sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Nerve - Um Jogo sem Regras é um jovem clássico a ser apreciado

Nerve – Um Jogo sem Regras é um filme que fala muito com a geração atual e com o mundo conectado, mas dificilmente ficará datado: não é apenas um retrato sobre tecnologias, mas dos nossos costumes e do nosso comportamento, tanto no mundo “real” quanto no virtual. E isso jamais envelhece.


O filme é baseado em um livro de Jeanne Ryan e conta a história de Vee (vivida por uma Emma Roberts muito inspirada), uma moça tímida e sua amiga, Sidney, é viciada em um jogo chamado Nerve, que consiste em um aplicativo de celular no qual as pessoas podem ser observadoras ou jogadoras.

Se escolher ser observador, a pessoa paga uma mensalidade e pode dar os desafios para os jogadores, que devem realizá-los em troca de dinheiro e, se não o fizerem, perdem tudo o que ganharam.


Os desafios são os mais absurdos possíveis, que levam os jogadores ao limite e a pessoa não tem outra saída se não colocar a vida em risco. E tem mais: se a pessoa desiste, perde tudo o que ganhou.

Nerve – Um Jogo sem Regras é uma crítica à nossa dependência às tecnologias e aos chamados “haters” de internet: os personagens do filme se apresentam viciados no jogo e ele se torna mais importante do que a própria vida. E as pessoas são julgadas pelo desempenho do jogo.

Se nos anos 80, havia a diferença entre “perdedores” e “vencedores”, aqui essa diferença migra para “populares” e “não-populares”.

Tanto a montagem quanto a fotografia de Nerve – Um Jogo sem Regras são excelentes: a trama se passa em apenas uma noite e há vários cortes rápidos em cenas pontuais. São cerca de 90 minutos em que o filme deixa o espectador praticamente sem respirar. E a fotografia é vibrante, e, por ser noturna, há vários takes vistos de cima para baixo de Nova York (cidade onde o filme se passa) e as luzes de neon deixam o filme mais intenso.


As seqüências na moto, na escada e na loja de roupas deixam qualquer fã de filme ação tensos na poltrona.

Os diretores Ariel Schulman e Henry Joost (diretores de Atividade Paranormal 3 e 4) realizaram uma obra pop, mas está longe de ser sutil: as conseqüências das ações dos personagens são apresentadas de forma até chocante em alguns momentos, sobretudo no segundo ato.

A roteirista do filme, Jessica Sharzer, também escreveu alguns episódios de American Horror Story e trouxe muito da linguagem da série aqui para o filme, apesar de os temas serem diferentes e seu roteiro só cai mesmo no final: se o filme desafia e provoca o espectador, ele cai na obviedade nos momentos finais e o que poderia ser épico e marcante se torna algo corriqueiro.


Aliás, foi Jessica quem trouxe Emma Roberts para o elenco. Emma também está na série, em algumas temporadas e já se revelou uma atriz muito mais interessante do que ser apenas a sobrinha da Julia Roberts, como era conhecida há uma década. Quem também saiu do estigma de sua família foi Dave Franco, irmão de James e se revelou um ator tão ou mais interessante do que ele.

A química entre Emma Roberts e Dave Franco convence e não há como não torcer por eles, seja como um casal ou como parceiros, mas o mesmo não se pode dizer de Sidney, vivida por Emily Meade, que é apresentada como a melhor “amiga” de Vee, mas que se revela uma quase rival e analisando este filme como uma obra para o público jovem, Vee é a nerd e Sidney é a que pratica bullying. Sidney não convence como amiga, nem como personagem, mas pessoas assim existem na vida real, infelizmente.


Nerve – Um Jogo sem Regras tem tudo para se tornar um jovem clássico e apesar dessas ressalvas, é das melhores opções para quem quer se divertir. E, se fosse feito nos anos 90, seria considerado um “tesourinho de locadora”.
Nota: 9,0

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