quarta-feira, 15 de julho de 2015

Homem-Formiga


Homem-Formiga (Ant-Man)

Direção: Peyton Reed

Ano de produção: 2015

Com: Paul Rudd, Michael Douglas, Evangeline Lilly, Corey Stoll, Bobby Cannavale, Judy Greer, Anthony Mackie, Michael Pena, Hayley Atwell, John Slattery.

Gênero: Ação

Classificação Etária: 14 Anos


A Marvel mais modesta e não menos interessante
            Para a Marvel não importa se o herói é conhecido ou não, o que importa é que ele ou ela esteja integrado ao seu universo. Desde o primeiro Homem de Ferro, em 2008, ela faz aquilo que era considerado de nicho se tornar popular. A exceção dos fãs mais conhecedores de HQs, ninguém conhecia o Homem de Ferro antes do primeiro filme, assim como ninguém conhecia o grupo dos Guardiões da Galáxia até ano passado e hoje em dia o que mais se tem são os cosplayers e fãs de Tony Stark e do grupo dos Guardiões.

           Até ano passado o filme dos Guardiões da Galáxia era o considerado mais arriscado do estúdio e deu mais do que certo, mas, agora, em 2015, não é exagero nenhum dizer que o filme mais arriscado da Marvel realmente é o Homem-Formiga. E por uma série de motivos.

            Não bastasse o fato de ser um herói que é do 3° escalão das HQs, ele ainda tem um poder peculiar, que é o de ficar de tamanho minúsculo, mas fica com a força proporcional a de um adulto e ainda, conseguir domar as formigas como se fosse um exército.

            Se por menos do que isso já fazem memes e piadas nas redes sociais, imagina com um tema desses.

            E ainda temos que considerar que o protagonista é um ladrão que já teve passagem pela prisão, o que pode provocar repulsa no público mais conservador – além da dificuldade em escrever o roteiro.

            E as ressalvas não param por aí: a produção de Homem-Formiga teve várias revisões de roteiro e o então diretor, Edgar Wright (que dirigiu ‘Scott Pilgrim Contra o Mundo’) teve divergências de idéias com a Disney/Marvel e abandonou a cadeira de diretor, deixando o cargo para Peyton Reed, que dirigiu algumas comédias, como os conhecidos ‘Sim Senhor’ e ‘Separados pelo Casamento’ e os subestimados ‘Abaixo o Amor’, com Renée Zellweger no auge e ‘Teenagers – As Apimentadas’, porém, nunca dirigiu uma super produção.

            Homem-Formiga pode não ser um filme excelente, mas se olhar para todos esses problemas que a produção teve, só o fato de nos entregar um filme bacana podemos sim, dizer que o resultado foi excelente.

            A cena de abertura é formidável: se passa no ano de 1989 na qual o Dr. Hank Pym (Michael Douglas) entrega o projeto do homem-formiga para Howard Stark, pai de Tony – e na presença da Agente Peggy Carter (Hayley Atwell) – e a série da Agente Carter mostra que ela e Howard têm uma forte ligação desde a 2ª Guerra Mundial.

            Não bastasse isso na cena, o trabalho de computação gráfica de rejuvenescer Michael Douglas está perfeito. Ele ficou idêntico à sua época de galã de ‘Atração Fatal’ e ‘Instinto Selvagem’ e caiu muito em nossa nostalgia. E não podemos deixar de reparar na maquiagem da Peggy Carter já uma senhora, longe daquela moça jovem apresentada na série.

Depois disso somos levados aos tempos atuais e à história central: Scott Lang (Paul Rudd) acaba de sair da prisão e precisa de uma colocação profissional e do respeito da filha – que mora com a mãe (Judy Greer) e seu namorado, o policial Paxton, mas que logo é atraído por Hank e roubar o projeto do Jaqueta Amarela, criado pelo ambicioso Darren Cross (Corey Stoll, da série House of Cards) na própria empresa criada por Hank e hoje Darren é o presidente.

Pym entrega para Lang o uniforme do Homem-Formiga e o instrui o usar o poder de ficar minúsculo e controlar um exército de formigas, com a ajuda da filha de Pym, Hope (Evangeline Lilly).

Existem várias maneiras de se ver e definir o Homem-Formiga: seja como um filme de assalto, pois há um alívio cômico entre os amigos de Lang que planejam as invasões mais furadas do cinema – é quase como uma paródia de ‘Onze Homens e Um Segredo’. Pode ser visto como um drama familiar, pois tem toda a história da filha de Lang, ele tentando se aproximar da criança, ela querendo a presença paterna e Paxton tentando destruir a imagem de Scott, além da convivência entre Hope e Pym e a indiferença que a moça trata o pai, que só entendemos ao longo do filme.

E obviamente pode ser visto como uma grande comédia: o filme tem piada a toda hora. Mesmo alguns momentos mais densos, há uma piada no final. A grande maioria funciona, sobretudo aquelas que brincam com o tamanho do herói, mas algumas se tornam repetitivas, como as grandes histórias que Luis conta.

Não é surpresa nenhuma que o filme tenha um tom para a comédia, se considerarmos que o próprio Paul Rudd e Adam McKay (que escreveu e dirigiu várias comédias do Will Farrell, por exemplo) são os roteiristas.

As formigas são insetos que agüentam até 50 vezes mais do que seu peso e elas ainda trabalham em sociedade. E o roteiro explora isso brilhantemente.

Como adaptação – e como elo dentro do Universo Marvel- Homem-Formiga funciona muito bem. Para quem não sabia, Hank Pym é um cientista e nas HQs é ele que cria o Ultron e já teve as versões de Hank Pym e Scott Lang, além de uma outra na atualidade, mas jamais teve uma revista só dele. E o fato de colocar o herói antigo para confiar o uniforme ao mais novo é uma grande sacada de roteiro para não perder tempo com explicações e ainda amarrar o passado e presente do Universo Marvel... Além da já citada referência à Agente Carter e a óbvia ligação com os Vingadores, existe a ligação com a série Agents of Shield: Darren tem uma ligação forte com a Hydra, agência que corrompeu a Shield.

Não há ressalva nenhuma com ninguém do elenco, nem todo mundo está bem desenvolvido, infelizmente, como o próprio Jaqueta Amarela, mas os atores são muito bons e cada um, à sua maneira, dá um tom a mais para o filme: Paul Rudd está bem à vontade como herói e assumiu o filme para si; Michael Douglas faz um Hank Pym que é quase como uma figura paterna ao herói e é muito bom ver esse grande ator fazendo um papel grande após sua doença que quase o matou há 2 anos. Evangeline Lilly (a Tauriel de Hobbit e Kate da série Lost) faz de sua Hope uma filha insegura, porém, uma mulher inteligente. E Corey Stoll, embora existam muitas ressalvas com seu Jaqueta Amarela, não podemos nos esquecer que ele arrebenta como empresário inescrupuloso e corrupto.

Seja como produção quase modesta ou como produto de entretenimento, Homem-Formiga é um filme que jamais deve ser descartado, merece ser visto e descoberto. Para quem for vê-lo nos cinemas, há duas cenas pós-créditos, uma no meio dos créditos e outra no final – fazendo ligação com um outro lançamento da Marvel.

Nota: 8,0

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