quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Mulher-gato

Mulher-gato (Catwoman)


Direção: Pitof

Ano de produção: 2004

Com: Halle Berry, Benjamin Bratt, Sharon Stone.

Gênero: Ação

Classificação Etária: 14 Anos



Mulher-gato é tão ruim que chega a ser inacreditável.

            Mulher-gato estreou nos cinemas brasileiros em 2004. Na época, os filmes de quadrinhos já tinham ganhado o respeito da indústria, do público e da crítica. Tudo se deve à ousada ideia de Bryan Singer em colocar o universo dos X-Men nos cinemas que parecia infilmável, mas, principalmente pelo fenômeno que foi o Homem-Aranha. No próprio ano de 2004 teve o sensacional “Homem-Aranha 2” estourou todos os recordes e faturou o Oscar de Efeitos Especiais. E nessa época qualquer um se arriscava em adaptações das HQs. E de certa forma ousava em colocar, na linguagem do cinema, um universo tão vasto e profundo como o dos quadrinhos. E até de distorcer também.

            Mas, Mulher-gato foi até as últimas consequências no quesito distorcer a origem.

            O diretor francês, Pitof, peitou a indústria, a Warner e até os fãs, para dar uma nova (mas nova mesmo!) versão da mulher-gato. Não há nada de quadrinhos. Tudo o que se sabe sobre essa personagem não tem nada no filme. O exemplo mais famoso da felina nos cinemas, foi 12 anos antes, em 1992, quando Tim Burton fez seu “Batman – O Retorno”.

            Mas essa foi totalmente fiel aos quadrinhos e respeitou a linguagem cinematográfica: a personagem é Selina Kyle, garota tímida, com poucos amigos e que, após sua morte, ganha poderes de uma felina. E ainda teve Michelle Pfeiffer no papel, que estará sempre em nossa memória.
            Em Mulher-gato de Pitof, a protagonista é Patience Phillips, também tímida e com poucos amigos. Mas não há um só vestígio da Mulher-gato. Batman? Gothan City? Nem o cheiro. Aqui, ela trabalha como designer em uma indústria de cosméticos e, acidentalmente, descobre uma conspiração na fábrica: um novo produto está para ser lançado, mas ele vai destruindo a pele da usuária se ela parar de usar. Ela é descoberta, foge, mas morre na tubulação. Ela é encontrada por uma cambada de gatos, mas é um gatinho radioativo (!) que lhe dá poderes de felina com seu bafo (sim, a cena é assim mesmo).

            Sua vida, a partir daí, muda. Seus relacionamentos profissionais e sentimentais (sim, ela tem um namorado bonitão, que é policial) são afetados. Ela começa a ter poderes de gato e agir como tal: pula de alturas inacreditáveis e teme a água (!). E ainda a heroína é perseguida pela polícia e pelos poderosos da indústria de cosméticos, principalmente de Sharon Stone (em um papel muito, muito estranho), que faz a ambiciosa “Mulher-cimento” (!), que vai se tornando a vilã da história.

            Quando o filme foi anunciado, a ideia não cheirou tão mal. Afinal, não havia problema nenhum em explorar um personagem já famoso. Mas, quando foi anunciada a mudança da origem da personagem, os fãs já chiaram. Mas sabiam eles que esse era o menor dos problemas.
            A desconfiança veio mesmo com as primeiras imagens da produção. A Warner, distribuidora do filme, resolveu colocar um uniforme todo rasgado, que mostrava as curvas da protagonista. O intuito era parecer sexy. Mas, o que conseguiu foi provocar muitas risadas e críticas negativas. E fica a pergunta. Que uniforme horrível foi esse?

            A escolha da protagonista não era ruim. Halle Berry estava fresquinha com seu Oscar de Melhor Atriz em 2002 por “A última ceia”. Ela é linda, então, um papel sensual, em teoria, ia cair bem. E ela aceitou numa boa. Sem saber o constrangimento que isso causaria, na sua vida pessoal e profissional.

            Tentei, de verdade, encontrar alguma qualidade em “Mulher-gato”. Não consegui. São os clichês dos mais passados no cinema, como a mocinha injustiçada, os poderosos da indústria... Como se não bastasse, os efeitos são da pior qualidade que o estúdio pode proporcionar. Tudo é tão artificial que fez com que aqueles efeitos utilizados na década de 1930, em King Kong, serem inovadores. É difícil de esconder o constrangimento na luta entre a Mulher-gato e Mulher-cimento.

            Ainda tem o roteiro preguiçoso, com diálogos dos mais sem sentido da história. Algumas piadas tão grosseiras que não sei o que tem a ver com filmes de super-heróis. É tão chulo que nem American Pie utilizaria. A protagonista ainda fala igual gato, mia e tem um sotaque de chorar.

            Não sei o que os realizadores estavam com a cabeça para fazer tudo isso, mas o tiro saiu pela culatra.

            O filme, obviamente, foi um fracasso de público e crítica. Sinceramente, ainda não encontrei quem gostasse desse filme.

            Mulher-gato foi, também, o grande vencedor do prêmio Framboesa de Ouro (que “premia” os piores filmes) de 2005. Incluindo Pior Filme, Diretor, Roteiro e claro, Pior Atriz para Halle Berry. Ela, aliás, foi lá receber o prêmio. Ela ficou com tanta vergonha do papel que fez questão de receber o troféu e ainda emendou um discurso que considero histórico: “Quero agradecer a Warner Brothers por ter me escalado para fazer essa merda" e alertou seu agente dizendo que "leia o roteiro antes".


Nota: 0,0


Imagens:







Trailer:


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