quarta-feira, 11 de março de 2015

Unbreakable Kimmy Schmidt - 1ª Temporada


Unbreakable Kimmy Schmidt – 1ª Temporada

Criada por: Tina Fey e Robert Carlock

Ano de lançamento: 2015

Com: Ellie Kemper, Tituss Burgess, Jane Krakowski, Dylan Gelulla, Carol Kane.

Gênero: Comédia

Classificação Etária: 14 Anos


Nova série da Netflix é diferente e irresistível

            Já com o seu sistema consolidado, a Netflix agora tem mais liberdade em investir em mais séries e ousar mais. E para quem achava que Orange is the New Black era uma série diferente, ainda não viu nada.

            Unbreakable Kimmy Schmidt é a nova aposta desta mídia, tem como uma das criadoras ninguém menos do que Tina Fey (que criou ‘30 Rock’ e por 3 anos seguidos apresentou o Globo de Ouro junto com Amy Poehler), tem uma idéia originalíssima, elenco afiado e mesmo com um pé no drama, jamais deixa de ser comédia.

            Na história, temos um grupo de 4 mulheres, chamadas de “mulheres toupeiras”, que ficaram 15 anos presas em um alojamento subterrâneo em Dunsville porque um reverendo fanático as colocou lá, pois temia o apocalipse.

            A série começa com o resgate e o caso se tornando de domínio público e, após um evento em Nova York, uma delas, Kimmy Schmidt (da série ‘The Office’) decide ficar na Big Apple para viver tudo aquilo que perdeu em 15 anos.         

            A temporada acompanha nossa protagonista tentando se virar em uma grande metrópole, ao mesmo tempo em que precisa se atualizar com mundo em geral.

            Com pouco dinheiro, Kimmy consegue uma casa alugada no subúrbio e divide o lar com um sujeito chamado Titus (que, às vezes, é exagerado, mas funciona muito bem como alívio cômico, mesmo sendo uma série de comédia) e consegue um trabalho como empregada em uma casa luxuosa.

            A série pode não se tornar um fenômeno, como House of Cards ou Orange is the New Black, até porque apresenta uma temática muito diferente do convencional das sitcons americanas e pode soar estranha para o grande público. Temos uma protagonista ingênua e inocente e, como ela perdeu os últimos 15 anos de sua vida, algumas situações podem causar estranhamento em quem assiste (ela não reconhece um telefone celular, por exemplo) e algumas piadas mais ácidas (inclusive com as ditas, “minorias”) podem causar repulsa no espectador.

            O roteiro afiado de Tina Fey brinca com a bizarrice humana, não há personagens “normais” e, por mais que alguns tentem manter as aparências, escondem algo de sombrio, em especial na casa onde Kimmy trabalha: sua patroa, Jacqueline Voorhes (em uma clara referência ao Jason de Sexta-Feira 13) é uma socialite com excesso de preciosismos, mas que esconde seu passado como índia (mostrado com muita maestria em flashbacks). Sua filha, Xanthippe, é uma típica patricinha nova-iorquina, humilha Kimmy, sempre foi mimada e tem amigos “descolados”, mas esconde que é uma aluna aplicada, é virgem e nunca ingeriu drogas, independentemente de ser ilícita. E mesmo o Sr. Voorhes, que é um pai e marido ausente, claramente trai sua esposa.

            De início, Kimmy esconde que era uma “mulher toupeira”, mas, com algumas pressões, seja de Xanthippe, ou de suas ex-colegas, ela começa revelando aos poucos, mas, o que parecia ser algo abominável para ela, acaba sendo a maior vantagem: ela ganha a confiança de Jacqueline, de Titus e consegue dois pretendentes, um playboy nova-iorquino e um imigrante oriental. A menina toda perdida do começo da temporada começa a ficar mais esperta e, com o passar dos episódios, sua presença começa a se tornar fundamental e ninguém (mas ninguém mesmo!) consegue mais viver sem ela, inclusive resolvendo situações que ninguém jamais sonhou que aconteceria, como ela desmascarando Xanthippe na frente dos colegas e também desmascarando o professor de ginástica picareta.

            Na segunda metade da temporada, descobrimos que o reverendo está em processo de julgamento e muitos episódios estão focados nisso, mas, o que poderia ser um momento tenso, acaba sendo um deleite: o reverendo tem uma lábia capaz de convencer até o jurado mais cético, os promotores, bem como o juiz claramente não estão preocupados com o tribunal e o julgamento acaba virando um espetáculo de TV.

            Unbreakable Kimmy Schmidt se torna ainda mais um excelente programa quando temos algumas participações especiais de muitos atores bons conhecidos por outras grandes séries: a própria Tina Fey interpreta a promotora atrapalhada. Kieman Shipka, a Sally Draper de Mad Men, aparece no 9° episódio. Dean Norris, o Hank de Breaking Bad, revela uma veia cômica jamais vista: no 10° episódio, ele ensina Titus a “virar homem” em momentos hilários.

            Mas nenhuma aparição se compara a de Jon Hamm, o grande Don Draper de Mad Men. Ele faz ninguém menos do que o reverendo e são dele os momentos mais engraçados da temporada: ao mesmo tempo em que ele é réu, ele é advogado, tem uma lábia poderosa e convence a todos que fez o que fez “pelo bem das meninas”. Foi muito bom vê-lo em um papel fora de sua zona de conforto em Mad Men. E não devemos deixar de reparar na crítica ácida que o roteiro faz com o fanatismo religioso e de como a ignorância pela leitura da religião pode levar a atos hediondos.

            Esta série merece uma chance nas premiações (o Emmy será no 2° semestre), seja como série de comédia, alguns coadjuvantes ou essa atriz irresistível que é esta moça maravilhosa chamada Ellie Kemper. A escolha para viver Kimmy não poderia ter sido melhor. Ela transmite a leveza e inocência que sua personagem exigia, seja pelo olhar ou pelas ações.

            Unbreakable Kimmy Schmidt já foi renovada para uma 2ª temporada. É uma série rápida, com apenas 13 episódios com duração de 25 minutos, o que dá para ver em poucos dias.

            Com uma idéia dessas, a série poderia se tornar dramática. Poderia usar um coma ao invés de isolamento, mas o roteiro usa do bizarro para contar algo que parece óbvio, mas de óbvia Unbreakable Kimmy Schmidt não tem nada.

Nota: 9,0

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