sábado, 4 de abril de 2015

Cinderela


Cinderela (Cinderella)

Direção: Kenneth Branagh

Ano de produção: 2015

Com: Lily James, Cate Blanchett, Richard Madden, Holliday Grainger, Sophie McShera, Helena Bonham Carter, Ben Chaplin, Hayley Atwell.

Gênero: Fantasia

Classificação Etária: LIVRE


Novo ‘Cinderela’ mostra que a tradição não pode ser perdida

             Hoje a Disney é, indiscutivelmente, o maior estúdio de Hollywood. E não é por acaso. E só de pensar que nos anos 1980 a empresa estava em um grande buraco financeiro. Após a compra e parceria pela Pixar, a compra da Marvel e da Lucas Film, parece que tudo o que esta empresa toca vira ouro. Não é propaganda de graça, para o bem ou para o mal, é a realidade. E além das animações, os filmes da Marvel e de Star Wars, a Disney também está investindo em filmes em live-action, sobretudo, em adaptar suas animações clássicas para superproduções em carne e osso.

            Se ‘Caminhos da Floresta’ foi um desastre total, seja de público e crítica, ‘Malévola’ no ano passado foi algo certeiro e das maiores bilheterias de 2014, além de marcar a volta de Angelina Jolie após sua cirurgia de retirada dos seios.

            E desta vez a Disney pega uma de suas animações mais famosas, ‘Cinderela’, lançada em 1950 e faz um filme com atores de verdade.

            Foi uma manobra arriscada, pois era um risco alto de parecer uma produção artificial demais e a computação gráfica muito evidente. E tem mais: o mundo mudou e parecia difícil que a história da moça ingênua e apaixonada ainda cairia no mundo atual, principalmente se pensarmos que os últimos filmes do gênero mostrava mulheres fortes, como ‘Frozen’, sátiras sobre contos de fadas como ‘Shrek’ e algumas “adaptações” da história da mocinha procurando pelo príncipe inatingível nos dias de hoje, como ‘Crepúsculo’ e até mesmo ‘Cinquenta Tons de Cinza’.

            E mesmo ‘Encantada’, que fez Amy Adams se tornar um rosto conhecido do grande público, que trazia novamente essa história da princesa, era uma paródia fazendo alegoria para o mundo atual. Até onde a memória alcança, o último filme mesmo que trazia essa tradição foi a bela animação ‘A Princesa e o Sapo’, em 2009.

            Nisso, era difícil imaginar um novo exemplar de ‘Cinderela’ e ainda se levar a sério. Sem paródia e com a mesma história, este novo filme pode ser chamado sim, de refilmagem: há uma ou outra mudança, mas a história como um todo é a mesma. Sim, a história da menina órfã que vive com a madrasta e irmãs más, perde o sapato de cristal e se casa com o príncipe, é exatamente igual. E um pouco diferente de ‘Malévola’ a vilã não é humanizada e não tem motivações. Ela é malvada e ponto.

            E como em todos os exemplares do gênero, para viver a vilã, foi escalada uma atriz de calibre e respeitada, no caso, Cate Blanchett. Ela está fresquinha por seu Oscar em ‘Blue Jasmine’ e é a melhor coisa deste filme aqui. Alguns críticos arriscaram o palpite que ela estará no Oscar ano que vem para Atriz Coadjuvante.

            A praticamente desconhecida Lily James também está muito bem em seu papel e pode ser uma chance de ver sua carreira brilhar – sua personagem em Downton Abbey passou praticamente despercebida.

            Na verdade, todo o elenco coube em seus devidos papéis e até Helena Bonham Carter como a Fada-Madrinha (que viveu a rainha vermelha em ‘Alice no país das maravilhas’) não compromete. E reparem, logo no início, que a atriz Hayley Atwell, que é a nossa Agente Carter, vive a mãe biológica de Cinderela (alguém disse a palavra “crossover” do universo Disney???).

            E sendo assim, temos um grande casamento entre cinema e TV. Além de Hayley Atwell e da própria Lily James, temos Sophie McShera, que aqui vive uma das irmãs malvadas, também está em Downton Abbey, mas ela é uma das protagonistas. Curiosamente, na série, Lily vive uma patroa e Sophie vive uma empregada na série. E o próprio príncipe, vivido por Richard Madden, é o Robb Stark de Game of Thrones.

            Dentre as poucas diferenças entre este filme aqui e o clássico, a mais visível é na música: a canção clássica e vencedora de Oscar, Bibbidi-Bobbidi-Boo é apenas citada em um feitiço da fada-madrinha.

            A produção está impecável e a Disney não economizou, seja nos efeitos, nos animais e cenários digitais, mas o destaque ficou para o belo figurino e design de produção. Poderemos ver ‘Cinderela’ nas categorias técnicas no Oscar 2016?

            O diretor Kenneth Branagh é conhecido como diretor mais teatral e Shakesperiano, mas anda experimentando as superproduções deste Thor (que vejam, é da Disney também!) e ‘Operação Sombra – Jack Ryan’ e aqui faz uma direção mais com sua marca e sim, mais teatral, mas se lembrando que sua mídia agora é o cinema.

            E o roteiro de Chris Weitz (que também é outro contratado pela Disney – ele está escrevendo o roteiro de Star Wars: Rogue One, com Felicity Jones, previsto para dezembro de 2016) teve o cuidado de manter o clássico desenho (alguns diálogos são idênticos) sem cair na pieguice e sem o risco de parecer ultrapassado.

            Se ‘Cinderela’ mantém a magia dos contos de fadas e a Disney quer interligar seus universos, coincidência ou não, antes do filme, há um delicioso curta animado derivado de Frozen com o nome de ‘Frozen – Febre Congelante’ que pode ou não fazer alguma ligação com o próximo filme que já foi anunciado.

            Resta saber até onde a Disney quer chegar com o seu universo.

Nota: 9,0

Imagens:













Trailer:

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