terça-feira, 28 de julho de 2015

Touro Indomável


Touro Indomável (Raging Bull)

Direção: Martin Scorsese

Ano de produção: 1980

Com: Robert De Niro, Cathy Moriarty, Joe Pesci.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 16 Anos


Hollywood um dia foi assim

            O diretor Martin Scorsese só recebeu seu Oscar de Melhor Diretor em 2007 por ‘Os Infiltrados’ e embora tenha sido um prêmio mais do que justo, ficou claro que a Academia só deu a estatueta para não entrar no caso das injustiças históricas do Oscar, como Chaplin, Orson Wells e Stanley Kubrick.

            Porém, Scorsese já merecia esse prêmio em 1981, quando fez um filme maravilhoso, muito à frente de seu tempo e que não morre com o tempo: ‘Touro Indomável’ é uma grande obra-prima e marca mais uma vez essa grande parceria entre Scorsese e De Niro.

            Era uma época em que Hollywood ainda investia no cinema de autor, que foi predominante dos anos 70 e foi antes de os multiplex invadirem as salas e foi De Niro que insistiu para que Scorsese fizesse ‘Touro Indomável’, pois seu filme anterior, ‘New York, New York’ foi um fracasso de público e crítica e ele estava afundado com drogas e depressão, já De Niro estava no auge com O Franco-Atirador e Poderoso Chefão 2.

            Já Joe Pesci, que, assim como De Niro também é pupilo de Scorsese, quase ia desistir da carreira de ator e o interesse amoroso do protagonista, vivida por Cathy Moriarty, só tinha 19 anos no lançamento de ‘Touro Indomável’. Não bastasse isso, a fotografia do filme é toda em preto-e-branco e é uma história de boxe, que pareciam saturadas após o sucesso de ‘Rocky – Um Lutador’.

            De fato, ‘Touro Indomável’ não foi um sucesso de bilheteria e mesmo entre os críticos houve aqueles que falaram mal (pois é!), mas não devemos deixar de notar a ousadia de Scorsese na história do pugilista de Peso-Médio, Jake La Motta, que era genial no ringue, mas que não conseguia controlar seus demônios internos e tinha um comportamento explosivo, sobretudo com o ciúme de sua esposa, Vickie, vivida por Mortiarty.

            Alguns críticos acusaram ‘Touro Indomável’ de ser machista e de vangloriar a violência que La Motta tratava Vickie, mas isso é um absurdo: o filme contou de forma honesta esse ponto importantíssimo da história dele e não poderia ter deixado de fora. E há um fato curioso nisso: quando La Motta viu o resultado de ‘Touro Indomável’, ele perguntou a Vickie: “mas eu fazia isso?” E ela respondeu: “você fazia pior!”

            Se na franquia Rocky temos a história de um boxeador em ascensão, em ‘Touro Indomável’ temos uma história de queda e depressão, e o roteirista, Irwin Winkler, é roteirista dos dois filmes. E se a Fotografia foi tão elogiada, devemos dar os créditos não só a Scorsese, mas ao Diretor de Fotografia, Michael Chapman.

            Era uma época em que De Niro se entregava de corpo e alma para seus papéis e buscando sempre a perfeição, tanto que para realizar Touro Indomável, ele treinou boxe por um ano com o próprio La Motta, mas sua mudança mais radical foi quando ele engordou 27 quilos para viver a fase decadente de La Motta. Detalhe: a cena dura cerca de 5 minutos!

            A injustiça no Oscar só não foi maior porque Robert De Niro ganhou o Oscar por este papel irretocável, assim como a Montagem, mas ele merecia quase todos os outros prêmios que perdeu: à exceção de Melhor Som, que perdeu para ‘O Império Contra-Ataca’, ‘Touro Indomável’ deveria ter ganhado em todas as outras categorias: Melhor Filme e Direção (na qual perdeu para ‘Gente como a Gente’, de Robert Redford!), Ator e Atriz Coadjuvantes para Joe Pesci e Cathy Moriarty, e sua primorosa fotografia. E porque raios ele mal foi indicado a Roteiro Adaptado?

            Não entraremos aqui na polêmica se essa foi a melhor parceria entre De Niro e Scorsese, e nem precisa, mas com certeza está entre as 3 melhores com 3 obras-primas: Taxi Driver, Touro Indomável e Os Bons Companheiros.

Nota: 10,0

Imagens:










Trailer:


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