segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Dois dias, uma noite


Dois dias, uma noite (Deux Jours, une nuit)

Direção: Jean-Pierre e Luc Dardenne

Ano de produção: 2014

Com: Marion Cotillard, Fabrizio Rongione.

Gênero: Drama

Classificação Etária: 12 Anos


Drama independente ganha visibilidade pelo Oscar

            Quando saíram as indicações ao Oscar, no último dia 15 de Janeiro, muitos já previam quais atrizes seriam indicadas, Julianne Moore por ‘Para Sempre Alice’, Rosamund Pike por ‘Garota Exemplar’, Felicity Jones por ‘A Teoria de Tudo’ e Reese Witherspoon por ‘Livre’, e correndo por fora, Jennifer Aniston, por ‘Cake’ e Amy Adams por ‘Grandes Olhos’. Porém, todo mundo, inclusive a própria atriz, foi pego de surpresa: Marion Cotillard apareceu entre as 5 indicadas e Melhor Atriz por seu trabalho em ‘Dois dias, uma noite’.

            A escolha pode ser considerada uma zebra, mas, bastam alguns minutos de exibição do filme para olhar que a escolha é mais do que justa. Aqui, ela se despe das vaidades de Hollywood e não precisa de grandes maquiagens ou transformações para ter sua atuação lembrada (como foi o caso de Reese Witherspoon e Jennifer Aniston). Temos uma atuação feita na raça, em que ela está em quase 100% na tela.

            Linda e ótima atriz, se fossemos listar as 5 ou 3 melhores da geração atual, Marion com certeza estaria no meio. Para o grande público, ela surgiu como o par romântico de Russell Crowe em ‘Um bom ano’, fez alguns filmes em sua terra natal, França, até ganhar reconhecimento com seu merecido Oscar em 2008 por ‘Piaf – Um Hino ao Amor’. De lá para cá, ela vai alternando o cinema independente (como este aqui) e os blockbusters, inclusive como vilã em dois grandes filmes de Christopher Nolan: ‘A Origem’ em 2010 e ‘Batman – O cavaleiro das trevas ressurge’, em 2012.

            Ela é, portanto, o melhor motivo para se assistir ‘Dois dias, uma noite’. Mas não é o único, pois estamos falando de um grande filme dos irmãos Dardenne. É muito original, humano e um grande feito cinematográfico: parece que estamos vendo um grande plano-sequência de 95 minutos, com cortes rápidos e câmera quase documental, acompanhando a trajetória e sofrimento da protagonista. E como se não bastasse, o filme ainda tem ausência de trilha sonora, deixando o espectador prestar atenção mais na história do que em ambientes externos.

            Na história temos Sandra, papel de Marion, uma operária que acabou de ser demitida de onde trabalhava, pois seus colegas votaram pela sua demissão e, em troca, eles ganhariam um bônus sobre seus salários. Porém, ela descobre que seus colegas foram manipulados pelo chefe para tal decisão, principalmente por atraí-los ao dinheiro (1000 euros é uma grande quantia!) e porque Sandra estava afastada do trabalho por uma depressão. Sua única saída, porém, é, durante um final de semana, convencer seus 16 colegas, indo de porta em porta, a votarem contra o bônus para ela não ser demitida.

            ‘Dois dias, uma noite’ foi o representante da Bélgica para Melhor Filme Estrangeiro (que curiosamente, ficou de fora da disputa) e, se não fosse pela Marion e, sobretudo, sua indicação para Melhor Atriz, o filme poderia passar batido pelo público.

            Durante a trajetória de Sandra, existem vários tipos: temos o pai de família que usaria o bônus para o filho, o que se sente culpado pelo que fez, o bajulador da empresa que agride Sandra, e por aí vai. E bem que poderia ter sido indicado a Roteiro Original.

            Os irmãos Dardenne sabem como lidar com a perda em seus filmes: em ‘O Garoto da Bicicleta’, eles retratam uma criança de 7 anos que foi abandonada no orfanato pelo pai, já em ‘A Criança’, temos um casal que revê seus valores após o nascimento do filho.

            O desfecho é muito diferente do padrão Hollywoodiano, acostumado com finais felizes e histórias de superação, algo que pode causar incômodo e rejeição para quem o vê, mas que basta olhar com atenção e ver que tem muito mais a ver com a realidade do que se imagina.

Nota: 10,0

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