segunda-feira, 26 de setembro de 2016

How to Get Away With Murder - 2ª Temporada


            A primeira temporada de How to Get Away With Murder foi um grande sucesso de público e crítica e venceu o prêmio histórico no Emmy de Melhor Atriz em 2015 para Viola Davis.

            Tamanho sucesso se deu aos seus 15 episódios muito bem distribuídos em uma trama que deixava o espectador tenso a cada episódio. A estrutura era a seguinte: havia a ação ocorrida em tempo presente, mas com relances de um acontecimento futuro e a cada episódio a série deixava pistas das conseqüências ou motivos de como chegaria àquilo. E o resultado foi uma temporada muito bem amarrada e que levou o seu mistério até o final.


            Aliás, quem tomou algum spoiler perdeu uma grande experiência.

            How to Get Away With Murder é uma série de TV aberta, mas a estrutura lembra muito as séries de TV fechada, com poucos episódios por temporada e funcionando como um grande filme. Ok, há um pouco de procedural em alguns episódios e por ser uma série de Direito, isso faz todo o sentido, mas há uma grande trama que leva a temporada. Foi assim nas duas primeiras temporadas e esse deve ser o caminho que a série seguirá.


            Outro fator que faz que a série não tenha perfil de TV aberta é o conteúdo violento e ousado de alguns episódios: não dá para esperar um conteúdo como o de Sense8, por exemplo, mas uma série que mostra relação entre pessoas do mesmo sexo, relações sexuais intensas (no plural mesmo) e assassinato a sangue era algo impensável a alguns anos – ao menos em um canal aberto.

            How to Get Away With Murder é exibida nos Estados Unidos pelo canal ABC, foi criada por Peter Nowalk e tem como produtora executiva ninguém menos do que Shonda Rhimes, que é a criadora de Grey’s Anatomy de Scandal (também séries do canal ABC) e embora ela não seja a criadora aqui, há algumas características dela, como a montagem frenética, o foco nas relações entre os personagens e as personagens femininas fortes. Nas três séries, o foco são as mulheres e os homens têm sim a sua importância, mas quase sempre são relegados ao segundo plano.


            Mas isso torna as séries feministas? Nem um pouco: as tramas políticas e de direito, por exemplo, são universais e interessam a todos.

            Outra característica da Shonda é que suas séries não são lineares e sempre tem algum acontecimento bombástico com reviravoltas, seja um seqüestro, morte e por aí vai. Isso é um problema e uma qualidade ao mesmo tempo e depende muito do contexto que sua temporada se passa.


            No caso de How to Get Away With Murder isso foi uma qualidade enorme para a primeira temporada, mas quase isso foi um calcanhar de Aquiles por aqui: a estrutura desta segunda temporada é idêntica à primeira, ao menos, no início: começa exatamente do ponto onde a primeira termina, mas tem um salto de dois meses com um assassinato e conforme os episódios vão passando, o tempo vai regredindo gradualmente.

            O problema é que no 9º episódio, tudo é revelado e a partir do 10º episódio, temos, praticamente, uma outra série. São duas temporadas dentro de uma. Não que a trama da segunda metade da temporada seja desinteressante, muito pelo contrário, mas os produtores enchem de reviravoltas e flashbacks onde a maioria funciona, sobretudo para conhecermos melhor o passado de alguns personagens, mas alguns excessos poderiam ter sido evitados, onde claramente não devia ter esticado para 15 episódios.


            Assim como na primeira temporada, é Viola Davis com a sua Annalise Keating que leva a série com sua presença imponente com seus alunos, colegas e adversários, mas engana-se quem acha que ela é a única coisa boa por aqui. A maior parte do elenco é composta por nomes desconhecidos e cada um tem o seu talento individual, aliás, agora que a série é um sucesso, só esperamos que esses jovens atores tenham um futuro em Hollywood.

            O nome mais conhecido aqui, tirando Viola Davis foi a presença de Famke Janssen (a Jean Grey da trilogia X-Men), que foi adicionada à segunda temporada como uma velha amiga de Annalise – e está excelente como a advogada Eve (e quando mais sabemos sobre essa personagem e seu passado, mais interessante ela fica).


            No mais, apenas Matt McGorry (o John de Orange is the New Black), que interpreta o Asher e Lisa Weil, a Bonnie, que foi a Paris em Gilmore Girls (e estará no retorno da série pela Netflix) são conhecidos por suas séries anteriores, mas nenhum deles podem ser considerados exatamente como estrelas (embora tenham talento de sobra).

            How to Get Away With Murder termina de forma completamente aberta e com um grande gancho para a próxima temporada. Só esperamos que essa grande série não perca seu ritmo e trama frenéticos. O elenco é todo competente e a equipe técnica é ótima, mas que pode se perder em meio a algumas reviravoltas que podem ou não fazer sentido. É um cuidado que a série vai ter que tomar.

Nota: 9,0

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