sexta-feira, 17 de abril de 2015

Demolidor - 1ª Temporada


Demolidor – 1ª Temporada

Criada por: Drew Goddard

Ano de lançamento: 2015

Com: Charlie Cox, Vincent D’Onofrio, Elden Henson, Deborah Ann Woll, Ayelet Zurer, Scott Glenn.

Gênero: Ação

Classificação Etária: 16 Anos


‘Demolidor’ é um grande salto de duas grandes do entretenimento

            ‘Demolidor – o homem sem medo’, de 2003, é até hoje lembrado como dos piores filmes da história baseado em HQ e a grande maioria acha que o principal responsável por isso é o protagonista, Ben Affleck.

            De fato, ele estava muito mal como o herói, mas dizer que a culpa era unicamente dele é injusto, pois o estúdio desvalorizou o que tinham nas mãos e transformou a história em um produto para a família. Sem contar que o diretor, Mark Steven Johnson, fez outra péssima adaptação anos depois, que foi ‘Motoqueiro Fantasma’.

            Mas, temos que agradecer aos céus por esse filme existir, pois, se ele tivesse dado certo, possivelmente achariam que esta seria a versão definitiva do Demolidor e não a tentariam melhorar e juntando o fato de os direitos do herói terem voltado para a Marvel, ela não brincou em serviço e, em parceria com a Netflix, produzem a série de TV do Demolidor.

            E sabendo do “padrão Netflix” de distribuir séries, ‘Demolidor’ foi feita não com episódios separados, mas como um filme de 13 horas, em 13 episódios que deixam um gancho para o outro.

            Uma das reclamações para o filme com Ben Affleck era o clima de aventura e os fãs queriam algo mais sombrio, como as HQs. E a Marvel ouvindo tudo isso nos entrega uma série que não é de típica de super-heróis, mas política, sombria e ultra-violenta. E como estamos falando de uma cidade corrompida, poderia muito bem ser passada aqui no Brasil.

            Na história, o garoto Matt Murdock vive em Nova York no bairro Hell’s Chicken (ou Cozinha do Inferno nos quadrinhos) perdeu a visão aos 10 anos de idade após um acidente com uma substância radioativa, mas isso aguçou seus demais sentidos de forma extraordinária e após seu pai falecer de forma injusta, ele cumpre a promessa feita a ele em agir com justiça, daí ele vira advogado de dia e herói mascarado de noite, o Demolidor e seu arqui-inimigo é Wilson Fisk, também conhecido como o Rei do Crime.

            O herói Demolidor foi criado em 1964 e não fez sucesso de início, sendo chamado de “série b” das HQs da Marvel, até que Frank Miller compreendeu o conceito do herói urbano e adotou um toque mais político e sombrio e fez uma das melhores HQs da história que foi a saga ‘A Queda de Murdock’, que é aclamada até hoje. E foi justamente esta fase que foi mais adotada na série.

            Logo nos primeiros momentos do episódio piloto os produtores deixaram claro que não se trata de um produto de entretenimento, mas algo levado a sério, sem alívio cômico e sem alguns, digamos, maneirismos da Marvel: vemos a primeira aparição de Karen Page com uma faca na mão, com um corpo cheio de sangue no chão e com a polícia chegando ao local, deixando-a sem reação. Já no final do episódio, vemos o nosso herói combatendo criminosos e a cena sem a preocupação de poupar o sangue e violência. E juntando isso com um esquema de tráfico de drogas realizado por imigrantes chineses ilegais e com os olhos arrancados!

            Mesmo com o passar da série e sem a violência explícita dos primeiros episódios, ainda há o clima tenso, principalmente porque a partir do episódio 4 temos toda a construção de Wilson Fisk como o Rei do Crime, o surgimento de personagens importantes nos quadrinhos, como o jornalista Bem Urich e Stick, o mentor de Matt, que só aparece no episódio 7.

            Além do clima pesado da série, o excelente roteiro é um ponto alto, principalmente por respeitar o universo das HQs e conversar com o público em geral que não conhece os quadrinhos, seja na história que, repito, poderia ser real e se encaixa em qualquer lugar do mundo.

            Mas a melhor coisa de Demolidor e que a torna uma grande série é a construção dos personagens. E absolutamente todos estão excelentes em seus papéis, vejamos:

            Charlie Cox, que esteve recentemente em ‘A Teoria de Tudo’ nunca foi uma estrela e agora como o Matt Murdock/Demolidor é a chance se revelar. E foi um grande acerto da Marvel e Netflix em colocar um ator sem glamour e considerando o clima dos episódios, fez todo o sentido.

            Elden Henson como Nelson “Foggy”, o melhor amigo de Matt, é também o sócio dele na recém-formada empresa de advocacia, Nelson & Murdock, que tem como foco os clientes ditos inocentes e sem dinheiro.

            Karen Page é a primeira cliente de Foggy e Matt depois de ela ter sido acusada injustamente de ter assassinado seu colega de trabalho logo no começo da série e, ao ser absolvida, está sem família ou amigos e aceita trabalhar como secretária na empresa dos dois. Logo, Foggy e Matt se tornam sua família e únicos amigos.

            Ela é interpretada pela Deborah Ann Woll, que fez Jessica em True Blood e está absolutamente incrível como Karen Page, principalmente quando é exigida e sua personagem não se contenta em ser apenas a mocinha, mas uma mulher que ajuda seus amigos a destruir o vilão Wilson Fisk e com arcos interessantes. E muitas vezes ela demonstra mais juízo e equilibro do que Foggy e Matt e o episódio 11, que é muito dedicado a ela, é espetacular.

            E por falar em Wilson Fisk, interpretado brilhantemente por Vincent D’Onofrio é o melhor personagem de Demolidor e a série acertou muito em apresentá-lo aos poucos e mostrando, de início, como um sujeito perturbado e humano, inclusive como homem apaixonado após conhecer sua amada Vanessa e tendo um breve relacionamento, mas depois se assumindo como vilão e parecendo ameaçador na frente do herói.

            Existem alguns flaskbacks na série envolvendo Matt e Foggy, que são excelentes, mas o flaskback de Wilson Fisk é muito melhor, apresentado no episódio 8, dedicado somente a isso e é o melhor episódio da temporada: mostrando a infância reprimida dele em Hell’s Chicken, com seu pai carrasco e violento. Essa passagem foi importantíssima para termos uma empatia com o vilão e entendermos suas motivações.

            A última grande atuação de Vincent D’Onofrio foi em ‘Nascido para Matar’ de Stanley Kubrick de um distante 1987 e aqui como Fisk foi um papel tão intenso que não devemos duvidar de alguma indicação em algum prêmio.

            Não podemos nos esquecer que Demolidor é uma série da Marvel e considerando seu universo, fica a pergunta: existe alguma ligação entre essa série, com outras e os filmes da Marvel? Para a alegria dos fãs, a resposta é sim, principalmente porque Demolidor é uma série praticamente “pós-apocalíptica” que se passa após a destruição de Nova York em Os Vingadores, sem contar as pistas e dicas sobre os heróis como Capitão América e o Homem-de-Ferro.

            Isso sem contar que Demolidor é a primeira série entre outras 4 que serão sobre os ditos heróis urbanos da Marvel que resultará na série dos Defensores: Jessica Jones está prometida para o final deste ano, depois vem o Luke Cage, Punho de Ferro e depois, Os Defensores.

            Esta é a terceira série da Marvel em menos de 2 anos. Agent’s of Shield teve suas falhas, mas logo se encontrou ainda na primeira temporada, principalmente após os eventos de ‘Capitão América 2’ e agora está com uma 2ª temporada muito bacana. Depois teve Agent Carter, derivada do primeiro filme do Capitão América, esta sim, foi ótima do início ao fim.

            Mas não é exagero nenhum dizer que Demolidor é a melhor delas, e dá para ir mais longe: se pegarmos também as grandes séries da DC Comics, como Flash e Arrow, não é nenhuma pretensão nem injustiça dizer que Demolidor é a melhor série baseada em quadrinhos até o momento, afinal, não estamos falando de uma série simplesmente, mas como um filme único de 13 horas para ser apreciado aos poucos, ou de forma íntegra, tudo a gosto do usuário, como manda a Netflix.

Nota: 10,0

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