segunda-feira, 23 de julho de 2012

Valente

Valente (Brave)
Direção: Mark Andrews & Brenda Chapman
Ano de produção: 2012
Com: Kelly MacDonald, Billy Connolly, Emma Thompson, Julie Walters.
Gênero: Animação
Classificação Etária: LIVRE
Nota: 9


            Se eu fosse criança nos dias de hoje, eu não queria pedir de presente um brinquedo novo ou um videogame, eu pediria: quero trabalhar na Pixar. É impressionante a capacidade técnica e criativa desta empresa que mudou e inovou a cara da animação mundial. Dá até para fazer um antes e depois do mundo dos desenhos para o cinema. Desde seu primeiro longa-metragem, “Toy Story”, em 1995, a Pixar anda melhor a cada filme, chegando à perfeição em 2008, com a obra-prima “Wall-E” e com apenas um escorregão feio, no ano passado com o supérfluo “Carros 2”. Mas, assistindo a “Valente”, porém, vemos que o filme anterior foi apenas um hiato. Outra vantagem foi que desta vez, temos um filme novo, algo que não acontecia desde “UP – Altas Aventuras”, não uma continuação, embora “Toy Story 3” tivesse sido excepcional.

            “Valente” retoma uma tradição que estava sumida nos últimos filmes da Pixar: introduzir o filme com um curta-metragem. A bola da vez foi “La Luna”, um belo trabalho sobre um garoto que vai trabalhar pela primeira vez com seu pai e seu avô em um barco de madeira, quando se depara com um planeta coberto de estrelas.

            Retomando ao filme, “Valente” conta a história de Merida, uma princesa muito idealista, corajosa e, em parte, rebelde. No início do filme, ela é apenas uma menina, brincando de esconde-esconde com seus pais, Fergus e Elinor. Conforme ela vai crescendo, ela é instruída por sua mãe a ser uma princesa de fato, começa a ensinar a postura, o jeito de falar e sentar de como uma verdadeira princesa deve ser. Porém, Merida não aceita respeitar as regras da corte, luta por seus ideais e quer seguir seu próprio rumo de sua vida. Na escolha de seu pretendente a príncipe, por exemplo, ela não gosta de nenhum e não aceita que seu casamento seja arranjado. Obviamente, a escolha do futuro marido foi um desastre. Depois de uma discussão com sua mãe, Merida foge de casa e se depara com as luzes azuis. Mas o que são essas luzes? Segundo a tradição, elas definem o destino de uma pessoa. Seguir essas luzes levam a pessoa a seu destino. E foi numa dessas que Merida se depara com a casa de uma feiticeira. Com sua vida conturbada, ela faz um pedido. Mas qual pedido era? Infelizmente não vou contar. Só posso dizer que, a partir daí, o filme muda sua cara radicalmente. O que era um passeio agradável e delicioso agora é um pesadelo na vida de todas as personagens. Principalmente para a nossa protagonista. O que antes era uma questão de honra ou de ideologia se torna uma desesperada corrida contra o tempo para reparar em seu erro. E o que era tratado com muito humor agora é um grande drama.

            Apesar dessa mudança radical no contexto do filme, em nenhum momento ele perde a linha ou, como em muitos casos, entra num tom melancólico ou com lições de moral com pieguismos. Nunca perde a graça e o ritmo, mesmo nos momentos mais sérios. “Valente” nos mostra, também, pela primeira vez na história da Pixar, uma mulher como protagonista. Com todo o crescimento feminino no mundo real e profissional, já passava da hora de virmos uma moça como personagem principal da Pixar, que já teve brinquedos, rato, robô e até carros como protagonistas, por que não, agora uma dama. Mas esta uma dama especial. Sem ser uma mocinha indefesa, como vemos em muitas animações, ou sem erotizar demais a personagem, temos uma garota que facilmente poderá se identificar com muitas da vida real: não se curva ao que lhe é imposto, encara a tudo e a todos e não tem medo de cara feia. E o resultado não poderia ser melhor. Desde já, Merida surge como uma figura candidata à clássica da Disney para os próximos anos, aliás, “Valente” já surge também como um possível favorito ao Oscar de 2013 na categoria de Melhor Filme de Animação, e não se espante com uma indicação para Melhor Filme.

            A direção de Mark Andrews & Brenda Capman está competente, uma bela recriação de época, o uso do 3D está na medida certa, sem cores ou efeitos extravagantes e sem as idéias ridículas de, por exemplo, jogar objetos para a platéia e optando por uma direção de arte mais convencional bem diferente das cores e cenários berrantes que vimos em “Carros 2”. A produção é de um dos criadores da Pixar, John Lasseter e de Andrew Stanton, mais famoso por dirigir a franquia “As Crônicas de Nárnia”, mas, se sai bem melhor no universo das animações, com “Procurando Nemo” & “Wall-E”. E logo que se iniciam os créditos finais, tem uma singela homenagem a um dos sócios da Pixar: o fundador da Apple, Steve Jobs.

            Apesar de não ser um filme perfeito e em uma ou outra cena tudo parecer enxuto demais, “Valente” já se figura entre as grandes animações da década e... Melhor Animação do Ano? Pelo menos, até agora, com “Madagascar 3” e “A Era do Gelo 4”, “Valente” tem 5 corpos à frente dos concorrentes.


Imagens:











Trailer do Filme:



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