domingo, 7 de setembro de 2014

Lucy



Lucy

Direção: Luc Besson

Ano de produção: 2014

Com: Scarlett Johansson, Morgan Freeman.

Gênero: Ficção Científica

Classificação Etária: 16 Anos


‘Lucy’ junta física e cenas eletrizantes com competência

            O cineasta Luc Besson é um sujeito visionário. Primeiro porque ele conseguiu entrar para o grande time de Hollywood começando com projetos alternativos e sendo francês – país conhecido pelo cinema de arte. Segundo por colocar roteiros que, muitas vezes, desafiam a razão e permite à plateia tirar suas próprias conclusões. Em ‘O Quinto Elemento’, de 1997, por exemplo, os 4 elementos da Terra, água, terra, fogo e ar, só funcionam se unidos a um 5º, no caso, uma mulher alienígena, vivida por Milla Jovovich e é um grande filme de ficção científica. E terceiro porque, na maioria de seus filmes (nos mais conhecidos, pelo menos), a mulher tem um destaque maior do que homens. No próprio ‘O Quinto Elemento’, mas também em ‘Nikita’, de 1990 (que inspirou a série de TV) e até em ‘O Profissional’, que temos Jean Reno como protagonista, mas, vendo o filme, o foco é a então estreante Natalie Portman.

            E depois de crescer vendo os grandes filmes de Besson, é bom vê-lo novamente em uma superprodução e com todas as suas características. Lucy, seu novo longa-metragem, tem um tema que faz a plateia pensar e tem uma mulher como protagonista de ação. Não a mulher sexualizada como se vê em muita coisa do gênero, nem dependente do homem, mas uma mulher independente e forte.

            Em Lucy, a personagem-título, vivida pela sempre ótima atriz e estonteante Scarlett Johansson, é praticamente forçada por seu namorado a entregar uma mala ao Sr. Jang. Porém, a mala continha um pó azul com uma substância chamada CPH4 que logo é colocada no estômago de Lucy. Após uma sessão de tortura e ela levar um chute no estômago, o pó rapidamente se alastra no corpo dela e atinge áreas desconhecidas do cérebro, deixando-a com algumas características peculiares.

            A teoria mais aceita pela ciência é que o ser humano só utiliza 10% da capacidade cerebral. Pode parecer pouco, mas é muito se comparado aos 3 ou 5% de cachorros e gatos. O único mamífero com o cérebro mais “evoluído” do que o dos humanos é o golfinho, que usa 20% de seu cérebro. E ainda, segundo a ciência, temos muitas áreas do cérebro que desconhecemos.

Mas, o que acontece se conseguíssemos utilizar 100%?

            Esse é o foco em ‘Lucy’. No caso da nossa protagonista, ela adquire força e conhecimentos quase ilimitados, mas, algumas características como medo e sentimentos ela vai perdendo. Ou seja, ela está cada vez mais deixando de ser humana, embora o filme sugira um rápido romance entre ela e seu “parceiro”, o policial Pierre, vivido por Amr Waked (sem carisma algum, diga-se de passagem).

            No início do filme, as cenas de ação com a Lucy em Taiwan (mas eles falam em Coreano) se dividem com as palestras do professor Norman, vivido pelo sempre ótimo Morgan Freeman. Norman é um estudioso sobre o cérebro humano e dá palestras sobre o uso e como seria se a nossa capacidade cerebral fosse maior do que 10%.

            É interessante que, Luc Besson deixou claro em uma entrevista que aqui ele não quis dar uma aula nem “sessão Discovery”, sobre o cérebro. O intuito foi sim, fazer um filme eletrizante de ação e ficção científica. E consegue. Besson usou câmeras em IMAX para as sequências de ação (a perseguição de carro em Paris é sensacional).

            Mas ignorar a parte física e científica de ‘Lucy’ é um ultraje. E, na verdade, é isso que torna o filme especial.

            No cinema atual, vivemos uma era de adaptações e um filme tão original como esse deve ser comemorado. Depois que Besson leu em uma revista sobre a capacidade cerebral humana, ele ficou completamente fascinado e decidiu que faria um filme sobre isso. Há muito de ‘A Origem’ e ‘2001 – Uma odisseia no espaço’ em Lucy. O próprio Besson admitiu que esses filmes o inspirou.

            A referência clara de ‘2001’ é na montagem em que Lucy viaja seu cérebro através das eras passadas. Uma cena de encher os olhos, muito bem realizada e com o uso maravilhoso da computação gráfica e direção de arte. Até lembra o ótimo clipe de Madonna, Ray of Light.

            Assistir a ‘Lucy’ só confirma a ótima iniciativa de Hollywood em colocar mais protagonistas do sexo feminino, sem depender do homem e de ser mais independente. Temos os filmes de ‘Jogos Vorazes’, com Jennifer Lawrence e a grande série da Netflix, ‘Orange is the new black’, dentre outros inúmeros exemplos.

            Lucy estreou no meio do verão americano e se saiu bem, tem tudo (e mais um pouco) para se tornar clássico da ação e lembrado pelas gerações seguintes. Se, em matéria de bilheteria, Lucy não foi melhor do que filmes fracos como ‘Transformers 4’ ou ‘Tartarugas Ninja’, seu reconhecimento futuro, ou talvez até status de cultuado, podem valer mais do que qualquer bilheteria.

            Scarlett Johansson só estará nos cinemas em 2015 com ‘Os Vingadores 2’, depois ela deve ficar 1 ano sumida por conta da gravidez. Mas, que bom que esse ano pudemos vê-la em 4 filmes, além desse aqui, também em ‘Capitão América 2’, ‘Sob a pele’ e ‘Ela’, este último, somente com o trabalho de voz.

            Hoje em dia, Scarlett é mais conhecida como Sex Symbol do que como atriz. Como grande atriz que é, ela pode sim (se a Indústria assim permitir) se tornar das grandes da história e fazer papéis mais desafiadores. Só a Academia do Oscar ainda não enxerga isso. Mas, não faz mal, a vida é assim mesmo.


Nota: 9,0

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