domingo, 19 de abril de 2015

Clube dos Cinco


Clube dos Cinco (The Breakfast Club)

Direção: John Hughes

Ano de produção: 1985

Com: Judd Nelson, Molly Ringwald, Emilio Estevez, Anthony Michael Hall, Ally Sheedy, Paul Gleason, John Hughes.

Gênero: Comédia Dramática

Classificação Etária: 14 Anos

O cinema de qualquer época precisa de seu ‘Clube dos Cinco’

            O público adolescente é constantemente maltratado por Hollywood porque os estúdios (assim como muitos adultos) não sabem o que se passa na cabeça de um jovem e dificilmente o entendem e no caso do cinema, os estereotipam, seja no caso do terror (Eu sei o que vocês fizeram no verão passado) ou como ninfomaníacos loucos (American Pie, Porky’s).

            Mas, para o bem do cinema, o jovem de vez em quando é tratado de forma honesta independente da época, seja com James Dean com Juventude Transviada, mostrando a rebeldia dos anos 1950, com ‘Kids’, em 1995, mostrando como a juventude lida com sexo e drogas e recentemente tivemos o fabuloso ‘As Vantagens de ser Invisível’, que mostrava os vários tipos em um colégio e como ser você mesmo, sem fazer o que o mundo o impõe.

            Mas não teve nenhum cineasta que compreendeu tão bem o espírito adolescente quando John Hughes.

            Ele nasceu justamente no ano de 1950 e quando o mundo explodia com a rebeldia do final dos anos 1960, ele era um adolescente e compreendeu direitinho o que aquela juventude clamava, principalmente no que diz ao “amor livre”.

            John infelizmente faleceu no ano de 2009, mas seus filmes ainda estão presentes na memória e no coração de qualquer fã de cinema. Ele produziu e roteirizou os dois primeiros filmes de ‘Esqueceram de Mim’ e mostrou que, além de compreender a juventude, ele também sabe trabalhar com crianças.

            Mas sua fase dita “de ouro” veio na metade dos anos 1980, com tudo o que aquela década tinha, ainda tinha espaço para um jovem cineasta falar com aquele público, sem estereotipá-lo e tratando-os como seres humanos e, sobretudo, como alguém que se sente pressionado por suas figuras “repressoras”, sejam pais ou professores.

            Seu filme mais conhecido é ‘Curtindo a Vida Adoidado’, de 1986, que realmente era muito bacana e marcou uma geração, mas seu melhor filme ainda é ‘Clube dos Cinco’.

            Hughes dirige e escreve o filme, e já vinha do sucesso ‘Gatinhas e Gatões’, mas aqui ousa em apresentar um filme que praticamente não tem movimento, não há ação e se prima de seus diálogos. E que diálogos!

O filme é quase todo filmado na biblioteca de uma escola, em que 5 jovens são submetidos a uma detenção por motivos diversos e eles são obrigados a passar o sábado juntos nessa biblioteca, onde o diretor do colégio obriga-os a fazer uma redação sobre a vida.

Mas esses jovens são drasticamente diferentes entre si: temos o mais malandro, Bender (Judd Nelson), o atleta, Andrew (Emilio Estevez, que é irmão do Charlie Sheen na vida real), o nerd, Brian (Anthony Michael Hall), a patricinha, Claire (Molly Ringwall) e a esquisita Allison (Ally Sheedy). De início, os conflitos são inevitáveis, afinal, estamos falando de adolescentes com os psicológicos diferentes e na idade dos hormônios, mas, conforme contam suas histórias, eles se revelam mais semelhantes do que se imagina...

Outra grande magia que Clube dos Cinco tem até hoje é que ninguém é exatamente um protagonista de John Hughes trata todos de forma imparcial, mesmo aqueles que entram no estereótipo de “perdedores”, como a esquisita e o nerd. Talvez podemos dizer que Bender se destaque e se torna um incômodo na vida dos demais, mas logo vemos que ele é tão “normal” como seus colegas.

Não há heróis ou vilões, e todos têm seu momento, não por serem bonzinhos, mas por serem verdadeiros. Eles falam sobre tudo: sexo, virgindade, escola, pais, família, futuro...

Mesmo o diretor da escola, apresentado aqui como uma figura repressora, é um personagem interessante, que defende a disciplina e que principalmente, diz que pessoas iguais ao Bender não tem futuro.

Infelizmente, ninguém do elenco teve uma grande carreira após ‘Clube dos Cinco’, muito pelo contrário, muitos ficaram renegados a pequenos papéis, embora Anthony Michael Hall tenha sido visto no recente premiado ‘Foxcatcher’. Emilio Estevez dirigiu, em 2006, Bobby, que tinha um grande elenco, mas que não caiu no gosto popular e crítico e Ally Sheedy virou professora de artes cênicas, inclusive, dando aula para Lourdes Maria, a filha da cantora Madonna, mas nada que se destacasse no mundo cinematográfico. Até mesmo Molly Ringwall (que é a protagonista de ‘Gatinhas e Gatões’ e ‘Garota de Rosa Shocking’, ambos de John Hughes), era musa dos anos 1980 e musa de 10 entre 10 adolescentes na época, não teve uma carreira após essa explosão dos anos 80.

E não devemos nos esquecer da música clássica e espetacular da banda Simple Minds, Don’t You (Forget About Me) que abre e fecha o filme e é lembrada até hoje.

Não foi por acaso que ‘Clube dos Cinco’ se tornou esse clássico, seja da Sessão da Tarde, seja como objeto de estudo da mente adolescente, seja como símbolo dos anos 80 ou pela música maravilhosa.

E esta é a melhor forma de comemorar seus 30 anos de lançamento e queremos mais filmes assim, honestos para tratar das angústias adolescentes. ‘As Vantagens de ser Invisível’ está aí para não deixarmos órfãos.

Nota: 10,0

Imagens:












Trailer:



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