulgrew, Michael Harney, Natasha Lyonne, Taryn Manning, Uzo Aduba, Samira Wiley, Dascha Polanco, Selenis Leyva, Yael Stone, Emma Myles, Lea DeLaria, Matt McGorry, Laverne Cox, Elizabeth Rodriguez, Kimiko Gleen, Ruby Rose.

Gênero: Comédia Dramática

Classificação Etária: 16 Anos


Nova temporada é menos cômica e mais psicológica

            A Netflix não para em 2015: mal saímos dos efeitos da brilhante Sense8 e exatamente uma semana depois é disponibilizada a 3ª temporada de Orange Is The New Black, e no seu padrão que já virou clássico: a temporada foi colocada na íntegra, e no caso de Orange Is The New Black, a season finale tem 90 minutos de duração, ou seja, é praticamente um filme.

            Quando a primeira temporada saiu, em 2013, a Netflix ainda estava começando a lançar suas séries (ela havia acabado de lançar House of Cards) e agora ela já aparece nas premiações junto com os grandes canais da TV e Orange Is The New Black logo se tornou um sucesso de público e crítica e foi longamente comentada nas redes sociais.

            Além do roteiro arrebatador e de personagens de fácil envolvimento, os grandes méritos de Orange Is The New Black estão em não ter vergonha de ousar e não ter vergonha de ser autêntica: o elenco é feminino, com algumas atrizes esteticamente perfeitas ou não, mas a série não se preocupa em deixa-las “bonitas” para o seu público: elas se apresentam sujas, cheias de vontades e interesses como qualquer ser humano e, por se tratar de uma série que se passa na prisão, algumas lições de moral e a tentativa de humanizar as prisioneiras, tratadas como “vítimas da sociedade” poderiam passar facilmente com todo o pieguismo, mas embora sejam pessoas normais, elas cometeram sim, delitos, não são vítimas de sistema nenhum e, durante a vida civil, como mostrados brilhantemente por flashbacks, foram pessoas como todos nós: tiveram empregos, famílias, enfim, uma vida.

            Nada do que a criadora e produtora executiva, Jenji Kohan (de Weeds) não esteja acostumada, mas aqui ela dá um salto em sua carreira.

            Nesta terceira temporada, o presídio de Litchfield está em polvorosa: logo no primeiro episódio, é dia das mães e a família das detentas irá passar o dia com elas no local, mas não apenas com visitas sem contato físico: o dia é no pátio, com brincadeiras e gincanas, mas, em se tratando da série como conhecemos, a chance de o dia terminar bem é difícil.

            Após os acontecimentos com Vee no final da temporada passada, tudo começa com os efeitos da passagem dela por Litchfield: “Crazy Eyes” ainda está “enfeitiçada” por ela, e mesmo Vee claramente a manipulando, ela ainda a defende e sua ausência é perceptível de forma direta no comportamento de Suzanne (o nome real de Crazy Eyes). Red se recupera da internação, embora ainda não assuma de vez a cozinha, que ainda está sob o comando de Gloria Mendoza.

            Algumas pontas soltas ficaram na mudança de temporada: Daya ainda está grávida de John Bennett, que se sente pressionado com o fato de ter engravidado uma detenta e ainda tem que lidar com a mãe de Daya, Aleida Diaz, que não quer que sua filha crie a criança por não achá-la responsável o suficiente (sim, as duas estão sem se entender desde a primeira temporada).

            Mesmo com várias sub-tramas e alguns episódios mais focados nessas histórias, esta 3ª temporada tem 2 plot twists: com vários problemas de orçamento, e corte de verbas, a prisão de Litchfield corre o sério risco de ser privatizada. Agora que Caputo está de volta à direção com as denúncias de corrupção de Figueroa, um grupo de empresários surge com a proposta milionária de possuir ações de Litchfield, e consegue, embora o “laranja” da operação, Daniel Pearson não tenha experiência nenhuma no ramo, deixando tudo nas costas de Caputo e quem controla tudo, na verdade, é seu pai. Outro plot twist é o novo “trabalho” das detentas, que é a fabricação de calcinhas de grife (alguém se lembrou das denúncias de trabalho escravo em roupas de luxo?), mas Piper Chapman logo vê uma oportunidade de “empreendimento” neste trabalho.

            Não bastasse isso, o curioso foi ver a forma como as detentas foram trabalhar com isso: elas foram submetidas a uma prova e as aprovadas foram “contempladas” a um trabalho menos pesado do que o habitual.

            E falando na nossa protagonista, Piper Chapman, por onde anda ela? Ficou claro nos primeiros momentos da temporada que ela não seria o foco e aqui ela é praticamente coadjuvante. Não que sua história seja ruim, muito pelo contrário, mas há outras grandes personagens a serem dissertadas e a série permite espaço para isso. Aqui na 3ª temporada, sua amada Alex está de volta.

Alex estava na condicional na temporada passada e voltou a Litchfield justamente após um golpe de Piper, mas executado por seu ex-namorado, Larry (que, curiosamente, sumiu nesta temporada). No contexto da 3ª temporada, resta 1 ano para terminar a pena de Chapman e para uma 4ª temporada (que já foi anunciada) isso pode ser mais explorado. Mas se a intenção de Piper era ainda ter sua Alex como namorada, foi um tiro pela culatra, pois Chapman agora tem uma nova amante: Stella, que só aparece após o 6º episódio e também trabalha na criação de calcinhas, começa a ter um romance com Piper. Stella é vivida pela australiana Ruby Rose, é uma atriz interessante (não há de duvidar de uma indicação para Atriz Coadjuvante) e tem um desfecho surpreendente.

            Como já citado, este novo ano está cheio de flashbacks e o foco nas outras personagens, além da protagonista. Há episódios, inclusive, que tem uma detenta como “protagonista”, como o episódio 3, todo focado em Nicky, sua história com o tráfico de drogas até o seu desfecho que gerou dúvidas sobre sua permanência ou não na série (tomara que ela continue, pois esta é das melhores personagens da série).

            O episódio 10 é todo focado em Doggett. Ela é outra que merecia uma indicação para Atriz Coadjuvante: na primeira temporada ela era a religiosa-puritana enfadonha que dava lição de moral em Chapman (e até ocasionando em uma solitária injusta), agora seu lado mulher é muito melhor explorado, ela é “promovida” a motorista da prisão e seu envolvimento com o novo guarda, Charles Coates faria qualquer roteirista de Game of Thrones tremer. O final do episódio 10 é realmente polêmico.

            O episódio 11 é todo focado em Caputo. Ele era sempre visto como diretor sem sentimentos, tem um passado até comovente e em seu jeito autoritário esconde um homem que se preocupa com próximo (ou no caso de Litchfield, com a próxima).

            O episódio 12 é todo dedicado aos flashbacks de Dayanara, em especial à sua infância com sua mãe autoritária, Aleida Diaz. Quem não se revoltar com essa passagem, pode procurar um hospital: Daya era uma menina inteligente, esforçada e sonhadora, mas sua mãe era ausente e a destratava.

            E finalmente o episódio 13 tem um corte rápido à infância de Lorna e Soso.

            O tom cômico das temporadas passadas deu lugar a uma trama mais intimista, o que concretiza o amadurecimento da série. Tanto que a Netflix usou a estratégia de coloca-la nas categorias de drama nas premiações, e não de comédia, o que podem dificultar as possíveis vitórias, considerando que há menos concorrência na categoria comédia.

            Mas, independentemente de prêmios ou não, Orange Is The New Black já entrou em nosso corações e, não por acaso, já está na história desta que chamamos de fase de ouro das séries de TV.

Nota: 10,0

Imagens:









Trailer:

domingo, 14 de junho de 2015

Jurassic World - O Mundo dos Dinossauros


Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros (Jurassic World)

Direção: Colin Trevorrow

Ano de produção: 2015

Com: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Nick Robinson, Ty Simpkins, Vincent D’Onofrio, Irrfan Khan, Judy Greer, B. D. Wong, Omar Sy.

Gênero: Aventura

Classificação Etária: 12 Anos


Nostalgia e inovações sob o olhar de Spielberg

            É perdoável quem não via Jurassic World com bons olhos, afinal, as continuações de Jurassic Park, que são O Mundo Perdido e Jurassic Park 3 ficaram muito aquém do esperado e um novo recomeço para a franquia não parecia uma boa idéia.

            Além do mais, um dos trunfos do clássico de 1993 era que na época a computação gráfica estava iniciando e ainda impressionava. Ela só fora vista em ‘O Segredo do Abismo’, de 1989 e ‘O Exterminador do Futuro 2’, ambos de James Cameron e agora em 2015, com o CGI já consolidado, parecia uma idéia suicida tentar impressionar a platéia novamente em mostrar dinossauros em tela.

            E tem mais: 2015 está sendo o ano dos remakes e reboots. Já tivemos Mad Max, Poltergeist e ainda teremos o novo Exterminador do Futuro e a idéia de retomar uma franquia milionária, que é Jurassic Park, poderia soar como falta de idéias novas.

            Mas, nada como “queimar a língua” e dizer que: Jurassic World é um grande filme.

            Sim, há muita computação gráfica, o 3D funciona muito bem (e quem puder ver em IMAX, melhor ainda!) e sim, passadas quase 2 décadas de Jurassic Park, as cenas de ação ainda impressionam.

            O parque do primeiro filme, localizado na ilha Nublar, finalmente está aberto para o grande público como uma atração turística, agora já com os dinossauros domesticados. A equipe técnica, chefiada pela doutora Claire (Bryce Dallas Howard) do parque manipula os genes dos animais para criar dinossauros maiores e mais ameaçadores e acabam criando o Indominus Rex, que é ainda maior e mais poderoso do que o Tiranossauro Rex, do primeiro filme, mas a coisa sai do controle, ele escapa de seu cativeiro e logo se torna uma ameaça para os moradores. Nisso, é chamado Owen Grady (Chris Pratt), um domador de dinossauros que pode ser a única esperança. Aliás, o personagem de Chris tem um pouco do espírito de paleontologia de Sam Neill do primeiro filme e de aventura de Indiana Jones. Curiosamente, Chris Pratt é o favorito para viver o novo Indiana nos cinemas.

            Paralelamente a isso, temos a história dos dois sobrinhos de Claire, Zach e Gray, são enviados pela mãe (Judy Greer), que é irmã de Claire, a uma excursão para o Jurassic Park, mas Claire é uma pessoa fria, extremamente dedicada ao trabalho e não demora muito para perder os sobrinhos de vista e, inclusive, deixá-los sozinhos quando o parque se torna uma ameaça, aliás, a cena em que eles estão dentro de uma bola, passeando pelo parque aberto, resultando em uma perseguição, é a quase certeza que este filme irá ao Oscar 2016 para Efeitos Especiais.

            Dos maiores acertos do filme foi o clima de nostalgia e o respeito com a obra original, desde o uso da trilha sonora original de John Williams, as menções ao dono do parque, dr. John Hammond (que foi o papel de Richard Attenborough, que, infelizmente, faleceu no ano passado) e até uma camiseta de Jurassic Park, mas o filme traz muita novidade, como várias atrações aquáticas dentro do parque (e é de encher os olhos), a trilha sonora arrebatadora, desta vez é de Michael Giacchino (que não perde nada para a de John) e o nascimento de uma possível franquia. E com o grande sucesso deste filme aqui, não vai demorar muito para o estúdio e os produtores pensarem em uma continuação.
            O roteiro pode ser preguiçoso, cheio de clichês, é verdade, como o personagem interesseiro (e desnecessário) de Vincent D’ Onofrio, mas nada que comprometa o resultado do filme e nada que não possa ser corrigido para o próximo.

            O diretor Colin Trevorrow é quase estreante em Hollywood e só tem um filme independente em sua carreira: ‘Sem Segurança Nenhuma’, em 2012 e já assumiu a responsabilidade de um blockbuster de verão, mas aqui teve uma direção modesta e correta.

            Mas, com o devido respeito e consideração com Trevorrow, Jurassic World é um filme de Steven Spielberg: de início ele dirigiria este filme, mas ele abandonou a cadeira de diretor e trabalhou como produtor executivo, mas, bastam poucos minutos para perceber que este é um filme de dele, seja na música e no clima de aventura dos anos 80, mas o principal é o foco infantil: duas crianças sozinhas em uma terra desconhecida, essas mesmas crianças tendo seus adultos como dominadores e os conflitos familiares entre irmãs, mais a capacidade de ainda atiçar platéias e ainda convencer com um clima de pânico e suspense, mostra que, apesar de ele não dirigir Jurassic World, este é um filme seu. No lançamento de Poltergeist, em 1982, foi um caso muito semelhante, em que ele não dirige oficialmente, mas, assistindo, fica claro que aquele filme era seu.

            Quem foi ao cinema nas últimas semanas com certeza viu o trailer de Jurassic World e parecia que todas as grandes cenas estavam lá. De fato, entregaram com antecedência a cena do parque aquático e quando Owen controla os dinossauros, mas há várias surpresas a serem descobertas, portanto, quem puder, fuja dos spoilers.

            Embora Vincent D’ Onofrio decepcione por aqui, mesmo ele sendo esse grande ator, como visto, por exemplo, na série Demolidor ou em Nascido para Matar, os demais atores estão muito bem, como o elenco mirim já citado e os cientistas Omar Sy (de ‘Intocáveis’) e Irrfan Khan (de ‘As Aventuras de Pi’) conseguem transmitir conhecimento sem quebrar o ritmo (que é dos problemas de Armageddon, por exemplo), mas quem comanda o filme, além do próprio Indominus Rex, claro, é o casal principal, Chris Pratt e Bryce Dallas Howard, que não bastasse a boa química entre eles, ainda, cada um à sua maneira, faz a diferença na história: ele se assumindo como herói de ação e mostrando que seu sucesso em 2014 com Guardiões da Galáxia e Uma Aventura Lego não foi sorte e Bryce Dallas, sumida desde ‘Histórias Cruzadas’ em 2011, é uma boa atriz, quando é exigida e aqui, faz uma mulher que, de início é fria e calculista, mas que logo se torna aventureira. E pode provocar suspiros na platéia após o terceiro ato do filme.

            2015 está sendo um ano importantíssimo para a Universal Studios. Após faturarem mais de 600 milhões de dólares com Cinquenta Tons de Cinza e de se tornar a 4ª bilheteria da história com Velozes e Furiosos 7, tiveram Jurassic World como aposta para este verão disputado e cheio de remakes, mas que superaram as expectativas para quem estava torcendo contra. E, assim como aconteceu em Mad Max, com o carinho de seu criador.

Nota: 9,0

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