domingo, 9 de agosto de 2015

Quarteto Fantástico (2015)


Quarteto Fantástico (The Fantastic Four)

Direção: Josh Trank

2015

Com: Miles Teller, Kate Mara, Michael B. Jordan, Jamie Bell, Toby Kebbell, Reg E. Cathey.

Ação

12 Anos

Um total desrespeito da Fox

            Os trailers, pôsteres e materiais promocionais indicavam que esse novo Quarteto Fantástico seria um novo recomeço para a franquia após dois filmes fracos do grupo em 2005 e 2007 e também seria o pontapé inicial para a Fox fazer seu Universo junto com os X-Men, assim como a Marvel faz com seus filmes e é o que a DC está planejando fazer para o ano que vem.

            Mas, assim como foi o caso de ‘O Espetacular Homem-Aranha’, vemos a mesma história – e desta vez, muito mal contada. Para quem reclamou dos filmes anteriores do Quarteto, era feliz e não sabia, pelo menos ali existia uma vontade de alguns atores – era um problema de direção.

            Já aqui temos uma mistura de roteiro mal escrito, atores sem vontade e um estúdio que destratou o material que tinha nas mãos.

            Mas essa do estúdio tem uma explicação: a Marvel é um estúdio poderoso em Hollywood e volta a meia existem os rumores de o Quarteto e os X-Men voltarem para a Marvel, mas a Fox não quer abrir mão de suas principais franquias e tem que lançar um filme desses grupos de vez em quando para não perder seus direitos.

            Mas se X-Men está muito bem com seu último filme, Dias de um Futuro Esquecido, o mesmo não pode se dizer do Quarteto, que sim, foi um filme protocolar e feito unicamente para a Fox continuar com o direito para franquia, sem um mínimo de atenção e que passou por diversas alterações de roteiro e brigas internas entre o diretor, Josh Trank (de ‘Poder sem Limites’) e os executivos da Fox.

            A edição final que vimos passou por diversos cortes do estúdio e segundo o que Trank disse em uma entrevista, não foi aquilo que ele queria.

            Existe uma discussão online se os direitos do Quarteto Fantástico devem ou não voltar para a Marvel, o que é válida, mas, o problema não é esse. A própria Fox consegue fazer algo de bacana, além de X-Men, o trailer recente de Deadpool fez muita gente explodir a cabeça. O problema é a falta de interesse dos executivos e acharem que podem tudo, sem uma mente competente por trás.

            E que sirva de lição para os próximos lançamentos, porque tanta arrogância do estúdio fez com que esse filme fosse um fracasso de público e crítica, os prejuízos já estão sendo contados e a presunção deles era tão grande que meses antes de esse filme ser lançado, já haviam anunciado a continuação para 2017. E recentemente saiu a notícia que esse “Quarteto Fantástico 2” pode ser trocado por um “Deadpool 2”, o que também é uma forma de arrogância: mal sabem se o filme dará certo ou não e já estão contando com a sorte. O trailer é um arraso, mas há trailers que são melhores do que o filme. ‘Prometheus’ está aí para comprovar.

            Na história, um grupo, liderado por Reed Richards (Miles Teller), é enviado a uma perigosa missão no espaço que resulta em um acidente que os deforma. Reed vira o Sr, Fantástico, que tem o poder da elasticidade, Johnny Storm (Michael B. Jordan) é o Tocha Humana e Ben Grimm é o Coisa, que vira um criatura em forma de pedra de força sobre-humana.

            Faltou alguém? Pois temos a Susan Storm, que vira a Mulher Invisível que, curiosamente, não foi para a missão (!)

            Na volta para a Terra, com já um ano passado, eles vivem isolados e viram experimentos do governo americano para fins militares.

            Não fui contra a ideia de algo mais para o público infantil, mas não é porque é para criança que em que ser idiota, muito pelo contrário, é justamente porque é para criança que deve haver o mínimo de inteligência e competência, mas se o filme começa ruim, ele vai ficando inacreditavelmente ruim a cada minuto: a primeira hora do filme é basicamente a introdução dos personagens, poderia ter sido bacana se fosse bem feito, se não tivesse um ritmo tão lento e o pior, não há desenvolvimento nenhum, tudo fica artificial demais, seja a amizade entre Grimm e Richards, culminando na raiva de Grimm por ele ter se tornado o Coisa e Johnny praticamente inexiste nessa primeira hora, e não é apenas ele...

            Praticamente não há envolvimento emocional com o Susan Storm que é a intelectual do grupo em detrimento ao Richards, que ao invés de ser uma mulher forte neste meio machista, perde tempo com seus “momentos Discovery” com frases pseudocientíficas.

            A Kate Mara é uma boa atriz, já se provou em House of Cards, por exemplo, mas aqui está tão mal aproveitada que em momento nenhum se parece com uma heroína de ação. E pensar que a crítica detonava a Jessica Alba.

            O mesmo vale para Miles Teller. Ele arrebentou em ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’, lá no início do ano e agora parece um adolescente em crise como um líder que não sabe liderar e um herói que não tem força nem carisma.

            Quanto ao Coisa, não é a primeira vez que o ator Jamie Bell trabalha com captura de movimento, ele havia feito o papel principal em ‘As Aventuras de Tintin’, mas na ocasião era um filme de Steven Spielberg, produzido por Peter Jackson e Jamie estava muito bem assessorado.

            Mas aqui temos um péssimo uso da captura de movimento, juntando com uma voz que não deu a força que o personagem precisa. Quando ele fala, é impossível não conter a vergonha.

            Mas o que é um filme de super-heróis sem um bom vilão? Bom, nem isso salva. Victor Von Doom aparece logo no começo e após o acidente, fica 1 ano em outro planeta para voltar à Terra reivindicando a vida no outro planeta (!). Sem contar que ele não tem motivações e não há envolvimento com sua história, aliás, não tem história. E ao contrário do grupo de heróis, que tinha um bom elenco, mas mal aproveitado, desta vez nem isso: o ator que interpreta o Dr. Destino, Toby Kebbell, é uma mistura de vilão de Malhação com Chapolin em momentos constrangedores.

            O Chroma Key é evidente, não há uma cena boa de ação, e a montagem é muito amadora: tem uma cena e corta para outra inexplicavelmente e a edição, preguiçosamente coloca passagens de tempo e nada amarra com nada.

            Os fãs do Batman já viram bombas e anos depois foram respeitados, assim como os fãs do Juiz Dredd. Para nós, fãs do Quarteto, ainda estamos na espera, independentemente de ser Marvel, Fox, ou qualquer estúdio.

Nota: 0,0

Imagens:








Trailer:

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