terça-feira, 29 de outubro de 2013

Lovelace

Lovelace (Idem)


Direção: Robert Epstein & Jeffrey Friedman

Ano de produção: 2013

Com: Amanda Seyfried, Peter Sarsgard, Chris Note, Bobby Cannavale, Robert Patrick, Sharon Stone, James Franco, Juno Temple, Wes Bentley.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 16 Anos


Lovelace é mais correto e não menos interessante.

            No início da década de 1970, dentre várias manifestações pelo mundo da contracultura, uma das reivindicações mais profundas foi a luta pelo direito das mulheres. As mulheres queriam, e com razão, acabar com a dominação masculina de séculos e ter seus próprios direitos. Nesse cenário, uma garota aparentemente sem graça, tímida, cheia de sardas e com pais religiosos, se transforma em símbolo da emancipação feminina e da revolução sexual da época. Esta é Linda Lovelace, que protagonizou o polêmico filme pornô “Garganta Profunda”, se tornou um fenômeno e ostenta, até hoje, o status de pornô mais visto da história, estima-se que a renda ultrapassou 600 milhões de dólares. Linda ganhou fama e dinheiro. Essa história até poderia ser um conto de fadas, mas, na verdade, é uma história dramática. Depois dessa fama repentina, Linda começa a apanhar, a sofrer abusos de seu marido e até ser tratada como objeto de prostituição e de desejo.

            São praticamente 3 filmes em 1: primeiro temos a fase mais certinha de Linda, a convivência com seus pais religiosos (o pai, Robert Patrick e a mãe, Sharon Stone, irreconhecível) e o começo de namoro com seu então, namoradinho carinhoso, Chuck (Sarsgard). Depois, e este é o ápice do longa, é a ascensão e estrelado de Linda, a transformação dessa garota inocente em estrela pornô. Lovelace decide sair da casa dos pais para morar com Chuck e, assim, constituir sua carreira. Nessa passagem, o filme vai acompanhando a transformação dessa menina em uma mulher e os bastidores do filme “Garganta Profunda”. Lembra, inclusive um outro longa sobre o submundo dos filmes pornográficos: “Boogie Nights – Prazer sem limites”, com menos intensidade, é verdade, mas com o mesmo clima de nostalgia. Conforme o tempo vai passando, Chuck se torna um homem violento, a desrespeita, bate nela inclusive no meio da rua, que, com seu passado de atriz pornô, nem a polícia a respeita (em uma cena sensacional) e é, inclusive, vendida à prostituição.

            Na terceira parte, de longe a mais séria, vemos uma Linda mais abatida. Depois dos maus tratos sofridos, ela resolve abrir o jogo. De início, ninguém acredita nela. Ela, inclusive, foi submetida a prestar depoimento com um detector de mentiras. Mas, com seu luta, ela começa a ganhar espaço, aparece nas redes de TV contando sua história e se torna, mais uma vez, símbolo da luta feminina, dessa vez, contra a violência doméstica. ela se torna uma mulher casada com outro homem, Larry Marchiano, tem um filho e adota o sobrenome de seu marido atual, Linda Lovelace é agora, Linda Marchiano.

            Ame ou odeie Garganta Profunda, não dá para negar que a história dessa moça é impressionante e em algum momento, tinha que ser filmada. A fotografia, principalmente a reconstituição de época está perfeita. O figurino é brega, mas, era inevitável pelo universo em que tudo se passa.

            O elenco de apoio incomoda um pouco, tem muitos atores caricatos (como o próprio Peter Sarsgard como marido violento, que não convence nem como ator de verdade e Chris Note, que é ótimo nas séries de TV, mas que, ainda não é um ator de cinema de fato) e que não parecem estar muito à vontade em seus papéis. Até James Franco está péssimo como uma espécie de cafetão de 5ª categoria.

            Muita gente criticou a idéia de deixar o filme menos explícito e mais dramático. De fato, uma história como essa poderia ser um pouco mais ousada. Mas não chega a incomodar, afinal, desde quando o trailer surgiu, ficou claro que era uma biografia da Linda, não bastidores ou história da Garganta Profunda. E o filme usou muito bem o drama da moça para a narrativa em tom dramático, inclusive com direitos a flashbacks.

            Mas o principal mérito do filme é a atuação da Amanda Seyfried como Linda Lovelace. Sua mistura de menina pura e mulher ousada que coube muito bem em todos os momentos do longa, quando se foi exigido. Seu papel está humano e verdadeiro e a escolha da protagonista não poderia ter sido melhor. É verdade que Amanda faz muito filme ruim (alguém gostou de “A Garota da Capa Vermelha”?), mas não dá para negar que, mesmo em algumas escorregadas, ela, do seu jeito, fazia a diferença. E essa “diferença” é visível em Lovelace, afinal, poucas aceitariam um papel tão polêmico como esse. Embora a polêmica não seja tão visível neste filme, mas podemos dizer que o resultado foi honesto.


Nota: 8,0


Imagens:











Trailer:


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