segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Beleza Americana



Beleza Americana (American Beauty)
Direção: Sam Mendes
Ano de produção: 1999
Com: Kevin Spacey, Annette Bening, Thora Birch, Wes Bentley, Mena Suvari, Chris Cooper, Peter Gallagher, Allison Janney.
Gênero: Drama
Classificação Etária: 18 Anos

Olhe bem de perto...
            ‘Beleza Americana’ é várias coisas em um filme só: é uma crítica ácida e voraz para a “American Way Of Life”, é uma fábula sobre uma família em decadência, é um retrato verdadeiro sobre a juventude atual e, também, é um filme ousado que retrata a sexualidade adulta e adolescente sem pudor. E ‘Beleza Americana’ é, acima de tudo, uma obra-prima incontestável e dos melhores filmes americanos dos últimos anos. E após 15 anos de seu lançamento, é impressionante como ele não morreu com o tempo. Muito pelo contrário, suas questões permanecem assustadoramente atuais.
            A cena de abertura já é devastadora: a personagem de Jane (Thora Birch, linda e sensacional no papel, é uma grande pena que sua carreira não tenha dado certo) conversa aparentemente com o espectador, que diz: “Queria um pai que desse o exemplo, não um idiota que fica excitado quando trago uma amiga para cá”. Depois sobem os créditos e começa a narração em 1ª pessoa de nosso protagonista, Lester (Spacey, vencedor do Oscar de Ator pelo papel), que já deixa claro que é infeliz e que está prestes a morrer. Em apenas 5 minutos de narração, já conhecemos todo o universo pessoal e familiar de Lester, sua infelicidade com o emprego e o fato de sua filha, Jane e sua esposa, Carolyn (Annette Bening, indicada ao Oscar pelo papel), considerá-lo um idiota. Com essas pressões, Lester se sente encurralado e seus suspiros de felicidade começam a aparecer com o tempo: ele percebe que a única pessoa que o entende é Ângela, amiga de Jane. Lester logo se apaixona por ela e começa a ter alucinações. Há duas cenas, uma do jogo de basquete, outra com a banheira de rosas com essas alucinações e sonhos que entraram para a história do cinema. E só quem compreende o espírito do filme observa a poesia por trás dos momentos.
            Carolyn também trai Lester. Ela se encanta com o advogado Buddy e também tem um suspiro de felicidade com o momento e também se sente encurralada com seu casamento de fachada.
            Na verdade, todos os personagens do filme, sem exceção, vivem um mundo de aparências e se sentem sufocados com as pressões do dia-a-dia.
            Ângela é uma adolescente que transmite a imagem de mulher segura e sexualmente ativa e feliz, mas que tudo não passa de aparências para se livrar de um segredo que só descobrimos nos momentos finais do filme.
            Jane é uma jovem insegura e que odeia seus pais. Seu único suspiro de humanidade é quando ela conhece e se apaixona por Ricky, seu novo vizinho. Mas, quem é Ricky e quem é sua família?
            Ele acaba de chegar ao bairro e tem um hábito peculiar de filmar a vida dos vizinhos e cria uma obsessão em filmar Jane e sua família. De jovem esquisito a novo amor, logo ele se torna a única pessoa que Jane confia. Mas, e seus pais? Sua mãe, Bárbara (Allison Janney, da série de TV, Mom), é uma senhora religiosa e devota, e seu pai, bem, seu pai, esse um carrasco. É recluso em seu mundo, autoritário ao extremo e destrata seu filho, aliás, o comportamento estranho de Ricky é fruto do autoritarismo do pai. E, assim como sua amada, Jane, o único alívio de felicidade para ele é ao lado dela.
            Para um filme tão poderoso como esse, é difícil apontar uma cena como a melhor, mas, por uma decisão mais sentimental do que racional, tenho um apreço muito grande pela cena em que Jane e Ricky conversam sobre suas vidas no quarto, ao som da trilha sonora de Thomas Newman.
            Esses dois, aliás, são os melhores personagens do filme – e os mais humanos, também. Não por serem bonzinhos, longe disso, mas por serem verdadeiros. Eles conversam abertamente um para o outro sobre tudo e todos, ela fala de seu ódio a seus pais e ele, sobre a repressão sofrida por seu pai. Até mesmo a cena de nudez que Jane aparece para Ricky ficou tão cheia de sentimentos que em momento algum se sente suspiro de vulgaridade.
            A grande magia por trás do filme está em saber que, tanto o diretor, Sam Mendes, quanto o roteirista, Alan Ball, eram meros estreantes na época.
            Ball ficou mais conhecido por ser o criador da série da HBO, ‘True Blood’ e Mendes sentiu o gostinho do sucesso comercial com ‘007 – Operação Skyfall’ em 2012.
            ‘Beleza Americana’ foi um grande sucesso de público e crítica e foi a barbada no Oscar de 2000. Eram outros tempos, em que o vencedor do Oscar era de fato, o melhor filme do ano.
            Foram 5 Oscar que o filme levou: Melhor Filme, Direção para Sam Mendes, Ator para Kevin Spacey (o único prêmio que contesto, pois merecia mais Denzel Washington, por ‘Hurricane – O Furacão’), Roteiro Original para Alan Ball e Fotografia, além de ter sido indicado por Melhor Atriz para Annette Bening, Edição e Trilha Sonora (à exceção da atriz, merecia ganhar pelos outros prêmios).
            Por ser um filme ousado e que critica uma parte da sociedade, ‘Beleza Americana’ incomodou a trouxe repulsão por muita gente que o considerou enfadonho e vulgar e, possivelmente, não entenderam o espírito da obra. Mas, não faz mal, a vida é assim mesmo.


Nota: 10,0

Imagens:











Trailer:

Nenhum comentário:

Postar um comentário