terça-feira, 29 de outubro de 2013

Lovelace

Lovelace (Idem)


Direção: Robert Epstein & Jeffrey Friedman

Ano de produção: 2013

Com: Amanda Seyfried, Peter Sarsgard, Chris Note, Bobby Cannavale, Robert Patrick, Sharon Stone, James Franco, Juno Temple, Wes Bentley.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 16 Anos


Lovelace é mais correto e não menos interessante.

            No início da década de 1970, dentre várias manifestações pelo mundo da contracultura, uma das reivindicações mais profundas foi a luta pelo direito das mulheres. As mulheres queriam, e com razão, acabar com a dominação masculina de séculos e ter seus próprios direitos. Nesse cenário, uma garota aparentemente sem graça, tímida, cheia de sardas e com pais religiosos, se transforma em símbolo da emancipação feminina e da revolução sexual da época. Esta é Linda Lovelace, que protagonizou o polêmico filme pornô “Garganta Profunda”, se tornou um fenômeno e ostenta, até hoje, o status de pornô mais visto da história, estima-se que a renda ultrapassou 600 milhões de dólares. Linda ganhou fama e dinheiro. Essa história até poderia ser um conto de fadas, mas, na verdade, é uma história dramática. Depois dessa fama repentina, Linda começa a apanhar, a sofrer abusos de seu marido e até ser tratada como objeto de prostituição e de desejo.

            São praticamente 3 filmes em 1: primeiro temos a fase mais certinha de Linda, a convivência com seus pais religiosos (o pai, Robert Patrick e a mãe, Sharon Stone, irreconhecível) e o começo de namoro com seu então, namoradinho carinhoso, Chuck (Sarsgard). Depois, e este é o ápice do longa, é a ascensão e estrelado de Linda, a transformação dessa garota inocente em estrela pornô. Lovelace decide sair da casa dos pais para morar com Chuck e, assim, constituir sua carreira. Nessa passagem, o filme vai acompanhando a transformação dessa menina em uma mulher e os bastidores do filme “Garganta Profunda”. Lembra, inclusive um outro longa sobre o submundo dos filmes pornográficos: “Boogie Nights – Prazer sem limites”, com menos intensidade, é verdade, mas com o mesmo clima de nostalgia. Conforme o tempo vai passando, Chuck se torna um homem violento, a desrespeita, bate nela inclusive no meio da rua, que, com seu passado de atriz pornô, nem a polícia a respeita (em uma cena sensacional) e é, inclusive, vendida à prostituição.

            Na terceira parte, de longe a mais séria, vemos uma Linda mais abatida. Depois dos maus tratos sofridos, ela resolve abrir o jogo. De início, ninguém acredita nela. Ela, inclusive, foi submetida a prestar depoimento com um detector de mentiras. Mas, com seu luta, ela começa a ganhar espaço, aparece nas redes de TV contando sua história e se torna, mais uma vez, símbolo da luta feminina, dessa vez, contra a violência doméstica. ela se torna uma mulher casada com outro homem, Larry Marchiano, tem um filho e adota o sobrenome de seu marido atual, Linda Lovelace é agora, Linda Marchiano.

            Ame ou odeie Garganta Profunda, não dá para negar que a história dessa moça é impressionante e em algum momento, tinha que ser filmada. A fotografia, principalmente a reconstituição de época está perfeita. O figurino é brega, mas, era inevitável pelo universo em que tudo se passa.

            O elenco de apoio incomoda um pouco, tem muitos atores caricatos (como o próprio Peter Sarsgard como marido violento, que não convence nem como ator de verdade e Chris Note, que é ótimo nas séries de TV, mas que, ainda não é um ator de cinema de fato) e que não parecem estar muito à vontade em seus papéis. Até James Franco está péssimo como uma espécie de cafetão de 5ª categoria.

            Muita gente criticou a idéia de deixar o filme menos explícito e mais dramático. De fato, uma história como essa poderia ser um pouco mais ousada. Mas não chega a incomodar, afinal, desde quando o trailer surgiu, ficou claro que era uma biografia da Linda, não bastidores ou história da Garganta Profunda. E o filme usou muito bem o drama da moça para a narrativa em tom dramático, inclusive com direitos a flashbacks.

            Mas o principal mérito do filme é a atuação da Amanda Seyfried como Linda Lovelace. Sua mistura de menina pura e mulher ousada que coube muito bem em todos os momentos do longa, quando se foi exigido. Seu papel está humano e verdadeiro e a escolha da protagonista não poderia ter sido melhor. É verdade que Amanda faz muito filme ruim (alguém gostou de “A Garota da Capa Vermelha”?), mas não dá para negar que, mesmo em algumas escorregadas, ela, do seu jeito, fazia a diferença. E essa “diferença” é visível em Lovelace, afinal, poucas aceitariam um papel tão polêmico como esse. Embora a polêmica não seja tão visível neste filme, mas podemos dizer que o resultado foi honesto.


Nota: 8,0


Imagens:











Trailer:


Os 10 melhores filmes de terror

10 – A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (Sleepy Hollow)


Direção: Tim Burton

Ano de produção: 1999

Com: Johnny Deep, Christina Ricci, Christopher Walken, Miranda Richardson.

Classificação Etária: 16 Anos



            Quem disse que Burton não sabe fazer filmes mais sérios? É verdade que seu estilo excêntrico já conhecido também está presente por aqui, mas não dá para negar a maturidade artística alcançada nesta obra. Em mais uma parceria com seu melhor ator, Johnny Deep, Tim Burton faz um grande trabalho em “A lenda do cavaleiro sem cabeça”. É baseado em um conto do século XIX e contém, além de Deep no elenco, a presença de Christina Ricci (que, um dia foi uma atriz promissora) e Christopher Walker como vilão. Com um figurino e produção impecáveis, junto com uma direção de arte vencedora do Oscar, “A lenda do cavaleiro sem cabeça” está para sempre em nossa memória e por isso, abre essa lista.






9 – Drácula de Bram Stocker (Bram Stocker´s Dracula)


Direção: Francis Ford Coppola

Ano de produção: 1992

Com: Gary Oldman, Winona Ryder, Anthony Hopkins, Keanu Reeves.

Classificação Etária: 14 Anos


Nesta 9ª posição, mais um caso que arte e terror podem e devem andar juntos. Baseado na obra do escritor irlandês, Bram Stocker, esse filme aqui mostrou que algo que parecia obsoleto para as novas gerações poderia ser algo realmente assustador, respeitando as tradições do livro e respeitando a época do filme, no caso, o início dos anos 1990. Era difícil imaginar uma obra dessas, depois de ter sobrevivido aos anos 1980 com “A hora do pesadelo” e “Sexta-feira 13” e cair na acolhida popular. Foi um grande sucesso de público e crítica e nos dias de hoje, com o terror mais explícito e sensacionalista, merece estar em qualquer seção na TV de como fazer um grandioso filme de terror com arte. O elenco não poderia ser melhor e o que mais chama a atenção é o nome do diretor: Francis Ford Coppola. Com seu jeito poderoso (sem trocadilhos) e peculiar de conduzir seu trabalho, Coppola acerta em cheio no tom da trama e ainda com uma produção maravilhosa, vencedora nas categorias de Figurino, Som e Maquiagem em 1993. Justiça foi feita. Para sempre Drácula. Para sempre Coppola.






8 – Carrie – A Estranha (Carrie)


Direção: Brian de Palma

Ano de produção: 1976

Com: Sissy Spacek, Piper Laurie, John Travolta, Amy Irving, Nancy Allen

Classificação Etária: 16 Anos


Carrie – A Estranha, de Brian de Palma, foi a primeira adaptação para o cinema de uma obra de Stephen King. e também dos primeiros filmes de Brian. Em uma época que Hollywood estava em alta com o cinema de autor, de Palma enxergou  na obra de King algo a mais além do terror sobrenatural, que foi algo vigoroso e uma história que ultrapassaria o real com o fantasioso. É quase uma fábula, mas, ao mesmo tempo, não deixa de ser uma história real. Afinal, o Bullying sofrido pela protagonista pode acontecer com qualquer um. Com uma atuação primorosa de Sissy Spacek, inclusive, indicada ao Oscar pelo papel, Carrie – A Estranha abriu, com estilo, a safra de obras de Stephen King no cinema. E com as seqüências próximas do final absolutamente inesquecíveis.






7 – O Bebê de Rosemary (Rosemary´s Baby)


Direção: Roman Polanski

Ano de produção: 1968

Com: Mia Farrow, John Cassavettes, Ruth Gordon.

Classificação Etária: 16 Anos


Com o intuito de esconder o terror proposto pelo longa, Roman Polanski foi além: para quem consome só as imagens, não há nada que declare que O Bebê de Rosemary seja um filme de terror. Mas, para quem presta atenção nos diálogos e na história, está se deparando com um dos melhores do gênero. Perturbador e psicológico, o filme gerou polêmica pelo satanismo e idéia de a mulher dar a luz ao próprio capeta. Anos à frente de seu tempo, O Bebê de Rosemary é copiado e cultuado até hoje. O filme venceu o Oscar de Atriz Coadjuvante para Ruth Gordon. Mas, o maior trunfo do filme, que é o papel de Mia Farrow, nem sequer foi indicado. Vai entender.







6 – Na Hora da Zona Morta (The Dead Zone)


Direção: David Cronemberg


Ano de produção: 1983
Com: Christopher Walken, Brooke Adams.

Classificação Etária: 14 Anos


            A hora da zona morta é o filme mais estranho desta lista. Esta é mais uma adaptação ao cinema para uma obra de Stephen King e o resultado é tão maluco quanto quase todas as obras de Cronemberg. Quando o personagem de Walken sofre um acidente de carro, fica 5 anos em coma. Perde tudo, inclusive seu amor, mas ganha poderes sobrenaturais. Só posso dizer isso da história. Quanto menos se sabe, melhor. O que Walken faz com os poderes é o ponto chave da história. Cruzem os dedos!!!!







5 - Alien – O 8º Passageiro


Direção: Ridley Scott

Ano de produção: 1979

Com: Sigourney Weaver, John Hurt.

Classificação Etária: 16 Anos


            NO ESPAÇO, NINGUÉM PODE OUVIR VOCÊ GRITAR. Sim, com esse slogan o filme foi anunciado no final dos anos 70 para exatamente dar um clima do que vivia.
            Alien não é só dos melhores filmes de terror e ficção científica do cinema, mas trouxe das pouquíssimas mulheres protagonistas num filme denso desses, virou referência, transformou a cientista Ripley (Weaver) como símbolo de resistência feminina e usou a mesma técnica de Spielberg em Tubarão: esconder o monstro e deixar para a própria platéia tomar suas decisões. E assusta muito.
            Teve mais 3 continuações: “Aliens: O Resgate”, “Alien 3” e “Alien – A Ressurreição”. Mas, nenhuma teve o impacto que “O 8º passageiro ainda provoca.







4 – O Silêncio dos Inocentes (The Silence of the Lambs)


Direção: Jonathan Demme

Ano de produção: 1991

Com: Jodie Foster, Anthony Hopkins, Scott Gleen.

Classificação Etária: 16 Anos


            Muito filme de terror por aí quer assustar a platéia por meios, digamos, sensacionalista. Excessos, excessos e mais excessos. E, na maioria dos casos, não mete medo nenhum. Então, para quê gastar tanto dinheiro e sangue em terror desnecessário? Pois bem, assistindo a “O Silêncio dos Inocentes”, fiquei pensando: por quê gastar tempo e dinheiro com tantas coisas mirabolantes se dá para meter muito medo na platéia só com o olhar frio e calculista de Hannibal Lecter? E ainda, um filme que praticamente “não mostra nada” de explícito e provoca, até hoje, calafrios na platéia. Tudo isso se deve à muita competência e talento de todos os envolvidos. O Silêncio dos Inocentes é um dos melhores filmes de Serial Killer da história. Gerou fãs, cultura e continuações. Os três filmes seguintes, “Hannibal”, de 2001, “Dragão Vermelho”, de 2002 e “Hannibal – A Origem do Mal, de 2007 não chegam nem aos pés de O Silêncio dos Inocentes. O filme foi o grande vencedor do Oscar de 1992, venceu nas categorias de Filme, Direção, Roteiro Adaptado, Ator (Hopkins) e Atriz (Foster). Além de vencer nas 5 categorias do chamado ”super 5”, o fato de um filme de terror ter tanto prestígio e reconhecimento em uma premiação como o Oscar, torna “O Silêncio dos Inocentes” como único.







3 – O Exorcista (The Exorcist)


Direção: William Friedkin

Ano de produção: 1973

Com: Linda Blair, Ellen Burstyn, Max Von Sydow, Jason Miller.

Classificação Etária: 18 Anos


            Quando se fala em filme de terror que assusta, qual é o primeiro nome que vem à cabeça? Imagino que, para muitos, o nome será O Exorcista. Sim, já com 40 anos de seu lançamento, várias continuações e reboots. Todos horrorosos. E com diversas paródias, é impressionante como nada disso anula o impacto que O Exorcista ainda provoca. Não existe nenhum outro filme do gênero com tantas histórias malditas relacionadas em si. Nas filmagens, 8 pessoas morreram, muitos feridos, inclusive atores e o filme quase não foi lançado. Os filmes seguintes, “Exorcista 2 – O Herege”, “Exorcista 3” e O “Exorcista – O Início” foram todos um fiasco de bilheteria e ambos foram detonados pelos críticos. Linda Blair, a atriz que faz a menina possuída pelo demônio, Regan, nunca mais fez nada de bom no cinema. Nas seções do filme aqui no Brasil, tinham até paramédicos na porta do cinema, pois o número de pessoas que passavam mal era extensa.
 O filme venceu 2 Oscars, de Som e Roteiro Adaptado. Mas merecia mais, principalmente o Oscar de Atriz Coadjuvante para Linda Blair.
Amado pelos fãs de terror, odiado pelos mais conservadores, é impossível assistir a O Exorcista com indiferença. 








2 – O Iluminado (The Shinning)


Direção: Stanley Kubrick

Ano de produção: 1980

Com: Jack Nicholson, Shelley Duvall, Danny Lloyd.

Classificação Etária: 16 Anos


            Dentre todas as adaptações para o cinema de livro do Stephen King, “O Iluminado” é, de longe, a mais polêmica. Na época do lançamento, o filme foi destruído pela crítica, apesar de ter ido bem de bilheteria. Dentre as alegações dos críticos, estavam os que falavam mal do papel de Wendy, a esposa do protagonista, ou do próprio papel de Nicholson. Falaram mal até da Direção de Arte, principalmente no que diz à imagem límpida e dos cenários, de certa forma, belos. Até a escolha de Kubrick para dirigir foi alvo de críticas. Era a última coisa que se esperava de um diretor com fama de intelectual. Mas, nada como o tempo para curar tudo. O Iluminado se tornou não só um grande clássico de terror, como um dos melhores filmes da história, mas, também, uma grande aula de como gerar um clima e eternizar os personagens para sempre. Há seqüências históricas, como aquela mostrada no trailer, da tela banhada de sangue, e, claro, da famosa “Aí vem o Johnny”, que é copiada até hoje e jamais superada. Kubrick tomou a liberdade de alterar muita coisa do livro, o que gerou polêmica. Mas, ao meu ver, isso deve ser visto de forma positiva, afinal, é uma nova forma e ponto de vista de enxergar a mesma arte. O próprio King odiou o filme. Outra injustiça, pois O Iluminado ajudou a tornar o nome do autor ainda mais popular.

            Há filmes que assustam com uma cena, um momento, mas, no caso de O Iluminado, o filme te faz pular da cadeira, só com um letreiro que diz “TERÇA-FEIRA” em letras garrafais e com um acorde no fundo. E também te faz se assustar com uma simples foto, que é o final do filme, que não contarei aqui.

            São idéias únicas que só poderiam ter saído da cabeça de Kubrick. Que tinha muito de louco e genial ao mesmo tempo. 








1 – Psicose (Psycho)


Direção: Alfred Hitchcock

Ano de produção: 1960

Com: Anthony Perkins, Janet Leigh, Vera Miles, John Gavin, Martin Balsam

Classificação Etária: 14 Anos


            No início do ano, saiu o filme Hitchcock, que mostra os bastidores de Psicose e a obsessão do cineasta em tocar a obra para frente. Afinal, ninguém botava fé que aquilo daria certo, principalmente por matar a mocinha na metade do filme, naquela cena icônica do assassinato no chuveiro ao som de um acorde eternizado. Para alguns, na verdade, a cena é mais famosa do que o próprio Psicose. Grande injustiça. Psicose não é só o número 1 dessa lista como O MELHOR FILME DE TERROR DA HISTÓRIA, mas mostra que grandes filmes nunca ficam datados, e, conseqüentemente, não morrem com o tempo. Psicose também quebrou os paradigmas de sua protagonista, não só por ela morrer na metade do filme, que é uma ousadia tão peculiar que ninguém usa até hoje, mas que ela não é necessariamente boazinha. Afinal, Marion (a mocinha em questão), rouba de seu chefe, a quantia de 40 mil dólares e foge até encontrar o Motel Bates na estrada. E do que dizer do vilão? Norman Bates, dos maiores e mais perturbadores seriais killers da história. Seu rosto frio e sorriso manipulador provocam calafrios até hoje, 53 anos do lançamento do filme.

            Como muita coisa na vida é injusto, Psicose não levou nenhum Oscar. Aliás, Hitchcock jamais venceu um Oscar na carreira, exceto seu Oscar Honorário em 1968.

            Após esse clássico, todas as continuações, produtos e qualquer coisa relacionada à Psicose, resultaram em grandes porcarias e fracassos, principalmente o “Psicose” de 1998 de Gus Van Sant, que fez uma “xerox” do filme de 1960 e fez, quadro a quadro o filme original, como homenagem a Hitchcock. Mas o resultado foi desastroso. Já pela escolha do elenco e pelo fato de o filme não ter clima nem empatia. O resultado foi um fiasco e muitas indicações ao troféu Framboesa de Ouro em 1999, inclusive o prêmio de pior diretor para Gus Van Sant.

            Neste ano, porém, em 2013, a coisa mudou um pouco. As homenagens ao mestre foram muito bem sucedidas e ótimas de se ver. Primeiro com o filme feito pela HBO, “A Garota”, sobre os bastidores do clássico “Os Pássaros”. Depois, como já citado, o filme Hitchcock, com Anthony Hopkins no papel principal e Scarlett Johansson como Marion. Mas nada se comparou com a série do canal Universal, Bates Motel, que encerrou sua 1ª temporada recentemente e a segunda logo vem aí. Originalíssima, ousada e que valorizou, fundamentalmente, o elenco, que tem, tanto a veterana Vera Farmiga como a mãe do vilão, como também Freddie Highmore como o Norman Bates, com destaque para a ótima estreante, Olivia Cookie, como a doce Emma, primeira namorada do serial killer.

            Uma obra qualquer, seja filme ou série, que vire fenômeno pop já é algo difícil. Mas, se tornar um fenômeno 5 décadas depois, umas duas gerações depois e sempre ser citado é coisa que, não só poucos conseguem, como só quem é excessivamente bom é lembrado e citado como gênio. Um gênio chamado Alfred Hitchcock.





quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A Origem dos Guardiões

A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians)


Direção: Peter Ramsey

Ano de produção: 2012

Vozes de: Chris Pine, Hugh Jackman, Jude Law, Isla Fisher, Alec Baldwin.

Gênero: Animação

Classificação Etária: LIVRE



Muita magia e nostalgia em “A Origem dos Guardiões”.

            As duas distribuidoras mais poderosas, presentes e definitivas do mercado da animação são a Pixar e a DreamWorks. E não é de hoje. Não tem jeito, no período de férias as duas se digladiam para chamar a atenção da garotada e entregar um melhor produto ao seu público. Há tempos existe essa briga no período de férias. Este ano, em 2013, a disputa ficou entre “Universidade Monstros”, da Pixar e “Turbo”, da DreamWorks. A Pixar levou a melhor na qualidade e na bilheteria, mas ambas perderam para o fenômeno que foi “Meu Malvado Favorito 2”, da Fox. Convenhamos, o filme da Fox é muito melhor que os dois juntos.

            E no ano passado, além de seu filme de férias, que foi “Madagascar 3 – Os Procurados”, a DreamWorks, para manter a tradição de lançar 2 filmes por ano, nos agraciou, perto do fim do ano, com uma animação totalmente mágica e que nos volta à criança em cada um de nós: “A Origem dos Guardiões”, sucesso de público e crítica, que, infelizmente, ficou de fora pela corrida pelo Oscar de Filme de Animação este ano. Injustiça total, considerando que “Piratas Pirados” foi indicado. Mas quem precisa da Academia, quando se tem um grande elenco de dubladores e principalmente um elenco mágico como Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Fada do Dente, Sandman e Jack Frost. Todas essas eram nossas lendas e crenças da infância, e como é bom rever todos esses seres, agora na fase adulta e ver o quando às vezes é bom acreditar em algo abstrato. Só um parêntese, é muito fácil nos dias de hoje, com o ceticismo presente em nossas vidas e fazer pouco caso das nossas ideologias quando crianças. Nunca deixamos de ser crianças, basta ver que, ainda temos muitas crenças que podem ser consideradas abstratas (horóscopo, religião) e o mais importante é respeitar o espaço do outro e aceitar àquilo que não nos convém. Além do mais, não é nada de mais a fuga da realidade. Pelo contrário. O cinema, em especial o hollywoodiano, foge do real todo ano com produções mais fantasiosas com efeitos cada vez mais avançados.

            Alguns exemplos de filmes de fantasia, como “Harry Potter” e “Senhor dos Anéis” não são muito diferentes de uma crença a, por exemplo, Papai Noel e Coelho da Páscoa. A diferença está no foco de idade e foco de público.

            Mas, voltando ao filme, “A Origem dos Guardiões” se concentra na história de Jack Frost, que recebeu um recado da Lua para ser um Guardião e proteger as crianças. Ele conhece, então, os demais Guardiões, como o Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Fada do Dente e Sandman. Todos com sua origem e história. Menos Jack, que não sabe nada de sua vida, exceto que é Jack Frost, o “homem de gelo” e precisa provar que pode sim entrar no mundo das crianças. Porém, as crianças não acreditam mais em nenhum desses seres, o que dá brecha para a entrada do mal, um vilão vivido por outro grande ser fantástico da infância: o Bicho-Papão, que aproveita a situação de ceticismo nas crianças e quer a todo custo transformar a vida delas, que era de luz, em escuridão.

            O clima de nostalgia e magia no filme é total. Desde o visual arrebatador até ao clima de final de ano. Para as próximas gerações, esse filme deve ser quase obrigatório nas seções de natal na TV aberta e fechada. O visual fica ainda mais acentuado com a tecnologia 3D: os efeitos delicados, a preocupação com a profundidade e principalmente com alguns detalhes quase imperceptíveis, como os grãos de areia voando na tela e o gelo derretendo na tela. Tudo com muito capricho.

            Outro acerto também foi com a escolha do protagonista. Com tanta gente legal no elenco, era difícil centrar a história em um único personagem. E o roteiro consegue. O escolhido foi Jack Frost, que não é tão conhecido (principalmente aqui no Hemisfério Sul), mas é aquele boneco de neve que nos acostumamos a ver no fim do ano. No cinema, foi retratado no filme “Uma Noite Mágica”, com Michael Keaton. Sua história de superação, à procura de sua origem e o fato de ser “invisível” o tornam mais empático com a plateia, e sua invisibilidade pode ser interpretada como uma metáfora para a juventude atual, com tantas cobranças em cima do visual, aparência e estilo, não é muito incomum alguém na faixa de idade entre 12 e 18 anos se sentir “invisível” de certa forma.

            E claro que um filme com tantos “heróis”, tinha que ter um vilão à altura. O escolhido foi o Bicho-Papão, que os realizadores estavam inspiradíssimos na concepção do personagem e fizeram um vilão realmente assustador, que se aproveita (e enxerga) o medo em cada um. E ainda quer transformar o mundo em uma verdadeira escuridão. É, realmente, uma ode à nossa infância.

            Como nem tudo na vida é perfeito, “A Origem dos Guardiões” derrapa na tentativa de ser mais pop. O visual descolado de seus protagonistas, principalmente do Papai Noel (todo tatuado) e do Coelho da Páscoa gigante incomoda a premissa e não combina com a estrutura até então séria, que “Como treinar seu dragão” faz muito bem. Infelizmente, o filme tem um prólogo demorado e a empatia pode chegar tarde para os menores.

            Fora essas ressalvas, felizmente, são poucas, nada disso anula o impacto que “A Origem dos Guardiões” provoca. Ah, com o sucesso que fez, não estranhe uma continuação.


Nota: 8,5


Imagens:










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