segunda-feira, 23 de março de 2015

A Série Divergente: Insurgente


A Série Divergente: Insurgente (Insurgent)

Direção: Robert Schwentke

Ano de produção: 2015

Com: Shailene Woodley, Theo James, Miles Teller, Ansel Elgort, Kate Winslet, Jai Courtney, Naomi Watts, Maggie Q, Zoe Kravitz, Octavia Spencer.

Gênero: Aventura

Classificação Etária: 12 Anos

Superior ao primeiro filme, Insurgente finalmente acerta a franquia

            Em um passado não muito distante, adaptações de livros para o cinema eram sempre vistas de forma negativa. A regra era que nenhuma adaptação prestava. Havia as exceções, obviamente, como os filmes de Stanley Kubrick e Poderoso Chefão, mas a lei era que o livro era obrigatoriamente melhor do que o filme porque continha mais detalhes e alguns defendiam (e ainda defendem) que a imagem estraga a obra.

            Mas, nos últimos anos, isso felizmente mudou: a literatura cresceu de forma exponencial na cultura pop e as boas adaptações para o cinema são as principais responsáveis, sobretudo os livros de fantasia, os chamados young adult.

            Existem as tentativas que fracassaram, mas aquelas que estouram conseguem atrair multidões, geram moda e fãs, que é o caso também de Divergente, trilogia de livros escrita por Veronica Roth e foi adaptada para o cinema.

            Ano passado estreou o primeiro filme, claramente pegando carona com o sucesso de Jogos Vorazes e não foi exatamente um estouro de bilheteria: custou 85 milhões de dólares e faturou cerca de 235 milhões no mundo inteiro.

            Eu tive muitas ressalvas com o filme, principalmente com a correria para a edição final, mas não era exatamente um desastre total, pois havia indícios que era só uma questão de tempo até a franquia se acertar.

            E é exatamente isso que acontece na sua continuação, ‘Insurgente’.

            Mas, porque este filme é tão superior ao anterior? Bem, a equipe do filme foi drasticamente alterada: mudou o diretor, alguns produtores e colocou gente de peso como roteiristas, entre eles Akiva Goldsman, que escreveu o premiado ‘Uma Mente Brilhante’.

            O diretor do filme anterior, Neil Burger aqui trabalha como produtor executivo, dando a cadeira de diretor para Robert Schwentke (de ‘Red – Aposentados e Perigosos’ e o subestimado ‘Plano de Vôo’). Outra mudança importante foi que, no primeiro filme, a autora Veronica Roth não sabia o que fazer com a adaptação, não deu palpite na produção e não teve pulso firme para defender seu trabalho perante o estúdio. Sendo assim, ficou um filme de produtor e talvez por isso o resultado tenha sido tão negativo.

            Outra mudança significativa foi com os atores: o elenco jovem sem carisma do primeiro filme deu lugar a basicamente os mesmos atores, mas agora como grandes promissores, e todos, sem exceção, são a prova de que, se bem dirigidos, são capazes de se entregar a grandes papéis, são eles: a própria Shailene Woodley, a Tris, evoluiu muito como atriz, sobretudo após seu papel irretocável em ‘A Culpa é das Estrelas’ e seu nome é dos mais requisitados de Hollywood. E pensar que muitos torciam contra ela por causa da frustrada Mary Jane na franquia também frustrada do Espetacular Homem-Aranha, agora que o herói está na Marvel. Ansel Elgort, que interpreta seu irmão, Caleb, e também fez ‘A Culpa é das Estrelas’ (curiosamente como seu par romântico) está muito bem como “agente duplo” e uma espécie de “soldado” da Jeanine, consegue balancear os momentos com sua irmã e com sua “chefe”. Claramente ele fica corrompido pela Erudição e em uma conversa com a irmã  ele deixa transparecer que seus pais mereceram morrer. Miles Teller brilhou no início do ano com o premiado ‘Whiplash – Em Busca da Perfeição’ (vencedor de 3 Oscars, inclusive o merecidíssimo prêmio para J. K. Simmons) e será o Sr. Fantástico no reboot de ‘Quarteto Fantástico’. Aqui seu papel de Peter é muito maior e exigiu-se mais dele. De início ele é o soldado leal de Jeanine, mas que eu descobrir o caráter da vilã, ele muda de lado drasticamente. Jai Courtney, que também fará um filme grande este ano, ‘O Exterminador do Futuro: Gênesis’, faz seu Eric funcionar mais do que seu fraco desempenho no filme anterior, assumindo a postura de vilão. Zoe Kravitz, filha de Lenny (que curiosamente está em Jogos Vorazes), que faz Christina, a melhor amiga de Tris, pode ver sua carreira finalmente decolar. E dessas loucas coincidências do estúdio Summit, que também produziu Jogos Vorazes, o papel de Lenny Kravitz lá também é como o melhor amigo de Katniss. Até Theo James como Quatro, que tanto o critiquei no filme anterior, está bem aqui e menos caricato.

            E além do elenco jovem, temos o elenco mais conhecido do grande público, sobretudo Kate Winslet como vilã, que interpreta a fria e calculista Jeanine Matthews, a líder da Erudição e neste filme aqui tem um destaque muito maior do que no filme anterior (e do que nos livros também, pois seu personagem quase inexiste) e que em Insurgente precisa desvendar o que há na caixa encontrada na casa dos pais de Tris na Abnegação e apenas a própria Tris pode abrir a caixa, pois é a única com características 100% divergentes, ou seja, apresenta perfil para as 5 facções: Abnegação, Amizade, Audácia, Erudição e Franqueza.

            Mais do que isso, Tris precisa ser submetida a testes para todas as facções, preparados pela própria Jeanine.

            Os testes são o melhor momento do filme: Tris tem que salvar sua mãe (que morreu no 1° filme e agora só aparece em sonhos e em flashbacks) no treinamento da Audácia, fala a verdade sobre sua Divergência com sua mãe no teste da Franqueza, reconhece que seu amado Quatro é uma simulação no teste da Erudição, poupa a vida do traidor Peter no teste da Abnegação, mas o melhor ficou para o teste da Amizade: ela tem que lutar contra ela mesma (em uma luta espetacular) e provar que pode não ser violenta.

            Além de Kate, há mais duas grandes atrizes que surgiram em ‘Insurgente’: a oscarizada Octavia Spencer, que faz Johanna, líder da Amizade (que infelizmente, teve seu papel pequeno), mas quem se destaca é Naomi Watts como Evelyn, que é mãe do Quatro e é líder dos sem-facção. Aqui ela se despe da qualquer vaidade e sua Evelyn pode ter mais destaque ainda nas continuações.

            Em ‘Divergente’, a história não se decidia se focava no romance ou na distopia, mas aqui, ‘Insurgente’ se assume não só como um futuro sombrio e distópico, mas como filme de ação. Com um orçamento muito maior neste 2° filme, temos uma Chicago muito mais explorada, sobretudo com sua Direção de Arte pós-apocalíptica, finalmente entendemos sobre todas as facções e sobre as não-facções e seu submundo e, como distopia, ‘Insurgente’ está mais cruel e menos romantizado.

            Em relação ao livro, este filme é muito superior: o já citado destaque que Jeanine tem no filme que não tem nos livros. Na literatura, temos muito destaque para o romance entre Tris e Quatro, que é impossível não associar com Crepúsculo. Aqui, o romance é convenientemente contido com o foco nas facções e na luta contra o sistema. Mas Edith Prior, que apenas aparece em um holograma, não tem seu nome citado como no livro. E saber quem ela é, com o mesmo sangue de Tris será de fundamental importância para o próximo filme.

            Como na maioria das franquias de fantasia, o último livro, ‘Convergente’, foi dividido em dois filmes. Os produtores juram de pés juntos que a intenção é explorar mais os detalhes da literatura e fazer dois filmes completos, que, na verdade, é um só.
            Como ninguém aqui é ingênuo, nós sabemos que o intuito é financeiro. Dois filmes filmados de uma vez significam orçamento em dobro.

            Eu já tive a chance de ler Convergente e não enxerguei a necessidade de dois filmes, um filme de 130 minutos é mais do que suficiente, mas isso pode não significar nada: se os roteiristas e produtores continuarem a ignorar e não seguir a literatura ao pé da letra, poderemos ter dois grandes filmes, sendo que o livro não é necessariamente tão grandioso.         

Nota: 8,0

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