segunda-feira, 5 de setembro de 2016

A EXCELENTE 2ª Temporada de Narcos


            Havia uma grande expectativa para a 2ª temporada de Narcos por parte do público e uma grande responsabilidade por parte dos realizadores: a série estreou em 2015, foi um grande sucesso de público e crítica e o nosso Wagner Moura foi indicado ao Globo de Ouro pelo papel.

            Mas, afinal, porque tamanha expectativa e responsabilidade? As respostas são simples: a primeira temporada terminou de forma completamente aberta e deixou o público ansioso pelo desfecho. E há outro detalhe: a primeira temporada explora mais de uma década da vida de Pablo Escobar e essa segunda só explora 18 meses, que é o período em que ele consegue fugir da prisão que ele mesmo construiu até a sua morte, em dezembro de 1993.

            A Netflix acertou em cheio no marketing da série, em revelar em seus trailers que Escobar morre e livrar o público de um possível spoiler. O que vale mesmo é toda a trajetória e busca de Escobar e quanto menos se sabe, melhor fica a experiência.


            E quem não conhece história pode não entender porque ela fascina tanto: o mundo de Escobar era um Estado dentro de outro, para ele não havia atalho para atingir seus objetivos e a série jamais esconde o que ele é de fato: assassino frio, sanguinário e megalomaníaco. Ele poderia parar a hora que quisesse, mas sempre queria mais. “O presidente dos Estados Unidos sabe o meu nome”, foi o que ele disse em um dos episódios dessa temporada.

            Outra coisa que a série deixa claro é que, apesar de toda a sua história de tráfico, sangue e muitas mortes, Pablo tem admiradores até os dias de hoje. Há uma ótima cena nesta temporada em que ele está em um bairro pobre de Medelín (que ele mesmo construiu) e ele é cercado pela população como um ídolo pop e distribui dinheiro para o povo, mas na tomada seguinte ele mata a sangue frio.


            E havia mais um detalhe sobre essa admiração que muitos tinham sobre ele: se não fosse por seus seguidores e aliados, ele jamais chegaria aonde chegou. Nas duas temporadas, mas principalmente nesta segunda, seus capangas o seguem religiosamente o se matam por ele – literalmente. E em todos os acontecimentos que marcaram a vida de Escobar, como a fuga da prisão e o atentado contra o presidente da Colômbia, ele só obteve êxito por conta de seus capangas.

            Essa segunda temporada foca em seu período pós-prisão, sobre como ele ainda comandava tudo escondido, na busca por ele, seja da polícia, do governo ou do DEA e na ascensão do grupo rival a Escobar, o Cartel de Cali.


            Os episódios desta temporada estão ainda melhores do que da primeira, seja pela montagem mais dinâmica pelo roteiro mais bem amarrado com os acontecimentos ou pelos excelentes personagens.

            A série ainda tem um perfil documental, aqui as imagens da vida real só enriquecem a trama e há várias cenas em que a série fez um trabalho idêntico à realidade.

            Wagner Moura está ainda melhor como Pablo Escobar, mais à vontade no papel e, se vierem as indicações aos festivais (ou possíveis prêmios!), estarão em boas mãos, mas há uma qualidade aqui em relação à primeira temporada: não é apenas uma temporada de Escobar, outros personagens também brilham aqui, alguns novos e outros que tiveram uma nítida melhora em relação ao ano passado: a família de Escobar, sobretudo o elenco feminino, sua mãe e esposa, têm uma presença maior aqui. Sua esposa claramente o ama, mas teme por sua segurança e seus filhos, já sua mãe é uma personagem quase tão fascinante quanto ele: quer o bem para o seu filho independentemente do que ele faça e o protege até a morte.

Steve Murphy e Javier Peña também cresceram como personagens (principalmente Peña) e aqui há um novo núcleo, que é o do Cartel de Cali, sobretudo com a presença de Gilberto Orejuela (dos homens mais ricos da Colômbia) e Judy Moncada, na qual seu marido foi morto por Escobar e agora ela quer vingança.


            Quanto aos personagens novos, o destaque fica com o novo chofer de Escobar, o “Limón”, como era conhecido e Maritza, que entra logo no primeiro episódio e é uma personagem com muito mais camadas do que possa parecer.

            Os 10 episódios desta temporada jamais perdem o ritmo e a série até consegue deixar o espectador tenso, mesmo com todos sabendo do desfecho, mas o destaque fica com o último episódio, na qual o espectador passa, praticamente, recebendo um soco no estômago por 50 minutos, sobretudo nos 20 eletrizantes minutos finais.

            Narcos já foi renovada para a 3ª temporada e embora ela perca seu personagem principal, seu novo tema, que é o Cartel de Cali, é um novo assunto a ser explorado e fica a nossa confiança para os roteiristas, porque há muito material ainda a ser descoberto.

Nota: 10,0

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