quarta-feira, 18 de março de 2015

Os 12 Macacos


Os 12 Macacos (Twelve Monkeys)

Direção: Terry Gilliam

Ano de produção: 1995

Com: Bruce Willis, Madeleine Stowe, Brad Pitt, Christopher Plummer.

Gênero: Ficção Científica

Classificação Etária: 14 Anos


‘Os 12 Macacos’ vislumbra um futuro sombrio

            O diretor, roteirista, ator e produtor Terry Gilliam tem a fama de ser engenhoso e obsessivo e, considerando seus filmes, faz totalmente por merecer.

            Não há nenhum filme “normal” em sua filmografia e o cinema tem que agradecer por ainda existirem pessoas assim, basta se lembrar dos grandes diretores obsessivos pela arte que tivemos, como Kubrick e Hitchcock.

            Ele constituiu sua grande carreira com a série britânica Monty Python como ator, até dirigir os filmes baseados na série, como ‘Em Busca do Cálice Sagrado’, em 1975 e ‘O Sentido da Vida’, em 1983.

Em 1991 fez ‘O Pescador de Ilusões’, com Robin Williams, que foi um belo drama, mas seu projeto mais audacioso veio 4 anos depois: ‘Os 12 Macacos’, ficção científica baseada em um curta-metragem francês, tem a produção de Charles Roven (grande produtor de vários filmes da DC Comics, inclusive, para os próximos projetos anunciados) e com um elenco inacreditavelmente afiado: Bruce Willis tem aqui poucos momentos como herói de ação e sua atuação é mais focada no seu lado mais pessoal e psicológico. Ele vinha do sucesso de ‘Pulp Fiction’, que também mostrou a força do cinema independente e sua força como um grande ator além da ação. Madeleine Stowe, que hoje é mais conhecida como a Victoria Grayson da série Revenge, não teve uma carreira consolidada nos cinemas e faz seu filme mais “comercial”, mas, agora como vilã de Revenge, finalmente pôde sentir o cheiro do sucesso. E Brad Pitt, que de galã promissor passou a ser um ator de respeito, faz um dos melhores papéis da sua carreira, ganhou o Globo de Ouro e foi indicado ao Oscar por este papel, mas perdeu para Kevin Spacey por ‘Os Suspeitos’.

            A história se passa em 2035, em um mundo pós-apocalíptico em que um vírus dizimou 5 milhões de pessoas no ano de 1996. Quem espalhou este vírus foi um grupo terrorista chamado de Os Doze Macacos, liderado por Jeffrey Goines (Brad Pitt). Um grupo de cientistas envia um presidiário chamado James Cole (papel de Bruce Willis) para o passado e descobrir a origem do vírus.

            O problema é que eles o enviam para o ano de 1990 acidentalmente, em que James é tratado como um louco em um hospital psiquiátrico e ninguém acredita em sua história sobre o vírus, exceto a Dra. Kathryn (Madeleine Stowe), que passa ser a única pessoa em quem ele confia. James também conhece Jeffrey, que aqui é apenas um paciente no mesmo hospital psiquiátrico antes de virar um terrorista.

            Quando ele volta para o futuro, os cientistas corrigem o erro e o mandam para 1996, em que o sistema não o vê mais como um louco, mas sim como um criminoso e, novamente, a única que confia nele é Kathryn.

            Apesar do sucesso de público e crítica que este filme teve, jamais pode ser visto como um blockbuster. Muito pelo contrário, deve ser visto como um objeto de estudo, seja sobre viagens no tempo, sobre a questão da vida na Terra e também sobre conspirações.

            Tudo isso graças a esse grande roteiro bem amarrado, que não perde tempo com explicações desnecessárias, nem momentos de reflexões (e olha que lições de moral poderiam passar com toda pieguice). Aqui temos um trabalho com mais firmeza e até mais intimista, principalmente porque o próprio James fala que é impossível alterar a história, mas ele tentará descobrir o que culminou a presença do vírus. Além disso, o roteiro nos deixa a dúvida o tempo todo: será que estamos falando das lembranças de um viajante do tempo ou tudo são alucinações?

            Isso pode gerar vários debates e discussões até na questão religiosa: Será que somos nós, humanos, que mudamos a nossa história ou tudo está escrito, como defendem os espíritas?

            A fotografia escura e sombria faz todo o sentido considerando o contexto e os 3 atos da história, seja passado, futuro e “presente” (no caso, o ano de 1996) são construídos de maneira mais real e menos otimista.

            E não por isso, ‘Os 12 Macacos’ continua em qualquer lista sobre os melhores filmes de ficção científica. Terry Gilliam faz o filme mais denso e “sério” de sua grande carreira e ‘Os 12 Macacos’ poderia ser um filme mais popular, mas Gilliam ainda é um diretor autoral e permite fazer um filme com sua marca, mesmo em uma super produção. E não é a toa que, passados 20 anos de seu lançamento, ‘Os 12 Macacos’ está na galeria dos melhores e maiores filmes da história sobre viagens no tempo.

É o cinema nos levando a lugares onde menos se espera chegar.

Nota: 10,0

Imagens:








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