segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Ted 2


Ted 2

Direção: Seth Macfarlane

2015

Com: Mark Walhberg, Seth MacFarlane, Amanda Seyfried, Jessica Barth, Giovanni Ribisi, John Slattery, Morgan Freeman, Liam Neeson, Jessica Szohr.

Comédia

16 Anos

Ursinho volta aos cinemas sem graça
            Em 2012, Ted chegou fazendo muito barulho e polêmica. A história do ursinho que falava palavrão, bebia, ingeria drogas ilícitas e gostava de paquerar as garotas foi um grande sucesso, arrecadando mais de 500 milhões de dólares nas bilheterias mundiais, o que é um grande feito para uma comédia censura R.

            Aqui no Brasil também fez sucesso e polêmica. Tanto que um deputado queria tirar o filme de cartaz pelo conteúdo, já que ele levou o filho pequeno dele para ver, porque no pôster havia um ursinho fofo.

            Mas esse deputado deveria se informar mais sobre o conteúdo que ele consome, pois todos os trailers, sinopse e materiais promocionais deixavam claro da proposta do filme e principalmente porque o diretor, produtor e roteirista é Seth MacFarlane, que é o criador e também roteirista de Uma Família da Pesada, American Dad e The Cleveland Show. E quem conhece essas animações sabe que não têm nada de infantil.

            E as semelhanças com Ted e as animações de Farlane não param por aí: Seth também dubla alguns personagens dos desenhos e o ursinho é dublado pelo próprio Farlane. E tudo foi feito por captura de movimentos.

            O problema é que Ted foi feito para ser um filme fechado, quase como uma brincadeira de Farlane, mas tamanho foi o sucesso que a Universal queria uma continuação. E agora, em 2015, no meio do verão americano, é lançado Ted 2.

            A história avança 1 ano dos acontecimentos do primeiro filme e agora Ted e Tamy-Lynn são um casal, mas estão em crise. Uma amiga de Tamy sugere ao urso que eles tenham filho como solução, mas como Ted não pode fazer um filho por motivos óbvios eles decidem fazer um por inseminação artificial, que não dá certo (aliás, a cena em que ele e John estão no laboratório onde os espermas são armazenados em uma estante de frascos contendo o líquido cai em John é nojenta, grosseira e desnecessária), daí eles decidem adotar uma criança, mas o Estado decide que Ted não é exatamente uma pessoa e não pode ter os mesmos direitos do que um humano, nem possuir o que uma pessoa “normal” tem, como cartão de crédito e RG. Daí eles decidem entrar na justiça para reverter isso, então entra a figura da advogada Samantha Jackson, vivida pela Amanda Seyfried. E o caso vai se arrastando até os minutos finais.

            Farlane já havia derrapado ano passado com ‘Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola’, que foi um fracasso de público e crítica e esse Ted 2 também está indo mal das pernas. Não está dando prejuízo para a Universal, mas considerando o não-sucesso deste aqui, pelo menos estamos livres de uma terceira parte.

            Duas qualidades do primeiro filme aqui se tornam os maiores defeitos: a captura de movimentos e as referências da cultura pop.

            A computação gráfica é tão falsa que claramente se percebe o fundo verde e alguns momentos, como o ursinho voando, parecem efeitos especiais vindo dos anos 70.

            E se o primeiro filme era uma homenagem ao Flash Gordon e um retrato bacana sobre o nerd que demora a “crescer”, porque demora a se desassociar de seus desenhos e action figures, aqui o nerd é tratado como era há 30 anos: como algo pejorativo. Em um determinado momento acontece a Comic-Com em Nova York e os cosplayers humilham o público nerd com piadas de mal gosto. Não bastasse isso, o próprio Flash Gordon, que era mostrado mais em forma de homenagem do primeiro filme, aqui só faz piadas de superioridade – e algumas racistas também. Sem contar as piadas homofóbicas.

            E ainda a personagem da Amanda Seyfried é o estereótipo da mulher que não se liga na cultura pop: ela não sabe quem é Samuel L. Jackson e confunde Star Wars com Star Trek, por exemplo.

            E o vilão vivido por Giovanni Ribisi volta, desta vez como faxineiro da Hasbro (empresa responsável pelos Transformers), não tem motivação nenhuma e, claro, quer o ursinho a todo custo. Muito mal desenvolvido e com pouco tempo em cena.

            Nem a referência a Clube dos Cinco salva. Primeiro porque ela é toda jogada e não havia necessidade dela, segundo que voltamos ao problema da computação gráfica, uma Amanda Seyfried e um Mark Wahlberg digitais que estão muito longe do espírito do filme de 1985.

            Ao menos a cena em que Amanda Seyfried canta e a abertura que remete aos grandes musicais ficaram bacanas. A cena da Amanda é quase poética, mas entra no clichê do amor à primeira vista, que logo em sua primeira cena fica claro que vai se apaixonar por John.

            Ele, aliás, vivido por Mark Wahlberg, que de protagonista do primeiro filme vira um coadjuvante de luxo e um peso para a história e somente no terceiro ato é que inventaram alguma importância para o personagem.

            Seth MacFarlane tem a sorte e crédito porque o primeiro filme rendeu muito e suas animações viraram ícones da cultura pop, além do mais ele tem muitos amigos que topam trabalhar com ele. Só isso explica a inserção de grandes como Morgan Freeman e Liam Neeson por aqui, e também de uma atriz tão legal quanto Amanda Seyfried, mas os fracassos de Ted 2 e de Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola podem ser um sinal de alerta. Quem sabe seu próximo trabalho seja feito com mais carinho e dedicação e acima de tudo, com mais humildade?

Nota: 3,0

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domingo, 16 de agosto de 2015

Missão Impossível - Nação Secreta



Missão Impossível – Nação Secreta (Mission: Impossible – Rogue Nation)

Direção: Christopher McQuarrie

2015

Com: Tom Cruise, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Jeremy Renner, Sean Harris, Alec Baldwin, Ving Rhames.

Ação

14 Anos

 
Tom Cruise Impossível

            A grandiosa maioria das franquias se esgotam e perdem o fôlego ao chegar em um 5º filme. Isso quando chegam, se não se estragam antes. Harry Potter é uma grande exceção, que chegou até ao 8º filme com a mesma – ou até melhor – qualidade dos primeiros filmes.

            Mas há uma franquia que chegou nos cinemas desacreditada há quase 20 anos e parece inacreditável que tenha chegado ao 5º filme e ainda com uma qualidade igual ou superior ao primeiro filme: Missão Impossível chega com Nação Secreta em um ano muito disputado como esse e em uma temporada de verão que tivemos Vingadores, Jurassic World, Mad Max, entre outros. E não perde nada para nenhum desses – chegando até a superá-los sob muitos aspectos, sobretudo em usar efeitos práticos e à moda antiga. Existe a computação gráfica, ela está lá e é visível, mas o clima de perseguição da ação dos anos 80 deixa um gosto diferente neste novo filme.

            E a franquia não seria nada sem Tom Cruise. Ele andou por alguns anos tentando se reinventar em Hollywood, sobretudo após seu vexame no programa de Oprah Winfrey em 2006 e em alguns fracassos como Operação Valquíria e Leões e Cordeiros.

            Mas agora Tom, aos 53 anos, volta com força total. Principalmente naquilo que já virou a marca da série: Cruise realiza alguma cena que parece impossível e sem o uso de dublês ou efeitos especiais. E para quem achou que sua criatividade havia se esgotado após sua cena em Dubai no filme anterior ainda não viu nada: logo na cena de abertura ele está do lado de fora de um avião em pleno ar e a tensão de seu companheiro para abrir a porta – e errando o lado da porta depois é de tirar o fôlego.

            E ‘Missão Impossível – Nação Secreta’ não possui apenas esta cena de espetacular: há uma perseguição de moto no Marrocos, a sequência debaixo da água em Londres e uma perseguição em um show de ópera, são momentos sublimes no cinema da ação e um grande acerto no lançamento deste filme aqui foi não lança-lo em 3D, mas em IMAX. Infelizmente no Brasil apenas as grandes cidades possuem cinemas com essa tecnologia, mas, para quem puder ver o filme neste formato, estará vendo um grande evento cinematográfico.

            A história começa exatamente do ponto onde termina o filme anterior, Protocolo Fantasma, onde o IMF, ou Fundo Missão Impossível, que é o grupo na qual Ethan Hunt (Tom Cruise), trabalha, descobre que o Sindicato é real, que é uma espécie de “nação secreta”, na qual possui as mesmas habilidades da equipe de Hunt e não bastasse isso, o chefão da CIA, Alan Hunley (papel de Alec Baldwin) rebaixa o IMF à clandestinidade, deixando as decisões de segurança nacional para a própria CIA.

            Neste cenário, Ethan “inexiste” aos olhos do mundo, vive escondido, e seus parceiros, Benji (Simon Pegg) e Brandt (Jeremy Renner) são obrigados a trabalhar para a CIA, mas não demora muito para Hunt entrar em ação: ele descobre quem é o chefe do Sindicato, que é um sujeito habilidoso chamado Soloman Lane e convoca seus amigos para voltar a trabalhar para ele, derrubar o Sindicato e tirar o IMF da clandestinidade.

            Neste cenário, ainda temos a presença de Ilsa Faust, que em determinados momentos aparece trabalhando para Lane e também ajudando Hunt e salvando sua vida. O filme deixa essa dúvida o tempo todo, ela é uma agente dupla e não se sabe para qual lado ela realmente trabalha, se estamos falando de uma mocinha ou de uma vilã, mas nisso a franquia se coloca aos novos tempos colocando uma mulher forte em uma série praticamente dominada pelo sexo masculino.

            E muito fruto de uma grande atriz: essa menina chamada Rebecca Ferguson, nascida na Suécia e com 31 anos de idade, fez o fraco Hércules ano passado, mas podemos dizer que seu primeiro grande filme é este aqui. De expressão fria e calculista que a personagem exigia ela tem tudo – e mais um pouco – para fazer carreira no cinema. A opinião pode não ser unânime, mas é a segunda melhor personagem ao longo do filme.

            Mas não podemos nos esquecer da grande equipe da IMF: Simon Pegg é um alívio cômico que funciona (coisa difícil hoje em dia), deixou de ser o sujeito do escritório para ser um homem de campo sendo importantíssimo para a missão, assim como Ving Rhames, que foi o único a participar dos 5 filmes da série. E o que dizer de Jeremy Renner? O nosso Gavião Arqueiro havia sido sondado no filme anterior para ser protagonista da franquia, mas o público queria ver mesmo era Tom Cruise, embora ele esteja muito bem aqui.

            Alec Baldwin é um coadjuvante muito interessante, que quer capturar Hunt a qualquer custo e o que seria um bom filme de ação sem um bom vilão? Sean Harris faz um vilão frio, assustador e quase (eu disse “quase”!) tão bom quanto Philip Seymour Hoffman no terceiro filme – que ainda é o melhor da saga, mas por questão de detalhes.

            O diretor Christopher McQuarrie deixou de ser coadjuvante em Hollywood, de ficar na sombra de Tom para se tornar um sujeito interessante e deixando sua marca: de diretor de Jack Reacher a roteirista de ‘No Limite do Amanhã’, ele escreve e dirige este filme aqui e faz uma trama de espionagem inteligente, ousada em uma ação de tirar o fôlego e tem várias homenagens à própria franquia: tem o clima de suspense do primeiro filme, o clima hi-tech do terceiro e o tom de aventura do quarto filme.

            E para quem achava que a franquia Missão Impossível era rival de James Bond, fica claro neste filme aqui que isso não passa de uma bobagem: de todas as locações, é em Londres que se tem maior tempo de produção, o MI6 é sempre citado e embora Ilsa não seja a mocinha em perigo de muitos filmes do 007, ela é sexy sim, e a famosa cena da saída da água de biquíni foi homenageada aqui e não foi apenas jogada – foi de fundamental importância para a trama como um todo. E tem muito a ver com seu papel ambíguo.

            De produção em escala global, em Londres, Marrocos e Havana, cenas de ação angustiantes e fotografia perfeita – fruto da produção aguçada do próprio Tom Cruise e de J. J. Abrams, ‘Missão Impossível – Nação Secreta’ é, até o momento, o melhor filme de ação de um ano difícil como 2015 – e dos melhores do ano. E que sirva de lição àqueles que não sabem se reinventar.

Nota: 10,0
 
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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Filmes que você precisa conhecer: A Enfermeira Betty


A Enfermeira Betty (Nurse Betty)

Direção: Neil LaBute

2000

Com: Renée Zellweger, Morgan Freeman, Chris Rock, Greg Kinnear, Aaron Eckhart, Crispin Glover, Allison Janney.

Comédia Dramática

14 Anos


A vida imita a arte - literalmente

            Já se passaram 15 anos desde que ‘A Enfermeira Betty’ foi lançado e a dúvida que fica é: por que esse filme não foi um sucesso? Na verdade ele é um filme pequeno e alternativo, tanto que aqui no Brasil estreou em um circuito muito limitado e quando chegou em DVD em 2002 a coisa não mudou muito.

            Mas deveria ter caído na acolhida popular: o elenco é bom, a história é acessível, embora seja “fora da caixa” e para nós, brasileiros, tem um atrativo a mais: o foco principal é a novela, coisa que o Brasil conhece muito bem.

            Na história, a garçonete Betty (Renée Zellweger) tem uma vida simples, é humilhada pelo marido e é viciada na novela ‘Uma Razão para Amar’.

            Em um dia rotineiro, ela está vendo sua novela quando presencia seu marido ser assassinado por uma dupla de criminosos (Morgan Freeman e Chris Rock), por uma dívida com as drogas. Betty consegue fugir, mas é perseguida pela dupla e passa a viver como se tivesse dentro da novela e vai para Hollywood atrás de seu “marido”, que na verdade é o cirurgião David (Greg Kinnear), que é o protagonista da novela. E ela passa a viver essa realidade alternativa, misturando a ficção da vida real.

            O produtor Steve Golin está acostumado com idéias originais e “fora da caixa” e além de deste filme aqui, ele também produz ‘Quero ser John Malkovick’ e ‘Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças’ e no caso de ‘A Enfermeira Betty’, a originalidade não está apenas em sua história peculiar, mas nos estereótipos que cada personagem tem: Betty é uma moça ingênua e sonhadora, Morgan Freeman e Chris Rock são dois bandidos atrapalhados, principalmente o Chris, que sempre solta alguma piada com falta de noção em alguma conversa – ou em algum crime. Mas Morgan Freeman também tem seus momentos: a cada busca frustrada pela Betty, ele vai se encantando por ela aos poucos, com direito a um sonho com dança e tudo. E David é o típico famoso arrogante que acha que todos o aclamam.

            O tom do filme está na brincadeira de uma moça que acha que está em uma novela, mas sua esquizofrenia se encaixa muito bem na vida real, afinal, quem nunca quis viver aquela história que tanto ama, seja um filme, uma série, um livro, um quadrinho – um até uma novela, por que não? Não há problema nenhum em ter um laço emocional com uma telenovela, mas quando a paixão se torna psicológica, há um risco grande de algum fã virar uma nova Betty.

            Mesmo com esse roteiro fora da caixa, ‘A Enfermeira Betty’ seria um desastre sem o grande carisma e graça da Renée Zellweger. Ela já havia feito o par romântico de Tom Cruise em Jerry Maguire e a filha de Meryl Streep em ‘Um Amor Verdadeiro’, mas foi a partir de ‘A Enfermeira Betty’ que ela viu sua carreira decolar: protagonizou os dois filmes de Bridget Jones, foi indicada 3 vezes ao Oscar – uma vez pelo próprio ‘O Diário de Bridget Jones’, em 2002, por ‘Chicago’ em 2003, mas sua vitória só veio em 2004 por Atriz Coadjuvante por ‘Cold Mountain’.

            Por ‘A Enfermeira Betty’ Renée Zellweger ganhou o Globo de Ouro de Atriz de Comédia ou Musical e sua indicação ao Oscar de 2001 estava dada como certa, até que a Academia a esnobou, o que foi um grande ultraje, se virmos que a vencedora daquele ano foi Julia Roberts por Erin Brockovich. Por mais vitoriosa que tenha sido a carreira de Renée, não é exagero nenhum dizer que ‘A Enfermeira Betty’ é o seu melhor papel.

            De grande atriz do início do século a grande piada em Hollywood, foi duro ver a queda de Renée: após seu Oscar por ‘Cold Mountain’, ela começou a fazer menos filmes e quando fazia, eram papéis sem expressão. O fundo do poço viria em 2009 com o pavoroso ‘Caso 39’. Ela estava longe dos holofotes até que ela surgiu no ano passado com o rosto todo deformado de tanta cirurgia plástica que fez. Foi triste ver que aquela moça linda havia cedido aos caprichos e vaidades de Hollywood e hoje em dia parece mais do que seus 46 anos.

            Morgan Freeman que era o mais veterano deste elenco e segundo histórias de bastidores, ele era quase como um grande pai para Renée e também foi ele que a deixou à vontade para os trejeitos no papel de esquizofrênica.

            Não foi apenas a carreira de Renée que degringolou, mas a do diretor Neil Labute também. Antes de ‘A Enfermeira Betty’ ele dirigiu os independentes ‘Na Companhia dos Homens’ e ‘Seus Amigos, Seus Vizinhos’. Mesmo seu filme seguinte, ‘Possessão’, em 2002, com Gwyneth Paltrow e Aaron Eckhart, também foi muito bacana, mas o fundo do poço foi a pérola ‘O Sacrifício’, com Nicolas Cage, que é um grande constrangimento na carreira de todo mundo e dos piores filmes da história – sem exageros.

            Após vermos a ascensão e queda de uma grande atriz e de um grande diretor, ainda poderemos ver a ressurreição deles, seja no cinema ou na TV, mas o que importa é vê-los fazendo o que fazem de melhor. Só o que não pode é perder a esperança.

Nota: 9,0

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domingo, 9 de agosto de 2015

Missão Impossível - A Franquia


           Dificilmente uma adaptação de série de TV dá certo no cinema, basta ver o que aconteceu com As Panteras, Sexy and the City e até Os Simpsons entram nessa.

            O problema é que os roteiristas fazem um episódio prolongado ao invés de fazer uma adaptação de fato e conversar com essa outra mídia chamada cinema.

            Mas há uma série dos anos 60 que deu tão certo nas telonas que teve um saldo até melhor nos cinemas, já virou franquia, pois já está no seu 5° filme e tem um grande ator como protagonista: Missão Impossível é baseado na famosa série de TV homônima que durou entre 1966 a 1973.

            Reza a lenda que Missão Impossível só surgiu porque foi uma resposta americana ao 007, espião inglês e embora cada um tenha a sua importância na cultura pop, existem sim as diferenças: enquanto o James Bond trabalha praticamente sozinho e está rodeado de mulheres bonitas (mas mudou nos últimos filmes), em Missão Impossível a prioridade é a equipe, embora tenha um líder chamado Ethan Hunt, que nos filmes é o papel de Tom Cruise.

            E em 1996, para celebrar os 30 anos da estréia da série, Missão Impossível é lançado nos cinemas, distribuído pela Paramount e foi o primeiro filme produzido pela Cruise-Wagner Productions, uma parceria entre Tom Cruise e Paula Wagner.

            Missão Impossível não marcou apenas tudo isso, mas o retorno do diretor Brian de Palma aos grandes filmes.

            Ele, que nos encantou durante os anos 80 com obras-primas como Scarface e Vestida para Matar apresenta em Missão Impossível muito da sua marca, que é a trama mais sombria, cheia de reviravoltas e nada é o que parece ser.

            Ou seja, Missão Impossível não é exatamente um filme de ação propriamente dito, mas um thriller sombrio de espionagem.

            Existem as sequências de tirar o fôlego, com certeza, como a cena do aquário e a clássica cena do roubo da invasão a um prédio na qual Ethan desce de corpo para baixo em posição flutuante, que foi diversas vezes copiada, mas jamais superada.

            Quanto às reviravoltas, o início sugere que se trata de uma trama de grupo, mas após uma cilada que quase todos caem, somente Hunt e Claire (a bela francesa Emmanuelle Béart) e Ethan deve provar que não é o traidor, como sugere o antagonista, Eugene (Henry Czerny, o Conrad Grayson de Revenge).

            Uma coisa que irritou os fãs da série é que na ocasião o foco era do Jim Phelps (papel de Jon Voight) e não de Ethan Hunt, como o filme sugere.

            De fato, um grande ator como Jon poderia ter um papel maior, assim Kristin Scott Thomas, mas os acontecimentos logo no início deram o tom que a franquia teria e também é surpreendente tomar um spoiler logo no começo, coisa que hoje em dia parece inviável pela força da internet.

            Missão Impossível foi um sucesso de público e crítica e 4 anos depois, em 2000, chega aos cinemas, Missão Impossível 2...

            Se o primeiro filme teve um orçamento de 75 milhões de dólares, este agora quase dobrou com 125 milhões e foi novamente produzido pela Cruise-Wagner Productions.

            A trama sombria deu lugar a um filme de ação de fato, tanto que chamaram o diretor John Woo (de A Outra Face e Fervura Máxima, por exemplo).

            Missão Impossível 2 tem uma trama fraca, personagens sem carisma e mesmo a cena que vendeu o filme, que temos logo na abertura, com o Tom Cruise escalando o Dead Horse, em Utah, não tem ligação nenhuma com a história.

            A cena valeu por vermos o Tom Cruise apenas preso por cabos e dispensando o uso de dublês, inspirou uma paródia da MTV com Ben Stiller e coube muito bem no videoclip frenético do Metallica, I Dissapear, mas dentro do filme foi uma cena simplesmente jogada.

            Não bastasse isso, Missão Impossível 2 tem a mocinha mais fraca da franquia: não dá para comprar Thandie Newton como atriz. Sem contar que não há química nenhuma entre ela e Tom. A produção do filme até tenta dar uma sensualizada, em alguns momentos da dupla juntos, sobretudo no primeiro momento da dupla, ao som de uma música espanhola, mas foi um tiro pela culatra. Tanto que Thandie foi indicada à Framboesa de Ouro de Pior Atriz Coadjuvante pelo papel.

            E não devemos nos esquecer do vilão sem carisma: Dougray Scott, que seria o Wolverine no filme dos X-Men, já estava certo para o papel, mas, após um acidente grave nas filmagens de Missão Impossível 2, ele teve que ser substituído por Hugh Jackman. Hoje em dia é difícil imaginar o Wolverine sem Hugh.

            Missão Impossível 2 faturou mais de 500 milhões de dólares no mundo inteiro, mas foi um fracasso de crítica e parecia que a franquia estava enterrada, não apenas por causa deste filme aqui, mas porque o cinema de espionagem evoluiu de forma mais urbana e realista com a franquia Bourne e parecia que a franquia Missão Impossível estava obsoleta...

            Felizmente o cinema conheceu J J. Abrams. Ele que já havia revolucionado a forma de como vemos TV com a série Lost, ainda não havia dirigido um filme, mas sua série era tão bem-sucedida que o estúdio deu sinal verde para a continuação da franquia...

            Sorte a nossa, pois agora, quase uma década depois do lançamento do filme, Abrams é dos maiores nomes de Hollywood, TODOS seus filmes são espetaculares e ele tem simplesmente duas franquias amadas pelos fãs para chamar de sua: Star Trek, na qual ele trouxe um vigor para a saga e trouxe mais fãs para conhecer o Universo e agora dirigiu Star Wars 7, que tem estréia prevista para dezembro deste ano.

            Não é exagero nenhum dizer que Missão Impossível 3 é a melhor filme da franquia: ainda temos os ingredientes do primeiro filme, mas agora falando com um novo público que estava acompanhando a franquia Bourne, além do lado mais dramático e humano de Ethan Hunt, já que desta vez conhecemos sua família, esposa e seu dia-a-dia.

            E muito ao contrário do filme anterior, o interesse amoroso de Hunt e uma boa atriz e, neste caso, uma grande revelação: a canadense Michelle Monaghan hoje é uma atriz reconhecida, mas foi a partir de Missão Impossível 3 que ela se tornou conhecida.

            E Missão Impossível 3 apresenta o melhor vilão da saga: o saudoso Philip Seymour Hoffman faz o filme soltar faíscas em um papel absolutamente arrepiante como um traficante desequilibrado. Ele havia acabado de levar seu merecido Oscar por ‘Capote’ e esse filme só consolida-o como um verdadeiro camaleão em Hollywood.

Logo na cena de abertura vemos ele torturando a namorada de Hunt e depois a trama vai desencadeando para tal momento e todo o trabalho de montagem e construção de roteiro é espetacular.

            O elenco de apoio de Missão Impossível 3 também é espetacular: temos Ving Rhames, que participou de todos os filmes até aqui, Laurence Fishburne, como um agente federal, Keri Russell, como a primeira missão de resgate de Ethan e os novos integrantes da equipe de Hunt: Jonathan Rhys Meyers (o protagonista de Match Point), Maggie Q e Simon Pegg, que está em todos os filmes de Abrams.

            Missão Impossível 3 não foi, infelizmente, um estouro de bilheteria, mas como tem um ator respeitado como Tom Cruise, nada melhor do que continuar uma franquia milionária, daí, em 2011, foi lançado o 4° filme da série, com o título de ‘Missão Impossível – Protocolo Fantasma’, dirigido por Brad Bird, que até aquele momento só havia dirigido 3 animações: O Gigante de Ferro, Os Incríveis e Ratatouille e este seria seu primeiro filme em live action, e o resultado é uma filme muito bacana, que também resgata o espírito de espionagem da série, mas também trouxe elementos novos, sobretudo uma das cenas mais arriscadas do cinema, na qual Tom Cruise fez, sem dublês para variar, a cena na qual ele escala o prédio mais alto do mundo em Dubai, e também por ter uma nova equipe e um filme focado nela, ao invés de ser somente em Ethan Hunt, e com um elenco maravilhoso: Simon Pegg e Ving Rhames estão de volta em seus papéis, mas também temos, na equipe, o nosso Gavião Arqueiro, Jeremy Reener e a irresistível Paula Patton e uma das antagonistas é a igualmente irresistível Léa Seydoux, que seria revelada depois em ‘Azul é a cor mais quente’ e será a nova Bond Girl no novo filme da franquia 007.

            Nós já vimos que a franquia Missão Impossível sabe se reinventar, mas será que ela terá gás perante a Hollywood atual com o 5° filme? Essa resposta só teremos a partir da semana que vem com a estréia de ‘Missão Impossível – Nação Secreta’

Missão Impossível: 9,0

Missão Impossível 2: 5,0

Missão Impossível 3: 10,0

Missão Impossível – Protocolo Fantasma: 9,0


Imagens:

Missão Impossível:






Missão Impossível 2:





Missão Impossível 3:






Missão Impossível – Protocolo Fantasma: 




Os 10 melhores filmes com Tom Cruise


10 – Entrevista com o Vampiro (1994)

            Em um dos poucos papéis de Tom como vilão, ele arrebenta como um vampiro e sua rivalidade com Brad Pitt foi um dos pontos altos do longa, bem como sua Direção de Arte (que foi indicada ao Oscar). Quem dirige é Neil Jordan, que havia feito sua obra-prima dois anos antes, ‘Traídos pelo Desejo’ e também este foi o filme que revelou Kristen Dunst, que seria a Mary Jane anos depois...






9 – Missão Impossível (1996)

            Missão Impossível foi um grande sucesso de 1996 de público e crítica e deu uma nova revitalizada aos filmes de espionagem, se mostrou ainda melhor do que a série de TV, foi o retorno de Brian de Palma ao sucesso foi o retorno também de Tom Cruise aos blockbusters. E foi a partir daí que começou a onda de cenas icônicas e arriscadas protagonizadas por ele, que viraria marca da série.







8 – Missão Impossível 3 (2006)

            O melhor filme da franquia até o momento explora o lado mais humano de Ethan Hunt, deu uma nova roupagem para a série tem um vilão espetacular (o saudoso Philip Seymour Hoffman) e revelou muita gente, além de Michelle Monaghan, ainda revelou esse sujeito chamado J. J. Abrams nos cinemas, que dirigirá um filminho chamado Star Wars – O Despertar da Força no final do ano.






7 – Minority Report – A Nova Lei (2002)

            Essa foi a primeira parceria entre Tom Cruise e Steven Spielberg e é uma grande ficção científica baseada em uma obra de Philip K. Dick, na qual se passa no futuro onde os crimes são previstos antes de acontecerem, mas Tom cai em uma cilada e é acusado de um crime que não cometeu e tem que lutar contra seu próprio sistema. Do ritmo alucinado à fotografia sombria, Minority Report é das melhores ficções científicas da história. E terá uma série de TV baseada no filme, prevista para este ano.






6 – Questão de Honra (1992)

            Foi uma pena que, após dirigir essa obra-prima, o diretor Rob Reiner não tenha feito mais nenhum grande filme. Há alguns bacanas, mas é pouco para o diretor de ‘Harry & Sally’ e ‘Louca Obsessão’. Em Questão de Honra, Tom Cruise é um advogado em um caso contra um oficial da Marinha, estrelado brilhantemente por Jack Nicholson, que é a melhor coisa do filme, seja por seu papel arrebatador ou por sua frase histórica: “Você não suportaria a verdade!”. Questão de Honra foi o primeiro roteiro de Aaron Sorkin, que anos depois seria o criador de The West Wing, além de escrever ‘A Rede Social’ e será visto em Steve Jobs com Michael Fassbender ainda este ano.






5 – Nascido em 4 de Julho (1989)

            Esta é a melhor atuação da carreira de Tom Cruise e ele quase levou o Oscar pelo papel (se não tivesse um Day-Lewis no caminho) na qual ele faz um jovem cheio de sonhos de defender seu país na Guerra do Vietnã. E vai. Mas ele é ferido em combate e volta de cadeira de rodas. Nascido em 4 de Julho conta de forma honesta o período e cultura americana da época da Guerra, da era Nixon e à contracultura, sobretudo dos hippies. E mais um belo filme da época de ouro de Oliver Stone, que levou o Oscar de direção por este filme aqui. Seja como objeto de estudo ou entretenimento, Nascido em 4 de Julho merece ser visto e revisto.







4 – Rain Man (1988)

            Rain Man é o grande vencedor do Oscar de Melhor Filme em 1989 e aqui o show é todo de Dustin Hoffman, que faz seu melhor papel da carreira, ganhou Oscar, Globo de Ouro e todas as premiações possíveis, interpretando o jovem autista Raymond que herda 3 milhões de dólares após a morte de seu pai. Tom Cruise faz seu irmão interesseiro que se aproxima apenas pela herança, mas depois descobre o verdadeiro valor da vida. O filme foi um grande sucesso, custou 25 milhões de dólares e faturou 412 milhões no mundo inteiro, tem as sequências históricas em Las Vegas e para quem não viu ainda, desafio a assistir e não se comover. Prepare o lenço!






3 – Jerry Maguire – A Grande Virada (1996)

            O diretor Cameron Crowe usa as metáforas do esporte para contar uma história comovente sobre amor, família, humildade e recomeço. O Jerry Maguire de Tom Cruise era um sujeito arrogante que conheceu o valor da vida através do amor e teve que ser humilde ao começar tudo do zero. Jerry Maguire deu o Oscar de Ator Coadjuvante para Cuba Gooding Jr. (e seu discurso de agradecimento é dos mais comoventes até hoje) e revelou essa menina chamada Renée Zellweger, que ainda torço por seu retorno em Hollywood.






2 – De Olhos bem Fechados (1999)

            Este foi o último filme de Stanley Kubrick e pode ser interpretado como muitas coisas: é uma odisseia sexual, a descoberta de um casal em crise, uma saga de um homem em dúvida, um jogo de interesses baseado em sexo ou uma viagem sombria pelo lado mais podre do ser humano. Seja qual for sua interpretação, não dá para negar que é uma obra-prima incontestável, o último trabalho de um gênio e capaz de gerar discussões que podem não chegar a lugar algum. Na época, Tom Cruise e Nicole Kidman ainda era o casal mais badalado de Hollywood e estão bem à vontade em cenas de sexo e nudez. Sem contar a cena arrepiante do baile de máscaras, que é um primor em montagem e trilha sonora de arrepiar a espinha.






1 – Magnólia (1999)


            A obra-prima de Paul Thomas Anderson é uma grande viagem para o subconsciente humano e um retrato sobre o mundo de aparências. São 9 histórias que podem ou não ter ligação com a outra, mas todas retratam a humanidade como ela é: hipócrita, interesseira e que se esconde através de máscaras. E todos têm motivos, mesmo o personagem de Tom Cruise, que é o típico sujeito machista, tem todo um trauma que o levou a isso. Homossexualidade, violência, incesto, drogas, sexualidade infantil, tudo é retratado em Magnólia sem medo da opinião pública. Paul Thomas Anderson já havia surpreendido em ‘Boogie Nights – Prazer sem Limites’ e Magnólia é a consolidação de sua grande carreira que está aí até hoje. O fato de Tom Cruise ter perdido o Oscar de Ator Coadjuvante é um mistério até hoje. Magnólia assustou a todos, a sociedade civil, os críticos mais conservadores e à Academia. Mas não faz mal, a vida é assim mesmo.