segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Ted 2


Ted 2

Direção: Seth Macfarlane

2015

Com: Mark Walhberg, Seth MacFarlane, Amanda Seyfried, Jessica Barth, Giovanni Ribisi, John Slattery, Morgan Freeman, Liam Neeson, Jessica Szohr.

Comédia

16 Anos

Ursinho volta aos cinemas sem graça
            Em 2012, Ted chegou fazendo muito barulho e polêmica. A história do ursinho que falava palavrão, bebia, ingeria drogas ilícitas e gostava de paquerar as garotas foi um grande sucesso, arrecadando mais de 500 milhões de dólares nas bilheterias mundiais, o que é um grande feito para uma comédia censura R.

            Aqui no Brasil também fez sucesso e polêmica. Tanto que um deputado queria tirar o filme de cartaz pelo conteúdo, já que ele levou o filho pequeno dele para ver, porque no pôster havia um ursinho fofo.

            Mas esse deputado deveria se informar mais sobre o conteúdo que ele consome, pois todos os trailers, sinopse e materiais promocionais deixavam claro da proposta do filme e principalmente porque o diretor, produtor e roteirista é Seth MacFarlane, que é o criador e também roteirista de Uma Família da Pesada, American Dad e The Cleveland Show. E quem conhece essas animações sabe que não têm nada de infantil.

            E as semelhanças com Ted e as animações de Farlane não param por aí: Seth também dubla alguns personagens dos desenhos e o ursinho é dublado pelo próprio Farlane. E tudo foi feito por captura de movimentos.

            O problema é que Ted foi feito para ser um filme fechado, quase como uma brincadeira de Farlane, mas tamanho foi o sucesso que a Universal queria uma continuação. E agora, em 2015, no meio do verão americano, é lançado Ted 2.

            A história avança 1 ano dos acontecimentos do primeiro filme e agora Ted e Tamy-Lynn são um casal, mas estão em crise. Uma amiga de Tamy sugere ao urso que eles tenham filho como solução, mas como Ted não pode fazer um filho por motivos óbvios eles decidem fazer um por inseminação artificial, que não dá certo (aliás, a cena em que ele e John estão no laboratório onde os espermas são armazenados em uma estante de frascos contendo o líquido cai em John é nojenta, grosseira e desnecessária), daí eles decidem adotar uma criança, mas o Estado decide que Ted não é exatamente uma pessoa e não pode ter os mesmos direitos do que um humano, nem possuir o que uma pessoa “normal” tem, como cartão de crédito e RG. Daí eles decidem entrar na justiça para reverter isso, então entra a figura da advogada Samantha Jackson, vivida pela Amanda Seyfried. E o caso vai se arrastando até os minutos finais.

            Farlane já havia derrapado ano passado com ‘Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola’, que foi um fracasso de público e crítica e esse Ted 2 também está indo mal das pernas. Não está dando prejuízo para a Universal, mas considerando o não-sucesso deste aqui, pelo menos estamos livres de uma terceira parte.

            Duas qualidades do primeiro filme aqui se tornam os maiores defeitos: a captura de movimentos e as referências da cultura pop.

            A computação gráfica é tão falsa que claramente se percebe o fundo verde e alguns momentos, como o ursinho voando, parecem efeitos especiais vindo dos anos 70.

            E se o primeiro filme era uma homenagem ao Flash Gordon e um retrato bacana sobre o nerd que demora a “crescer”, porque demora a se desassociar de seus desenhos e action figures, aqui o nerd é tratado como era há 30 anos: como algo pejorativo. Em um determinado momento acontece a Comic-Com em Nova York e os cosplayers humilham o público nerd com piadas de mal gosto. Não bastasse isso, o próprio Flash Gordon, que era mostrado mais em forma de homenagem do primeiro filme, aqui só faz piadas de superioridade – e algumas racistas também. Sem contar as piadas homofóbicas.

            E ainda a personagem da Amanda Seyfried é o estereótipo da mulher que não se liga na cultura pop: ela não sabe quem é Samuel L. Jackson e confunde Star Wars com Star Trek, por exemplo.

            E o vilão vivido por Giovanni Ribisi volta, desta vez como faxineiro da Hasbro (empresa responsável pelos Transformers), não tem motivação nenhuma e, claro, quer o ursinho a todo custo. Muito mal desenvolvido e com pouco tempo em cena.

            Nem a referência a Clube dos Cinco salva. Primeiro porque ela é toda jogada e não havia necessidade dela, segundo que voltamos ao problema da computação gráfica, uma Amanda Seyfried e um Mark Wahlberg digitais que estão muito longe do espírito do filme de 1985.

            Ao menos a cena em que Amanda Seyfried canta e a abertura que remete aos grandes musicais ficaram bacanas. A cena da Amanda é quase poética, mas entra no clichê do amor à primeira vista, que logo em sua primeira cena fica claro que vai se apaixonar por John.

            Ele, aliás, vivido por Mark Wahlberg, que de protagonista do primeiro filme vira um coadjuvante de luxo e um peso para a história e somente no terceiro ato é que inventaram alguma importância para o personagem.

            Seth MacFarlane tem a sorte e crédito porque o primeiro filme rendeu muito e suas animações viraram ícones da cultura pop, além do mais ele tem muitos amigos que topam trabalhar com ele. Só isso explica a inserção de grandes como Morgan Freeman e Liam Neeson por aqui, e também de uma atriz tão legal quanto Amanda Seyfried, mas os fracassos de Ted 2 e de Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola podem ser um sinal de alerta. Quem sabe seu próximo trabalho seja feito com mais carinho e dedicação e acima de tudo, com mais humildade?

Nota: 3,0

Imagens:










Trailer:

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