segunda-feira, 13 de julho de 2015

Cidades de Papel


Cidades de Papel (Paper Towns)

Direção: Jake Schreier

Ano de produção: 2015

Com: Nat Wolff, Cara Delevingne, Justice Smith, Austin Abrams, Halston Sage.

Gênero: Comédia Romântica

Classificação Etária: 14 Anos


Quero ser John Hughes

            Recentemente o escritor John Green veio ao Brasil para divulgar Cidades de Papel, um novo filme baseado em uma de suas obras. Depois do mega sucesso de A Culpa é das Estrelas no ano passado, a Fox não dormiu em serviço e já correu para uma nova adaptação em um espaço de um ano.

            Embora sejam dois livros completamente diferentes, as características do autor estão lá, assim como em todos os seus livros, seja a linguagem mais intimista ou o tratamento mais humano do universo adolescente, sem estereotipá-los, mostrando a juventude é uma fase de dúvidas e descobertas ao mesmo tempo.

            O que fica muito visível em Cidades de Papel, na qual o autor mostra os vários perfis, seja o protagonista, Quentin, inseguro e cheio de dúvidas, ou seus amigos: Ben, um jovem na idade dos hormônios e Radar, que tem uma namorada linda, mas esconde muita coisa de sua vida no mundo de aparências (seus pais têm uma coleção de papais-noéis negros pela casa). Este seria o mundo dos “losers”, mas há o grupo dos mais “perfeitos”, como Lacey, Becca e Jase, mas a representação maior de perfeição para a história é a vizinha descolada de Quentin, Margo Roth Spiegelman.

            Desde a infância Quentin nutre uma paixão por Margo, mas os dois tomaram rumos completamente diferentes em suas vidas: Quentin é tímido e carente, ao passo que Margo é uma das mais populares do colégio (se não, A mais) e também namora Jase, o garoto mais popular da escola.

            Os dois estavam há anos sem se falar até que Margo aparece misteriosamente na janela de Quentin no meio da noite para pedir para ele auxiliá-lo em um plano de vingança: ela descobre que Jase a traía com Becca e sua melhor amiga, Lacey, sabia de tudo e não fez nada e apronta contra os três durante a madrugada.

            No dia seguinte, Margo some misteriosamente, mas Quentin e seus amigos, junto com Lacey, tentam seguir suas pistas para encontrá-la...

            Esta é basicamente a história de Cidades de Papel, há muito mais para ser descoberto, mas se contar mais, entrarmos no mundo dos spoilers, mas a escrita de John Green no livro é mais dramática e romanceada na medida certa e, embora o tema principal não fosse tão delicado quanto o de A Culpa é das Estrelas, John tratou a história como de gente grande, sem esquecer que seus protagonistas são adolescentes.

            Quem fazia muito isso era o diretor e roteirista John Hughes, que mudou a forma de como vemos os filmes do gênero nos anos 1980 com os clássicos Clube dos Cinco e Curtindo a Vida Adoidado. No cinema atual, quem fez isso muito bem, que foi tratar o mundo adolescente como de gente grande foi o fabuloso As Vantagens de Ser Invisível (ainda não viu? Tenha ele como prioridade para vê-lo já), que bebe muito na fonte de Hughes.

            O problema é que, como adaptação, Cidades de Papel fica muito aquém: não bastassem os problemas de edição durante a vingança (Margo diz que fará 9 coisas durante a noite, que resultaram em apenas 5, considerando que a cena do SeaWorld foi cortada da edição final por causa do documentário Blackfish), ainda o filme se apresenta mais como uma comédia passageira do que como uma trama intimista, com várias piadas sem graça, inclusive, piadas relacionadas a hormônios que parecem vindas de American Pie. O Quentin inseguro e cheio de dúvidas do livro deu lugar a um adolescente cheio de caras e bocas interpretado por Nat Wolff, que não é um bom ator.

            Tanto a Direção de Arte quanto a Trilha Sonora ficam martelando em nossa mente que aquele é o universo de A Culpa é das Estrelas e, para relembrar o sucesso do ano passado, há uma participação especial de um personagem importante do filme em uma loja de conveniência.

            O estranho é que os roteiristas deste filme aqui, Scott Neustadler e Michael H. Weber são os mesmos de A Culpa é das Estrelas, já sabiam da receita e era só repetir aqui. E poucas piadas funcionam (a do papai-noel negro é hilária) e ficou parecendo que os momentos cômicos foram mais forçados do que espontâneos.

            O filme ganha muita vivacidade quando Margo está em tela, que, além do contraste em relação ao tímido Quentin, é sua personagem que dá essa idéia melancólica e intimista que o filme precisa, seja durante a sua vingança ou nos momentos finais (que não contarei aqui). Sem contar a cena em que os dois observam a cidade do alto de um edifício comercial, na qual Margo explica a metáfora das Cidades de Papel. É um momento prazeroso do filme, que termina em uma dança.

            Fruto da boa atriz que é esta menina chamada Cara Delevingne, que também é modelo profissional e logo estará na superprodução Esquadrão Suicida e Cidades de Papel é seu primeiro personagem de destaque.

            A mensagem que ela nos dá é a mesma do livro e lembra muito a mensagem do Curtindo a Vida Adoidado de John Hughes, que é para aproveitarmos mais o momento sem pensar no amanhã e sem a pressa de crescer. Afinal, como o próprio Ferris Bueller diz: “A vida passa muito depressa. Se não pararmos para curti-la de vez em quando, ela passa e você nem vê”!

Nota: 6,0

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