domingo, 27 de maio de 2012

A Dama de ferro


A dama de ferro (The Iron Lady)

Direção: Phillida Lloyd



Ano de produção: 2011

Com: Meryl Streep, Jim Broadbent.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 12 anos

Nota: 7


Comentário:


No final da década de 1980, 5 personagens foram fundamentais para o fim da Guerra Fria e o fim do socialismo no Leste Europeu, são eles: o ex-presidente Norte Americano Ronald Reagan, o ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev, o ex-papa João Paulo II e o astro Sylvester Stallone (sim, a trilogia Rambo e o filme Rocky IV, de 1985, foram feitos única e claramente com o intuito de discursos capitalistas e anti-comunistas. Todos esses tiveram sua contribuição para o neoliberalismo que é o nosso sistema econômico de hoje. Bem, eu disse 5 personagens e citei 4. Faltou um? Pois é justamente esse (ou essa) que provocou mais polêmica e mais controvérsias do que todos esses juntos: a ex-primeira ministra britânica Margareth Thatcher, conhecida como “A dama de ferro” e governou o Reino Unido entre 1979 e 1990. Foi provavelmente a mulher mais importante do século XX, sempre lutou pelo o que acreditava, era amada e odiada com a mesma intensidade, afinal, foi propulsora do neoliberalismo, foi implacável com os sindicatos, os pobres ficaram mais pobres, ordenou a Guerra das Malvinas e nunca, nunca se curvou, muito menos para o mundo masculino que a rodeava.

Se o lado político dela era controverso, a lado mulher era sensacional, afinal, ela nunca se acomodou com o que tinha, lutou até o fim e enfrentou todos os engravatados do governo britânico. E é principalmente esse lado mulher que é explorado em “A Dama de Ferro”, a nova parceria da atriz Meryl Streep e a diretora Phillida Lloyd, que trabalharam juntas no popular musical “Mamma Mia”.

“A dama de ferro” conta a história de Margareth Roberts, uma britânica que trabalhava no comércio do país, filha de quitandeiro, que, quando criança era humilhada pelas colegas pela condição de seu pai e por ser “estranha”. Mas ela sempre foi determinada, o que foi fundamental para entrar no Partido Conservador da Inglaterra, para, segundo ela, alfinetar as diretrizes do partido, pois quem está lá é fraco. Ela decide, então, se candidatar às eleições britânicas do ano de 1979, com discursos nacionalistas e de “primeira mulher a governar essa potência”. A Inglaterra já teve rainhas memoráveis, a Elizabeth I e II (que reina até hoje) e a Rainha Vitória (que reinou por 90 anos aquele país – recomendo desde já o filme “A Jovem Rainha Vitória”), mas primeira-ministra, que é quem de fato governa, nunca havia ocorrido.

Ela é eleita e logo mostra para que veio: proíbe a organização dos sindicatos e corta investimentos na indústria, entre outras decisões, porém, a situação mais polêmica foi a decisão de retomar a ilha das Malvinas, no território argentino que originou a chamada “Guerra das Malvinas”, em que a Argentina foi massacrada pelo exército britânico (talvez por isso esse filme “A Dama de Ferro” foi um fracasso lá na Argentina).

Na visão dela, tudo é pelo amor ao país, mas a economia está quebrada e os pobres cada vez mais pobres. Ela enfrenta manifestações, greves, crises e oposição em seu partido e mesmo seus aliados estão indo contra ela, que luta pelos ideais mas logo se torna enfraquecida politicamente.

Além do lado político, o filme mostra (embora com menos intensidade), a relação de Margareth e sua família, seus filhos e seu finado marido, mostrando em flash back´s a fase jovem dela e a fase mais de idade. Em todos esses momentos, ela sempre foi teimosa e idealista.

O pior problema do filme são os próprios flash back´s, quase nem dá para se envolver emocionalmente com a personagem, que, aliás, estamos falando de um longa-metragem frio, enxuto e preocupado demais em mostrar o lado, digamos, humano de Margareth.

 A reconstituição da época é feita com competência e a maquiagem é sublime, mas a edição e até a montagem confundem tanto o espectador e pouco explicativo que os desavisados nem saberão de que época se trata o filme. E uma coisa que um filme deve ser é claro para leigos, afinal, nem todos sabem desta história.

Mas e a atriz principal, a Meryl Streep? Ela foi a grande vencedora do Oscar de Melhor Atriz neste ano, e com méritos. Ela se entrega de corpo e alma para o papel e quase nem dá para perceber se é a Meryl ou Margareth, pois ela está irretocável. Aliás, Meryl estava há tempos na fila por um Oscar. Ela já levou 2 para casa, de atriz coadjuvante por “Kramer VS Kramer” em 1980 e melhor atriz em 1983 por “A Escolha de Sofia”, mas ela é recordista em indicações, 17 no total. De lá para cá, ela esteve em quase todas as premiações, sempre indicada e mostrando seu sorriso amarelo com classe ao perder nessas ocasiões. Seu Oscar agora eu diria que foi um “conjunto pela obra”, afinal, uma atriz nata como esta não merecia ficar na fila por tanto tempo e já estava quase frustante vê-la perder sempre e seus prêmios lá nos anos 80 eram apenas lembranças. Houve uma situação que sua derrota foi um absurdo inexplicável: em 2003, quando ela foi indicada para atriz coadjuvante pela comédia “Adaptação”, em que ela está irreconhecível: fuma maconha, fala palavrão, bebe e é uma legítima riponga. Ela era a favorita para levar o prêmio, que ficou com a insossa Catherine Zeta-Jones por “Chicago” (alguém se lembra das Injustiças Históricas da Academia?). Mas Meryl hoje é a primeira dama de Hollywood, seu talento é incontestável e mesmo quem trabalha com ela sempre a elogia. No set de filmagem de “O diabo veste Prada”, a atriz Anne Hathaway (hoje já consagrada) disse que atuar ao lado de Meryl foi uma “aula”.

Depois de assistir “A dama de ferro” fica aquela sensação se o filme é tão bom pela atriz ou se a atriz é tão boa pelo filme. Afinal, é uma mulher poderosa fazendo o papel de outra.


Imagens:












Trailer do Filme:




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