segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Êxodo - Deuses e Reis


Êxodo – Deuses e Reis (Exodus – Gods and Kings)

Direção: Ridley Scott

Ano de produção: 2014

Com: Christian Bale, Joel Edgerton, María Valverde, Ben Kingsley, Aaron Paul, John Turturro, Sigourney Weaver.

Gênero: Épico

Classificação Etária: 14 Anos


Êxodo é religião sem alma e ação que não empolga

            Não tem jeito: quando algo dá certo em Hollywood, logo a indústria aproveita o mercado e explora o que tem ao máximo. No momento atual, estamos na onda das superproduções bíblicas. Logo no início do ano tivemos o desastroso ‘Pompéia’, que foi um fracasso de público e crítica e que os idealizadores pretendem esquecer. Depois teve o contestado ‘Noé’, mas que tem muitas qualidades, um grande elenco e foi um grande sucesso. Aqui no Brasil se tornou a 3ª maior bilheteria do ano. E no segundo semestre tivemos a ação ‘Hércules’, que tem como qualidade única o astro The Rock no papel principal.

            E agora, propositalmente perto do final do ano, temos a superprodução ‘Êxodo – Deuses e Reis’. É um legítimo blockbuster hollywoodiano, com um diretor e elenco de peso, além de um grande estúdio como a Fox.

            ‘Êxodo – Deuses e Reis’ é dirigido pelo grande Ridley Scott. A história do cinema deve muito a esse sujeito, com títulos no currículo como ‘Alien – o 8º passageiro’, ‘Blade Runner – O caçador de andróides’ e ‘Gladiador’. Este último, aliás, também uma produção com viés histórico e grandioso.

            Sendo assim fica difícil tentar adivinhar o porquê de ‘Êxodo – Deuses e Reis’ ser um filme tão fraco.

            Segundo o Antigo Testamento, o profeta Moisés (vivido por Christian Bale) nasceu entre os hebreus e recebeu a ordem de Deus para ir ao Egito e libertar seu povo da opressão.

            Não é somente pelo fato de distorcer a História que ‘Êxodo – Deuses e Reis’ não acerte. É um dos motivos, com certeza. Se toda e qualquer adaptação deve ser fiel àquilo em questão, ela tem a obrigação de respeitar a obra original, e no caso da bíblia não é diferente.

            À exceção dos nomes dos personagens e do local, praticamente em cena alguma o filme entrega que se trata de algo religioso. Nem a famosa cena do Mar Vermelho se abrindo foi colocado lá. E olha que recurso teve – e muito.

            Um filme feito a quase 60 anos, ‘Os 10 mandamentos’ é muito mais bem feito e funciona como estudo da História e exercício de reflexão.

             Mesmo a animação da DreamWorks, ‘O Príncipe do Egito’, que não deu muito certo no mercado (mas deveria!) funciona mais.

            O estúdio tem a sua culpa, claro, em querer fazer um filme de produtor e desrespeitar seu público, sobretudo no 3D mal feito (e sem profundidade) e a computação das mais artificiais dos últimos anos. Daqui a uns 10, 20 anos, o público olhará para ‘Êxodo – Deuses e Reis’ e verá com sarcasmo e arcaico.

            O filme explora mais a rivalidade entre Moisés e o rei Ramsés (Joel Edgerton, o carrasco de ‘A hora mais escura’), seu irmão, que logo se torna seu rival. Ele é o único personagem que parece à vontade, sua cara de brucutu faz com que seu vilão convença e se torne ameaçador. O restante do elenco é um desastre, começando pelo próprio Christian Bale, que não faz um papel à altura de seu personagem. Não se sabe se a culpa é dele próprio, do Ridley Scott ou dos produtores, mas a escolha deu muito errado. Até mesmo atores tão consagrados como Ben Kingsley e Sigourney Weaver (a nossa Ripley de Alien que, olha só, é dirigido por Scott) têm seu talento desperdiçado, mas nada se compara a Séfora, esposa de Moisés. Primeiro, os dois não têm química alguma. Segundo que María Valverde é uma péssima atriz, que até merece uma indicação à Framboesa de Ouro. E o que estão fazendo com a carreira de Aaron Paul? Depois de ele brilhar como Jesse em Breaking Bad ele agora se aventura em papéis de gosto duvidosos. No início do ano teve aquela bomba que foi ‘Need for Speed’ e agora este daqui. Bom ator todos nós sabemos que ele é. Talvez ele deva mudar de agente.

            Ridley Scott parece que perdeu a mão de dirigir um longa. Seu último trabalho foi a decepção que foi ‘Prometheus’ em 2012. E agora ‘Êxodo – Deuses e Reis’. Todo ciclo se fecha e, talvez o de Scott seja não mais dirigir qualquer coisa.


Nota: 3,0


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