domingo, 7 de setembro de 2014

As Tartarugas Ninja



As tartarugas ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles)

Direção: Jonathan Liebesman

Ano de produção: 2014

Com: Megan Fox, Will Arnett, William Fichtner, Alan Ritchson, Noel Fisher, Pete Ploszek, Jeremy Howard, Danny Woodburn, Whoopi Goldberg.

Gênero: Aventura

Classificação Etária: 14 Anos


Esse reboot das Tartarugas é sem alma e sem sentido

            Ainda estamos à procura de uma adaptação digna de nota de algum desenho da TV. Já tivemos muitos filmes bem-sucedidos em bilheteria, mas que foram um desastre como realização, são eles: Scooby-Doo 1 e 2; Os Smurfs 1 e 2; Zé Colméia, entre outros. E a esperança estava nesse novo ‘As Tartarugas Ninja’. É certo que foi um filme problemático para fazer, com algumas mudanças de roteiro e de percurso, mas, logo quando começaram a soltar as imagens, parecia que a coisa seria bacana. E quando foi anunciado que Michael Bay seria o produtor e quando vimos o primeiro trailer, todo mundo ficou empolgado. Não que Bay seja um grande diretor, aliás, longe disso, mas para atiçar a plateia com efeitos, isso ele sabe bem.

            E esse filme das Tartarugas já pode ser considerado um mega sucesso e uma continuação deve chegar nos próximos anos. Ou, por que não, uma nova franquia?

            Mais do que isso, esse novo filme pode ser responsável por trazer as Tartarugas de vez para o centro da cultura pop, que, aliás, elas estavam bem sumidas. O auge se deu, principalmente, nos anos 1990, com 3 filmes, mas, em especial, no desenho animado que passava na TV todas as manhãs.

            Essa era uma das razões, também, porque eu estava empolgado com o espírito do filme. Eu via o desenho na TV Colosso, TODOS os dias e só ia à escola, no período da tarde, depois das aventuras de Donatello, Michelângelo, Raphael e Leonardo. E era mágico imaginar como seria uma nova versão das Tartarugas agora com a computação gráfica muito mais avançada e arrojada.

            Mas, lamento dizer que, esse novo filme, ‘As Tartarugas Ninja’, é péssimo. Comum  uso ruim da computação gráfica e com um roteiro que toma decisões erradas a cada minuto.

            Com todo o cacife que Michael Bay ganhou com a franquia ‘Transformers’, ele teve sinal verde aqui para fazer o que quisesse com a produção de ‘As Tartarugas Ninja’. E assistindo ao filme, quase nos confundimos com um filme seu de verdade do que apenas produzindo. Basta ver as longas (e intermináveis) cenas de luta, som estridente e ausência de luz. A batalha na neve, quase no final, é um ótimo exemplo disso.

            A parte técnica do filme foi realizada pela Industrial Light & Magic, de George Lucas e nos entregou, por exemplo, a nova trilogia de Star Wars. Mas aqui, parece um produto feito na correria e não justifica o altíssimo orçamento dado a esse filme. O orçamento de 125 milhões de dólares parece ter sido mais usado em divulgação e distribuição. E também em Marketing: é sabido que as Tartarugas adoram pizza e isso não é tão claro no filme, mas, quando é explicitado, só aparecem propagandas da Pizza Hut.

            Mas e o roteiro? Bom, conforme dito, ele só toma decisões erradas. Se o filme é vendido como história das Tartarugas, espera-se que elas sejam o foco e protagonistas. Mas, o centro do filme é a April O’ Neil, vivida por Megan Fox, e as Tartarugas, bem como seu Mestre Splinter e o vilão Destruidor, estão em segundo plano e são meros coadjuvantes, tendo destaques apenas nos momentos finais.

            Por falar em Megan Fox, a escolha dela como April O’ Neil é, no mínimo, curiosa. No final das filmagens de Transformers 2, ela e o diretor Michael Bay tiveram uma senhora briga, que se tornou pública e ela foi enfática ao dizer que não trabalharia com ele nunca mais. Mas para esse filme aqui, foi oferecida uma quantia considerável de cachê e ela gostou do roteiro (?) e ela abraçou sua April.

            Ela pode ser linda, humilde e muito simpática, mas, como atriz, ainda está deixando a desejar. Ainda não sei se seu problema é a falta de talento ou se ela precisa trocar de agente, mas já passou da hora de ela amadurecer como atriz.

            A prova de que as Tartarugas estão em segundo plano é o nome de Megan no alto do filme e a escolha de 4 atores desconhecidos (e fracos) para servir de captura de movimentos no filme.

            Algumas características de filmes do Michael Bay estão aqui, e não estou falando das já citadas características técnicas, mas as dos personagens: é certo que Bay é megalomaníaco e sempre coloca personagens arrogantes em seus filmes, mas aqui ele exagerou: o interesse amoroso de April O’ Neil, que é seu colega de jornalismo, vivido por Will Arnett, é tão presunçoso na saga de querer “pegar” sua amiga, que a plateia não tem empatia nenhum com ele. O mesmo pode-se dizer do vilão Destruidor. Além de ele ser apresentado como um homem frio dos negócios, este é um personagem mal desenvolvido e um vilão que, embora tenha um ator esforçado fazendo-o, ele pouco pode fazer com um roteiro tão fraco. E como se não bastasse isso, sua armadura de Destruidor, que mais se parece com um Samurai Prateado, é constrangedora.

            E por falar em constrangimentos, o personagem da Whoopi Goldberg é totalmente descartável, como a chefe de April, que desaprova as atitudes dela e praticamente só fala besteiras o filme todo.

            Na verdade, April é uma repórter que trabalha com reportagens mais cômicas e quer ser reconhecida por matérias mais sérias. E o fato de ela descobrir que as Tartarugas criadas em laboratório estão vivas, é o que pode levar a isso.

            No que podemos chamar de roteiro, no passado, April e seu pai criavam 4 tartarugas e um ratinho geneticamente modificados por laboratório. Mas, um incêndio criminoso mata o pai de April, mas ela consegue salvar os animais. E o Destruidor quer a todo custo as Tartarugas, pois sua genética o torna indestrutível.

            Muita gente pode interpretar isso como uma parte séria do filme e uma história que “deveria acontecer”. Discordo. Em um filme com esse propósito de entreter o público, esses laços e explicações não deveriam ocorrer e, se o foco deve ser o público infantil, essas decisões são um tiro pela culatra.

            Mas a principal furada do roteiro está em ele não se decidir para qual público vai: ele é bobinho demais para adultos e violento e vulgar demais para crianças. E ora o filme é cômico e ora é sombrio.

            ‘As Tartarugas Ninja’ é um filme confuso e que não deve divertir nem os mais novos. Precisava da mão de um diretor. Infelizmente, o escolhido foi um que aceita tudo o que o estúdio quer e determina, que é Jonathan Liebesman, de ‘Fúria de Titãs 2’. Não tinha como dar certo.


Nota: 1,5

Imagens:













Trailer:


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