quarta-feira, 29 de julho de 2015

De volta para o futuro - 30 anos da trilogia


            De Volta Para o Futuro foi um grande marco dos anos 80 e 90 e seu legado repercute até os dias de hoje. Principalmente agora, em 2015, na qual o primeiro filme completa 30 anos e o terceiro, 25, mas o caso mais curioso foi o do segundo filme: ele é de 1989, 4 anos depois do lançamento do primeiro, mas o “futuro” apresentado por ele é justamente o ano de 2015. Ou seja, o futuro já chegou segundo Robert Zemeckis, Steven Spielberg e companhia.

            A idéia nem era fazer uma trilogia, mas hoje é de extrema importância para a cultura pop, gerando produtos, estudos e uma legião de fãs que se dividem quanto a necessidade de uma continuação ou não.

             Recentemente Zemeckis foi perguntado da possibilidade e ele respondeu: “só depois de morto”.

            É que a trilogia é tão fechada e embora seja atemporal, todas as brincadeiras com as datas e com as reviravoltas ficaram por lá e toda a magia e imaginação sobre a possibilidade de viajar no tempo também ficam junto com os 3 filmes que dá muito receio de mexer em algo consolidado.

            Não bastasse isso, vai ser difícil de engolir um novo elenco com atores tão marcantes em seus papéis, sendo assim, mesmo com os fãs clamando pela volta da franquia e querendo mais filmes, é compreensível que o diretor não queira mexer em seu produto, independentemente do sucesso ou não que irá fazer.

            Mas, o que há em ‘De volta para o futuro’ para tamanho sucesso? E Por que há tantos fãs?

            Primeiro temos que voltar à época do primeiro filme. em 1985, Robert Zemeckis era um total desconhecido em Hollywood, mas tinha um amigo poderoso: Steven Spielberg era dos maiores (se não, O Maior) nomes de Hollywood, pois já havia lançado dois filmes de Indiana Jones, ET – O Extraterrestre ainda estava fresquinho na memória do público e não devemos nos esquecer que o filme que o lançou para o estrelato, ‘Tubarão’, havia completado 10 anos de lançamento e foi o filme que praticamente inventou o conceito dos blockbusters.

            Eles se juntaram ao roteirista Bob Gale, aos produtores Kathleen Kennedy e Frank Marshall, ao compositor Alan Silvestri e ao Letrista Huey Lewis para conceber um novo filme para o verão de 1985.

            Mas ‘De Volta Para o Futuro’ não nasceu da forma como o conhecemos, houve algumas mudanças de roteiro e personagens: no script original, a viagem do tempo não seria feita em uma DeLorean, mas em uma geladeira, mas os realizadores acharam que o público poderia querer imitar entrar na geladeira de casa. E também quem faria o papel de Marty McFly seria Eric Stoltz ao invés de Michael J. Fox, mas os produtores não achavam que não seria uma boa idéia porque Eric era “sério” demais. Fox estava envolvido com a série ‘Caras e Caretas’ durante o dia e filmava o filme à noite – e as tomadas do filme que acontecem de dia foram filmadas durante o fim de semana.

            E embora a trilogia inteira seja excelente, nada apaga a magia e o clima de nostalgia do primeiro filme: desde o clima de anos 80, que nos remete à adolescência, bullying, mas fundamentalmente à viagem no tempo: quando Marty volta a 1955, ele vê seu local completamente diferente: não existe a Av. John Kennedy (ele foi eleito presidente só em 1960), na ocasião do lançamento do filme, o presidente americano era Ronald Reagan – sendo que nos anos 1950 ele era ator – e há uma piada deliciosa sobre isso. E o sujeito que era prefeito em 1985 trabalhava em uma lanchonete 30 anos antes.

            Mas em relação às mudanças na vida de Marty, nada se compara ao encontro dos seus pais quando jovens: sua mãe, Lorraine, que se apaixona por Marty era popular na escola e fumava, já seu pai era tímido, carente e só apanhava de Biff (o grande vilão da série). A presença de Marty em 1955 altera toda a história, principalmente no encontro e relacionamento de seus pais. E quem nunca quis ver como eram os pais na adolescência?

            ‘De volta para o futuro’ é um filme perfeito: desde a história, carisma, envolvimento, técnica, reconstituição de época e o lado musical: a Trilha Sonora de Alan Silvestri já ficou na história do cinema e a canção principal, The Power of Love, de Huey Lewis foi indicada ao Oscar, mas perdeu, injustamente para ‘Say you, say me’.

            O sucesso de público e crítica de ‘De volta para o futuro’ fez os produtores e roteiristas pensarem em uma continuação, mas é curioso isso porque o final do filme já sugere que haverá uma seqüência, mas Zemeckis disse em uma entrevista que tudo foi uma brincadeira do roteiro. Não bastasse isso, a mensagem “To be continued”, que aparece no final, só veio no VHS e DVD.

            ‘De volta para o futuro 2’ só veio em 1989, 4 anos depois. Agora com um orçamento muito maior e sendo filmado simultaneamente com a parte 3. O filme finalmente apresentou o futuro que estávamos imaginando: a história se passa no ano de 2015 (!) na qual Marty, sua namorada, Jennifer e Doc Brown viajam para o futuro com a DeLorean para corrigir um problema com seu futuro filho, na qual ele também sofre bullying da gangue de Griff (neto de Biff).

            Lá, ele “se vê” no futuro, e também vê sua esposa e filhos (e os filhos também não interpretados por Michael J. Fox, inclusive A filha, em um trabalho interessante de maquiagem).

            Seu local está completamente diferente: há um cinema em 3D passando “Tubarão 19”, os skates são voadores, a polícia é mais eficiente no combate ao crime, não há advogados e os carros voadores já existem (à exceção do cinema em 3D, é bem diferente da 2015 de hoje).

            Porém, o plot principal do principal de ‘De volta para o futuro 2’ é que no futuro de 2015, há um almanaque com os resultados de todos os jogos de todos os esportes entre 1950 e 2010, que Marty tem idéia de levar ao passado para ganhar dinheiro, mas é impedido por Doc Brown.

            O problema é que o Biff do futuro volta ao passado e entrega o tal almanaque para o Biff de 1955 e o presente de 1985 é completamente diferente do apresentado no primeiro filme: Biff é o homem mais poderoso da cidade, sua mãe é casada com ele e seu pai foi assassinado pelo próprio Biff em 1973. Considerando a cidade escura, é praticamente um futuro pós-apocalíptico.

            ‘De volta para o futuro 2’ não agradou como o primeiro, sobretudo pela trama dita confusa e pelas previsões furadas de roteiro, mas jamais podemos menosprezá-lo: as brincadeiras com passado, presente e futuro estão mais aprofundadas e as questões como “e se?” também foram mais apuradas.

            Sem contar que é difícil prever o futuro e os realizadores sabiam disso, tanto que levaram a história mais pela brincadeira...

            Seis meses após a estréia do segundo, ‘De volta para o futuro 3’ estréia.

            Dessa vez eles voltam 100 anos no tempo e viajam para 1885, no Velho Oeste.

            Embora seja o mais fraco da trilogia, sobretudo pela mudança de paradigmas – o que era ficção virou western – ainda é um filme muito bacana, absolutamente divertido de se ver, mostrando a cidade em construção (na verdade, o país em construção, na chamada “Marcha para o Oeste”), novamente as referências do primeiro filme estão lá e uma homenagem honesta a Clint Eastwood – coincidência ou não, ele realiza o grande ‘Os Imperdoáveis’ em uma homenagem aos westerns.

            A trilogia se encerra de forma honesta e melancólica. Foi difícil ver a destruição da DeLorean e saber que aquilo não vai mais acontecer, mas nos faz lembrar que todo ciclo se fecha uma hora e também não nos deixou se esquecer da nossa dura realidade, mesmo estando vendo uma obra de pura magia.

De volta para o futuro: 10,0

De volta para o futuro 2: 9,0

De volta para o futuro 3: 8,0


Imagens:

De volta para o futuro:





De volta para o futuro 2:






De volta para o futuro 3: 




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