quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O Lado Bom da Vida


O lado bom da vida (Silver Linings Playbook)

Direção: David O. Russell

Ano de produção: 2012

Com: Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert DeNiro, Jacki Weaver, Julia Stiles, Chris Tucker.

Gênero: Comédia Dramática

Classificação Etária: 14 Anos

Nota: 10



Loucura e lucidez se misturam em “O Lado Bom da Vida” – o melhor filme do ano de 2012.



            Eu fui com muitas expectativas assistir nos cinemas “O Lado Bom da Vida”, não só pelos prêmios que ele tem recebido nem pelas indicações ao Oscar, mas pelas ótimas referências que tive dele, de ser uma comédia original e inovadora, e também porque é dirigido por David O. Russell que fez “O Vencedor” em 2010 e também porque é protagonizado pela sempre ótima Jennifer Lawrence, na qual sou fã declarado. Mas sempre havia um certo receio porque o protagonista é Bradley Cooper, mais conhecido por “Se beber, não case” e porque, Robert DeNiro, que também está no elenco, nos devia um papel digno de nota há décadas, mesmo sendo o melhor ator entre a segunda metade da década de 1970 e a primeira metade da década de 1990. E não é que “O Lado Bom da Vida” superou, e com sobras, todas as expectativas que eu havia colocado e ainda transformou Bradley Cooper num ator de fato e trouxe a melhor performance de Robert DeNiro em anos.




            A história é toda centrada em Pat (Cooper) que foi traído pela esposa, Nikki, o que gerou um estado de bipolaridade nele, tendo que ficar 8 meses em um hospital psiquiátrico, mas que logo no início do filme é retirado de lá pela mãe pois os médicos diagnosticaram que ele estava bom, embora o comportamento dele ainda era bipolar. Ele é obcecado pela idéia de que sua esposa irá voltar, sofre transtornos por causa disso e está pior no sentido psicológico a cada dia. Seus pais são pessoas normais, com defeitos e qualidades de qualquer ser humano, a mãe é mais séria e super protetora, vivida pela ótima Jacki Weaver e seu pai é vivido pelo ótimo Robert DeNiro, que é uma revelação em cena e mostra que não perdeu aquilo que sabe fazer de melhor, que é atuar, e também nos lembra o porquê nós o admiramos.


            Em uma das tentativas de rever Nikki, Pat conhece Tiffany, interpretada pela Jennifer Lawrence (ótima no papel!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!) que também tem uma estranha obsessão pelo ex-cônjuge, considerando que ele já morreu, mas ela não é tão maluca quanto ele, pois Tiffany tem plena consciência do que está fazendo, é muito mais honesta do que Pat, ela fala de forma aberta de todos seus problemas e como ela não consegue convencer Pat que Nikki não voltará, ela propõe ajudá-lo com sua busca em troca de ser seu parceiro em um concurso de dança, causando situações hilárias.




            Um dos grandes trunfos do filme é não estereotipar demais os personagens, todos são gente como nós, humanos e cheios de defeitos e vontades, mesmo com diversas surtadas que os personagens dão (a surtada que Tiffany dá na lanchonete é de chorar de rir!), e mostra que, lá no fundo, todos nós temos nossos estados de loucura – e de lucidez, também. Mesmo personagens “normais”, como o de Robert De Niro, é completamente obcecado por futebol americano e não perde as partidas de seu time por nada, e mesmo o policial que persegue Pat o tempo todo, é bastante incorreto.


            Outra imensa qualidade é que mesmo com essa história relativamente simples e que poderia facilmente se encaminhar para uma comédia romântica americana boboca, como a maioria, aqui temos um filme maduro, um filme de adultos, absolutamente delicioso de se assistir e com um roteiro tão inteligente e arrebatador que quase não se vê em cinema, mas nos dias de hoje se vê mais nas boas séries da TV americana, como “Mad Men” e “Homeland”.

            O filme lembra também as boas comédias americanas, só de se lembrar das mais recentes do quesito inteligência, como “Pequena Miss Sunshine” e “Juno” de você torcer para aquilo que o povo americano adora chamar de “loser” e também que estávamos carentes de uma comédia original sem apelar para a vulgaridade e mostrar como esse gênero é tão difícil de ser feito e tão esnobado pelos festivais, principalmente pelo Oscar.

            As situações são muito bizarras, e já podem ser consideradas para entrar para a história. Quando Pat corre pelo quarteirão de sua casa, vestindo uma camiseta de saco de lixo(!), pensei, meu Deus, de onde o diretor tirou isso? É algo realmente delicioso de assistir, bem como os ensaios da coreografia da dança como a apresentação em si e de seu resultado que todo mundo comemora lá no final (se essa parte não te arrancar gargalhadas, pode procurar um hospital).

            O filme recebeu 8 indicações ao Oscar, não devemos se esquecer que o filme recebeu as 4 indicações para ator (Melhor Ator para Bradley Cooper, Atriz para Jennifer Lawrence, Atriz Coadjuvante para Jacki Weaver e Ator Coadjuvante para Robert De Niro), algo que não acontecia desde 1982, com a grande obra de Warren Beatty, “Reds”), pinta como zebra em melhor filme e diretor, pode surpreender em Roteiro Adaptado e Ator Coadjuvante e é o super favorito a levar o prêmio de Melhor Atriz para Jennifer Lawrence, e olha que se vier estou recomendando, pois o papel dela como Tiffany são dessas coisas únicas no cinema, lembrando-se que o Oscar adora premiar atrizes novas como incentivo à carreira (mas que dá um medo de a carreira dela desandar, como a de Mira Sorvino, se ela ganhar o Oscar, isso dá, kkkkkkkkkkkkkkk)

            Enfim,  um filme como nenhum outro, conseguiu unir aquilo que o cinema tem de melhor, nos mostra do porquê ainda vemos muitos filmes e consegue nos mostrar que a dança pode sim, ser uma alternativa para alimentar o corpo e a alma. Unir cinema e dança, que são duas paixões é algo único de se ver.

            É toda essa soma de valores que fazem de “O lado bom da vida” ser o melhor filme do ano de 2012.






Trailer: