quarta-feira, 22 de julho de 2015

BoJack Horseman - 2ª Temporada



Criada por: Raphael Bob-Waksberg

Ano de lançamento: 2015

Vozes de: Will Arnett, Aaron Paul, Alison Brie, Amy Sedaris, Paul F. Tompkins, Lisa Kudrow.

Gênero: Animação

Classificação Etária: 16 Anos


A Netflix original e cheia de referências

            Não é segredo para ninguém a alta qualidade das séries da Netflix e como não é exatamente um canal, ela pode ousar mais, não ter que responder a patrocinadores e os roteiristas podem trabalhar nela de forma mais autoral.

            E isso significa que ela também pode trabalhar “fora da caixa”, que é pegar uma idéia que ninguém havia pensado antes e transformar o impossível no possível, embora as referências estejam lá. É o caso de Bojack Horseman, que pode parecer tola e causar repulsa de início, mas bastam alguns minutos de projeção para ver que se trata de uma série absolutamente deliciosa de se ver, muito incorreta, portanto, adulta e há muito de Os Simpsons, Uma Família da Pesada e South Park.

            Na história, um cavalo chamado Bojack (dublado por Will Arnett, que é produtor executivo) foi estrela da série Horsin Around no passado e nos dias de hoje vive amargurado, bêbado e arrogante: ele ainda se sente como uma estrela e tenta tirar vantagem de tudo isso.

            A série critica a tudo e a todos praticamente sem pudor. Desde as celebridades que se sentem como deuses até à indústria hollywoodiana, além do já óbvio destrato aos ex-ídolos até ao ambiente de um set de filmagem.

            Cada personagem tem um perfil que é alguma referência e alguma ironia: além do próprio Bojack, temos seu hóspede, Todd, dublado por Aaron Paul (o Jesse Pinkman de Breaking Bad e aqui também trabalha como produtor executivo) que funciona como uma espécie de alívio cômico, tem um grande coração e sempre parece ter um juízo melhor do que o cavalo.

            A Princesa Caroline é a empresária fracassada de Bojack, é tão arrogante quanto ele, e tão atrapalhada quanto. Ela namora um sujeito que claramente é uma criança disfarçada de adulto, em uma crítica bacana à sociedade de aparências.

            O Sr. Peanutbutter é um gato que é um empresário de um estúdio de Hollywood, também é arrogante embora seja bem sucedido. Ele é rival de Bojack por uma razão simples: ele é o marido de Diane, amiga e interesse amoroso do cavalo.

            Diane é uma escritora e escreveu um livro biográfico sobre Bojack, que mostrou o lado mais “humano” do sujeito arrogante e foi após o sucesso deste livro que o estúdio do Sr. Peanutbutter convidou o cavalo para o papel principal em Secretariat, um filme que Bojack almejava e é a chance de ele ter seu estrelato de volta.

            As duas temporadas mostram o lado arrogante e cínico de Bojack, mas com tramas diferentes: a primeira temporada focou mais no lançamento do livro e Diane era quase a protagonista (na 2ª temporada ela se torna menos importante na série), ao passo que na segunda temos as gravações de Secretariat e o novo romance de Bojack: ele tem um caso com uma das produtoras, que é uma coruja e é dublada pela Lisa Kudrow.

            Há dois flashbacks praticamente dramáticos nas duas temporadas e nas duas ocasiões foram os melhores momentos das temporadas: na primeira conhecemos Sarah Lynn, que era a menina que atuava ao lado de Bojack no seriado, mas, nos dias de hoje é viciada em drogas e é mais lembrada pelos escândalos (alguém se lembrou de Lindsay Lohan?). Foi bacana ver que ela era uma menina sonhadora, era muito inteligente e esforçada e queria uma vida normal, mas foi reprimida por sua mãe, que a usava para ganhar dinheiro, além de ter sido seduzida pelas facilidades de Hollywood.

            E na segunda temporada vemos com mais detalhes a infância de Bojack: ele era tímido, retraído, seu pai era um beberão, violento e sua mãe o destratava, culpando-o por nascer e deixá-la “feia” e vivia castigando o garoto.

            Várias celebridades são citadas ao longo dos episódios: Naomi Watts (que praticamente ganha um episódio próprio), Andrew Garfield, David Boreanaz (que foi o Angel em Buffy – A Caça Vampiros, ganhou uma série própria e agora está sumido). E por falar em atores sumidos, há um personagem com o nome de “Quentin Tarantulino”, em uma clara referência à Tarantino, inclusive brincando com o fato de ele “ressuscitar” a carreira de alguns atores.

            Quem vê imagens de Bojack Horseman pode ter algum preconceito pela “zoomorfização” dos personagens (há gatos, baleias, répteis interpretando humanos) e ainda no século 21 tem gente dizendo que desenho é coisa de criança, mas, para quem reclama da mesmice dos programas de hoje, dê uma chance a Bojack Horseman. A série é curta e dá para ver no padrão maratona da Netflix.           

Nota: 9,0

Imagens:










Trailer:

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