domingo, 25 de agosto de 2013

TED

Ted (Ted)


Direção: Seth MacFarlane

Ano de produção: 2012

Com: Mark Wahlberg, Mila Kunis, Seth MacFarlane, Patrick Stewart, Giovanni Ribisi .
Gênero: Comédia

Classificação Etária: 16 Anos



“Ted”, que ironia, erra por ser correto.

            Quando a comédia TED estreou nos cinemas brasileiros em Setembro de 2012, houve muito burburinho e comentários sobre o ursinho diferente representado nas telonas. O filme foi um sucesso absoluto, tanto aqui como no resto do mundo. Na verdade, foi a comédia de classificação restrita mais vista da história, ultrapassando, inclusive o fenômeno “Se Beber, Não Case”. O filme, claro, gerou muita polêmica. No Brasil, um caso de repercussão nacional foi quando o deputado Protógnes Queiróz, do PCdoB de São Paulo levou o filho de 11 anos e exigiu a proibição do filme no Brasil. Depois ele voltou atrás e solicitou apenas que o filme fosse reclassificado para 18 Anos, ao invés de 16. Ele alegava que o filme mostrava uma visão negativa de um símbolo infantil e visão positiva para o consumo de drogas. Felizmente, ele não conseguiu nem reclassificar, nem proibir o filme. Deixo registrada aqui a imbelicidade desse deputado porque tanto o trailer quanto alguns portais da internet deixavam claro que não se trata de um filme para crianças. Na época, alguns sites de cinema destacaram alguns excessos de palavrões e consumo de drogas.

            Todas essas discussões na internet e fundamentalmente nas redes sociais eram tudo o que o diretor e roteirista Seth MacFarlane queria. Mesmo ele sendo genial  e sem pudor nas suas paródias, ele deixa claro que o intuito é provocar brincar com tudo e todos.

            Mas por aqui todas essas polêmicas e discussões foram um pouco exageradas e fugiram do foco do propósito do filme. TED não faz, em momento algum, juízo de valores, nem qualquer tipo de apologia. Muito menos trata o urso como um “deus”. Muito pelo contrário, o animal é atrapalhado e em alguns casos só se dá mal. Infelizmente, algumas pessoas não estão preparadas para algo mais, digamos, ousado.

            TED é o filme de estreia de Seth MacFarlane, responsável para animação mais adulta, ousada e cultuada da última década: “Uma Família da Pesada”, ou simplesmente, “Family Guy”. Farlane, que também é responsável pelo desenho “American Dad”, injetou muita grana, tecnologia de ponta (chega até a ser uma superprodução de considerarmos que é uma comédia.), principalmente pelo sistema de captura de movimentos, eternizada pela Weta, do Peter Jackson, responsável por grandes personagens digitais, como o Gollum de “Senhor dos Anéis” e o primata Caesar de “Planeta dos Macacos – A Origem”. Farlane também recrutou sua amiga de muitos anos, Mila Kunis (de “Cisne Negro”), que, aliás, dubla a personagem da Meg Griffin do “Family Guy” na versão norte-americana.

            Outra característica importante e quase imperceptível entre seus desenhos e o filme TED são as hilariantes quebradas na história quando se cita alguma referência dos personagens. Explico melhor: na sequência que os personagens da Mila Kunis e o Mark Wahlberg estão discutindo seus 4 anos de relacionamento e eles relembram o primeiro encontro. E logo é mostrado o encontro em si. Ou seja, houve uma quebra na história principal para citar outra.

            Mas polêmicas e citações a parte, “TED” faturou mais de 500 milhões de dólares pelo mundo e a continuação, “TED 2” já foi anunciada, será com o mesmo elenco e irá estrear em 2015.

            No roteiro, TED conta a história de John, um garoto de 8 anos, que é solitário, sem amigos e sem perspectiva. No Natal de 1985, ele recebe de presente um ursinho de pelúcia que logo vira seu melhor amigo e o garoto adota o nome de Teddy, que logo viraria Ted. John faz um pedido para Ted falar e ficar vivo e o pedido é realizado. O urso fala normal e logo vira uma atração à parte. Diferente de outras obras de seres, digamos, estranhos em residências, principalmente de crianças, o garoto não esconde urso do mundo externo, pelo contrário, o urso vira uma celebridade, e aparece em todas as revistas, jornais e programas de TV e é querido de muita gente. Mas, como o mundo da fama é injusto, o sucesso acaba e o ursinho passa décadas esquecido. O urso cresce. O garoto também. Depois somos transportados para o ano de 2012 e John é um homem de 35 anos, agora já um profissional (trabalha em uma locadora de carros) e com uma linda namorada, a doce Lori, (vivida pela irresistível Mila Kunis). Mas John não quer se desfazer do urso, afinal, ele foi seu melhor amigo quando ele não tinha amigos. Mas o ursinho, TED, já não é mais aquela fofura. Agora ele também já é um adulto, fala palavrão, fuma maconha, só pensa em sexo, apesar de ele não ter, digamos, o instrumento necessário para tal ato. Mas John ainda ama seu urso. E também ama Lori. Ele até tenta equilibrar a vida com os dois, mas Lori lhe dá um ultimato, to tipo “ou ele ou eu”.

            Farlane é um nerd assumido. Adora filmes, games, séries de TV e a cultura pop em geral. Unindo a história do ursinho mais esse gosto do diretor pelo mundo “nérdico” é um prato cheio para referências, que, aliás, é o que não falta ao filme. Desde Star Wars, Senhor dos Anéis a até Brinquedo Assassino. A principal referência fica por conta da série Flash Gordon, com muitas homenagens, inclusive do protagonista da série de TV. Há algumas participações especiais, como Taylor Lautner, a cantora Norah Jones (que também faz um show durante o filme, e sua canção foi indicada ao Oscar de 2013 de Melhor Canção, perdeu para Skyfall da Adele), Brandon Routh (de Superman – O Retorno, que aliás, tem uma piada inusitada sobre o filme de 2006), entre outras. Esse conjunto de fatores torna “TED”, uma comédia especial.

            Mas, TED tem problemas. E gravíssimos. Primeiro, toda a sagacidade da primeira hora de filme (o filme tem 2 horas) é quebrada por uma trama, quem diria, sentimental, certinha, melosa e com todo e qualquer clichê hollywoodiano. Outro problema, que também tem a ver com esse: a figura dos sequestradores do ursinho. Cara bom versus cara mau e o inocente e indefeso ursinho está em perigo. Outro problema também é que o desfecho, principalmente a meia hora final se leva a sério demais. Tudo o que foi construído no início do filme é quebrado para satisfazer aos padrões americanos de fazer filme e, talvez aos mais conservadores, que se irritaram com o filme durante a primeira hora.

            É uma pena, que até mesmo um cara legal e genial como Farlane é forçado a alguns caprichos e ordens da indústria poderosa de Hollywood. Bastou ver a sua transmissão correta do Oscar e seu desfecho infeliz e certinho em TED.

            Realmente, estamos carentes de um filme de autor nos dias de hoje.


Nota: 8,0



Imagens:














Trailer:


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