domingo, 16 de agosto de 2015

Missão Impossível - Nação Secreta



Missão Impossível – Nação Secreta (Mission: Impossible – Rogue Nation)

Direção: Christopher McQuarrie

2015

Com: Tom Cruise, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Jeremy Renner, Sean Harris, Alec Baldwin, Ving Rhames.

Ação

14 Anos

 
Tom Cruise Impossível

            A grandiosa maioria das franquias se esgotam e perdem o fôlego ao chegar em um 5º filme. Isso quando chegam, se não se estragam antes. Harry Potter é uma grande exceção, que chegou até ao 8º filme com a mesma – ou até melhor – qualidade dos primeiros filmes.

            Mas há uma franquia que chegou nos cinemas desacreditada há quase 20 anos e parece inacreditável que tenha chegado ao 5º filme e ainda com uma qualidade igual ou superior ao primeiro filme: Missão Impossível chega com Nação Secreta em um ano muito disputado como esse e em uma temporada de verão que tivemos Vingadores, Jurassic World, Mad Max, entre outros. E não perde nada para nenhum desses – chegando até a superá-los sob muitos aspectos, sobretudo em usar efeitos práticos e à moda antiga. Existe a computação gráfica, ela está lá e é visível, mas o clima de perseguição da ação dos anos 80 deixa um gosto diferente neste novo filme.

            E a franquia não seria nada sem Tom Cruise. Ele andou por alguns anos tentando se reinventar em Hollywood, sobretudo após seu vexame no programa de Oprah Winfrey em 2006 e em alguns fracassos como Operação Valquíria e Leões e Cordeiros.

            Mas agora Tom, aos 53 anos, volta com força total. Principalmente naquilo que já virou a marca da série: Cruise realiza alguma cena que parece impossível e sem o uso de dublês ou efeitos especiais. E para quem achou que sua criatividade havia se esgotado após sua cena em Dubai no filme anterior ainda não viu nada: logo na cena de abertura ele está do lado de fora de um avião em pleno ar e a tensão de seu companheiro para abrir a porta – e errando o lado da porta depois é de tirar o fôlego.

            E ‘Missão Impossível – Nação Secreta’ não possui apenas esta cena de espetacular: há uma perseguição de moto no Marrocos, a sequência debaixo da água em Londres e uma perseguição em um show de ópera, são momentos sublimes no cinema da ação e um grande acerto no lançamento deste filme aqui foi não lança-lo em 3D, mas em IMAX. Infelizmente no Brasil apenas as grandes cidades possuem cinemas com essa tecnologia, mas, para quem puder ver o filme neste formato, estará vendo um grande evento cinematográfico.

            A história começa exatamente do ponto onde termina o filme anterior, Protocolo Fantasma, onde o IMF, ou Fundo Missão Impossível, que é o grupo na qual Ethan Hunt (Tom Cruise), trabalha, descobre que o Sindicato é real, que é uma espécie de “nação secreta”, na qual possui as mesmas habilidades da equipe de Hunt e não bastasse isso, o chefão da CIA, Alan Hunley (papel de Alec Baldwin) rebaixa o IMF à clandestinidade, deixando as decisões de segurança nacional para a própria CIA.

            Neste cenário, Ethan “inexiste” aos olhos do mundo, vive escondido, e seus parceiros, Benji (Simon Pegg) e Brandt (Jeremy Renner) são obrigados a trabalhar para a CIA, mas não demora muito para Hunt entrar em ação: ele descobre quem é o chefe do Sindicato, que é um sujeito habilidoso chamado Soloman Lane e convoca seus amigos para voltar a trabalhar para ele, derrubar o Sindicato e tirar o IMF da clandestinidade.

            Neste cenário, ainda temos a presença de Ilsa Faust, que em determinados momentos aparece trabalhando para Lane e também ajudando Hunt e salvando sua vida. O filme deixa essa dúvida o tempo todo, ela é uma agente dupla e não se sabe para qual lado ela realmente trabalha, se estamos falando de uma mocinha ou de uma vilã, mas nisso a franquia se coloca aos novos tempos colocando uma mulher forte em uma série praticamente dominada pelo sexo masculino.

            E muito fruto de uma grande atriz: essa menina chamada Rebecca Ferguson, nascida na Suécia e com 31 anos de idade, fez o fraco Hércules ano passado, mas podemos dizer que seu primeiro grande filme é este aqui. De expressão fria e calculista que a personagem exigia ela tem tudo – e mais um pouco – para fazer carreira no cinema. A opinião pode não ser unânime, mas é a segunda melhor personagem ao longo do filme.

            Mas não podemos nos esquecer da grande equipe da IMF: Simon Pegg é um alívio cômico que funciona (coisa difícil hoje em dia), deixou de ser o sujeito do escritório para ser um homem de campo sendo importantíssimo para a missão, assim como Ving Rhames, que foi o único a participar dos 5 filmes da série. E o que dizer de Jeremy Renner? O nosso Gavião Arqueiro havia sido sondado no filme anterior para ser protagonista da franquia, mas o público queria ver mesmo era Tom Cruise, embora ele esteja muito bem aqui.

            Alec Baldwin é um coadjuvante muito interessante, que quer capturar Hunt a qualquer custo e o que seria um bom filme de ação sem um bom vilão? Sean Harris faz um vilão frio, assustador e quase (eu disse “quase”!) tão bom quanto Philip Seymour Hoffman no terceiro filme – que ainda é o melhor da saga, mas por questão de detalhes.

            O diretor Christopher McQuarrie deixou de ser coadjuvante em Hollywood, de ficar na sombra de Tom para se tornar um sujeito interessante e deixando sua marca: de diretor de Jack Reacher a roteirista de ‘No Limite do Amanhã’, ele escreve e dirige este filme aqui e faz uma trama de espionagem inteligente, ousada em uma ação de tirar o fôlego e tem várias homenagens à própria franquia: tem o clima de suspense do primeiro filme, o clima hi-tech do terceiro e o tom de aventura do quarto filme.

            E para quem achava que a franquia Missão Impossível era rival de James Bond, fica claro neste filme aqui que isso não passa de uma bobagem: de todas as locações, é em Londres que se tem maior tempo de produção, o MI6 é sempre citado e embora Ilsa não seja a mocinha em perigo de muitos filmes do 007, ela é sexy sim, e a famosa cena da saída da água de biquíni foi homenageada aqui e não foi apenas jogada – foi de fundamental importância para a trama como um todo. E tem muito a ver com seu papel ambíguo.

            De produção em escala global, em Londres, Marrocos e Havana, cenas de ação angustiantes e fotografia perfeita – fruto da produção aguçada do próprio Tom Cruise e de J. J. Abrams, ‘Missão Impossível – Nação Secreta’ é, até o momento, o melhor filme de ação de um ano difícil como 2015 – e dos melhores do ano. E que sirva de lição àqueles que não sabem se reinventar.

Nota: 10,0
 
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