quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Jason Bourne

            Em 2002, A Identidade Bourne mudou completamente a forma de como o público via os filmes de ação: os cortes rápidos, a câmera que acompanha a ação de forma quase participativa e os efeitos práticos.

            De lá para cá, houve mais dois filmes da franquia, que foram evoluindo a trama e um spin-off, que foi bem de bilheteria, mas não foi tão bem recebido pela crítica, tanto que o ator Matt Damon e o diretor Paul Greengrass relutaram para voltar ao universo Bourne porque acharam que a história não poderia avançar mais e todos os arcos haviam sido fechados em O Ultimato Bourne.

            Mas, com uma boa ideia nas mãos, uma grande equipe e bom elenco é possível sim fazer com que uma franquia se reinvente aos novos tempos e embora não seja tão brilhante quanto a trilogia original, Jason Bourne é um grande filme. E se não tem a inovação técnica que consagrou a série, ao menos mostra que está atualizada com o mundo atual, que está mais conectado o avanço da tecnologia e das redes sociais, além de mostrar como está a paranoia americana com a questão da privacidade pós Edward Snowden.

            O personagem título agora é um lutador de rua e está fora dos holofotes, até que Nicky Parsons (personagem da Julia Stiles) o procura oferecendo novas informações sobre o seu passado, sobretudo sobre o seu pai. Mas Bourne é perseguido pela CIA, liderada agora por Robert Dewey (Tommy Lee Jones, ótimo no papel!) que teme um novo vazamento de dados, mas a novata Heather Lee (Alicia Vikander) acredita que recrutar Jason Bourne seja a melhor ideia.

            Jason Bourne promove uma boa discussão sobre privacidade na rede e como isso interfere na segurança de um país. Afinal, o que é mais importante, a segurança do Estado ou do indivíduo? A dualidade entre o personagem de Tommy Lee Jones e de Riz Ahmed (claramente inspirado em Mark Zuckerberg) é praticamente uma trama paralela aos acontecimentos principais. Quando juntos em cena, um representa o passado e o outro, o futuro.

         Há duas cenas espetaculares de ação em Jason Bourne: uma se passa paralelamente a um protesto no Grécia. A urgência do conflito misturada com a tensão da perseguição e trama do filme tiram o fôlego, assim como uma perseguição automobilística em Las Vegas.

             Todos os personagens são bem aproveitados e até o de Vincent Cassel, que faz um sniper que persegue Bourne e praticamente repete o personagem de Clive Owen no filme de 2002, mas quem apresenta mais camadas aqui é a personagem de Alicia Vikander, na qual suas intenções são ficam muito claras por aqui, sua Heather é mais tridimensional do que o próprio protagonista e é uma personagem a ser explorada.

            O diretor Paul Greengrass também produz o filme (junto com o próprio Matt Damon e Frank Marshall) e o escreve junto com Christopher Rouse, que também é o montador desse e dos outros filmes da franquia e levou o Oscar de 2008 na categoria. Ambos mostram aqui que sabem o que fazer ao passo que também não querem que a franquia que os deu notoriedade acabe.

            Jason Bourne não é nenhuma obra-prima, é inferior à trilogia original, mas supera o spin-off. Merece ser visto por fãs e não-fãs da franquia.

Com tantos filmes que não vão acrescentar nada ao mundo do cinema e ao mundo real, um produto que traz questões como paranoia com o terrorismo e privacidade na rede jamais deve ser ignorado.

Nota: 9,0

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