sábado, 9 de junho de 2012

Melancolia (Melancholia)


Direção: Lars Von Trier



Com: Kristen Dunst, Charlotte Gainsbourg, Alexander Skarsgard, Kiefer Sutherland


Ano de produção: 2011

Gênero: Drama

Classificação Etária: 16 anos

Nota: 9


Comentário:

Na coletiva de imprensa do Festival de Cannes do ano passado, em meio ao bombardeio de perguntas ao diretor Lars Von Trier, chegaram a citar o nazismo de Hitler. Ele fez uma declaração polêmica que "entendia Hitler". Essa declaração foi tão infeliz, que a própria Kristen Dunst, protagonista deste filme, o repudiou dizendo que "ninguém pode sair por aí brincando falando que é nazista". Mas isso custou caro a Trier, pois "Melancolia" não foi sequer indicado à Palma de Ouro daquele festival.
Bem, como a nossa função aqui é questionar a obra, o produto e não o pessoal de cada um, vamos falar, então sobre esse filme, Melancolia, que é, na minha opinião, um dos melhores filmes do ano passado, filosófico, profundo, reflexivo e com atores maravilhosos.
Melancolia é um drama dividido em duas partes. A primeira, com o título de Justine, que é o personagem da Kristen Dunst (no melhor papel de sua carreira). Aqui, ela se apresenta, de início, feliz. O filme já começa com um casamento, entre ela e Michael (Alexander Skarsgard) realizado na casa de sua irmã, Claire (Charlotte Gainsbourg) e seu cunhado, John (Kiefer Sutherland). Conforme as coisas vão acontecendo, o psicológico de Justine vai mudando, de noiva feliz ela se transforma em uma mulher indecisa, evasiva, infeliz e angustiada. A principal personagem desta mudança de comportamento é sua irmã, Claire, que a faz enxergar o mundo ao seu redor. Depois de uma rápida transa de Justine com seu colega, Tim, seu marido descobre e, obviamente, se separa dela. E, de presente, ela ainda perde seu emprego.
Na segunda parte, com o título de Claire (a irmã de Justine) vemos, com maior profundidade, o processo de união entre o planeta Terra e o planeta Melancolia. Nesta segunda parte, o interessante são os diálogos. Há discussões sobre a vida neste planeta novo (veja bem, não estamos falando de um filme de Ficção Científica) e a decadência de Justine.
O filme tem inúmeras qualidades e, na minha opinião, apenas um defeito: a loooooonga duração. Os 140 minutos caberiam perfeitamente em 100 minutos, por exemplo. Mas, falando das qualidades, temos Justine e Claire, duas ótimas personagens com diálogos de roer a unha. Justine, aliás, é uma referência à Justine do Marquês de Sade. A direção de Trier beira ao sublime. Logo nos créditos de abertura, temos a personagem de Kristen Dunst olhando para a tela e os objetos se movendo em uma câmera lentíssima. A sequencia final, que não contarei aqui, poderia ser um porre de efeitos especiais. Mas Trier transforma isso em algo, digamos, poético. Aliás, uma qualidade dos filmes de Lars Von Trier é a ausência e crítica ao totalitarismo. Sendo assim, espero que a referência infeliz ao regime nazista tenha sido apenas uma brincadeira.
Por este filme, Kristen Dunst venceu, e com méritos, o prêmio de Melhor Atriz em Cannes. Já este filme foi esnobado na Palma de Ouro do mesmo festival. O prêmio máximo ficou com o anêmico "A árvore da vida". Eu não preciso nem dizer de qual filme gostei mais.


Imagens:










Trailer do filme: