sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Garotas Selvagens



Garotas Selvagens (Wild Things)

Direção: John McNaughton

Ano de produção: 1998

Com: Matt Dillon, Kevin Bacon, Denise Richards, Neve Campbell, Robert Wagner, Bill Murray.

Gênero: Suspense

Classificação Etária: 14 Anos


‘Garotas selvagens’ suspense mal vendido e incompreendido

            No final do século passado, vivemos uma febre de filmes com a temática adolescente. Era impressionante como os hormônios juvenis foram o palavra de ordem dos estúdios. Muito se deu devido ao sucesso da cinessérie ‘Pânico’, que começou em 1996. O filme logo se tornou um fenômeno e referência para o gênero. Outro sucesso, que foi ‘Eu sei o que vocês fizeram no verão passado’ não existiria sem o filme de Wes Craven. E não era somente no mundo do terror essa febre, mas nas comédias também: todos queriam ser um novo ‘American Pie’, que tratava sobre as descobertas sexuais de forma cômica.

            O problema é que Hollywood (assim como o Brasil, também) explora um tema até ele se tornar repetitivo, ou até vir a próxima febre, e logo os filmes adolescentes se tornaram insuportáveis. Mesmo na época, era tanto filme que o público alvo não se interessava. Isso explica porque filmes muito interessantes, com histórias bem amarradas e que mereciam sim, uma aceitação maior, tiveram rejeição do grande público, são eles: ‘Prova Final’, de Robert Rodriguez, ‘Segundas Intenções’ e ‘Comportamento Suspeito’.

            E o filme que falaremos aqui também está nessa linha, de filmes que ninguém viu, foram um fracasso de bilheteria, e nem mesmo no Home Video foram descobertos. Este é o exemplo de ‘Garotas Selvagens’, filme que trazia nomes muito conhecidos.

            E como se não bastasse a não-aceitação popular, o filme ainda foi mal vendido. O trailer e esse título inútil traziam a idéia de algo mais erótico. Existem os momentos ousados sim, mas aqui o centro de tudo é a trama policial e de segredos e mentiras.

            ‘Garotas Selvagens’ conta a história de um professor chamado Lombardo (Matt Dillon), que é acusado de estuprar uma aluna, Kelly Van Ryan (Denise Richards), que é pertencente a uma família poderosa dos EUA. O caso choca a opinião pública e chama a atenção da mídia.

            O filme começa como qualquer outro do gênero, dentro de uma escola, com os estereótipos e interesses, mas, depois que a trama central se desenrola, a coisa fica mais adulta e, com um cuidado melhor na realização, poderia ser épica.

            Há duas coisas que merecem destaque: quando acompanhamos as acusações de estupro: o tratamento da mídia em escândalos. Aqui no Brasil, o que não faltam são exemplos de casos que chocam a opinião pública e a imprensa faz questão de sensacionalizar e promover a arte do espetáculo, além de criar vilões e fazer o papel de jurada e dona da verdade. Outra coisa é como a justiça pode ser comprada e, infelizmente, de cega não tem nada. A personagem da Denise Richards usa do poder de sua família para incriminar seu professor, que tem a renda baixa, e seus pais a tratam de forma mimada. A casa do professor é apedrejada e sua vida pessoal e acadêmica pode nunca mais ser a mesma.

            Tudo isso é no primeiro ato do filme. Depois da segunda metade da história e com o resultado do julgamento decidido, o filme muda completamente de temática e se torna mais cínica e não menos interessante. A história foi traçada para enganar o espectador e iludir a platéia para os atos finais.

            E é exatamente isso que torna ‘Garotas Selvagens’ um suspense eficiente. Além de levantar todas essas questões durante a primeira hora, depois temos a sensação de não confiar em nada nem ninguém, todos podem ser vendidos e nada é o que parece ser.

            Na época do lançamento, os rostos mais conhecidos pelo público eram o de Bill Murray, fazendo o advogado de Lombardo, e Kevin Bacon (que também trabalha aqui como produtor), mas tem rostos novos, que hoje estão esquecidos pela Indústria: Matt Dillon estava em alta pelo sucesso de ‘Quem vai ficar com Mary’ e, embora ele não convença como professor, o resultado final de seu Lombardo foi até que satisfatório. Denise Richards, que parecia ser uma grande promessa e, no ano seguinte, seria a Bond Girl em ‘007 – O mundo não é o bastante’, não é uma boa atriz, mas sua Kelly Van Ryan, que é uma patricinha mimada, até que funciona. E Neve Campbell? Era musa de 11 entre 10 adolescentes na época. Ela era justamente a Sidney de ‘Pânico’ e usaram seus momentos em tela para promover o filme, bem como as poucas cenas ousadas dela, mas o tiro saiu pela culatra. Até onde a memória alcança, seu último trabalho foi em um episódio da série ‘Mad Men’.

            Existem as poucas cenas ousadas sim, em ‘Garotas Selvagens’. A cena de sexo a três, bem como a cena da piscina, são mais imaginativas do que apelativas. E logo no começo, quando Denise Richards se insinua para seu professor, que, pareciam gratuitas, mas fizeram todo o sentido para os argumentos do filme.

            Acho difícil que ‘Garotas Selvagens’ seja descoberto pelo público atual, a grande maioria são atores esquecidos e com musas que envelheceram mal nos anos seguintes. Eu mesmo quase me esquecia do filme, essa crítica que escrevi se deu porque estava zapeando os canais na TV e, por acaso, ele começaria. Mas, o que não pode é ser criticado sem ser visto.


Nota: 8,0

Imagens:







Trailer:



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