terça-feira, 29 de maio de 2012

Pânico 4


Pânico 4 (Scream 4)

Direção: Wes Craven



Ano de produção: 2011

Com: Neve Campbell, Emma Roberts, David Arquette, Courtney Cox

Gênero: Suspense / Terror

Classificação Etária: 14 anos

Nota: 8,5



Comentário:


Em 1996, o diretor Wes Craven realizou o mega sucesso “Pânico”, um formato inovador em filmes de terror e uma máscara que é famosa até hoje. Neste filme e nas outras duas continuações (foram mais duas), há diversas referências sobre o mundo cinematográfico, sobretudo em relação aos filmes de terror, tinham regras de como fazer um bom filme de terror, como nunca diga “volto já”, pois você não volta. E as continuações têm referências clássicas sobre... continuações. No trailer de “Pânico 3”, em 1999, para se ter uma ideia, iniciava com uma frase mais ou menos assim: “No primeiro filme, as regras colocadas; no segundo, as regras são quebradas; e no terceiro filme... esqueça as regras”. Bem, depois do primeiro “Pânico”, o tema “terror adolescente” virou febre em Hollywood. Tanto que se tornou exploração. Tudo o que era filme de terror no final dos anos 1990 tinha que ter uma mocinha bonita e indefesa que grita, um namorado bonitão e um serial killer que matava a todos, mas o casal principal ficava junto no fim (alguém se lembrou de “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”?).

Pois bem, agora, mais de uma década depois, os tempos são outros, a juventude está mais esperta, os gostos, heróis, modas são outros. Mas e os filmes de terror? Esses mudaram muito. Se aquela moda de filmes adolescentes irritava, agora temos uma tendência ainda pior: a dos filmes de terror com tortura. Afinal, agora o público não se contenta mais se a mocinha simplesmente for perseguida pelo assassino. Ela tem que ser perseguida sim, mas também ser capturada, torturada com brutalidade, correr contra o tempo pela vida, senão... a morte é apresentada de forma bárbara – sim, isso foi uma referência à série de terror “Jogos Mortais”.

A pergunta agora é: com tantas mudanças com o passar dos anos, ainda dá para realizar um filme de terror clássico que atraia essa geração “Jogos Mortais” dos dias de hoje. A resposta é: dá sim. Desde que tenha que ser feito com cuidado e nas mãos de um mestre como Wes Craven.

Foi uma manobra muito, mas muito arriscada. O próprio diretor andava sumido desde o tenso “Voo Noturno”, em 2005. A estrela da época, Neve Campbell, também sumiu, foi musa de 10 entre 10 adolescentes da época (inclusive desde que vos fala), se casou, teve filhos e nunca mais, desde “Pânico 3” tinha feito um filme digno de nota. David Arquette também andava longe dos holofotes. Courtney Cox, estrela de Friends, que, quando a série deixou de existir em 2004, nunca mais tinha dado as caras. Mas o fato de reunir elenco e diretor em baixa é o que torna o filme mais interessante.

O roteiro, muito bem escrito, se passa 10 anos depois dos acontecimentos do terceiro filme, em que Sidney, protagonista dos cruéis assassinatos em Woodsboro agora se mudou de lá, refez sua vida e escreveu um livro, com o nome de “Saindo da Escuridão” explicando todo o seu trauma com as mortes. No dia em que ela volta à cidade para divulgar seu livro, estranhas mortes acontecem. Desta vez, o assassino quer fazer Sidney sofrer muito, antes de matá-la. Um a um de seus amigos, e dos amigos de sua prima, Jill (vivida por Emma Roberts, sobrinha de Julia Roberts na vida real) são mortos. A graça está em saber quem está por trás disso.

O filme acerta, também, em não ser apenas terror, também tem humor, é o chamado “terrir”, e é impressionante como Wes deixa essas duas características bem equilibradas, o que é outro fator para atrair o público.

Outra ponto positivo: o filme não morreu com o tempo, muito pelo contrário, agora os jovens da história se comunicam por torpedo, têm um tablet, ficam no Facebook, estão mais maliciosos...

E aquele filme dentro do filme, o Stab? Bem, teve sete continuações e a molecada é tão fã que monta na cidade um dia dedicado só a passar seções especiais e seguidas de Stab. Os jovens fazem até debate sobre as mortes de Stab.

É impressionante, com tudo exposto nos dias de hoje, um assassino que hoje sua máscara provoca mais risadas do que medo (ou vai dizer que aquela máscara da boca larga não é engraçada?) e que seus assassinatos com uma faca (o que hoje em dia pode soar ultrapassado em um filme de terror) ainda provoquem sustos.

A abertura é ótima, duas mocinhas estão escolhendo um filme de terror para assistir (o escolhido é Jogos Mortais 4) e recebem vários telefonemas do assassino misterioso. As duas morrem. Na outra tomada, duas moças estão assistindo a “Stab”, elas começam a conversar sobre as continuações desta “cine série” e uma delas mata a outra com uma facada e a cena é mostrada de forma cômica. No outro take, duas garotas morrem pelo mesmo assassino. Por que essas três cenas que abrem “Pânico 4” são engraçadas? Porque tudo fazia parte de “Stab 7”, tudo está dentro de um filme (que fique claro, Stab é um filme inventado pelos roteiristas de Pânico, desde o segundo episódio).

E a meia hora final? Claro que não contarei aqui o que acontece, mas são sequências já clássicas e devastadoras. Nos é revelada a pessoa por trás da máscara - nem o nerd mais frio é capaz de descobrir quem é. Além de cenas angustiantes de tensão e um delicioso banho de sangue.

E com tudo isso, ficamos aliviados, afinal, quem disse que os filmes de terror de qualidade não têm jeito?


Imagens:











Trailer do Filme:





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