quarta-feira, 28 de maio de 2014

Forrest Gump - O contador de histórias



Forrest Gump – O contador de histórias (Forrest Gump)

Direção: Robert Zemeckis

Ano de produção: 1994

Com: Tom Hanks, Robin Wright, Gary Sinise, Sally Field, Haley Joel Osment.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 14 Anos


Após 20 anos, “Forrest Gump” permanece inesquecível

            Existem filmes feitos há pouco tempo que logo o público se esquece. Ano passado mesmo, alguém se lembra que “Para maiores”, “Duro de matar 5” e G.I. Joe – Retaliação” estrearam há pouco mais de um ano?

            Mas, pelo bem da 7ª arte, há filmes que não morrem, que permanecem na memória e no coração do público por muitas gerações.

            E, aproveitando esse clima de nostalgia, me lembrei, recentemente, que “Forrest Gump – O contador de histórias” estava completando 20 anos de seu lançamento. O filme foi um grande sucesso e foi a 2ª bilheteria de 1994 (perdendo apenas para “O Rei Leão”). Mais do que isso, comoveu platéias do mundo inteiro, foi super elogiado pelos críticos e foi muito bem lembrado nas premiações.

            Forrest Gump entrou no Oscar de 1995 com status de favorito a conquistou 6 prêmios, são eles: Melhor Filme, Diretor (Robert Zemeckis), Ator (Tom Hanks), Roteiro Adaptado para Eric Roth, Efeitos Especiais e Montagem.

            Os prêmios contestados foram os de Filme e Diretor. Todo mundo queria que Tarantino ganhasse com seu “Pulp Fiction – Tempos de Violência”.

            Polêmicas à parte, nada tira os méritos de Forrest Gump, sejam os feitos históricos, a atuação irretocável de Tom Hanks ou os brilhantes efeitos especiais, que estão bacanas até hoje.

            Para quem não sabe da história, Forrest é um sujeito com o QI abaixo da média, não tem amigos, vive com um aparelho nas pernas e tem um laço muito grande com sua mãe. Em uma ida à escola de ônibus, ele conhece sua melhor amiga e futura amada, Jenny (Robin Wright). Como a própria mãe de Forrest fala, “milagres acontecem todo dia” e seu aparelho some inexplicavelmente de suas pernas em uma tentativa de bullying e, fazendo, segundo o próprio Forrest, o correr como o vento. Depois que cresce, ele ainda continua sem amigos, mas ainda com o laço em sua mãe e na mulher que ama. Daí para frente, o filme acompanha a trajetória adulta de Gump e, para quem ainda não viu, digo que, quanto menos souber, melhor, acreditem!

            Durante a vida adulta de Gump, o filme acompanha muitos momentos históricos da história dos EUA, sobretudo dos turbulentos anos de 1960. Depois que Forrest entra na faculdade, é o momento em que negros conseguem o direito de estudar junto com os “brancos”. Quando ele vai ao exército, é o momento em que seu país entra na Guerra do Vietnã e ele, junto com seu melhor amigo, Bubba, são obrigados a entrar no conflito. Lá no Vietnã, ele conhece seu tenente Dan (Gary Sinise, indicado ao Oscar pelo papel). Com a chegada de volta aos EUA e a derrota do país no conflito, Gump se depara com os movimentos de contracultura, dos Panteras-Negras e dos Hippies. Há uma passagem muito interessante da partida de ping-pong em território chinês. Para Forrest é apenas uma partida, mas, aos olhos do mundo, foi a abertura da China para o mercado ocidental.

            E como não falar dos brilhantes efeitos especiais que possibilitaram os “diálogos” entre Forrest e John Lennon em um programa de entrevistas. Ou ainda o inesquecível aperto de mão entre Forrest e o ex-presidente americano, John Kennedy. Coisas assim, só a tecnologia para nos agraciar.

            Sempre é preciso certo cuidado para manipular efeitos para eles não morrerem com o tempo, e isso só a competência de quem faz é capaz de responder. Exemplos não faltam, o primeiro “Star Wars”, feito em 1977, ainda permanece atual e impactante. E a grande ficção científica de Stanley Kubrick, “2001 – Uma odisséia no espaço”, de 1968, que impressionantemente tem uma data que já passou no título e seus efeitos são de uma época que nem se fazia nada com computação gráfica, e o filme impressiona até hoje.

            E, no caso de “Forrest Gump – O contador de histórias”, sua técnica ainda impressiona. Merecidamente levou o Oscar na categoria de Efeitos Especiais. Nada que o diretor Robert Zemeckis não conheça. Ele é o diretor da trilogia “De volta para o futuro” e já venceu na categoria de Efeitos Especiais duas vezes: em 1989 por “Uma cilada para Roger Rabbit e em 1993 por “A morte lhe cai bem”.

            Infelizmente, Zemeckis não está tão em evidências assim na Hollywood atual. Ele começou esse novo século até bem, com “Náufrago” (novamente com Tom Hanks), mas depois se perdeu ao tentar colocar a tecnologia de Captura de Movimentos, iniciada lá em “Senhor dos Anéis” para atores “reais”. Mas o resultado é sempre imperfeito, como visto no estranho “O Expresso Polar” (mais uma vez com Tom Hanks) e no insuportável “A Lenda de Beowulf”, que, decididamente, foi seu fundo do poço.

            Mas Forrest Gump não são é só efeitos. Na verdade, o que fica mais marcado é sua história. E que história! E além disso, seus momentos marcantes, suas frases de efeito e a brilhante atuação de Tom Hanks. Aliás, Hanks não só levou o Oscar por esse papel, mas conseguiu o feito de ganhar o prêmio por 2 anos seguidos. Em 1994, ele ganhou também por “Filadélfia”. Em “Forrest Gump – O contador de histórias”, sua atuação é tão sublime, exigente e de entrega para o papel, que fica difícil encontrar outro ator para fazer o filme. E mais do que isso, fica difícil acreditar se o filme seria tão bom se não fosse pelo Tom e seu semblante tão convincente que se confunde com uma pessoa real.

            Os momentos de “Forrest Gump – O contador de histórias” ecoam nos corações de muita gente até hoje. Como não se lembrar dos ensinamentos de sua mãe, “A vida é como uma caixa de bombons, você nunca sabe o que vai encontrar” ou “idiota é quem faz idiotice” ou a já citada “milagres acontecem todos os dias”.

            Muita gente defende que Forrest é desprovido de inteligência e que ele é “o idiota que chegou lá”. Discordo completamente. Seu QI é abaixo da média sim, mas ele tem o coração e a alma puros. Acredita em Deus, em sua mãe e na mulher que ama. Aliás, seus momentos com sua amada Jenny são capítulos a mais no filme. Eles começam como crianças unidas, mas, ao crescerem, tomam rumos distintos na carreira e na vida. Forrest estudou, foi ao exército e se tornou empresário do ramo do camarão (graças a seu amigo Bubba). Jenny também estudou, mas nasceu para ser livre. E sempre sonhou em ser famosa. Ela começa ganhando a vida cantando nua em bares masculinos (sim, a cena tem no filme), mas o que fica marcado é seu envolvimento com os movimentos hippies e panteras-negras. Sempre em alguns momentos do filme os dois acabam se encontrando. Para Forrest, esses momentos são os melhores de sua vida. Jenny ama Forrest, mas sabe que suas vidas são distintas, e faz questão de deixar isso claro para ele. A Jenny de Robin Wright é, portanto, uma personagem também inesquecível. Absurdamente, ela não foi indicada de Atriz Coadjuvante por esse papel. Wright andou um tempo sumida dos holofotes, até fazer brilhantemente a série da Netflix, House of Cards, que acabou de receber sua 2ª temporada e a 3ª já está sendo gravada.

            De muitos momentos marcantes, queria citar aqui uma cena muito linda e poética: quando Forrest chega do Vietnã e discursa para a platéia hippie (de início a cena é cômica porque o microfone está desligado), mas, logo ele vê a sua Jenny e sai do palco para beijá-la no Lago de Washington. Só vendo o filme para entender a poesia da coisa.

            Alguns críticos pegaram certa raiva desse filme aqui por acharem que Pulp Fiction merecia mais os prêmios e dizer que a vitória de Forrest Gump foi injusta. De fato, o filme de Tarantino é mais engenhoso e com uma importância maior ao mundo cinematográfico, mas dizer que a vitória de “Forrest Gump – O contador de histórias” foi injusta é um ultraje.

            O tempo provou que Tarantino é muito mais diretor do que Zemeckis, e considerando que há uma “maldição do Oscar” com seus vencedores, acho que a vitória de Forrest Gump foi mais ideal para o momento. E não devemos nos esquecer que Zemeckis esnobou Tarantino na ocasião e muitos críticos (sempre eles) defendiam que a carreira de Quentin Tarantino só seria fogo de palha e seria diretor de um filme só. Pois é, “A vida é como uma caixa de bombons, você nunca sabe o que vai encontrar” e, assim, como a famosa pena que abre e fecha o filme, a vida dá voltas e segue de um lado para outro.
           

Nota: 10,0

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