segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Grey's Anatomy - 12ª Temporada


            O formato de Grey’s Anatomy parece estar com os dias contados. Não a série em si, mas o formato: nesta 12ª temporada são 24 episódios e era muito comum os canais investirem em vários episódios por temporada até uma década atrás, mas com os serviços de streaming, que popularizou séries com 10, 12, no máximo 13 episódios e considerando que um ator de série também almeja trabalhar com cinema (e vice-versa), os canais investem em menos episódios, até porque isso barateia os custos de produção.


            E não são apenas os canais fechados, como a Netflix ou HBO: o canal ABC (que também distribui Grey’s Anatomy) iniciou, em 2014, a série How to Get Away With Murder, que é produzida pela Shonda Rhimes, que, apesar de ser um programa da TV aberta norte-americana, contém apenas 15 episódios. E parece que esse é mesmo o caminho, séries com menos episódios. E nem estamos falando do formato de antologia, na qual uma temporada é fechada e começa tudo do zero. Fargo e American Horror Story fazem isso com muito sucesso, por exemplo.

            Não bastasse tudo isso, Grey’s Anatomy chega ao seu 12º ano cheia de altos e baixos: a série teve o seu auge, entre a 2ª e a 5ª temporada e claramente foi empurrando sua trama em muitas histórias e personagens que não faziam sentido com o passar dos anos.


            Tudo isso ocorreu porque 1) a série tem fãs no mundo todo, inclusive no Brasil, e a seguem religiosamente e 2) sua criadora, Shonda Rhimes, costuma inventar alguma história megalomaníaca para empurrar o seu carro chefe, como um acidente aéreo ou seqüestro no hospital, mas nada se compara ao leão na 8ª temporada.

            Neste cenário, as expectativas para esta 12ª temporada eram totalmente baixas, sobretudo pelo final da 11ª temporada: houve uma perda irreparável de um personagem e parecia que a série bateria nessa tecla, mas, felizmente, a 12ª temporada de Grey’s Anatomy é tão boa – ou melhor – do que o chamado “auge” da série, sobretudo por levar a sua trama para frente, com poucas lembranças do passado (embora alguns flashbacks funcionem) e há dois elementos que fazem com que esta temporada seja especial: 1) os personagens novos são excelentes e 2) a série não tem medo de ousar.


            Logo no primeiro episódio, temos um caso de duas adolescentes que se amam se são reprimidas pela família e aqui há mais cenas de sexo, beijo entre duas mulheres e os dramas são apresentados sem quase sem pudor nenhum. Ok, é uma série de TV aberta e não dá para esperar uma ousadia como em Sense8, mas considerando que Grey’s Anatomy era uma série “para a família”, isso é um avanço.

            Mesmo tecnicamente a série evoluiu, a montagem está mais ágil, a trilha sonora casa muito bem com a maioria dos momentos e os diálogos estão melhores do que muitos filmes grandes. O episódio 9, por exemplo, onde um paciente agride uma médica, é feita de forma quase visceral e do ponto de vista da vítima. E este episódio é dirigido pelo astro Denzel Washington.


            A maioria dos novos personagens já haviam sido introduzidos na temporada passada, como Amelia Shepherd, Jo Wilson, Stephanie Edwards, Maggie Pierce e Andrew DeLuca. Todos excelentes, cada um tem seu arco dramático e juntando com as novas funções dos personagens já veteranos, como a própria Meredith e Bailey, a série ainda tem muita lenha para queimar, contrariando todas as previsões.

            Grey’s Anatomy tem um grande elenco, tanto em tamanho quanto em qualidade dos atores e há tempos deixou de ser apenas uma série da Meredith Grey, vivida pela Ellen Pompeo. Ok, ela ainda é a narradora (se bem que há 2 episódios aqui que não são narrados por ela) e seu nome é o primeiro nos créditos, mas o nome “Anatomia da Grey” agora é mais protocolar do que uma necessidade.


            Com tantas histórias, tantos personagens cativantes e ainda com uma legião de fãs, Grey’s Anatomy ainda não deu sinal de que acabará. A 13ª temporada já foi encomendada e está sendo filmada. A série andou em baixa entre a 7ª e a 11ª temporada e não era difícil achar quem havia desistido, mas esse “reboot”, que aconteceu nesta nova temporada foi fundamental para dar uma nova vida a este mundo da medicina e para atrair novos espectadores.


            Quem quiser acompanhar a série do começo, com seus mais de 200 episódios, estão todos disponíveis na Netflix, não há problema nenhum, mas, quem começar a acompanhar deste 12º ano, encontrará o início de uma grande história e personagens que se descobre – ou redescobre – junto com os fãs que acompanham esta série que já está na história da TV mundial há mais de uma década.

Nota: 10,0

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