quarta-feira, 28 de maio de 2014

Forrest Gump - O contador de histórias



Forrest Gump – O contador de histórias (Forrest Gump)

Direção: Robert Zemeckis

Ano de produção: 1994

Com: Tom Hanks, Robin Wright, Gary Sinise, Sally Field, Haley Joel Osment.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 14 Anos


Após 20 anos, “Forrest Gump” permanece inesquecível

            Existem filmes feitos há pouco tempo que logo o público se esquece. Ano passado mesmo, alguém se lembra que “Para maiores”, “Duro de matar 5” e G.I. Joe – Retaliação” estrearam há pouco mais de um ano?

            Mas, pelo bem da 7ª arte, há filmes que não morrem, que permanecem na memória e no coração do público por muitas gerações.

            E, aproveitando esse clima de nostalgia, me lembrei, recentemente, que “Forrest Gump – O contador de histórias” estava completando 20 anos de seu lançamento. O filme foi um grande sucesso e foi a 2ª bilheteria de 1994 (perdendo apenas para “O Rei Leão”). Mais do que isso, comoveu platéias do mundo inteiro, foi super elogiado pelos críticos e foi muito bem lembrado nas premiações.

            Forrest Gump entrou no Oscar de 1995 com status de favorito a conquistou 6 prêmios, são eles: Melhor Filme, Diretor (Robert Zemeckis), Ator (Tom Hanks), Roteiro Adaptado para Eric Roth, Efeitos Especiais e Montagem.

            Os prêmios contestados foram os de Filme e Diretor. Todo mundo queria que Tarantino ganhasse com seu “Pulp Fiction – Tempos de Violência”.

            Polêmicas à parte, nada tira os méritos de Forrest Gump, sejam os feitos históricos, a atuação irretocável de Tom Hanks ou os brilhantes efeitos especiais, que estão bacanas até hoje.

            Para quem não sabe da história, Forrest é um sujeito com o QI abaixo da média, não tem amigos, vive com um aparelho nas pernas e tem um laço muito grande com sua mãe. Em uma ida à escola de ônibus, ele conhece sua melhor amiga e futura amada, Jenny (Robin Wright). Como a própria mãe de Forrest fala, “milagres acontecem todo dia” e seu aparelho some inexplicavelmente de suas pernas em uma tentativa de bullying e, fazendo, segundo o próprio Forrest, o correr como o vento. Depois que cresce, ele ainda continua sem amigos, mas ainda com o laço em sua mãe e na mulher que ama. Daí para frente, o filme acompanha a trajetória adulta de Gump e, para quem ainda não viu, digo que, quanto menos souber, melhor, acreditem!

            Durante a vida adulta de Gump, o filme acompanha muitos momentos históricos da história dos EUA, sobretudo dos turbulentos anos de 1960. Depois que Forrest entra na faculdade, é o momento em que negros conseguem o direito de estudar junto com os “brancos”. Quando ele vai ao exército, é o momento em que seu país entra na Guerra do Vietnã e ele, junto com seu melhor amigo, Bubba, são obrigados a entrar no conflito. Lá no Vietnã, ele conhece seu tenente Dan (Gary Sinise, indicado ao Oscar pelo papel). Com a chegada de volta aos EUA e a derrota do país no conflito, Gump se depara com os movimentos de contracultura, dos Panteras-Negras e dos Hippies. Há uma passagem muito interessante da partida de ping-pong em território chinês. Para Forrest é apenas uma partida, mas, aos olhos do mundo, foi a abertura da China para o mercado ocidental.

            E como não falar dos brilhantes efeitos especiais que possibilitaram os “diálogos” entre Forrest e John Lennon em um programa de entrevistas. Ou ainda o inesquecível aperto de mão entre Forrest e o ex-presidente americano, John Kennedy. Coisas assim, só a tecnologia para nos agraciar.

            Sempre é preciso certo cuidado para manipular efeitos para eles não morrerem com o tempo, e isso só a competência de quem faz é capaz de responder. Exemplos não faltam, o primeiro “Star Wars”, feito em 1977, ainda permanece atual e impactante. E a grande ficção científica de Stanley Kubrick, “2001 – Uma odisséia no espaço”, de 1968, que impressionantemente tem uma data que já passou no título e seus efeitos são de uma época que nem se fazia nada com computação gráfica, e o filme impressiona até hoje.

            E, no caso de “Forrest Gump – O contador de histórias”, sua técnica ainda impressiona. Merecidamente levou o Oscar na categoria de Efeitos Especiais. Nada que o diretor Robert Zemeckis não conheça. Ele é o diretor da trilogia “De volta para o futuro” e já venceu na categoria de Efeitos Especiais duas vezes: em 1989 por “Uma cilada para Roger Rabbit e em 1993 por “A morte lhe cai bem”.

            Infelizmente, Zemeckis não está tão em evidências assim na Hollywood atual. Ele começou esse novo século até bem, com “Náufrago” (novamente com Tom Hanks), mas depois se perdeu ao tentar colocar a tecnologia de Captura de Movimentos, iniciada lá em “Senhor dos Anéis” para atores “reais”. Mas o resultado é sempre imperfeito, como visto no estranho “O Expresso Polar” (mais uma vez com Tom Hanks) e no insuportável “A Lenda de Beowulf”, que, decididamente, foi seu fundo do poço.

            Mas Forrest Gump não são é só efeitos. Na verdade, o que fica mais marcado é sua história. E que história! E além disso, seus momentos marcantes, suas frases de efeito e a brilhante atuação de Tom Hanks. Aliás, Hanks não só levou o Oscar por esse papel, mas conseguiu o feito de ganhar o prêmio por 2 anos seguidos. Em 1994, ele ganhou também por “Filadélfia”. Em “Forrest Gump – O contador de histórias”, sua atuação é tão sublime, exigente e de entrega para o papel, que fica difícil encontrar outro ator para fazer o filme. E mais do que isso, fica difícil acreditar se o filme seria tão bom se não fosse pelo Tom e seu semblante tão convincente que se confunde com uma pessoa real.

            Os momentos de “Forrest Gump – O contador de histórias” ecoam nos corações de muita gente até hoje. Como não se lembrar dos ensinamentos de sua mãe, “A vida é como uma caixa de bombons, você nunca sabe o que vai encontrar” ou “idiota é quem faz idiotice” ou a já citada “milagres acontecem todos os dias”.

            Muita gente defende que Forrest é desprovido de inteligência e que ele é “o idiota que chegou lá”. Discordo completamente. Seu QI é abaixo da média sim, mas ele tem o coração e a alma puros. Acredita em Deus, em sua mãe e na mulher que ama. Aliás, seus momentos com sua amada Jenny são capítulos a mais no filme. Eles começam como crianças unidas, mas, ao crescerem, tomam rumos distintos na carreira e na vida. Forrest estudou, foi ao exército e se tornou empresário do ramo do camarão (graças a seu amigo Bubba). Jenny também estudou, mas nasceu para ser livre. E sempre sonhou em ser famosa. Ela começa ganhando a vida cantando nua em bares masculinos (sim, a cena tem no filme), mas o que fica marcado é seu envolvimento com os movimentos hippies e panteras-negras. Sempre em alguns momentos do filme os dois acabam se encontrando. Para Forrest, esses momentos são os melhores de sua vida. Jenny ama Forrest, mas sabe que suas vidas são distintas, e faz questão de deixar isso claro para ele. A Jenny de Robin Wright é, portanto, uma personagem também inesquecível. Absurdamente, ela não foi indicada de Atriz Coadjuvante por esse papel. Wright andou um tempo sumida dos holofotes, até fazer brilhantemente a série da Netflix, House of Cards, que acabou de receber sua 2ª temporada e a 3ª já está sendo gravada.

            De muitos momentos marcantes, queria citar aqui uma cena muito linda e poética: quando Forrest chega do Vietnã e discursa para a platéia hippie (de início a cena é cômica porque o microfone está desligado), mas, logo ele vê a sua Jenny e sai do palco para beijá-la no Lago de Washington. Só vendo o filme para entender a poesia da coisa.

            Alguns críticos pegaram certa raiva desse filme aqui por acharem que Pulp Fiction merecia mais os prêmios e dizer que a vitória de Forrest Gump foi injusta. De fato, o filme de Tarantino é mais engenhoso e com uma importância maior ao mundo cinematográfico, mas dizer que a vitória de “Forrest Gump – O contador de histórias” foi injusta é um ultraje.

            O tempo provou que Tarantino é muito mais diretor do que Zemeckis, e considerando que há uma “maldição do Oscar” com seus vencedores, acho que a vitória de Forrest Gump foi mais ideal para o momento. E não devemos nos esquecer que Zemeckis esnobou Tarantino na ocasião e muitos críticos (sempre eles) defendiam que a carreira de Quentin Tarantino só seria fogo de palha e seria diretor de um filme só. Pois é, “A vida é como uma caixa de bombons, você nunca sabe o que vai encontrar” e, assim, como a famosa pena que abre e fecha o filme, a vida dá voltas e segue de um lado para outro.
           

Nota: 10,0

Imagens:





Trailer:

domingo, 25 de maio de 2014

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido



X-Men: dias de um futuro esquecido (X-Men: days of future past)

Direção: Bryan Singer

Ano de produção: 2014

Com: Hugh Jackman, Michael Fassbender, James McAvoy, Jennifer Lawrence, Peter Dinklage, Patrick Stewart, Ian McKellen, Nicholas Hoult, Ellen Page, Evan Peters, Halle Berry, Anna Paquim.

Gênero: Ação

Classificação Etária: 14 Anos


Problemas e correria resumem novo X-Men.

            Não foi surpresa nenhuma de que esse filme, “X-Men: dias de um futuro esquecido”, tenha sido a estreia mais aguardada do ano. A ideia é das mais espetaculares da história dos quadrinhos, que é pegar os mutantes da franquia clássica junto com alguns mutantes de “X-Men: Primeira Classe”. A trilogia original criou uma legião de fãs e mudou para sempre a forma de como vemos um filme baseado em quadrinhos. E “X-Men: Primeira Classe” é, na opinião dos críticos e da maioria das pessoas, o melhor filme dos mutantes até agora e um filme que revelou dois atores que se tornariam famosos posteriormente: Michael Fassbender, agora já com uma carreira consolidada e com uma indicação ao Oscar por “12 anos de escravidão”, mas nada se compara à Jennifer Lawrence. Nesse curto espaço de 3 anos, essa menina já participou de outra franquia milionária, Jogos Vorazes, já venceu um Oscar de Atriz por “O lado bom da vida” e com mais duas indicações, por “Inverno da Alma” e “Trapaça”, hoje, Lawrence é a queridinha de Hollywood e a atriz mais requisitada. Dá até um receio de ela não ser estragada pela indústria.

            Com isso, a Fox achou melhor unir as duas franquias. Para isso, a melhor ideia foi adaptar para o cinema a HQ “dias de um futuro esquecido”.

            Para quem não sabe, essa HQ foi escrita em 1981 e conta, em dois volumes, que os mutantes do futuro voltam ao passado para tentar impedir a criação dos Sentinelas por Bolivar Trask (papel de Peter Dinklage, de Game of Thrones). Nos quadrinhos, quem ia ao passado era Kitty Pryde. Aqui no filme, a Kitty, com os seus poderes, manda o Wolverine ao passado por seu porte físico e principalmente pelo fato de ele ser imortal. Nós espectadores, sabemos que o roteiro tomou essa liberdade poética para dar mais uma importância ao Wolverine e mostrar o porquê que ele é o personagem mais famoso do universo “X-Men”. O que não foi de tanto mal. Historicamente, Wolverine teve muito mais importância na saga do que Kitty. Embora, no meu conceito, Ellen Page seja tão boa atriz quanto Hugh Jackman é bom ator.

            O filme tomou um rumo muito corajoso em adotar uma fotografia e clima mais sombrios. Lembra muito aos filmes do Batman de Christopher Nolan, em que ele dava um ambiente mais pessimista, principalmente no futuro, mostrando um clima maior de apocalipse e de que o fim do mundo até próximo.

            Os Sentinelas foram criados para dizimar os mutantes, mas, com o passar dos anos e todas as imperfeições, eles mataram também humanos até exterminá-los. Aqui, há apenas alguns mutantes sobreviventes, como Magneto e a Tempestade, daí, Xavier lança a ideia de levar alguém ao passado e impedir a criação dos sentinelas, daí é escolhido o Wolverine.
            Mas, afinal, como os Sentinelas foram criados?

            O ano é 1973 e o cientista Bolivar Trask cria o protótipo dos robôs para matar apenas mutantes e tenta convencer o governo americano a aprovar o projeto. Paralelo a isso, a Mística da Jennifer Lawrence se afastou dos X-Men e trabalha quase como uma nômade começa sua busca por Trask, até que o encontra e o mata.

            Não estou entregando nada do filme, pois é isso que Wolverine tentar impedir voltando ao tempo.

            Além da fotografia sombria e dos Sentinelas muito bem feitos, o filme tem cenas de ação perfeitas, muito bem coreografadas. A cena de abertura é muito bacana, espetacular na sua concepção, mostrando um ataque dos Sentinelas aos mutantes. Foram mostrados alguns dos novos heróis e, no caso desta cena, com a personagem da Blink, que abre portais, confundindo a cabeça do atacante, é sensacional.

O próprio Peter Dinklage, o Tyrion de Game of Thrones, nos dá um Bolivar muito frio, político e com a urgência que o personagem precisava.

            Enfim, a história também é boa. Voltar ao passado e corrigir tudo é engenhoso. Para quem não sabe as HQs inspiraram James Cameron e seu “Exterminador do futuro”, e tem muito de fundo político para ser aproveitado.

            Mas, apesar dessas qualidades, esse filme problemas – e graves. Na verdade, são os mesmos problemas de “X-Men 3”, personagens demais, tramas demais e história confusa. Alguns personagens que ficaram famosos na trilogia original, como Tempestade e Vampira, aqui praticamente inexistem na história. E, no caso de “X-Men: Primeira Classe”, cadê a Emma Frost?

            Infelizmente, tudo parecer ser jogado para a plateia, a fim de entregar seu produto o quanto antes. Bom, “X-Men: Primeira Classe” é um grande filme e seu universo - pode e deve ser mais explorado, mas pular logo para o futuro foi perigoso. Deveria ter mais um filme depois de “X-Men: Primeira Classe” e continuar com a saga. Ficou claro que foi feito às pressas, o que é muito bom para o estúdio, mas péssimo para o grande público. Se “X-Men: primeira classe” já tinha uma história fechada, então porque raios não continuá-la? É uma pena, saber que ainda temos às pressões dos estúdios para seus produtos e que se valoriza mais efeitos do que atores.

            Ah, última recomendação: veja sem 3D, praticamente não há a profundidade e o 3D só tem a ver sim, com faturamento. E deve faturar. É esperar para ver.
           

Nota: 7,0

Imagens:










Trailer:

quinta-feira, 22 de maio de 2014

A saga X-Men nos cinemas



X-Men: O Filme (2000)

            Se hoje em dia, filmes baseados em quadrinhos são tão comuns que são praticamente em sub-gênero em Hollywood. Mas, para a nova geração, saibam que em um passado não muito distante, fazer esse tipo de filme era tão arriscado que a possibilidade de um fracasso era grande. E vou além. Entre Batman – O Retorno, em 1992 e esse primeiro X-Men, em 2000, a relação entre cinema e quadrinhos, foi péssima. Um não se entendia com o outro, TODOS os filmes foram de péssima qualidade (como “Batman & Robin e Spawn – O Soldado do Inferno) e um fracasso maior do que o outro.

            Foi preciso um sujeito que entendia o universo dos quadrinhos e com a alma cinematográfica para realizar um filme quase autoral e que agradou a gregos e troianos. Esse sujeito é Bryan Singer, que, até então, tinha no currículo “Os Suspeitos” e “O Aprendiz”.

            Muita gente não acreditava que “X-Men” daria certo. Quadrinhos ainda eram vistos como algo de criança e na época a própria Marvel não estava lá muito em alta. E como se não bastasse isso, o estúdio, Fox, não valorizou o trabalho de Singer: liberou “apenas” 75 milhões de dólares para a realização deste filme e, com esse orçamento, Bryan Singer “tirou leite de pedra” para realizar uma superprodução. E ainda obrigou o diretor a entregar o filme no meio do ano 2000, quando o combinado era no final do ano.

            Mas o resultado deu mais do que certo.

            O filme foi um sucesso de público e crítica. Os grandes trunfos de X-Men são se levar a sério e tratar o produto como filme de gente grande, sem se esquecer dos pequenos, que leram o gibi pela primeira vez.

            “X-Men: O Filme” nos mostra como Wolverine se integrou à equipe e salvou Vampira de um bar de arruaceiros e levou à escola de Xavier.

            Também nos apresentou os heróis Tempestade, Jean Grey e Cyclope, e, claro, os ex-amigos, que viraram rivais por defender a mesma ideologia, mas de maneiras diferentes: Charles Xavier defende que humanos e mutantes devem viver em harmonia, ao passo que Magneto diz que mutantes são superiores e humanos devem ser dizimados.

            Uma das coisas mais marcantes dos X-Men dos quadrinhos é a questão do preconceito: os mutantes são tratados como “aberração” e a história das HQs fala muito da não aceitação de seres tão “diferentes” como os mutantes.

            Há cenas de ação empolgantes, como a primeira aparição da Mística no helicóptero e o sequestro da Vampira realizado por Magneto.

            Não devemos nos esquecer de que o filme revelou o Hugh Jackman, até então desconhecido e hoje dos atores mais famosos e respeitados de Hollywood, além de confirmar seu personagem, Wolverine, até os dias de hoje. Seu talento não se resume apenas ao herói da Marvel, ele faz (e gosta de fazer) muito filme mais “sério”, como “Os Miseráveis” e “Fonte da vida”, de Darren Aronofsky. Fica difícil desassociar Wolverine de Jackman. E pensar que o papel quase ficou com Dougray Scott...

            Mas o filme não é só Wolverine. Embora ele seja o herói mais famoso da equipe, Bryan Singer tentou (e conseguiu) equilibrar os personagens e fazer a plateia leiga conhecer e identificar outros integrantes do elenco. Ian McKellen faz um Magneto absolutamente frio e calculista e com o nível de maldade que o personagem exigia. Foi vendo esse filme que Peter Jackson chamou-o para viver Gandalf em “O Senhor dos Anéis”.

            Temos Patrick Stewart fazendo um Xavier perfeito, Halle Berry com uma tempestade muito interessante e Famke Janssen dando vida com competência à sua Jean Grey.

            E temos, claro, a nossa Vampira vivida por Anna Paquim. Para quem não conhece a personagem, a Vampira não pode tocar em ninguém, pois isso pode causar a morte da pessoa. Ela é resgatada por Wolverine logo no começo do filme, trata o herói como um pai e vai para a escola de Xavier para tentar controlar seus poderes.

            Na época do filme, Anna Paquim tinha só 18 anos e surpreendeu à todos com seu Oscar de Atriz Coadjuvante por “O Piano” em 1994, com apenas 11 anos de idade. Além de sua Vampira, Anna teve sua carreira dando mais um salto com a série da HBO, True Blood.

            Há algumas falhas no filme, claro. A maioria por culpa da Fox, que não valorizou o produto que tinha, e como o mundo dá voltas, o filme foi um sucesso e faturou cerca de 5 vezes mais seu orçamento, dando sinal verde para continuação...


Nota: 9,0





X-Men 2 (2003)

Uma diferença crucial para esse filme em relação ao de 2000 é a expectativa. Naquela ocasião, ninguém levava quadrinhos a sério. Mas aqui, 3 anos depois, a situação era outra. Os mutantes já haviam conquistados novos fãs com essa mídia nova chamada cinema e a Marvel estava em ascensão. No ano anterior, em 2002, é lançado o fenômeno “Homem-Aranha”, que não só arrecadou milhões, gerou mais uma legião de fãs, mas foi um filme-evento feito com a alma. Mais do que cenas de ação, ficou marcado o drama do herói e a antológica cena do beijo na chuva entre o Aranha e Mary Jane.

Com esse cenário, “X-Men 2” entrou com uma tremenda obrigação de fazer um grande filme de quadrinhos. E conseguiu!

“X-Men 2” é tão bom quanto o filme original, e o supera em muitos aspectos, mas também pudera, o orçamento quase dobrou (agora são 120 milhões de dólares) e Bryan Singer teve muito mais liberdade para fazer seu filme, sem os executivos da Fox no seu pé.

A seqüência de abertura está seguramente entre as melhores dos quadrinhos no cinema, com o ataque à Casa Branca feito pelo Noturno. E a cena final, com os mutantes invadindo a mesma Casa Branca, é épica.

A questão do preconceito está muito mais visível, principalmente na pele de William Stryker, ex-conhecido de Wolverine e tem um plano de exterminar mutantes.

Magneto começa o filme na prisão, mas logo escapa, deixando sua principal aliada, Mística, cuidar de seu plano na guerra contra os humanos.

O drama da Vampira está mais forte porque dessa vez ela se apaixona pelo seu colega de turma, o Homem-de-gelo. Seus dilemas também serão um ponto chave do filme.

E por falar em paixão, como não falar em Jean Grey, que tem que escolher entre seu amor de adolescência, Cyclope e seu novo amor, Wolverine.

E também temos a Tempestade, vivida por Halle Berry. Fresquinha pelo seu Oscar em 2002 por “A Última Ceia” (mas depois viu sua carreira ruir do ano seguinte com “Mulher-Gato”), desta vez, ela tem um papel de destaque maior, principalmente porque Xavier está mais enfraquecido neste filme e ela se torna a líder dos mutantes de certa forma.

“X-Men 2” é um grande filme. Funciona como exercício de reflexão sobre o preconceito ou como um grande filme de ação.

É um filme ainda hoje lembrado com carinho por muitos fãs.

2003 só teve adaptação horrorosa de quadrinhos, como “Demolidor – o homem sem medo” e “A liga extraordinária”, mas, “X-Men 2” de Bryan Singer, se sobressai.

Nota: 9,0





X-Men 3: O Confronto Final (2006)

Se fôssemos fazer uma lista com os filmes mais problemáticos em sua concepção, possivelmente os primeiros lugares estariam entre os clássicos “O Exorcista” e “Apocalypse Now”. Mas se fosse uma lista com os filmes mais problemáticos para se realizar de quadrinhos, com certeza “X-Men 3: O confronto final” estaria no topo da lista. E em parte, por causa do próprio realizador dos dois primeiros filmes: Bryan Singer.

Para quem não sabe, o herói favorito de Singer é o Super-homem e, após ter ganhado todo o prestígio com os dois primeiros filmes dos X-Men, ele queria porque queria fazer um filme do homem-de-aço. Mas, o Super-homem é um herói da DC Comics e todos os seus direitos estão sob os cuidados da Warner Bros. Daí Singer, agora com um cachê bem mais alto, decide dirigir, em 2006, “Superman – O Retorno”. Porém, a Fox, sempre ela, queria lançar “X-Men 3” antes do filme do homem-de-aço. Com a saída de Singer na direção, o estúdio correu para conseguir um diretor para o filme e conseguiu, com Matthew Vaughn, até aquele momento, sem experiência nenhuma na direção.

Mas Matthew saiu do projeto no meio das filmagens, exatamente por não aguentar a pressão e do estúdio colocar palpite em tudo. E novamente sem um diretor, a Fox dessa vez procurou um diretor que não desse palpite no roteiro nem no resultado do filme, daí o nome chamado foi Brett Ratner.

Ratner é um cineasta sem uma marca definida e aceita tudo o que o estúdio lhe manda, sem dar palpite em nada e estando na cadeira de diretor sabe-se lá por que.

TODOS seus filmes são indignos de nota e, pelo bem da sétima arte, seu último filme foi em 2007 com “A hora do rush 3”.

Bom, com todos esses fatores negativos e tumultuados, saber que “X-Men 3: O confronto final” saiu e que o filme não é ruim, é até um alívio.

Na verdade, se contar somente o roteiro, “X-Men 3: O confronto final” tem a melhor ideia da série. O filme tem como história central a cura para os mutantes e transformá-los em humanos comuns. Magneto, claro, não gosta nada disso e declara guerra à humanidade, recrutando um numeroso exército de mutantes.

O melhor arco da história é, claro, a saga da Fênix. Jean Grey, que morreu no final do segundo filme, volta como Fênix, dessa vez como vilã e com poderes quase infinitos.

Outro arco muito bem feito, apesar de rápido, foi o da Mística. Logo na abertura, ela está presa, mas Magneto a resgata. Por um acidente, um policial atira nela a “cura”, fazendo-a perder seus poderes de Mística e se tornando uma humana comum.

Mas o filme tem falhas. E graves! A principal delas é o excesso de personagens, a grande maioria mal explorados e com a clara pressão de colocar coisas demais e assuntos demais em um filme que tem cerca de 100 minutos.

Com essa história de cura, a personagem da Vampira sofre o dilema de se transformar em uma pessoa “normal” ou continuar como mutante e não trair seus companheiros. Seria uma história interessante e cheia de sentimentos e metáforas a ser explorada, mas sua participação é tão rápida e superficial que mal dá para se envolver emocionalmente. E até a Kitty Pride, papel da irresistível Ellen Page, grande personagem dos quadrinhos, aqui é uma coadjuvante de luxo e há somente uma luta bacana com ela atravessando paredes contra o Fanático.

Falta sentimento e competência em “X-Men 3: O confronto final”. E assistindo a esse filme, ficou mais claro que, cinema tem que ser feito por pessoas que entendam e valorizem o material que tem. Os engravatados de Hollywood, que só querem faturar acima de tudo, precisam de uma aula de roteiro e de atuações.

Nota: 7,5





X-Men Origens: Wolverine (2009)

Como Wolverine é o personagem mais famoso do universo “X-Men”, e Hugh Jackman estava em alta na sua carreira, nada mais justo do que dedicar um filme inteiro só para contar a história desse herói.

A premissa era bacana, contar a história de Logan (nome “real” do Wolverine) e transformar suas origens em uma nova franquia.

O ator é o mesmo, o estúdio é o mesmo e o diretor, Gavin Hood, fez, em 2005, o longa sul-africano Tsotsi, que faturou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Mas o resultado é um lixo!

Há os mesmos problemas de “X-Men 3: O confronto final”, o excesso de personagens e a falta de foco.

O Wolverine, que deveria ser o protagonista e o foco das situações, aqui é um coadjuvante sem luxo, um roteiro sem pé nem cabeça e dividindo a tela com uma batelada de personagens sem expressão.

No primeiro “X-Men”, tivemos um Dente-de-Sabre arrebatador e com uma cena sensacional com o Wolverine, aqui, é vivido pelo apático Liev Schreiber. O estúdio fez a desgraça de chamar o rapper Will.I.Am para fazer o filme (!), mas nada se compara ao Deadpool, vivido por Ryan Reynolds. Ele é um ator tão ruim quanto a maioria de seus filmes e não contente com isso, ele faz 3 filmes horríveis de quadrinhos.

Você leu certo. 3 filmes ruins de quadrinhos. Além desse aqui, ainda teve em 2004, “Blade Trinity”, mas o fundo do poço foi em 2011, com uma das piores adaptações de quadrinhos da história, com o insuportável “Lanterna Verde”.

Não tinha como dar certo!

Nota: 1,5





X-Men: Primeira Classe (2011)
Após duas más impressões com a franquia X-Men, a Fox sentiu-se na obrigação de entregar à plateia um produto digno de nota em relação aos mutantes. Daí veio a ideia de fazer um reboot da história.

Mas, alto lá! Ninguém via com bons olhos a ideia de recontar a história que todo mundo sabia – e ainda com um elenco até então desconhecido. E tudo se pôs mais a perder com os trailers e materiais divulgados em relação ao filme. Um pior e mais brega do que o outro deixando o público ainda mais desconfiado.

            E, talvez, por conta disso, “X-Men: Primeira Classe” tenha sido o pior faturamento da franquia até agora.

            Mas, ao ver o filme, que surpresa agradável.

            Que filme arrebatador!

            Uma história ao mesmo tempo envolvente, sob um ponto de vista drasticamente diferente do que vimos até então e um ótimo retrato da loucura da Guerra Fria.

            E como já dito, o elenco era desconhecido, mas foi ficando mais famoso com o tempo. E aqui, o diretor Matthew Vaughn só trabalha com os melhores.

            O principal nome é, claro, o de Jennifer Lawrence. Nesse curto espaço de tempo, ela se torna a atriz mais requisitada de Hollywood, já com um Oscar por “O Lado Bom da Vida” e com mais uma franquia no cinema, no caso, “Jogos Vorazes”. Sua Mística é uma dessas coisas únicas do cinema.

            January Jones, uma atriz tão irresistível quanto talentosa, faz a fria Emma Frost, é a Betty da série Mad Men. Ela está um arraso como a esposa dedicada do vilão Sebastian Shaw, papel de Kevin Bacon.

            E por falar em Kevin, aqui ele faz um vilão frio e calculista e faz seu melhor papel em muitos anos.

            Mas o melhor personagem aqui é o de Erik/Magneto, vivido pelo grande ator Michael Fassbender. Ele faz o filme soltar faíscas misturando a sua busca de vingança pelos seus pais e sua ideologia que a raça mutante é superior. E quase não sentimos falta do Magneto de Ian McKellen.

            Quem disse que um reboot não pode ser superior à obra original?

            “X-Men: Primeira Classe” é O MELHOR filme dos mutantes até agora. Foi ousado na sua ideia e concepção e nos fez lembrar que ainda há os blockbusters feitos com inteligência.
            “X-Men: Primeira Classe” é um filme único e inesquecível!

Nota: 10,0





Wolverine: Imortal (2013)

A Fox fez de tudo para o povo esquecer o filme de 2009 e entregar um filme praticamente original. E conseguiu. Esse Wolverine: Imortal é um reboot da história do herói mais famoso da saga e ainda respeitou suas origens, colocando-o, dessa vez em um filme genuinamente seu e agora como o centro da história.

A trama de Wolverine: Imortal acontece após “X-Men 3”, com sua amada Jean Grey já morta, ele passa a viver como um ermitão. Seu romance com a jovem Mariko convence, assim como os diversos flashbacks entre Wolverine e Jean Grey.

A trama de Wolverine: Imortal é cheia de furos, é verdade. Há uma grande quebra de ritmo no 2º ato e o diretor, James Mangold (de “Johnny e June”) alça vôos menores e menos ousados para um herói com essa importância.

Mas, por comparação ao filme de 2009 e a expectativa lá em baixo, o resultado foi satisfatório. E um alívio!

Nota: 7,0