segunda-feira, 6 de abril de 2015

Demolidor - O Homem Sem Medo


Demolidor – O Homem Sem Medo (Daredevil)

Direção: Mark Steven Johnson

Ano de produção: 2003

Com: Ben Affleck, Jennifer Garner, Michael Clarke Duncan, Colin Farrell, Jon Favreau, Joe Pantoliano.

Gênero: Ação

Classificação Etária: 14 Anos


Demolidor seria bom se não fosse adaptação de HQ

            Durante a 2ª metade dos anos 1990, o casamento entre cinema e quadrinhos era péssimo: foram várias adaptações fracassadas e frustradas, o mercado parecia que havia mudado e também parecia que quadrinho era coisa de criança e que agora o cinema tinha que falar para o público adulto: dentre as péssimas adaptações, podemos citar ‘Spawn – O Soldado do Inferno’, mas o fundo do poço foram os dois filmes da série Batman, dirigidos por Joel Schumacher: ‘Batman Eternamente’ e ‘Batman & Robin’, defendido por muitos como o pior filme de HQ da história.

            Se ‘Blade’, de 1998 já foi um salto, ‘X-Men’ em 2000 foi um grande divisor de águas. Foi a partir daí que a indústria viu que quadrinhos era coisa séria e que dava para se fazer um grande filme baseado em uma HQ.

            ‘Homem-Aranha’, em 2002 foi um verdadeiro fenômeno pop e de bilheteria e foi a consolidação desse gênero que só cresce e hoje é das maiores fontes de renda dos estúdios.

            Mas, como Hollywood não brinca em serviço e como toda e qualquer onda, ela a explora até as últimas conseqüências e foi neste período que começou a adaptar várias HQs, independentemente do sucesso e quase sem critério. Foi daí que nasceu ‘Demolidor – O Homem sem Medo’.

            Na verdade, no mesmo período das adaptações fracas no final dos anos 1990, a Marvel se viu em uma crise financeira absurda e estava em processo de falência, foi daí que vários estúdios adquiriram direitos em seus heróis: a Fox ficou com os X-Men e a Sony com o Homem-Aranha e o Demolidor, que logo foi para o Fox.

            Seria uma manobra arriscada: Demolidor é um herói menos popular do que o Homem-Aranha ou os X-Men, o diretor era desconhecido, o protagonista estava em baixa na carreira e a mocinha só tinha experiência na TV. E o filme não foi nem de longe em mega sucesso, embora tenha se pagado.

            Mas quais foram os problemas do Demolidor? Foram basicamente a escolha do protagonista, alguns furos de roteiro e algumas alterações frustradas em relação aos quadrinhos, vejamos:

            Se Ben Affleck hoje é um diretor e roteirista consagrado e vencedor de Oscar, em 2003 ele estava em alta com seu romance com a beldade Jennifer Lopez, mas em baixa no cinema em produções de péssimo gosto. Contato de Risco que o diga. E seu Demolidor infelizmente não convence. O jeito é esperar pelo Batman VS Superman para 2016 para vê-lo em um filme digno de nota do gênero.

            E como adaptação, o filme tomou algumas mudanças em relação aos quadrinhos que não foram exatamente “licenças poéticas”, vejamos: nos quadrinhos o melhor amigo de Matt Murdock, “Foggy” Nelson (vivido por Jon Favreau – diretor de Homem de Ferro 1 e 2) é um advogado mais honesto e defende as causas de Matt, que é trabalhar com pessoas inocentes em detrimento aos poderosos e, assim, fazer justiça. Existe todo um arco e história do porquê eles se tornaram amigos inseparáveis. Aqui, Foggy é um sujeito interesseiro que, pegando os clichês da carreira de advogados, basicamente só trabalha pelo dinheiro e corre atrás de clientes ricos e culpados. Se Jon se provou um grande cineasta, como ator não pode se dizer o mesmo. E a primeira namorada de Matt, Karen Page, que é uma grande personagem das HQs, aqui inexiste e nem é citada. No lugar dela entrou a mercenária Elektra, vivida pela Jennifer Garner, na época, no auge com a série Alias.

            A intenção era criar uma heroína menos frágil e mais para a ação, que de fato é, principalmente quando entendemos as motivações dela, mas o resultado ficou uma mulher sexualizada e com pouco tempo em cena com seu uniforme. Mas a Fox gostou tanto dela que resolveu fazer um filme só seu em um péssimo spin-off, com o título de ‘Elektra’, em 2004. O filme é tão ruim que é difícil uma lista com os piores do gênero sem constá-lo.

            Pelo menos Ben e Jennifer se conheceram no set de filmagem do filme e estão casados até hoje. E quem os conhece diz que foi ela quem o tirou do ostracismo e foi fundamental para ele se tornar o sujeito respeitado que é hoje.

            Uma mudança em relação aos quadrinhos que muitos fãs reclamaram, mas não vi como problema foi na escolha de Michael Clarke Duncan como o Rei do Crime: nas HQs ele é alto, forte, obeso, porém, é da cor branca, muito diferente de Michael, que é negro. Mas ele personificou tão bem o vilão e está realmente ameaçador ao lado do Demolidor que a cor é apenas um detalhe. E estamos falando de um grande ator e com uma indicação ao Oscar no currículo.

            Se ‘Demolidor – O Homem Sem Medo’ não convence como adaptação, o mesmo não se pode dizer do drama do personagem em si e do romance do casal: Ben pode não convencer como herói, mas como cego sim, principalmente no início quando temos toda a sua origem, a infância complicada, com bullying e a perda de seu pai. A produção do filme teve esse cuidado com a condução da doença, contratando um especialista para acompanhar as filmagens.

            E como casal, Ben e Jennifer convencem (afinal, são um casal de verdade), não exatamente com seus uniformes de heróis, mas como “humanos” (a cena de quando eles se conhecem em uma lanchonete, resultando em uma luta no parque é muito bacana). Nesse ponto, lembra muito ‘O Espetacular Homem-Aranha’, que temos um casal de verdade em um filme que não anda.

            A série da Netflix sobre o Demolidor está aí e pode corrigir os erros deste filme aqui, principalmente agora que o herói voltou para as mãos da Marvel. Mas, se o filme deu tão errado, podemos olhar para o filme seguinte do diretor Mark Steven Johnson, que é o Motoqueiro Fantasma e ver que éramos felizes e não sabíamos.          

Nota: 6,0

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