domingo, 29 de julho de 2012

Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge

Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises)

Direção: Christopher Nolan

Ano de produção: 2012

Com: Christian Bale, Tom Hardy, Anne Hathaway, Joseph Gordon-Levitt, Marion Cotillard, Gary Oldman, Michael Caine, Morgan Freeman, Matthew Modine, Cillian Murphy

Gênero: Ação

Classificação Etária: 14 Anos

Nota: 10



            É uma grande pena e lamentação mesmo, o fato desta nova trilogia do Batman ser marcada por tragédias. Em 2008, meses antes do lançamento de “O Cavaleiro das Trevas”, o ator Heath Ledger, que fez magistralmente o vilão Coringa, morreu por uma overdose. O diretor Christopher Nolan teve muito trabalho para a distribuição do filme, em desviar a atenção do público da tragédia para o filme em si. E conseguiu. O filme foi um sucesso absoluto de público e crítica. Faturou mais de 1 bilhão nas bilheterias mundiais. Heath Ledger foi mais lembrado sim, mas de forma positiva. A atenção não estava mais em sua morte, mas em seu papel como Coringa. Todo mundo elogiou. Foi a melhor atuação dele. Foi uma grande pena assistir ao filme e saber que nunca mais o veria novamente. Foi impressionante ver, aos 28 anos que um ator conseguia fazer tudo aquilo. Na minha opinião, ele estava fadado a ser um dos grandes atores da história. Seu personagem como cowboy gay em “O Segredo de Brokeback Mountain” foi algo totalmente espetacular, só para citar um exemplo. No ano início do ano seguinte ele foi lembrado com mais efusão, pois era o período das premiações e já em Janeiro de 2009, ele faturou o Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante e no mês seguinte, levou o Oscar póstumo, algo que não acontecia na história da Academia desde 1977, quando Peter Finch ganhou o Oscar de Melhor Ator pelo arrebatador “Rede de Intrigas”, sendo que ele morreu dias antes do lançamento do filme.

            E agora, com a continuação, “O Cavaleiro das Trevas Ressurge”, na semana de estreia nos Estados Unidos, um atirador invade um cinema e atira em todo mundo que estava lá. Como se sabe, a história terminou em tragédia, em que 12 pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas, incluindo uma mulher que teve que sofrer aborto espontâneo. Foi uma grande pena mesmo e se lamenta pelas vidas e pelo fato de que, ao contrário do que se imagina, os cinemas não têm segurança, e aqui no Brasil, como a grande maioria das salas se encontra dentro de shoppings centers, tanto os centros de lojas quanto os cinemas, não possuem segurança nenhuma para os consumidores, que pagam um alto preço pelos ingressos e pelos produtos, mas ficam totalmente vulneráveis pela falta de competência de algumas instituições.

            E mais uma vez, o diretor Christopher Nolan estava com uma bomba nas mãos para a divulgação do filme. E mais uma vez conseguiu desviar a atenção do público para o filme.

            Batman – O Cavaleiro das Trevas Reesurge é, até o momento, o filme mais aguardado de 2012 (a não ser, talvez, quando estrear “O Hobbit”, no fim do ano) e, apesar de já ter lido elogios exagerados da crítica mundial para a terceira parte do homem-morcego, eu confesso que não estava lá animado para ver essa terceira parte. Há sempre uma desconfiança quando se tem um filme bom demais e ele recebe uma continuação. Depois de ver “O Cavaleiro das Trevas”, em 2008, eu achava que Christopher Nolan não tinha mais força para realizar uma obra rica visualmente e com um roteiro inteligente. Ou pior, depois de deixar a plateia em estado de choque com aquele que foi um dos melhores (para muitos, o melhor) vilões da história, seria difícil imaginar um vilão à altura do homem-morcego ou da exigência dos fãs.

            Mas, ao assistir “Batman – O cavaleiro das trevas ressurge”, que surpresa agradável. Que filme arrebatador! Não perde em nada ao filme anterior. É até melhor em muitos aspectos. Primeiro que é um filme grandioso. São mais de duas horas e meia de projeção. E não cansa. Sua longa duração é só mais um aliado para o que Chris Nolan queria mostrar. Com os milhões arrecadados em “Cavaleiro das Trevas” e “A Origem”, ele teve liberdade total para realizar o filme como quis. Por se tratar de uma super produção, foi inevitável algumas exigências do estúdio, mas vendo o roteiro inteligente e político, fica claro que estamos falando de um filme de autor, algo raro nos dias de hoje e o resultado é simplesmente devastador.

            A história se passa 8 anos após os acontecimentos do filme anterior. Depois do Batman ter aniquilado o vilão Coringa, ele fica sumido de Gothan City, pois é tratado por todos os cidadãos como o responsável pela morte de Harvey Dent, que, é tratado como herói por seus trabalhos quando era prefeito no combate ao crime. Há até uma lei em seu nome, que é implacável com os bandidos. E nisso, Gothan fica com um aparente clima de paz. Nesse meio tempo, ninguém mais viu Bruce Wayne, a não ser seu fiel mordomo Alfred (Michael Caine). Quando ele decide aparecer em público, porém, ele está arruinado. Seus dias de glória eram coisa do passado. A cidade não precisa mais do Batman, que passa a ser foragido pela polícia. Sua empresa não está mais valiosa como antigamente, que, inclusive, a presidência da empresa fica ameaçada pela milionária Miranda Tate (vivida pela sempre ótima e bela, Marion Cotillard). Para piorar, a cidade começa a ser ameaçada por um mercenário muito mais forte e inteligente do que o Batman, o incrível Bane (vivido por Tom Hardy, irreconhecível com uma máscara), que quer provocar anarquia, caos, e está sempre a um passo à frente do homem-morcego e de todos à sua volta. Ainda temos a história do policial John Blake (Joseph Gordon-Levitt), que é sempre bem intencionado e é fã do Batman, que aliás, sua história se confunde com a do nosso herói pelo fato de Blake também ter sido órfão. E para fechar, temos a história da charmosa ladra Selina Kyle (papel de Anne Hathaway – ótima no papel como sempre), que é muito rápida e usa seu charme para conseguir o que quer. Ela sempre está à frente dos próprios bandidos e usa técnicas como usar as impressões digitais dos outros para nunca ficar com a culpa. E sequência, logo no início, em que ela faz com que um bandido coloque, acidentalmente, suas digitais no celular de um policial morto, é simplesmente de roer a unha.

            Neste filme, Chris Nolan foi na contramão de quase todas as super produções: enquanto todo mundo corre e abraça a nova tecnologia 3D, Nolan preferiu filmar no formato Imax. Ele preferiu usar a grandiosidade de sua obra sem que tudo seja jogado na tela para a plateia, para que todos pudessem ver seu filme em uma tela gigante. Recomendo, aliás, que vejam na maior tela que conseguirem. Depois de “A Origem”, de 2010, é impressionante como Nolan não perde a capacidade criativa e de impressionar o espectador. E para esse espetáculo, Chris conseguiu reunir um elenco (e que elenco!) tão grandioso quanto suas cenas.

            Bale está sempre ótimo como o homem-morcego. Enquanto nos filmes anteriores víamos o Wayne sempre grandioso, milionário e cheio de pose, aqui vemos um homem pobre, sem perspectiva de futuro e que vai até preso. Em uma das sequências, ele apanha até quase morrer do vilão Bane e vai parar numa prisão conhecida como “inferno”, que apesar de ser de uma dificuldade inexpugnável de saída, houve a lenda de um garoto, há muito tempo atrás, de uma menina ter saído de lá, algo que incentiva o nosso herói a escapar também. Na maior parte do filme, aliás, Batman nem aparece como tal. Afinal, a polícia toda está atrás dele. Em uma sequência devastadora, ele escapa de toda a polícia de Gothan em seu novo Batmóvel.

            John Blake, que, de início é apenas um coadjuvante, tem um personagem mais interessante do que demonstra ser. Ele é cheio de boas intenções e, em parte, é anarquista e prefere seguir sua consciência a seguir ordens.

            Gary Oldman, como o Comissário Gordon e Michael Caine, como Alfred, sempre ótimos, e Marion Cotillard, como uma milionária aparentemente cheia de boas intenções, acredita no desenvolvimento sustentável. Ela acredita que é possível uma cidade crescer usando energias limpas. Isso a faz assumir a presidência das empresas de Bruce Wayne, mas também atrai o vilão Bane, que a obriga a retirar os reatores de um equipamento nuclear para gerar uma bomba atômica, e assim, provocar o caos em Gothan. A personagem de Miranda Tate tem um desfecho, no mínimo, interessante. Mas e o vilão Bane? Está simplesmente ameaçador e devastador. Apesar de ele não ser muito famoso nos quadrinhos, ele é mais inteligente, esperto e forte do que o homem-morcego, consegue atrair todos os policiais da cidade para sua armadilha e os aprisiona dentro de uma tubulação de esgoto (na melhor sequência do filme), deixando, assim, Gothan livre para fazer o que bem entende. Em uma das entrevistas coletivas, o ator Tom Hardy havia dito que estava muito nervoso para o papel pois considerava que o Coringa era o vilão definitivo e, por tanto, insubstituível. Mas vê-lo em tela é uma experiência daquelas únicas do cinema.

            Outro personagem interessantíssimo é o de Selina Kyle, que depois se transforma na mulher-gato. Em momento nenhum, Anne Hathaway nos deixa com saudades de Michelle Pfeifer, que foi a mulher-gato em “Batman – O Retorno”. Depois do vexame que foi ver Halle Berry no insuportável filme da felina em 2004, o papel por aqui não poderia estar em mãos melhores. Seu jeito ousado, carismática e até inocente se encaixa como uma luva para o papel. E apesar de ela ser ladra e incrivelmente rápida, não ela não é vilã. Vendo esse papel, vemos o porquê de Hathaway ser uma atriz que anda melhor a cada filme.

            Com um vasto elenco, cenas de ação espetaculares e um roteiro inteligentíssimo, ficamos muito otimistas com o futuro do cinema. As superproduções podem e devem ter uma história boa, pois é assim que o cinema cresce e esse tipo de filme gera mais fãs, não só dos apaixonados por ação, mas até dos mais alternativos. E Christopher Nolan sabe muito bem fazer isso.


Imagens:
















Trailer do Filme:




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