Questão de Tempo (About Time)
Direção: Richard Curtis
Ano de produção: 2013
Com:
Domhnall Gleeson, Rachel McAdams, Bill Nighy, Lydia Wilson, Margot Robbie.
Gênero: Romance
Classificação Etária: 14 Anos
Sutil
e comovente, Questão de Tempo é surpreendente
De algumas semanas para cá vi tanto filme ruim que já
fiquei até vacinado, daí o que surge, ‘Questão de Tempo’, que estreou perto do
natal de 2013 em um circuito muito limitado e foi ganhando o carinho do público
e crítica graças aos comentários positivos.
Em parte, a falta de público para o filme tem muito a ver
com a forma errada que foi vendido: como uma comédia romântica despretensiosa.
Na verdade, ‘Questão de Tempo’ pode ser várias coisas em um filme só: é um
romance sim, e pode arrancar risos sim, mas não é exatamente uma comédia. Pelo
contrário, há muitos momentos de reflexão, narrações em off e cenas que podem
fazer o espectador ir às lágrimas. Também pode ser uma bela crônica sobre
viagens no tempo (embora esteja longe de ser uma ficção científica) e sobre a
pessoa desfazer ou refazer o que fez. Ou ainda é um belo retrato sobre
convivência familiar, sobretudo entre pai e filho e a convivência entre irmãos.
Em seu grande roteiro, ‘Questão de Tempo’ conta a
história de Tim (Domhnall Gleeson) um sujeito tímido e sonhador, mora com seus
pais e irmã e após completar 21 anos, é surpreendido pelo seu pai (Bill Nighy)
que revela que todos os homens da família podem voltar no tempo, mas não uma
viagem no tempo comum: só se pode voltar para lugares em que o sujeito esteve
de fato (não podendo, por exemplo, voltar em outras eras, e nem viajar para o
futuro) e alterar algo que já aconteceu.
Com isso, o roteiro vai tecendo situações que o nosso
protagonista passa e que ele tenta corrigir: quando conhece a garota dos seus
sonhos em um verão, Charlotte (Margot Robbie, de ‘O Lobo de Wall Street’) e
volta no tempo várias vezes até achar um jeito de conquistá-la, ou quando ele
volta para uma festa bizarra de ano novo.
Porém, tudo muda quando ele conhece Mary (Rachel McAdams,
cujo papel lhe caiu bem), em que, de início, ele tenta chamar a atenção dela,
mas logo percebe que ela é o amor da sua vida, em especial em um momento que
ele tem uma possível recaída por Charlotte, mas volta para sua Mary.
Uma das razões para que ‘Questão de Tempo’ seja um filme
tão especial é a forma que ele é conduzido: é uma produção realizada na
Inglaterra e escrita por um britânico e não tem nada a ver com o padrão
americano de fazer filmes (pois, se fosse, o risco de um desastre seria
grande). Embora ‘Questão de Tempo’ tenha momentos deliciosos e comoventes, ele
é mais guiado pela razão do que pela emoção: não há lições de moral, o
protagonista não é nenhum cafajeste que se torna amoroso e a questão de refazer
o que já se fez é tratada de forma madura e sem pieguismo.
Além do mais, o roteiro não tenta explicar tudo nos
mínimos detalhes, nem mesmo a passagem de tempo é explicada, ela existe e
pronto. Mas isso é algo mal feito ou preguiçoso do roteiro? Muito pelo
contrário. A explicação em demasia faz o cinema caminhar para o passado e nunca
avançar, além de questionar a inteligência do espectador.
Todo esse trunfo do roteiro vem das mãos de Richard
Curtis, que também dirige e é produtor executivo. Ele é o diretor de
‘Simplesmente Amor’ e trabalhou como roteirista e produtor de várias comédias
clássicas e deliciosas que se passaram na Inglaterra. São elas: ‘Quatro
Casamentos e Um Funeral’, ‘Um Lugar Chamado Nothing Hill’, ‘O Diário de Bridget
Jones’ entre outras. Ele sabe sobre humor britânico como poucos. É sutil, às
vezes ácido e apaixonante.
‘Questão
de Tempo’, tem muito para se tornar cultuado e descoberto aos poucos, seja pela
história de amor, pela química do casal ou pela convivência entre Tim e seu pai
e sua irmã.
Se
identificar é fácil e se apaixonar, mais fácil ainda.
Nota:
10,0
Imagens:
Trailer:
Nenhum comentário:
Postar um comentário